— O que quer dizer com isso? — Neji questionou.

Sakura o olhou e pendeu a cabeça levemente para o lado, sem entender.

— Hm? Quero dizer que eu sou a primavera, ela tornou a dizer.

Shikamaru revirou os olhos e Neji novamente a indagou.

— O que estou perguntando é: o quer dizer com “eu sou a primavera”?

— Quero dizer que sou a primavera! — Repetiu pela terceira vez, agora já um pouco irritada — Nunca ouviram falar sobre as estações? Sobre primavera, verão, outono e inverno? Então, eu sou a primavera!

Neji e Shikamaru se entreolharam.

— É como na história que o Naruto-kun falou — Lee resmungou compreendendo e os outros olharam para ele. — Sobre as estações serem pessoas.

Eles olharam para Naruto e depois tornaram a olhar para a moça.

Prestando melhor atenção, Sakura realmente parecia fazer um tipo de alusão à primavera. Olhos verdes e alegres, cabelos rosas e até o nome dela parecia ser uma homenagem à estação das flores, além de sua roupa parecer um campo florido.

— Cara, que saco! — Shikamaru resmungou. Ele pôs as mãos no bolso e suspirou. — E como o Naruto poderia saber de algo assim?

— Ora, que pergunta! — A tal Sakura exclamou — Como ele não saberia? Naruto é o verão!

Naruto arregalou os olhos e os outros recuaram um passo.

— Cara, essa história fica cada vez mais complicada!

— Isso não parece bom. — Tenten concordou.

— O que você está dizendo? — Ele perguntou para a moça de cabelos cor-de-rosa. — O que você diz não faz sentido algum! Isso é apenas uma história! Se eu sou o verão, como eu não sabia disso?

— Como não sabia? Você vivia aqui sete anos atrás, antes de sumir. — Rebateu ela, indignada. — Aliás, por onde esteve todo esse tempo?

— Eu não lembro disso. — Tornou a acusa-la. — Eu vivo em Konoha desde... desde sempre. Eu não sou o verão.

Naruto estava começando a achar que aquela menina era louca.

— Eu me lembro que sempre estive por lá... eu andava por lá... vivi no orfanato de Konoha desde quando me lembro e... e...

— Naruto-kun... — Hinata murmurou, interrompendo-o. Naruto e os outros voltaram seus olhares para ela. Hinata abaixou a cabeça levemente e tornou a resmungar — Talvez devêssemos ouvir o que a Sakura-san tem a dizer. Ela não parece estar mentindo. E, mesmo que não seja verdade, acho que vale a pena ouvir o que ela diz. Além disso, você parece estar se confundindo.

— Hinata... você... você disse que confia em mim... que acredita em mim, então por quê? Por que está dando atenção para o que essa estranha diz? Isso é loucura!

Ele não entendia. E aquela conversa estava tão estranha.

— Naruto-kun... eu confio e acredito em você... talvez mais do que em mim mesma, mas... quero que você confie em mim também. Sakura-san, parece estar dizendo a verdade.  — Tornou a dizer — Você viu o que aconteceu nos últimos dias, desde quando nós entramos para expedição. Você está diferente, parecia saber algo e... eu... não duvido de mais nada agora.

— Você realmente acha que isso pode ser verdade?

Ela balançou a cabeça e voltou seus olhos para Sakura.

— Sakura-san, certo? Você poderia nos explicar melhor sobre isso? Como pode ver, Naruto-kun não parece se lembrar de já ter vivido aqui antes.

Sakura prestava bastante atenção na interação entre eles e, ao ouvir Hinata lhe dirigir a palavra, olhou para Naruto em busca de algum sinal, mas ela viu ele apenas encarando a menina de cabelos negros, Hinata.

Sakura suspirou.

— Claro! Mas vocês parecem estar com sede e eu ouvi o estômago de alguém roncar agora há pouco. — Ela sorriu simpática.

Tenten envergonhou-se e pôs as mãos sobre a barriga.

A menina que dizia ser a primavera então apontou para a direção atrás deles.

— Aquele é o Palácio das Estações e aquela é a porta da primavera. A minha porta. — Ela indicou a construção que Naruto havia visto ao longe e dali ele podia ver que o lugar não era tão grande quanto parecia ser de longe.

 A porta que Sakura havia dito ser dela, era adornada por duas grandes árvores floridas de cada lado e tinha várias flores em volta.

