Mari e o Híbrido escrita por Lunista Crowler


Capítulo 2
Surge o Trio


Notas iniciais do capítulo

Então aqui está o segundo capítulo da história.
Não sei se vocês vão gostar, mas está aí.



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  Nelinho é uma cidade pequena, mesmo assim só andar para as casas em estilo desorganizado, fazendo maior sentido com o clima daquela cidade, o caloroso calor das pessoas e híbridos que passam pela cidade chegava a ser contado, não eram numerosos dando assim um ar bastante simples e pacato da cidade. Mari olha para a saída da pequena cidade com uma sensação triste.

    — Eu posso esperar você se despedir dos seus parentes e amigos. Zafriel observa Mari negar com a cabeça e retomando a trilha de terra junto com o híbrido.

    — Eu já me despedi do meu pai, Carla deu seu jeito de se despedir de mim e bem nunca vou contar com a despedida do Felipe, então não tem nada mais me segurando nesta cidade. Mari esbanje o sorriso de forma convicta caminhando de forma calma sendo que a alguns metros. — Falando em idade, quantos anos você tem, Zafriel?

    — Tenho 124 anos. Por causa do núcleo mágico minha raça pode viver no máximo uns 335 anos. Quando Zafriel comenta Mari o olha de modo surpresa, o que o faz sorrir. — De certo modo a idade varia de raças híbridas, graças ao núcleo mágico podemos viver a mais que os humanos, sou um adulto responsável diferente de alguns colegas de vilarejo ou até mesmo as garotas do mesmo, mas não imaginava encontrar uma garota que me chamasse para uma jornada tão básica e importante.

    — Então, você não se incomodaria em andar com uma jovem perto da casa dos vinte para ir ao distrito de Avaloem? Mari observa Zafriel sorrir de modo divertido.

    — Não me incomoda nem um pouco, se é por uma boa causa faço questão de realizar tal desejo nobre. Agora me conte como é a floresta? Zafriel devagar para de sorrir.

    — A floresta de Eurídice é vasta, durante o dia o tempo é fresco, quando fica perto das 5hs da tarde chove até anoitecer, aqui vivem uma raça guardiã híbrida de coruja. Podemos passar dois dias na floresta, com isso precisamos achar um bom lugar para servir de coberta para passarmos à noite, eu trouxe agasalhos para a noite, você vai precisar de um desses? Mari olha para Zafriel que está do seu lado caminhando.

    — Não é necessário, mesmo em formato humano consigo ser resistente ao frio, mudando de assunto. Você não parece ser que nem as pessoas da cidade de Nelinho. O comentário de Zafriel chama a atenção da jovem de cabelo de cabelo castanho-avermelhado. — Você por acaso nasceu em outra cidade?

    — Nasci em Rotolândia, minha mãe é ironicamente uma híbrida da raça canina. Meus pais não me planejaram. Meu pai disse que meu nascimento foi uma esperança para que repensasse no seu futuro, ele se encantou por mim à primeira vista, já minha mãe mesmo contrariada com as reclamações de que não poderia mais aproveitar da cidade por causa do meu nascimento acatou a responsabilidade de me cuidar, isso foi até minha mãe descobrir que seu esposo continha uma doença de gangrena e decidir fugir com medo da doença ser transmissível. Mari observa o Zafriel ouvir toda a história sem interrupções.

     — Você esteve todo este tempo sem a presença da sua verdadeira mãe, deve ter sido difícil para sua pessoa. Zafriel observa Mari sorri divertido e olhar para o mesmo.

      — Não foi tão difícil assim, minha mãe abandonou quando tinha cinco anos, tudo da nossa vida mudou para melhor quando Alice entrou na família, mesmo sendo uma pessoa que após conseguir seu sustento e construir sua própria casa, ela nunca nos abandonou mesmo após descobrir a doença do meu pai. Eu considero Alice como uma verdadeira mãe. Mari olha para frente notando que estavam próximos da floresta e se lembrando de algo importante. — Zafriel, pode segurar a maleta por alguns minutos? Eu preciso pegar o mapa e a bússola.

