Darlisa - Em Meus Sonhos escrita por Buhh Smoak
Charlotte observava enquanto Elisa voltava para o bar e se acomodava ao lado da irmã.
Ela estava mais séria do quando estavam no museu e sua feição ficou tensa quando Darcy chegou.
— Finalmente, irmão. Achei que não sairia mais do cativeiro. – rindo.
— Exagerada. – se aproximando e dando um beijo em sua cabeça. – Boa noite a todos. – sendo recebido com cumprimentos e sorridos, menos de Elisa que permanecia séria mesmo o observando.
— Esse é Darcy, o inglês mais brasileiro que vocês vão conhecer. – disse Charlote levantando e o abraçando.
— Isso eu tenho que concordar com você. – disse Lud levantando e o abraçando. – Nunca vi uma pessoa tão aflita em vir para o Brasil quanto esse meu amigo.
— É um caso de amor antigo. – rindo e se acomodando entre Charlote e Lud.
— Essa é a Jane, a namorada de Camilo. – Charlote o apresentou.
— Muito prazer, Jane. – estendendo sua mão, sendo apertada em seguida com um sorriso que lembrava um pouco Elisa.
— O prazer é meu. E essa é minha irmã Elisa. – se virando para a irmã que encarava Darcy.
— Já nos conhecemos.
— Já?
— Sim, do museu. Quando cheguei para pegar minha bolsa ele estava lá. – desviando o olhar por ter dificuldade de desviar sua atenção da boca dele que beijou minutos atrás.
— A Elisa é a melhor colunista de seu jornal, Darcy. – elogiou Lud.
— Não é para tanto. – sorrindo a recente amiga.
— Não se menospreza. Eu li sua coluna e admiro sua coragem de criticar os absurdos da alta sociedade.
— Admira? – espantada com aquela declaração.
— Sim, o dinheiro cega as pessoas e pelo que vi os mais ricos aqui no Brasil tendem a achar que vivem em um mundo paralelo onde só o benefício e comodismo deles importa.
Elisa nunca esperou ouvir um elogio direto do dono do jornal, muito menos que se deparar com opiniões tão semelhantes a suas.
— Se em Londres a coisa já é difícil, uma vez que os recursos são acessíveis a todos, imagino como deve ser pior por aqui onde uns tem muito e a maioria segue com o mínimo. – disse Charlote.
Enquanto Lud e Charlote continuavam o assunto Elisa e Darcy não conseguiam desviar o olhar sobre os olhos atentos de Jane, que só mudou seu foco quando Camilo chegou.
— Darcy, sua tia está atrás de você. – sentando ao lado de Jane depois de falar com todos.
— E quando ela não está? – desdenhou Charlote.
— Nunca vi pessoa mais persistente, não se cansa de ouvir o que não quer.
— Acho que ela já cansou, porque estava espumando de raiva quando sai do escritório. – rindo.
Darcy voltou sua atenção a Elisa, que agora conversava com a irmã.
— Acho que vou indo. – disse Charlotte. – Estou muito cansada.
— Eu te levo.
— Não precisa, eu vou de Uber.
— Tem certeza?
— Sim, você trabalha demais e precisa de um pouco de distração. Tirando que provavelmente nossa tia vai estar rosnando em casa.
— O segundo motivo me convenceu.
— Se eu não tivesse tão cansada eu também ficaria.
Se despedindo de todos Charlote seguiu para a rua e Darcy a acompanhou para que não ficasse sozinha.
— Viu como a Elisa é linda?
— Sim, muito linda. E amanhã temos muito o que conversar.
— Porque?
— A voz dela é como nos sonhos, Charlote.
Ela arregalou os olhos e olhou na direção do bar, a mesa em que estavam era bem perto da porta e ela viu Elisa os encarando, mas desviando sua atenção quando seus olhos encontraram os de Charlote.
— Seu Uber chegou. – observando o carro para no meio fio. – Descanse que amanhã eu te conto tudo.
— Tá bom. – o abraçando. – aproveite o quanto puder para descobrir mais sobre ela, ok?
— Pode deixar. – dando um beijo em sua testa e a observando entrar no carro.
Darcy esperou o carro virar a esquina para somente então voltar ao bar. E assim qu deu o primeiro passo ele se viu ser observado por Elisa, e ao contrário de quando sua irmã a olhou, ela não desviou. Somente quando ele estava a a alguns passos de distância que ela voltou a olhar para o grupo de amigos.
— Lud. Você pretende voltar para Londres? – quis saber Jane.
— Por mim só quando for necessário.
— Charlote já decidiu ficar. – Darcy já se envolvendo na conversa.
— E você? – a pergunta direcionada a Darcy pareceu simples aos olhos de todos, mas aquele interesse enchia o coração de Darcy. Ainda mais ao ver a ansiedade em seus olhos por uma resposta.
— A cada dia encontro mais motivos para ficar.