— Vamos até lá. Eu apresentarei o outono e o inverno para vocês e também lhes mostrarei onde fica a ala do verão. Eu acho que não saberei explicar muitas coisas pra vocês, mas acredito que lá vocês encontrarão mais respostas. Mas, antes, por que não bebem um pouco dessa água?

— Que água? — Shikamaru perguntou e uma chuva fraquinha começou a cair na frente dele.

Ele recuou assustado.

— Como você fez isso?

— Fiz o quê? Eu não fiz nada! Ah, essa é uma nuvem pequena, se não beber logo, ela vai esvaziar e sumir. — Ela falou e estendeu as mãos para frente, fazendo conchinha com elas e bebendo um pouco d’água.

Eles imitaram-na.

— Vocês gostam de amoras? — Ela perguntou e logo se pôs a explicar. — Há amoras ali! É outubro e algumas árvores frutíferas estão distantes. Vocês podem vir comigo.

Após dizer isso, ela já saiu andando.

O grupo de expedição, em sua totalidade, seguiu Sakura até a “porta da primavera” e, ao chegarem em frente ao portal, ele abriu-se por si só.

— Que bizarro! — Tenten resmungou. Ela esfregou os braços incomodada.

A situação toda era estranha, em si.

— Ao longe não dava para ver que as flores estavam caindo desse jeito. Parece que está nevando flores dessas árvores e elas parecem não ter fim. — Hinata comentou admirada.

Sakura se aproximou dela, quase orgulhosa.

— Na verdade, é uma árvore só. A raiz se divide em duas embaixo do chão e brota por dois troncos. Fica o ano inteiro caindo tipos diferentes de flores dessa árvore. Não é lindo?

— É você quem faz isso?

— De certa forma.

— Olha, sem querer ofender, mas eu não sei se quero ir lá dentro. Já estamos aqui e não acho que se eu esperar do lado de fora fará alguma diferença. O Naruto parece ser quem deve ir lá. — Tenten falou.

Neji ponderou por um instante.

— Talvez seja prudente ficar alguém aqui fora, caso aconteça algo. Apesar de ter aquela barreira... — Neji resmungou.

— Eu fico aqui fora com a Tenten. — Se prontificou Lee.

Neji concordou com a cabeça e olhou para Shikamaru e Hinata.

— Eu vou com o Naruto-kun.

— Bom, já estou aqui mesmo. — Shikamaru bocejou.

— Certo!

— Podem vir. — Sakura os chamou já andando por ali.

Ao atravessarem a porta, viram um enorme corredor. E o corredor era extremamente largo, claro e bem arejado.

— Ei, esse lugar é absurdamente maior por dentro do que aparenta ser por fora. — Naruto disse sentindo-se contrariado.

Conforme iam andando, o corredor ia sumindo. Parecia que ainda estavam do lado de fora.

— Mesmo? — Sakura indagou e pôs o dedo no queixo. Ela olhou ao redor e emendou genuinamente surpresa: nunca havia reparado.

Shikamaru e Hinata se entreolharam.

— Aliás, aonde você esteve todo esse tempo, Naruto? — A menina primavera de súbito pôs-se a indagar.

— Eu já disse. Nós somos de Konoha. Todos nós. — Enfatizou Naruto ao responder.

Sakura resmungou em resposta e balançou a cabeça. Logo deu de ombros.

— Sakura-san, você já saiu daqui alguma vez? — Neji questionou repentinamente.

— Ah, não! O Naruto é o único que esteve fora. Quando éramos mais jovens, o pai dele, às vezes, vinha até aqui e o levava para onde ele morava. Da última vez que ele levou o Naruto, não trouxe de volta. Isso faz sete anos.

— O que que você está falando? — Naruto grunhiu e estreitou os olhos para Sakura. Ele era órfão desde sempre. Aquela louca só podia estar zombando dele.

Neji guardou aquela resposta para ele, intrigado.

— Você sabe de algo sobre o lado de fora? — Neji tornou a questiona-la, ignorando Naruto.

— Se você se refere a instabilidade do clima... nós temos certa ciência disso, mas não podíamos fazer muita coisa a respeito, apesar de sermos as estações do ano.

— O que quer dizer?

Ela ponderou por um momento e começou a gesticular conforme explicava.