    — Eu posso levar a maleta a viajem toda. Falando nessa maleta, qual é o conteúdo dentro dela? Zafriel escuta o som da mochila deslizar e observar Mari trazer a mesma cuidadosamente para sua frente e abrir um dos zíperes frontais da mesma, retirando um pequeno tubo nas mãos.

    — O que tem dentro da maleta são os resultados dos exames do meu pai, sem esses exames não vai dar para a médica receitar a cura da doença do meu pai. Para minha pessoa, esta mala é o objeto mais importante dessa missão. Se a perder ou se algo dentro dessa maleta for danificado, toda nossa jornada vai ser em vão e o contrato não vai servir de nada. Mari retira o mapa do tubo o mesmo vem convenientemente com uma bússola acoplada no papel.

    — Vou manter essa observação na minha mente então. Mari escuta o som da aba da maleta ser apertada com leveza, mostrando-se compreensivo com o desejo de cuidado e carinho com aquele objeto inanimado.

    — Zafriel posso questionar o motivo de você não está usando sua forma animal até agora? Mari coloca o tubo vazio no lugar que havia o retirado, posteriormente puxa o fechecler terminando de fechar a parte que estava aberta da mochila.

    — Por que estou cansado, segui a rota migratória dos dragões leões para a rota da cidade de Cevelo a alguns quilômetros distantes da cidade de Nelinho, eu apenas fiz um desvio de rota para descansar e beber água, quando eu quis remover aquela armadilha, aquelas coisas são um perigo para raças híbridas e humanos.  Mari recoloca a mochila atrás das suas costas e observar como Zafriel devolvia a mala em troca do mapa que estava segurando.

    — Entendo, você também está cursando uma rota diferente da sua rota migratória, então deve ser difícil você andar em território desconhecido. Mari avalia a concordância gestual do Zafriel.

  A abertura do mapa revela uma versão do mapa do País de Venalira, Zafriel suspira tentando achar a localização deles sendo guiado pela bússola acoplada no mapa que aponta para o norte, já Mari consegue colocar sua mochila de volta nas suas costas, acaba ajeitando a base da camisa que vestia que se desarrumou com o movimento da mochila.

    — Desculpe, mapas são complicados para minha pessoa. Zafriel faz expressão de cansaço e devolve o mapa para Mari que não expressa obviedade ou chacota.

    — Está, tudo bem Zafriel, mapas foram um pesadelo para mim também. Mari sorri estendendo o mapa apontando o local exato de onde estavam. — Vamos seguir a Noroeste da floresta, mesmo que seja uma boa caminhada de dois dias, vai valer a pena fazer este esforço.

  Sem soltar palavras ambos caminham até a entrada da floresta, não existe mais trilha para eles se guiarem por dentro da floresta, apesar de adentrar a floresta, já escutam o som dos pássaros e animais daquele lugar, a trajetória calma e silenciosa tanto do híbrido como da Mari dava espaço apenas para que os som dos seus passos sejam ouvidos.

 O som das folhas sendo mexidas pelo vento, deixa Mari absorta em pensamentos enquanto segura a maleta de suma importância para a recuperação da saúde do pai se lembrando como foi difícil fazer a escolha de pegar um artefato e desejar algo tão egoísta, seu pai tinha dois artefatos de suma importância, no entanto minha mãe pegou um na promessa de que encontraria a cura para seu pai. Sua impaciência por saber que desde sempre sua mãe queria que ela abandonasse a pessoa que lhe deu ensinamento inestimável.

  Não seria agora que desistira da pessoa mais preciosa para si, mesmo que boa parte das pessoas dissessem que usariam o artefato para outras utilidades, muitas por si só com desejos fúteis, gananciosos e escandalosos. São poucos com desejos tão nobres quanto os dela, a única pessoa que realmente a apoiava é a Carla e olhe lá. Felipe nem contava! De onde sua mãe tirara da ideia que Mari já tinha idade para ter um namorado? E pior, escolhera um imbecil que só pensa em querer humilhar a jovem em frente de um local público pensando que assim conquistaria o respeito e admiração dela.