A troca de olhares entre eles eram observados por Jane que começava a se animar com interesse da irmã, ainda mais depois de Elisa ser por namorar alguém que não aceitava sua postura contra tudo que era errado e que na maioria vinha da alta sociedade que infelizmente ele pertencia.
— Darcy, a Charlote vai fazer estágio no jornal? – questionou Camilo.
— Estou tentando convence-la.
— Ela é uma pesquisadora tão empenhada.
— Interesse dela tem sido no museu, um dos curadores quer incluí-la como pesquisadora para aquele projeto de 1910.
— Eu ouvi falar sobre esse projeto, também me tenho interesse em saber mais sobre esse tema histórico, sobre as vivências da época.
— Minha irmã me disse que viu você falando com um dos curadores do museu. pretende abandonar a coluna?
— Não faça isso Elisa, ler suas colunas é como ver uma luz em meio a tanta futilidade.
— O problema é que não estou vendo resultado, Lud. De que adianta tanto barulho se a mentalidade deles nunca muda?
a decepção dela chamou atenção de Darcy, não iria questionar sobre isso ali na frente de todos, mas ainda estaria nesse assunto no jornal
— Camilo, falou com sua mãe hoje? Não consegui encontrá-la.
— Ela foi para fazenda, mas amanhã estará de volta.
— Preciso falar com ela por causa da minha tia, que logo aparece na sua casa ou na empresa.
— Minha mãe a coloca no lugar que ela merece rapidinho.
— Essa é minha esperança.
O tempo foi passando e os amigos logo decidiram ir embora, Lud foi a primeira e pouco tempo depois Camilo e Jane decidiram ir também.
— Quer que eu te deixe em casa, Elisa? - perguntou Camilo, já que Jane iria com ele para sua casa antes de ir para a delas.
— Não precisa, eu chamo o Uber.
— Posso te dar uma carona se quiser.
As irmãs trocaram olhares e totalmente contra qualquer atitude que era esperado de Elisa ela concordou.
— Se não for incômodo.
— De maneira nenhuma.
— Então fiquem bem e nos vemos amanhã. - disse Camilo.
Jane abraçou a irmã, mas não a soltou de imediato, quando finalmente se afastaram Jane sorria e Elisa estava com o rosto vermelho.
— Está com pressa? – perguntou quando o casal foi embora. - Ou posso pedir algo antes de irmos?
— Vai beber? Não está dirigindo?
— Pensei em pedir algo para comer, estou sem comer desde cedo.
— Aqui tem algumas porções, pode pedir que eu não estou com pressa.
Darcy chamou o garçom para fazer seu pedido e Elisa pediu mais um copo de cerveja. Estavam sentados do mesmo lado da mesa, mas com uma cadeira os separando.
— Está no Brasil a quanto tempo? - puxou assunto já que o beijo que deram ainda estava fresco demais em sua mente.
— Duas semanas, a Charlotte veio antes.
— Meus pêsames pelo seu pai.
— Obrigado. Ele estava muito doente. Agora está no descanso merecido.
— Ele era um homem admirável.
— Era assim.
O silêncio se fez de novo e a música ambiente era a única coisa que tomava o lugar. Até mesmo as pessoas das outras mesas pareciam se manter em silêncio. Darcy olhou para a cadeira vaga ao seu lado e em seguida encarou Elisa.
— Posso?
Ela desceu os olhos até a cadeira e quando o olhou novamente as sensações do beijo que trocaram voltou fazendo com que até seus lábios chegassem a formigar pela lembrança.
— Eu mentiria se dissesse que não pode, mas você é o dono do jornal em que trabalho e eu ainda estou tentando entender o que aconteceu no museu.
— Queria te ajudar a entender, mas não sei também. Só sei que é como se eu te conhecesse desde sempre e tenho a sensação que vivi quase a vida toda esperando por aquele beijo, mesmo sem saber que esperava tanto por ele.
Elisa nunca sentiu seu coração bater daquela maneira e jamais olharam para ela com tanta admiração como Darcy a olhava, mesmo que aquele homem nunca a tivesse visto antes. Não queria pensar muito, a vida toda se decepcionou com homens que tentavam domar seu gênio e limitar sua liberdade, mas Darcy elogiava sua coragem, falava da irmã com muito carinho e mexia com seu íntimo de uma maneira que não existia explicação.
Deslizou o corpo para cadeira ao lado, enquanto ele arrastava a sua para mais perto. Darcy não demorou para colocar um braço sobre o encosto da cadeira e com a mão livre acariciou a lateral de seu rosto. Elisa fechou os olhos e sentiu o toque como se já o conhecesse.
— Queria falar algo que fizesse sentido, Elisa. Só que não encontro palavras para te confortar.
— Então acho que podemos deixar as palavras para outra hora.
— Sim podemos. - aproximando o rosto do dela e sentindo seus lábios próximos aos dela.
Agora com a calma que não estava presente no primeiro beijo estudavam o rosto e os traços um do outro. Sem que nenhum deles precisasse dar o primeiro passo seus lábios se encontraram como se aquele fosse o caminho que sempre esperaram traçar.
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