— Pense em uma balança, mas não uma balança convencional. Uma balança de quatro pratos em que os pesos sobem e descem constantemente. Essa balança seria o clima e os quatro pratos, as quatro estações. As estações atuam em conjunto. Quando é inverno em um lugar, é verão em outro e nesse período o outono e a primavera ficam mais inertes. Cada dia é diferente do outro, por isso a mudança constante de peso. Mas, se um dos pratos dessa balança some, ela fica desequilibrada. — Ela disse, parecendo refletir sobre a clareza de sua resposta. Logo acrescentou — Foi isso que aconteceu quando o Naruto sumiu. Entretanto, depois de um tempo, ficou tudo estável, mas não significa que voltou ao normal. Pelo menos, não ainda.

— Está dizendo que toda essa bagunça no tempo é culpa minha? — Indignou-se. Ele provavelmente era a pessoa mais revoltada com aquele clima e ela praticamente o acusava de ser o causador daquela atipicidade climática.

Sakura o ignorou.

— Chegamos! — A primavera exclamou. Ela abriu os braços e deu um giro em volta do eixo de seu próprio corpo. — Este é o salão das Estações. E aqui é o ponto de encontro das estações. — Ela disse.

— Ponto de encontro das estações? — Shikamaru perguntou.

— Sim! Nós viemos dali, da porta da primavera; ali é a porta do verão, ali a porta do inverno e lá a porta do outono. — Ela apontava as respectivas direções enquanto dizia. Ela de repente parou e olhou para eles com mais atenção. — Eu ainda não havia reparado em seus olhos... como é o seu nome mesmo? Hinata...?

— Hyuuga, Hinata Hyuuga.

— Hmm... Ele é seu parente? — Apontou para Neji e Hinata balançou a cabeça.

— Meu irmão.

— Entendo. Ah! Eles estão chegando.

— Quem está chegando? — Neji perguntou.

— O outono e inverno.

Então puderam ouvir o som de passos e, em seguida, alguém começou a falar.

— Sakura, espero que você tenha um bom motivo para estar me fazendo vir até aqui. Detesto quando você nos chama só para você ficar com cara de boba em cima do outono e eu fico aqui sem-

Ela emudeceu-se e recuou dois passos ao ver Naruto.

— O verão... — murmurou ela em choque, sus mãos começaram a tremer. — Sakura... como... o Naruto...

Aturdida, ela não sabia o que dizer. Logo, outra voz foi ouvida por eles.

— Sakura, por que nos chamou aqui agora? Eu — Ele parou ao ver que haviam outras pessoas ali e chocou-se ao identificar e reconhecer outra estação. — Naruto? Naruto! — Caminhou até o rapaz e tocou em seus ombros. — Aonde você esteve todo esse tempo, seu idiota?

— Por quê está me xingando, seu imbecil? — Naruto tirou os braços dele de sobre seus ombros, irritado.

— Sasuke-kun, Ino. Naruto estava em Konoha. E... parece que ele não se lembra de nós.

— Como assim “não se lembra de nós”? Isso é algum tipo de brincadeira? Não entendi.

— Eu não sei explicar, mas ele não me reconheceu e disse não se lembrar que é o verão.

— Eu não só disse que não lembro, como também disse que não sou.

— Viu? — Sakura cochichou. — Acho que ele deve ter batido a cabeça ou algo do tipo.

— Ei!

O rapaz que Sakura dizia se chamar Sasuke, logo analisou Naruto e os outros que estavam em volta, com um ar arrogante e de superioridade.

Ele tinha os cabelos e olhos escuros e trajava roupas nas cores marrom, amarelo e um alaranjado que lembravam as folhas secas caídas do outono.

O rapaz colocou as mãos nos bolsos da calça e sua expressão surpresa de antes agora dava lugar a uma apática, seca e um tanto prepotente.

— Tsc! Só mesmo esse idiota! — Depreciou ele. — Como devem ter notado, eu sou o outono. Me chamo Sasuke Uchiha.

A moça que Sakura chamou de Ino, respirou fundo e meio relutante, ela se pronunciou.

— Eu sou Ino Yamanaka, o inverno. Vocês são? — Ino olhou para Naruto, esperando que ele fizesse as apresentações. Todavia, ele virou a cara em um bico emburrado, como uma criança fazendo pirraça.

A tal Ino arqueou uma das sobrancelhas, um tanto indignada, sua face retorcida em desgosto e um pouco iracunda.

A menina, que dizia ser o inverno, possuía cabelos loiro claríssimos e olhos de tonalidade suave, azuis. Suas roupas eram de cores frias: azuis em diferentes tons e um esbranquiçado. Entretanto, em relação aos outros dois, suas roupas pareciam meio desgastadas e com falhas na coloração e, sem muitos esforços, percebia-se o abatimento em seu rosto.

