Testamento de juventude escrita por turtlexdream


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a minha ausência. Muitas vezes a vida não ajuda para postar, mas agora tentarei postar todas as semanas e finalmente escrever o que desejo



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1916-Batalha de Somme 

Soluço POV 

Era ouvindo as balas que sentia que nada pior poderia acontecer. Homens mortos ao meu lado faziam-me vontade de vomitar. Os seus olhos abertos e sem vida, relembrava-me a vida para além da guerra, a vida que tinha em casa e desejava imenso voltar. 

Recordava-me do meu pai que estaria sozinho, colocando-se ao máximo no trabalho para não se recordar que eu estaria na guerra. Ele bem tentou voltar como soldado, mas a idade e os problemas de coração o impediam de alistar e lutar pelo seu país. 

Ele também imaginava que eu não seria escolhi e ambos ficaríamos salvos na enorme mansão. Mas quando recebi a carta dizendo que estava com saúde suficiente para combater, meu pai não acreditava. Stoick agarrou no papel e durante uma hora o encarou. 

Ele gritava bem alto “Impossível meu filho ter sido escolhido! Soluço? Eles viram como ele realmente é?” Todos os funcionários o olhavam chocado e durante a noite, conseguia ouvir o seu choro silencioso. 

Durante a semana em que me preparava para partir, ele ignorou-me, fechando-se no seu escritório trabalhando. No dia de partida, ele deu-me um enorme abraço e uma foto. Nela estavam ambos os meus pais, comigo nos seus braços quando era um recém-nascido. Nunca tinha visto esta foto antes, talvez meu pai sempre a guardou consigo e decidiu a dar-me neste último momento “Meu filho, nunca se esqueça de quem você é....Você é um Haddock e os Haddock são um orgulho deste país!” 

Essa foto continua comigo, segura dentro do meu bolso direito do casaco. No meio do campo de guerra, segurava a minha arma fortemente e respirava fundo. Ao olhar em volta, via a cinco metros de distância Jack Frost. Meu melhor amigo de infância e como eu, ele tinha sido recrutado.  

Abaixado, corro até ele, rezando que nenhuma bala me apanhe. “Jack! Tão bom ver que você ainda está vivo!” Ele olhou para mim com os seus grandes olhos azuis e deu uma enorme risada. Aquela risada nunca mudou e trazia consigo recordações dos verões passados juntos e natais. “Não me perderá tão cedo Haddock! Agora vamos tentar viver porque amanhã é o nosso dia de folga e desejo voltar a ver nossas amigas.” Com amigas, ele falava de Merida e Rapunzel. Mulheres apenas poderiam ajudar como enfermeiras, mas provavelmente nenhum dos pais deixou nenhuma delas fazer algo assim tão perigoso.  

Depois de terminar a fala, Jack começou a correr pelo campo e eu respirei fundo, ganhando a coragem e começando a correr atrás dele. Nesse momento, os rostos dos meus pais, dos meus amigos e minha cidade natal vinham há minha mente. Eu queria sobreviver, tinha que sobreviver.... Não tinha vivido o suficiente e tinha ainda planos que desejava concretizar no futuro. 

 

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Era o nosso dia de folga e poderia dizer, que não estava a correr como desejava. Jack estava já num comboio para voltar para casa, mas eu, eu estava numa cama de enfermaria sem a minha perna esquerda. Tinha imensas dores e questionava-me realmente como tudo tinha acontecido... Quando o médico regressou, ele explicou que quando eu e Jack chegamos ao local, havia acontecido uma emboscada de gás. 

Enquanto tentava fazer Jack subir novamente a trincheira, minha perna ficou presa no meio de lama, pedras e metais. Fazendo o gás começar a queimar a minha perna antes de conseguir vir para o resto do meu corpo. Jack conseguiu me puxar antes que isso realmente acontece-se e trouxe-me até aqui. 

Aquela memória tinha sido completamente apagada quando desmaiei com o choque. Tiveram que amputar a minha perna, para que não se infeciona e realmente pudesse morrer.  

Teria que ficar mais dois dias em recuperação e depois, voltaria para casa e não voltaria para a guerra. Não sabia qual era pior, se era perder uma perna ou ser uma desilusão para família Haddock. 

Quando médico me abandonou, lágrimas começaram a escorrer-me pelos olhos sem que notasse. Foi quando uma enfermeira de cabelos loiros e enormes olhos azuis, falou “Aqui tem...” Esticando um pequeno lenço branco de seda com a letra A “Obrigada e desculpe-me... Apenas, foi o choque.” Eu agarrei no lenço, começando a limpar as minhas lágrimas que também limpavam um pouco da sujidade que tinha no rosto. A loira negou com a cabeça, sentando-se na berma da maca “Não precisa de se desculpar. Afinal, vocês dão a vida pelo país e em troca coisas horríveis acontecem com vocês...As probabilidades de sobreviver são mínimas... Meu nome é Astrid. Astrid Hofferson.” 

Hofferson? Nome era familiar. Eu tinha conhecido uma Hofferson antes. Quando era bem pequeno, quase só ossos e quando minha mãe era bem viva. Foi quando olhava atentamente o seu rosto é que realmente relembrei-me dela. Da pequena e rebelde Astrid, que adorava me bater e dizer o que fazer “Astrid? Sou eu! Soluço--Quer dizer! Henrik Haddock!” Ela olhou para mim confusa, arqueando a sobrancelha e encarar-me por segundos. Foi então que seus olhos abriram, tal como um enorme sorriso e um abraço dado por ela “Henrik! Tantos anos já se passaram! Como está a sua mãe? Nunca imaginei que você teria crescido tanto e estar tão atraente.” Eu senti o meu rosto a ficar vermelho pelo que a loira dizia e depois suspirei, dizendo “Minha mãe faleceu Astrid. Já faz alguns anos...Mas de resto, tudo está bem! Quando voltará para casa?” Perguntei curioso. Astrid tinha ficado meia constrangida pela informação, mas depois ela colocou-se em sentido e fez um doce sorriso “Em dois dias. E pelo que ouvi, você também! Quando formos, poderei ajudar você!” 

Não sei quanto tempo se passou, mas Astrid e eu não paramos de conversar nesse dia. Ela conseguiu fazer-me esquecer da tristeza e mostrar-me que mesmo ter perdido a perna tive sorte de não ter morrido e poderia fazer o que desejava mesmo sem ela, apenas tinha que encontrar outra solução. Ela foi minha companheira dos meus próximos dois dias, conversando e rindo sem parar. 

Ao voltar para casa, fomos os companheiros um do outro. E foi ela que antes de separarmos de caminhos me disse “Não tenha medo da reação porque pode sempre mudar.” 

 Na batalha 22000 soldados perderam a vida e agradeço aos deuses por eu e Jack não termos sido um deles.


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