    — Mari, o que você e seu pai faziam antes da doença o afetar profundamente? Zafriel faz Mari voltar para a realidade e perceber que estava um pouco atrás do híbrido, resolve apressar o passo para caminhar ao lado do mesmo.

    — Nós éramos migrantes, você sabe, somos parte das pessoas que andam pelo mundo sem ter uma verdadeira casa para ficar, exploradores da cultura local das cidades e de lugares que poucos tem conhecimento, nós temos o conhecimento para invocar os fundadores. Mari observa Zafriel arregalar os olhos mínimos de surpresa. — É conhecimento antigo que é passado da geração da nossa família, eu aprendi que se você tiver um pingo de magia dentro de si você pode invocar qualquer coisa, antes do conhecimento dos híbridos humanos tinham poder para convocar demônios entre outras entidades desconhecidas para fazer tratos inumanos.

    — Escutei isso, muitos híbridos sorriam e debochavam da tolice humana. Se não houvesse a explosão do grande reator de núcleo mágico de Sismenia, a raça humana continuaria com sua tentativa tola de se interagir com o sobrenatural. As palavras de Zafriel faz Mari pensar na dor que aquele híbrido esteja passando.

    — Olhe por um lado bom, se não fosse essa explosão eu não teria nascido e nós não estaríamos aqui agora em busca do remédio que salvaria meu pai. Mari sente o olhar do Zafriel sobre sua pessoa. — Sempre tem prós e contras de algumas situações, a explosão da energia mágica forçou que a raça humana entendesse que eles não eram os únicos seres conscientes do planeta terra, por outro lado o egocentrismo da raça foi o que levou a duas guerras trágicas sendo que os híbridos ganharam as duas de lavada dos seres humanos.

    — Graças a isso, o mundo que vocês conhecem como antiga Terra foi reconstruído a modo das terras mágicas e agora se chama Eleonora. Locais misteriosos se tornaram berços dos híbridos, a diversidade mágica misturou-se ao não mágico e agora temos um mundo muito mais bizarro que era antigamente. O comentário de Zafriel faz Mari sorri minimamente.

  Quando começa a escurecer, Zafriel e Mari prosseguem o caminho e acham por conveniência uma cabana abandonada no meio de uma floresta, apesar de ser uma cena estranha os vestígios de humanidade numa floresta praticamente fechada.

    — Não é grande coisa, mas dá para passarmos a noite. Mari entra no buraco da porta vendo que a cabana não tem muita proteção contra a chuva que está prestes a vir. — Zafriel...

  Mari observa o mesmo entender o seu pedido e se adentrar na floresta, mesmo o estranhamento repentino, se recorda que Zafriel é uma criatura selvagem provida de conhecimentos se sobrevivência na natureza, tão superior ou igual à dela. Aproveita a saída do híbrido para explorar a cabana, com a estrutura bastante arruinada por estar desabitada há anos, a jovem consegue pelo menos observar que a localidade da mesma fica próxima a um rio de águas claras, onde aproveitaria tomar banho e tirar as impurezas do dia, só que antes tinha que achar um bom lugar para colocar sua mochila e mala.

  Sua procura resultou em nada de bom que serviria para esconder suas coisas ao voltar para o espaço central da cabana, observa Zafriel voltar com uma telha improvisada de folhas, o que realmente serviu para cobrir boa parte do destelhamento da cabana em si.

    — Zafriel poderia olhar minhas coisas enquanto tomo banho no riacho próximo daqui? Mari abre a mochila e retira uma toalha junto dos utensílios do banho.

    — Claro que posso, vá tomar seu banho com calma. Zafriel fala enquanto arruma os galhos em formato de fogueira para passarem a noite ali.

  Assim que Mari sai da cabana Zafriel termina a pequena fogueira e fica próximo dos objetos de suma importância até sentir a presença de outro híbrido. Não a sensação é de um guardião, pela sensação ele está se aproximando da cabana, já suspeitava dos guardiões da floresta aparecerem uma hora ou outra, eles sentem a presença de desconhecidos na floresta e vai averiguar o motivo dessas pessoas estarem na floresta. Dito e feito uma coruja aparece voando e entrando no buraco da porta.