Sakura intrometeu-se para fazer as apresentações.

— Ino, esses são: Hinata e... eu não perguntei o nome dos outros... — Ela coçou a cabeça e riu nervosa, constrangida, ao dar-se conta da sua falta de atenção. — Estava tão surpresa em ver o Naruto que acabei nem lembrando de perguntar.

— Hinata Hyuuga. E esse é o meu irmão Neji Hyuuga, esse é Shikamaru Nara e o Naruto-kun, acho que vocês já conhecem. — Hinata apresentou-os às estações.

— Espera! Você disse Hyuuga — Sasuke perguntou, verdadeiramente surpreso.

— Transições... — Ino murmurou quase inaudível, tendo o mesmo pensamento do outono. Logo sua face se iluminou, porém, antes que dissesse o que pretendia, Sakura a interrompeu.

— Vejam! A ala do verão! — A moça de cabelos cor-de-rosa apontou para a direção que já antes havia dito ser a porta do verão. — Lá acredito que vocês poderão descobrir quase tudo que querem saber.

Estranharam.

— Você disse que não sabia dizer muita coisa, mas como se sabe aonde estão as respostas? — Shikamaru inquiriu desconfiado.

— Nós, estações, não podemos entrar lá sem permissão do verão se ele estiver ausente, somente quando ele está lá. Só o Naruto pode.

Hinata e Shikamaru olharam para Naruto; já Neji, para a porta.

— Não vou ir lá! — Naruto bateu o pé, ao teimar.

Shikamaru encarou-o indignado.

— Como ele vai saber de algo só por atravessar uma porta? — Neji disparou, ainda incerto.

— Há diários para cada estação. Nesses diários ficam registrados o que se passa com cada estação. Na ala do verão, está o diário do verão. Estranhamente, nos últimos seis anos, nada foi registrado pelo diário de nenhuma das estações, então acredito que não haverá nada sobre esses mesmos anos.

— Você disse que nada foi registrado. Quem registra no diário?

— Ele se escreve sozinho.

— Por mágica? — Naruto ironizou, ainda contrariado.

— Não existe essa coisa de magia — Sakura riu-se, achando aquela pergunta absurda.

Eles olharam para a primavera como se ela fosse louca, ou pelo menos idiota.

— Que tipos de registro esse diário faz? — Hinata perguntou.

— Hm, ele registra quase tudo sobre a estação, desde das temperaturas aos acontecimentos que nos cercam. O Nascimento de uma nova estação. Às vezes, registra até os nossos sentimentos.

— A temperatura e a chegada de uma nova estação, nós também somos capazes de registrar.

— Ninguém falou em chegada de uma estação, e sim nascimento — Sasuke rebateu seco.

— Ei, se eu fosse o verão, esse diário registraria quem são os meus pais? — Naruto murmurou.

Hinata o olhou e abaixou a cabeça sentida.

Como confidentes, ela sabia o quanto Naruto sentia falta de ter uma família, apesar de toda sua força.

— Naruto-kun...

— É claro. Ainda mais por sua mãe ter sido o verão anterior. Na verdade, o verão é a única estação que teve uma linhagem hereditária até hoje. — Sakura ponderou.

— Não vamos ficar enrolando. — Neji cortou. — Naruto, vá lá e veja o que esse diário tem escrito!

— Neji, não fique me dando ordens desse tipo! Além disso, vocês não vão ir junto? Que tipo de amigos vocês são?

— Ande logo. Nós vamos esperar aqui fora. — Shikamaru rebateu.

— Naruto-kun, se quiser, eu vou com você até lá.

— Hinata! — Naruto exclamou feliz.

— Não, Hinata. Você ficará aqui. Preciso falar com você. — Neji interrompeu-a.

Ela fitou o irmão e abaixou levemente os ombros.

— Ah! Tudo bem. Eu entendo. — Ela respondeu e voltou-se para Naruto — Desculpe, Naruto-kun.

Ele balançou a cabeça em compreensão.

— Como é que eu abro aquela porta? — Naruto se dirigiu à Sakura.

— Você só precisa chegar perto dela. Ela vai abrir sozinha para você. — Sasuke foi quem respondeu.

Naruto arqueou as sobrancelhas, desconfiado. Ele olhou pelo canto do olho para a jovem Hinata e suspirou, tomando coragem. Caminhou até a porta e ela se abriu.

— Em que lugar vou encontrar esse diário?

— Você vai saber quando estiver lá dentro.

Naruto resmungou. Respostas e mais respostas. Todas vagas ao seu ver.

