Teddy's Colors escrita por Megara


Capítulo 1
blue?


Notas iniciais do capítulo

Oioii! :))

Espero que gostem dessa pequena one-shot que escrevi sobre o Teddy e a forma que eu vejo ele. É um dos meus personagens favoritos da nova geração e eu não consigo me aguentar de amores por ele ♥

Beijos e boa leitura!



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Seu cabelo estava roxo berrante naquele dia. Péssimo sinal.

Ao passar rápido por uma das grandes vidraças dos corredores do castelo, Teddy grunhiu ao ver seu reflexo. Ele transparecia nervosismo com seu constante morder dos lábios e suas bochechas, rosadas do caminho que percorrera até o corujal. A cor do cabelo também o denunciava com efetividade.

Ele, infelizmente, era uma daquelas pessoas tão expressivas que todas as suas emoções se estampavam em sua face ao menor sinal de mudança. Pior ainda, suas madeixas faziam aquela função por ele. Amarelo, rosa, verde e o constante azul que coloria sua cabeça podiam transmitir os mais diversos sentimentos: felicidade, tristeza, raiva ou, naquele dia, ansiedade. O roxo sempre era para ansiedade.

Ele parou à frente da janela para observar seu reflexo. Era cedo, e ele sabia que o corujal estaria quase sem as corujas usuais àquela hora.

Olhando-se, ele se sentiu duplamente ansioso e quase triste ao se lembrar o que todos diziam: "Você é tão parecida com sua mãe que assusta". O assustava, sim. Mas não porque não gostasse de se parecer com Nymphadora Tonks, mas sim porque todos diziam que ele era parecida com sua mãe.

Era, sempre, quase uma pergunta velada, desconfortável. Você não quer parecer com sua mãe?

Mas ele adorava se parecer com a mulher que lhe dera a luz. Ele ouvia histórias de sua bravura e de tudo que Tonks realizara e se sentia ávido por se parecer cada vez mais com ela.

Ele adorava ver, pelas fotos de família, como, mesmo depois de muito tempo e de todas as mudanças, ele ainda era a cara escarrada de sua falecida mãe.

Porém, lembrar-se de Remus e Nymphadora Lupin ainda doía. Mesmo depois de quinze anos.

Teddy evitou pensar nos pais por muito tempo, mas já havia decidido que nunca pensar neles era pior do que ter a garganta apertada por alguns segundos. Ginny também sempre estava falando deles, mesmo quando ele detestava pensar nos dois.

Mães sempre sabem o que dizer, mesmo mães emprestadas como Ginny Weasley.

Ele franzia o nariz e seu cabelo sempre se coloria de vermelho vivo quando era quase forçado por ela a ouvir sobre Remus e Tonks. Ele saía de perto, furioso, mas, ainda assim, se escondia atrás de portas e corredores para ouvir o que pudesse sobre as pessoas que mais faziam falta em sua vida.

Ginny parecia saber o que ele precisava. Não, sabia. Não havia outra explicação.

Ela vinha à noite, afofava os cobertores e beijava seus cabelos, da mesma forma que fazia com os outros filhos, e dizia com a voz doce: "Seus pais estão orgulhosos de você, bebê". Ele, às vezes, mal sabia se ela se referia a si mesma e Harry ou a Tonks e Remus; costumava imaginar que dizia por todos eles.

Deus, ela o chamava de bebê! E pouco se importava que ele já tivesse seus sete, doze ou quinze anos, ele era sempre o bebê dela, por suas próprias palavras.

Com toda aquela ânsia de secretamente descobrir mais sobre os pais, ele ficara acostumado a ter os ouvidos aguçados para captar conversas alheias, uma característica que ambos os pais adotivos vedavam terminantemente. Porém, em uma de suas idas à cozinha de madrugada, foi quase sem querer que ele pôde ouvir as palavras de Harry e Ginny.

— Eu me sinto tão c-culpada...

Na época, ele arregalara os olhos e tampara a boca com as mãos para esconder toda a surpresa que sentira. Ele nunca havia visto Ginny chorar. Nunca! E contaria seus onze anos de idade dali dois dias.

— Eu sei o que quer dizer, querida. — A voz de Harry também estava embargada.

O garoto arriscara, cuidadosamente, a chegar mais perto da porta da cozinha, de onde as vozes vinham. Escondendo-se na curva do corredor por um milímetro, ele espiou os pais.

Ginevra estivera sentada no colo do marido, sendo abraçada com firmeza. Mesmo com o abraço, o menino pudera ver que seus ombros balançaram com os soluços constantes; a camisa de Harry também se encontrara com manchas escuras em ambos os ombros.

— Eles deviam estar aqui comemorando conosco, Harry - dissera Ginny, descolando-se do abraço do homem e limpando o rosto com as mãos trêmulas. — Eles deviam estar planejando a festa surpresa de Ed, escolhendo presentes, descobrindo jeitos de esconder todos os presentes dela e...

— Gin... - Ele quase nunca ouvia o padrinho chamar a esposa por qualquer nome que não fosse aquele. Nem Ginny, Ginevra ou Ruiva. Apenas Gin. Mas, daquela vez, o som quase parecera errado, tão triste soou.

