Banzai! escrita por DetRood, Crica


Capítulo 12
Encontros e Despedidas


Notas iniciais do capítulo

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CAPÍTULO 12: ENCONTROS E DESPEDIDAS

- São só quatro caixas, Sarah?

- Sim, são peças pequenas, mas de grande valor.

Pela manhã seguinte os irmãos e Tanaka carregavam para dentro da loja de Tanaka as caixas roubadas pelos mafiosos que pertenciam à Sarah Blake. Sarah estava do outro lado do balcão, admirando as preciosidades que o Senpai possuía em sua loja.

- Os mafiosos terão uma grande dor de cabeça nos próximos dias... – Sarah comentou olhando para os irmãos, parando seu olhar em Samuel, que retribuiu num discreto sorriso.

- Os jornais locais desta manhã noticiaram que tudo foi uma desavença entre as gangues rivais e que, durante algum tempo, a polícia intervirá e teremos alguns dias mais quietos – Tanaka ajudava a ajeitar as caixas e a abri-las para ver se estava tudo em ordem.

- Dias quietos em Chinatown. Parece até um sonho... – Chang comentou, bisbilhotando uma das caixas abertas.

Eram vários vasos de porcelana e pequenas caixas ricamente ornadas, que o garoto não resistiu e olhou mais de perto, com as mãos.

- Hei, moleque, cuidado com isso aí! - Dean gritou para o garoto que se assustou e deixou cair a caixa que estava em sua mão.

- Não! – Os quatro gritaram juntos e correram para ver o estrago. Felizmente Chang estava de joelhos e a queda não casou nenhum dano à caixa. Mas perceberam que a delicada urna de madeira se abriu, e algo se soltou de dentro dela.

- Pensei que esses tipos de urna fossem vazias – Sarah disse olhando para a pequena caixa ornada por delicadas peônias entalhadas na madeira nobre e realçada por finíssimos filetes dourados. Um pequeno vaso de porcelana branca, recoberto por uma pintura da mesma flor, em tons de amarelo, foram parar nas mãos de Tanaka que, ao perceber o significado da escrita registrada no alto da tampa que selava o objeto, soltou um sorriso confiante.

- Senhorita, essa urna não é uma urna qualquer. Ela é muito valiosa, principalmente para mim. E eu a compro, seja o preço que for.

- Tanaka, sabe que é sempre um prazer fazer negócios com você, mas nesse caso quero que a aceite como um presente – O sorriso da moça abriu-se, pois Sam já havia contado para ela sobre a história dos ancestrais do Senpai, e certamente aquela urna estaria ligada a tudo isso.

Os irmãos olharam para Chang, que deu de ombros. Foi pura coincidência ou foi o destino?

***

Os irmãos se preparavam para partir, quando Tanaka voltou para a sala com um embrulho comprido nas mãos.

- Rapazes, o que aconteceu nestes dias será lembrado pelas próximas gerações. Vocês são guerreiros puros e de alma forte. Meus ancestrais estão honrados e agradecidos pela ajuda.

- Ah, que isso... Não viu a gente enfrentando lobisomens, ou zumbis... – Dean levou uma cutucada do irmão.

- Sr. Tanaka, nós que agradecemos pela hospitalidade e pela ajuda. Se não fosse o senhor, estaríamos fritos nas mãos daqueles bandidos! – Samuel ajeitou a mochila nas costas, olhando para Chang que estava num canto da sala.

O garoto estava com um ar de tristeza por seus novos amigos partirem. Queria muito ir com eles, pois era sozinho também, e ficou fascinado pelo trabalho dos Winchesters. Porém mais cedo conversou com Samuel, que lhe deu um sermão digno de mãe. Ficar em Nova York, estudar bastante, crescer como uma criança normal era a melhor coisa a se fazer.

- Dean, quero que fique com isso. Essa katana que pertenceu a um dos meus ancestrais. Não é a mesma que você usou, porém é da mesma época.

O loiro parou tudo o que estava fazendo e olhou para o velho. Aquilo sim era uma honra. Receber um presente tão precioso, não por seu valor monetário, mas por seu valor emocional.

- Sr. Tanaka, eu não posso aceitar, isso é uma relíquia de família...