  Assim que entra a formosa ave se transforma em algo similar a uma humana, tirando o cabelo curto, com penugem bege e com algumas manchas no cabelo, apesar das pernas finas e a calda aparecer, Zafriel observa em silencio usando sua cauda para trazer a mochila e a maleta da Mari próximos o bastante do seu corpo.

    — Pode me explicar o motivo da sua presença nesta floresta, dragão leão? A voz fina e forte da coruja na sua frente não o amedronta, na verdade só de olhar os dois sabiam muito bem qual os níveis deles, Zafriel prefere dialogar do que entrar de cabeça numa luta com guardiões.

    — Viemos apenas passar dois dias nesta floresta, eu e uma contratante precisamos ir para o Distrito de Avaloem em busca do medicamento para o pai da humana. Zafriel repara que a mulher para de fazer uma pose de ameaça, para uma mais relaxada e em seguida se sentar vencida pelo cansaço.

    — Então não tenho notícias amigáveis vindas do Noroeste dessa floresta, um Eugon caiu na encruzilhada que leva para o Distrito Sacerdotal. A coruja repara na presença da humana com os objetos de limpeza em mãos.

    — Não me preocupo de tomarmos o caminho mais logo para o distrito Sacerdotal. Mari observa Zafriel sobressaltar e afrouxar a cauda mostrando onde está os objetos dela naquele momento. —  Desculpe Zafriel parece que não vai ser agora que você vai ter alguma informação sobre a falsa sacerdotisa.

    — Falsa sacerdotisa? Do que estão falando? Zafriel pende a não tocar no assunto receoso, com um pouco de tempo começa a falar dando tempo para que a chuva concretizasse e começasse a cair pelo lado de fora da cabana. Mari absorta de toda aquela explicação resolveu pegar um lanche da sua mochila e começar a dividir entre os dois restantes da sala.

    — Já tinha ouvido dela pela boca de outros híbridos, só não esperava ver que ela fosse tão falsa assim. De certo modo, por que vocês não tentaram ajudar seu amigo preso em vez de ir atrás dessa lunática? Dessa vez Mari se atenta a conversa, não que fosse curiosa, mas certamente não fez esta pergunta por ser invasiva demais e talvez Zafriel não gostasse ou achasse aquilo uma falta de respeito.

    — E a gente foi, só que quando chegamos era tarde demais, nosso amigo foi vendido e levado para outra região, tentamos novamente e o encontramos diferente, meu amigo se enlouquecera a ponto de se esquecer de nós. Zafriel olha de soslaio para a expressão de pena da Mari e em seguida observa a mesma se aproximar da conversa, a jovem já entendera que aquele é um sinal de que ele já sabia que ela estava ouvindo a conversa em segredo. — Não aguentamos ver nosso amigo assim e fomos atrás da criadora de tudo isso a sacerdotisa, com o tempo minha amiga desistiu de procura-la, mas eu não consigo ticar isso a frente, preciso evitar que mais outro híbrido ou híbrida caia na laia dessa louca!

    — Posso compreender seu desejo rapaz, mas não é melhor você avisar logo para um dos fundadores? Eles fariam muito bem a justiça e você não seria julgado por fazer justiça com as próprias mãos se é que me entende. Lá está mais uma lógica boa da guardiã, parecia que a coruja lhe retirara as questões importantes e passasse para o mesmo. — O que você acha, humana?

    — Acho que Zafriel escolhe como deve ser feita a justiça. Sendo uma migrante, aprendi que muitos híbridos não confiam nos fundadores, por questão de que foram eles que fizeram o trato de paz e foram os mesmos que impediram com que a massiva parte dos híbridos entrasse em uma nova guerra com os humanos. Mari trás para si a mochila e a maleta que estavam parcialmente embrulhados com a cauda do Zafriel, não reparando no olhar lilás do mesmo sobre si.