— E, o pior de tudo, é que eu e-estou feliz- exclamara a mulher, soluçando ainda mais forte. - Eu mal posso esperar para ver o sorriso no rosto da minha menina e de vê-la brincando com James e Lily, os três me deixando louca da vida.

— Você sabe que isso não é ruim, querida.

— É, sim! - retrucara Ginny, aparentemente furiosa. Ela fizera uma tentativa frustrada de se levantar do colo do homem, mas Harry a abraçara novamente, impedindo que ela se fosse. Ela relaxara novamente nos braços dele, mas as lágrimas voltaram a cair. - Você sabe que é errado.

— Gin, ela se tornou nossa menina.

 

— Oh, você está sendo boba... - brincou Harry. — Esse ano você está se sentindo culpada apenas por amar nossa garotinha demais?

A mulher mais velha acabara por sorrir, depois que o marido passara delicadamente os dedos por suas costelas. Ela apertara mais o outro em seu abraço e dissera:

— Você sabe o que quero dizer, bobalhão - respondera a mulher, irônica. - Você claramente sabe como fazer joça em horários inapropriados.

— Você me despreza, querida — respondeu Harry, sorrindo matreiro. Fora óbvio, mesmo para o menino, que Harry estivera sendo bem-sucedido em desviar a atenção da ruiva do assunto que estava a atormentando. - Seu amor por mim é duro.

O menino de quase onze anos pudera ver que Ginny revirara os olhos para o esposo, mas sorrira mesmo assim. Ele quase soltara um arquejo quando a ruivase levantara de onde se sentara e contornara a mesa da cozinha, por medo de que ela fosse o surpreender de repente. Mas ela somente agarrara uma tesoura e um papel de presente.

— Venha aqui, me ajude a terminar o presente de Edythe - ordenara Ginny, e Harry obedecera.

Deus, como ele amava aquela mulher. Teddy mal conseguia mensurar seu amor por Ginny Weasley-Potter; a primeira mulher de sua vida, seu primeiro apoio.

A única que disse: "Querido, eu não entendo isso muito bem... mas eu me lembro muito bem como azarar alguém da pior forma possível. Ninguém vai ousar questionar meu bebê."

Foi ali que se apaixonou mais uma vez pela mãe que o destino lhe deu.

— Eu sempre achei que você só fosse gay.

Uma voz quase estridente lhe tirara de suas constantes divagações sobre o passado. Ele viu, novamente, seu reflexo nas janelas do castelo, mas, dessa vez, ao seu lado estava um borrão baixo e com as cores misturadas a um bronze e amarelo.

Teddy se virou, desviando sua atenção dos vitrais, e olhou para a menina lufana ao seu lado. Ele se lembrava dela, Emmeraud Francis, ela trombava com ele pelos corredores às vezes. Tinha os cabelos compridos e presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, a baixa estatura e a ascendência asiática a faziam parecer quase delicada, embora Teddy soubesse bem que ela era, na verdade, um coice na maioria das vezes.

Emmeraud costumava andar muito com Victorie, mas tão logo a lembrança da loira viera, Teddy a afastara da mente rapidamente. A última coisa que ele precisava era voltar a pensar em Victorie Weasley.

Ele deixou a lembrança da loira de lado e voltou sua atenção novamente para o que Emme dissera. Aquela não era a primeira vez que Teddy ouvia aquele tipo de comentário. E nem será a última, pensou ele, suspirando.

Fazia meses que ele não explodia com alguém lhe questionando sobre todos os porquês possíveis, nem mesmo quando perguntavam: "Por que você está se parecendo tanto com um menino, Eddie?". Ele havia deixado de se importar.

— Eu nunca fui gay, Emme - respondeu Ted, bagunçando os cabelos da garota mais nova. Ela encarou o menino, e ele acrescentou alguns segundos depois:

— Eu sempre fui Edward, Emme - afirmou Teddy, sorrindo para a garota, mesmo com todo o incômodo da situação. - Vocês apenas não viam isso.

A garota ameaçou abrir a boca para dizer algo, mas subitamente a fechou e olhou atentamente para o garoto. Ela tinha olhos bonitos, olhos de gazela.

— Quer dizer... você era tão bonito como era antes - ponderou a garota lufana, apontando para Teddy. - Mas, eu não sei... Hoje você está... mais.

Teddy Lupin tivera anos para se sentir incomodado com sua própria pele. Anos de desconforto com seu nome, seu corpo e tudo mais que envolvia ele mesmo. Sabia, sim, que preferia garotas a garotos, mas, apesar disso, sua atração por elas começava e acabava com olhares ao longe e sorrisos desengonçados.

Por isso, quando Emmerald Tobias dera um passo à frente, ele havia estancado no lugar. Diabos! O que ela iria fazer?

Ela estava corada e a vermelhidão em seu rosto trazia à evidência as duas ou três sardas que pintavam sua face aleatoriamente. Ele, pelo curto espaço de tempo que teve, as admirou e as achou adoráveis. Mas a garota não queria apenas chegar perto dele, Teddy soube disso segundos depois.