- Dean Winchester, acreditamos que todos aqueles que têm o coração forte, valente, a alma de um guerreiro, são irmãos. Nestes dias você provou ser mais do que merecedor de fazer parte desta grande casta. Por favor, aceite em gratidão e em lembrança deste velho ... – Tanaka apertou os olhos, sorrindo para Dean, estendendo-lhe o embrulho feito em seda pura.

- Puxa, Sr. Tanaka, nem sei o que lhe dizer... -Dean pegou o pacote com todo o cuidado.

- Pois não diga, apenas nunca deixem se corromper. Permaneçam sempre nesse belo caminho, que por mais árduo que seja, será compensador.

Dean apenas sorriu. O que havia de belo em caçar criaturas do mal? Mas, mesmo assim, respeitou o discurso de Tanaka, pois o velho era muito sábio e certamente aquelas palavras não foram em vão.

Os irmãos já estavam na rua, quando Chang correu em direção a eles, esbaforido. Eles pararam de caminhar e receberam do garoto um abraço inesperado, emocionado.

Chang apertava os irmãos como se soubesse que nunca mais os veria.

- Hey, garoto, que é isso?... A gente volta pra te visitar, ver se você está se comportando bem, ok? – Dean tentou disfarçar a emoção que sentiu também, levantando-se e mexendo no boné do menino.

- Não se preocupem, rapazes, Chang ficará comigo. Serei seu tutor – Tanaka respondeu, aproximando-se dos irmãos.

- Tem certeza, Sr. Tanaka? – Samuel questionou.

- Chang pode ser arteiro, mas é um excelente garoto. Além disso, vi nele um grande potencial para aprender artes marciais. Ele estará em boas mãos comigo... - Tanaka repousou a mão pequena sobre o ombro do garoto, que enxugava as lágrimas na manga da camisa, surpreso. Não sabia daquilo até agora e aquela notícia o alegrara. Segurou firme na mão do Senpai, apertando-a, em sinal de agradecimento.

- Bem, Sr. Tanaka, já é hora de partirmos. Obrigado por tudo.

E partiram, sumindo na longa avenida, por entre os carros e as pessoas que transitavam em Chinatown.

- Hey, Sam...

- O que foi, Dean?

- E então...

- Então o que, cara?

- E aí?

- Ah, não começa! – Samuel revirou os olhos e se ajeitou no banco do banco.

- Ah, cara, eu adoro esse negócio de ‘remember’...Se bem que quando estivemos aqui antes vocês não...

- Ah, cara, não enche! - Samuel atirou um pacote de salgadinhos aberto em cima do irmão, que ria compulsivamente.

- ...E assim são os Winchesters! Sem muito papo, pura ação! – Dean bateu as mãos sobre a jaqueta pra sair os farelos. – Hey, espere um momento! Tem algo errado aqui... - Tateou os bolsos da jaqueta e deu por falta de uma de suas carteiras falsas.

- Filho da mãe! – Dean bateu no volante, não sabendo se ria ou ficava bravo em constatar que Chang, no abraço, bateu uma de suas carteiras com documentos falsos...

***

“Os incensos acesos e as pequenas velas eram a única iluminação do ambiente. O velho Senpai agora deixara seu traje de guerra de lado, colocando seu traje de festa.

A urna antiga sob as espadas em cruz, adormecida sobre o altar recebeu a companhia da outra, encontrada no carregamento de artefatos roubados. A primeira continha as cinzas de seu ancestral, Isao. A outra urna, quando caiu no chão, soltou-se um fundo falso, onde havia o pequeno pote de porcelana que continha as cinzas de Aya.

Cuidadosamente o Senpai tirou as espadas e as deixou de lado, retirando,delicadamente, a cera que lacrava a urna da amada de seu ancestral, deixando-a aberta. Com cuidado abriu também a outra, colocando-as lado a lado. Pegou seu livro de orações e entoou um suave mantra cerimonial.

Uma forte brisa surgiu do nada e invadiu o ambiente, quase apagando as pequenas velas. O velho, de olhos abertos, teve a visão das duas jovens almas lado a lado, de mãos dadas, sorrindo e desaparecendo em meio a uma forte luz branca.

Tanaka teve a certeza de que a princesa e o samurai finalmente se uniram. E o mais importante, suas almas agora descansariam em paz.”

***

Fim


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