    — Eu posso ir com vocês nessa viagem? A indagação da guardiã faz os dois olharem para a mesma com as sobrancelhas arqueadas. — Eu tenho um motivo para querer ir com vocês. Eu quero ir atrás de um dos nossos membros que acabou fugindo dessa floresta, eu prometo que não vou dar problemas para vocês.

    — Certo, mas esse membro fugiu de quê exatamente? Mari puxa as entrelinhas enquanto Zafriel levava e faz uma faísca de fogo cair na fogueira que imediatamente toma forma e ilumina a cabana já sendo tomada pela escuridão noturna.

    — Na comunidade de guardiões dessa floresta é muito rígida, a cada ano o guardião mais forte tem que se casar com a guardiã mais sábia da comunidade, só que neste ano o guardião ficou frustrado ao saber que se casaria com Meneia, uma mulher chata que de sábia não tem nada, apesar da brincadeira ser sem graça afastou o guardião que decidiu fugir da floresta. A coruja dá um sorriso sem graça. — Apesar de tudo eles me indicaram para ir atrás do guardião e como não o achei em cada canto da floresta ele só pode estar fora dela.

    — Em outras palavras você não sabe onde ele está. Zafriel volta a se sentar perto de Mari que estende o mapa que tem a bussola acoplada e o estende no chão. — Antes de tudo, você poderia se apresentar pelo menos?

    — Sou Lisandra a coruja e vocês dois? A resposta educada fez com que Mari se sentisse entre duas pessoas nobres.

    — Meu nome é Mari e o dele é Zafriel, é um prazer conhece-la. Mari é mais rápida que o Zafriel que a olha de maneira surpreendida com a rapidez da jovem. — Você tem certeza de ir conosco? Estamos indo para o Distrito Sacerdotal para prosseguir caminho até o Distrito de Avaloem.

    — Estou sim, não pegando o caminho mais curto, posso procurar pelo mesmo nas cidades, afinal a volta se torna mais fácil que a ida. Lisandra sorri sobre o som alto da chuva, Mari se dá por vencido e retira a marmita que tinha planejado apenas para ela e o híbrido contratante, não esperava por mais alguém entrar no time de supetão assim como fizera Lisandra neste momento.

    — Não planejei ter alguém extra na viajem. Mari resmunga baixo, no entanto os dois conseguem ouvir seu resmungo com boa audição.

    — Não precisa fazer comida para nós dois. Lisandra chama atenção da Mari que a olha espantada, por ter escutado o resmungo dela.

    — Somos animais selvagens podemos obter comida da própria natureza. Zafriel a olha de modo calmo. — Não estamos acostumados a comer o mesmo tipo de comida que vocês comem.

    — Nos entregar comida pronta é um tipo de afronta para nós criaturas selvagens, é como se dissesse que nós podemos ser domesticados apenas dando comida. Lisandra observa Mari ficar constrangida pela observação da mesma.

    — Não fique constrangida, guarde essa comida extra para comer depois, vai ser bom ter uma reserva de comida, não se sabe do amanhã. Zafriel tenta acalmar a Mari que está olhando as marmitas e em seguida guarda uma delas de volta a sua mochila. — Você deve saber que na frase da Lisandra existe uma exceção e você sabe que existem híbridos que se submetem aos humanos quando tudo da vida deles está destruído, então não desista de compartilhar este coração gentil para as pessoas e híbridos.

    — Agradeço a pequena dica, Zafriel. Mari começa a retirar um saco de dormir da mochila e colocar o mesmo próximo à fogueira junto com a coberta embutida no mesmo.

    — Essa garota é uma migrante. É um trabalho bem difícil de manter, pois eles sempre estão expostos a doenças desconhecidas, são alvos de instituições maquiavélicas, dentre outras coisas que os afligem. Sem falar que, são as pessoas que tem mais contato com a morte, já que sempre estão peregrinando em busca de um vão interminável. Lisandra usa o tonal baixo enquanto observa Mari ajeitar o cobertor no saco de dormir e em seguida esquentar a marmita na fogueira que Zafriel fez de improviso.