Os lábios dela eram pegajosos do gloss que ela usava e tinham um gosto mentolado que era agradável ao paladar de Ted. Ele se sentia quase em pânico - para falar a verdade - , mesmo assim, fechou os olhos e infiltrou os dedos entre os cabelos da garota.

Foi um beijo calmo e a respiração dos dois estava descompassada. Teddy quase caiu quando Emme apoiou seu corpo no dele. Seus dentes bateram umas duas vezes. Emmerauld mordeu, sem querer, o lábio superior de Teddy. Ambos riram. O beijo acabou.

— Teddy! - exclamou Emme, assustando o garoto.

— O quê?! - perguntou o garoto, olhando ao redor e então novamente para a garota, que o olhava sorrindo.

— Seu cabelo está azul de novo! - Teddy expirou o ar com alívio. Por um minuto, achou que fosse... bem, qualquer pessoa. - James me contou que, quando você fica ansioso, o seu cabelo fica roxo.

— Eu estou esperando uma carta, Emme - disse Teddy, olhando atentamente para a garota.

Ele não sabia como diabos havia parado naquela situação. Há cinco minutos, Emmerauld Tobias era apenas mais uma garota irritante que ficava perguntando coisas sobre sua transexualidade. Coisas que ele normalmente ficava irritado em responder.

Mas, agora, Emme era a garota de olhos de gazela e com três ou quatro pintinhas no rosto. Ou eram cinco? Teddy teve vontade de contá-las.

— Espero que você a receba logo - concluiu a asiática, sorrindo. Tempos depois, Teddy achara que fora a completa inexistência de questionamento da garota sobre o tema da carta que o fizera falar.

— A resposta do Ministério da Magia chega hoje, Emme - informou Teddy. Aquilo fez nascer um vinco na testa da garota, que ele logo tratou de desfazer com uma explicação. - Minha quase-mãe, por assim dizer, entrou com um pedido de alteração dos meus registros. Talvez hoje eu me torne oficialmente Edward Remus Lupin.

A compreensão brilhou nos olhos da moça e ela sorriu novamente - ela parecia gostar bastante de fazer aquilo. A garota se adiantou à frente novamente e selou seus lábios com o garoto, afastando-se talvez mais rápido do que Teddy gostaria.

— Teddy... - começou Emme, tirando uma mecha dos cabelos do garoto da frente de seus olhos. - Você já é Edward Remus Lupin. Sempre foi.

Ela estava certa. E, com o tempo, Teddy descobriu que ela estava certa para muitas coisas.

Por alguns meses, Emmerauld Tobias foi a namorada de Teddy, que ele apresentou para os primos, os tios e os pais; sua primeira namorada. Eles foram Emme e Teddy.

Sim, realmente Teddy, de Edward.

Por que, não naquela manhã, e nem mesmo na seguinte, mas alguns dias depois, o Ministério da Magia enviara a resposta ao pedido de Ginny Weasley sobre os registros do garoto.

Ele era, para os registros e para o Ministério, um ele. Seu nome não era mais Edythe Marie Lupin e ninguém nunca mais lhe chamou novamente por Ed ou Eddie novamente (o garoto acreditava fielmente que aquela parte era obra da mais nova dos Potter, que sabia ser muito... persuasiva quando queria).

Porém, por mais que houvesse deixado de ser Eddie para a família, Ginny continuava lhe chamando pelo apelido vergonhoso de meu bebezinho e lhe abraçando mais forte do que às vezes achava que podia aguentar. Ginny gostou de Emme, mas Teddy a ouvira, tarde da noite, dizendo a Harry que o garoto não acabaria com a lufana.

Mesmo tendo sido pego escutando a conversa alheia e, com quinze anos de idade, tenha ficado de castigo, o garoto ainda ficara furioso; acreditava que realmente casaria com sua primeira namorada. Porém, mães estão sempre certas.

Emmeraud era doce e amorosa, e Ted podia dizer que certamente, por algum tempo e até depois, realmente amou Emme. Ainda amava, de certa forma. Entretanto, Emme foi apenas sua primeira namorada. Vieram outras depois dela. Outros beijos, outras doçuras e outros amores.

Mas Teddy... Ele continuou Edward Remus Lupin, assim como era quando nasceu.

"Seus pais se orgulhariam de você, bebê."


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Notas finais do capítulo

Finalzinho, hein?

Gente, eu não sou uma menina transexual, eu sou cisgênero, blz? Então, essa não é minha experiência e nem minha vivência, é apenas a forma que eu imagino e desenho o Teddy na minha mente. Se alguém se sentir ofendido ou QUALQUER coisa do tipo me avise, okay?

Anyway

Como eu disse antes, o Teddy é o amorzinho da minha vida toda e é MUITO provável que eu escreva mais sobre ele ainda.

Por fim, eu espero muuuuuito que vocês tenham gostado, pessoas ;) deixem comentários e críticas e a coisa toda

Kissus xx



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