Assim que Naruto atravessou a porta, Shikamaru escorregou encostado em uma parede e, apoiando as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos após bocejar.

— Que cara folgado! — O rapaz de sobrenome Nara ouviu alguém dizer e simplesmente ignorou.

Neji olhou para aqueles que diziam ser as estações e seguiu em direção ao corredor da primavera, sem importar-se com os olhares sobre ele. Constrangida e com os ombros encolhidos, logo Hinata foi até ele. Lá, Neji encostou-se na parede, cruzou os braços e fechou os olhos por um momento, apertando o vinco entre os olhos com o dedo indicador.

— Neji-nii-san? — Hinata chamou meio receosa.

— Hinata, eu quero perguntar uma coisa para você. Mas antes, quero dizer algo.

Hinata preocupou-se.

— Naruto é filho do Minato-sama, o rei de Konoha.

Hinata arregalou os olhos surpresa e pôs uma das mãos sobre a boca.

— Como, como... quem disse isso?

— Isso não é muito relevante. — Desconversou ele — Mas eu estava pesquisando sobre o rei, queria saber se seu sumiço poderia realmente ter a ver com a atipicidade do clima. Foi quando vi um retrato dele gravado em um livro recente. É certo que o Naruto não tem o rosto parecido com o dele, mas, quando você bate os olhos nos dois, você nota uma semelhança incrível entre eles. — Contou Neji e olhou para o alto, depois voltou a olhar na direção da irmã mais nova. — Confirmei minhas suspeitas com o Kakashi-sensei. Ele foi discípulo do Minato-sama. Você sabe que em Konoha não há um governo monarquista, mas nosso líder recebe o título de rei e é tratado quase como um. Eu pensei sobre isso um tempo, mas era algo que eu ainda não conseguia entender. Por que o Minato-sama não assumiria seu filho? Ele era pai de um filho já sem mãe? Mas, mesmo que fosse, não faria sentido. Ninguém o condenaria por isso. Aliás, quem era a mãe do Naruto? Ela estava viva? Era de Konoha? Por que ninguém sabia quem era? Eu simplesmente não sei o que pensar sobre isso, mas acho que o Naruto deve descobrir algo agora. Já sabemos que a mãe dele era daqui. Talvez, por isso, o rei nunca tenha dito quem ela era nem que o Naruto era seu filho. A Sakura disse que ela foi “o verão anterior”... — Ele expôs seus devaneios — Eu só quis lhe adiantar isso, por que quero que me responda uma coisa.

Hinata engoliu em seco, absorvendo aquela informação. Ela fechou os olhos com força. Se ela já estava se sentindo perdida, imaginava o quanto Naruto ficaria arrasado.

— Eu não acho que o Naruto sairá daqui. Acredito que ele será coagido a ficar e que ele não vai voltar para Konoha. Se o que a Sakura disse for verdade, o Naruto vai acabar se responsabilizando e se sentirá obrigado a ficar aqui para manter o clima normal. Você o conhece melhor do que ninguém, sabe disso. — Considerou Neji — O que quero que me responda é o que você vai fazer quando isso acontecer?

— O que quer dizer?

— Hinata, o que você sente pelo Naruto?

— O que quer dizer? Nós somos amigos, melhores amigos. — Ela disse.

— Você sabe o que estou dizendo! Você é uma mulher e ele um homem, é natural que gostem um do outro. Quero que você me responda isso, mas quero ainda mais que admita para si mesma.

Hinata arregalou os olhos. Ela entendia o irmão e sabia que ele tinha razão. Ela sabia que sentia algo por Naruto, ela admirava a sua determinação, o seu caráter, a sua alegria. Ela amava ver o sorriso dele. Gostava de estar perto dele.

— Eu amo o Naruto-kun. — Ela deu-se conta.

Neji olhou para ela com um sorriso melancólico.

— E o que você fará se ele resolver ficar aqui?

— Eu não sei! — Lamentou.

Neji suspirou e pôs a mão sobre o ombro dela. Hinata o olhou perdida.

— Sei que não vai ser fácil, mas você terá que se decidir e não terá muito tempo para isso.

Ela abaixou a cabeça.

— Me desculpem! — Ino chamou a atenção deles. — Eu não queria me intrometer nem ouvir a conversa de vocês, mas eu acabei ouvindo um pouco e queria perguntar algo a você, Hinata. — Ela olhou para o lado e esfregou os braços.

— Ino-san?

— Eu quero lhe fazer uma proposta.