    — Eles são mais sóbrios que boa parte dos humanos, mas nunca imaginava o carinho que um desses peregrinantes tem em relação aos seus parentes doentes. Zafriel passa o dedo no mapa passando para sua rota migratória com pensamentos distantes. — O quão sofrimento essas pessoas passam ao se despedir dos amigos que fizeram em cada cidade.

    — Quem sabe, não vivemos como ela vive e o contrário acontece, é bastante irônico que nós tenhamos empatia por uma raça diferente da nossa. Lisandra olha para o mapa começando a escutar seu estômago granir por causa do cheiro da marmita sendo esquentada na fogueira.

  Em silêncio mudo Lisandra sai da cabana, indo em busca de alimentos frescos tanto para ela quanto para o Zafriel, já o híbrido de cabelo esverdeado retira um pequeno pingente mostrando uma foto dele, com seu amigo e sua amiga, ele olha de modo silencioso para Mari refletindo o que ela acabara de dizer para a híbrida coruja. Posteriormente olha para a chuva torrencial que caia naquele momento.

    — Mari, você acha que deveria pedir ajuda aos fundadores? Mari que está esperando sua marmita esperar na fogueira, olha para ele e dá de ombros.

    — Você que decide se vai precisar da ajuda deles ou não. Sendo boa parte do politicamente correto seria bom avisar aos fundadores sobre essa falsa sacerdotisa, ela fez um crime inadmissível de iludir e vender um híbrido para o mercado negro. Mari volta a olhar para a marmita e a retira quando percebe que a comida já esquentou, retirando-a da fogueira para então pegar talheres de inox e sorver a mesma com cuidado. — Agora, se foi algo que mexeu com sua integridade e honra como híbrido. Quem sou eu para julgar o que é certo e o que não é?

    — Verdade, você é apenas uma humana cheia de falhas, não é uma portadora de poderes extraordinários como nós híbridos. Zafriel olha para o teto para a cabana, sendo que Mari continua comendo da marmita sendo que seu foco está na mala e na sua mochila.

  Assim que termina de comer Mari retira da mochila um conto de Elíseos, um livro que chama atenção do híbrido pela sua grossura, no instante que indagaria sobre o livro, Lisandra o interrompe trazendo frutas frescas e com um cervo abatido. Zafriel olha para Mari e depois se recrimina com o pensamento de que ela já deve ter visto coisas piores durantes esses anos como migrante.  Ele se levanta e pega o animal morto e abatido para uma parte isolada da casa, agindo contra seu pensamento primordial e dando mais cuidado para que ela não visse aquela cena bárbara que faria.

    — Sabe pensei que dragões fossem mais violentos. Mari atrai a atenção de Lisandra que tratava de tirar o excesso da água da chuva chacoalhando as penas em direção a parede oposta de onde a fogueira está localizada.

    — Bem, ele ainda te vê como alguém que não está apta para presenciar certas cenas. Sobre seu comentário, existem várias raças de dragões, sendo que cada raça tem um pensamento particular sobre a humanidade, é normal para algumas raças verem os seres humanos como invasores dos seus territórios por isso eles tratam os humanos com violência, a raça do Zafriel é bem pacata quanto a isso, eles só agem quando é necessário.

    — Acho que serve para mostrar que nem tudo que está dito no livro pode ser considerado uma verdade fiel... Mari interrompe seu comentário ao observar Zafriel votando com um balde de cor preta para obviamente cobrir o conteúdo que tem dentro. — Deveriam mostrar a verdade em vez de aveludá-la numa espécie de capa protetora.

    — Do que estão falando? Indaga Zafriel, curioso com o assunto em pauta.

    — De que livros mentem Zafriel, só isso. Lisandra comenta divertido enquanto Zafriel bota o balde entre os dois e a fogueira afastada.

... Continua no Próximo Capítulo....


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Comentários positivos, negativos? Críticas construtivas?
Nos vemos no próximo cap ^^



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