O Mais Forte Sentimento escrita por Raposinha Marota


Capítulo 1
Amor


Notas iniciais do capítulo

Olá, caros leitores!
Agradeço de antemão pela atenção e espero que possam aproveitar a leitura como desejam.
Desejo-lhes uma boa leitura.



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Natsu havia acabado de chegar a Fairy Tail. Estava com medo, inseguro, porém escondia todos esses sentimentos para si próprio, ocultando a própria fraqueza e mágoas. A busca por Igneel o havia trazido até ali e mesmo após as informações negativas que lhe foram dadas, o garoto ainda tinha esperança de reencontrar seu pai. Foi uma grande decepção ao rapaz quando Makarov, o mestre da guilda, lhe informou que não sabia o paradeiro do dragão de fogo. O velho homem fica impressionado pela personalidade e pela determinação que o pequeno jovem apresentava e sabendo que a criança não tinha um lugar para retornar lhe propôs que entrasse para a Fairy Tail. Sem um lugar para ir, o jovem aceitou, na fé que poderia encontrar o pai em uma das várias missões que o lugar oferecia. 

Conheceu pessoas boas naquele recinto. Macao já o ajudava com magia de fogo; Lisanna era como sua irmãzinha; Cana era divertida; Mirajane era assustadora; Gray era um idiota exibido; Guildarts era forte; Makarov era um senhor gentil... Todos ali tinham algo que cativavam a pequena criança de certa forma, porém, dentre todas essas pessoas e as demais, apenas uma única pessoa era dona de sua total admiração e consideração. Sua melhor amiga, Erza. 

Diferente aos olhos de Natsu, Erza era a garota mais interessante da guilda. Seu passado desconhecido, sua beleza encantadora, seu temperamento... tudo era resumido em curiosidade extrema. A jovem atraía-o de tal forma que ele mesmo ficava atordoado e confuso sentimentalmente. Isso o levava a grandes loucuras como arrumar brigas na guilda para receber a atenção da jovem ou até mesmo provocá-la a sua maneira. Não era a melhor maneira já que suas únicas conquistas eram os inchaços constantes em sua cabeça após receber os golpes da garota. 

Foi um dia, porém, que algo diferente aconteceu. O rapaz estava correndo pelas ruas de Magnólia quando ao passar perto do rio avistou Erza sentada sobre a grama e a encarar as águas correntes. Sabia que era ela, pois a cor escarlate em seus cabelos não era comparada a mais nada, sendo únicos no mundo. Natsu se aproximou correndo com um largo sorriso, mas ao chegar a uma certa distância, a visão de lágrimas caindo de um dos olhos da garota era claramente visível. 

O rapaz parou logo em seguida, em choque com aquela visão. Nunca imaginara que aquela que lhe despertava tanta admiração e felicidade podia derramar lágrimas como se fosse... humana. Sim, Erza ainda era uma simples humana, assim como ele. Só de pensar o que poderia ter acontecido para que esta se encontrasse em lágrimas silenciosas o fazia submergir em ódio e usá-lo como combustível para suas ações. Sua face tomou uma expressão sombria e o calor das suas chamas o rodeando se tornara tão assustador que até mesmo a jovem ali sentada pôde sentir algo estranho perto de si. Erza rapidamente se levantou e voltou-se para trás. Quando seus olhos se encontraram com a imagem de Natsu em fúria, o espanto tomou sua face. Rapidamente, secou suas mágoas e tentou parecer forte, mas não havia como esconder a verdade. 

— Foi o Gray, não foi? – a jovem demonstrou dúvida em seu olhar, encarado o rapaz a sua frente ainda surpresa. O jovem estava convencido que alguém a havia magoado. – Ou foi Mirajane? Eu não vou perdoar quem a fez chorar. 

— Natsu? – a jovem não conseguia entender o motivo de tanta raiva contida nas expressões e voz do amigo. Ainda assim, ela tentou se esclarecer. – Ninguém me chateou. 

— Como não? Você estava chorando. Diga-me quem foi e eu farei a pessoa pagar. – raivosamente e visualmente determinado, o jovem estralava os dedos como quem partiria para uma briga séria em alguns intantes. 

— Não era nada. – a jovem desviou o olhar ressentido e hesitante que transmitia. Ela não queria ser fraca na presença do outro. 

— Você não chora por nada, Erza. 

— Eu não quero dizer nada sobre isso. 

— Não confia em mim? 

— Não é isso. - protestou. – É doloroso dizer... até mesmo para você, Natsu. 

Aos poucos, as chamas que cercavam o corpo do jovem foram se dissipando. O silêncio do pôr do sol se fazia presente entre os dois, até que essa quietude acalmou o rapaz de certa forma. Ali, vendo o quanto a garota tentava se manter forte perante a ele e o quanto esta ainda não conseguia o encarar apropriadamente, Natsu abraçou a amiga, querendo transmitir todo o conforto e compreensão que a mesma necessitava. Erza, por sua vez, mesmo que espantada com o ato, agarrou-se nas costas do rapaz, escondendo seu rosto levemente vermelho pelo choro sobre o ombro do amigo. 

— Eu sou seu amigo, Erza. Você é minha melhor amiga e sempre estarei aqui para protegê-la. Vou cuidar de você, eu prometo. 

— Obrigada, Natsu. – a voz abafada da jovem transmitia um forte sentimento de agradecimento ao mesmo tempo que também transmitia uma inocente felicidade. Aquele tom e suavidade fizeram com que o jovem sentisse algo estranho em seu peito. Um incômodo prazeroso. 

Como se o tempo houvesse parado, ambos continuaram como estavam, mantendo aquele aconchegante abraço. Aquele lugar, Erza encontrava um abraço carregado em um quente e um conforto que almejava há muito tempo. Contudo, para Natsu, aquele contato tão próximo o estava deixando fora de si, entorpecendo sua mente e o deixando, mais uma vez, confuso por estar tão perto de Erza. A sensação estranha que sentia o deixava acanhado, porém, ao mesmo tempo, maravilhado. Seu corpo tremia onde o mesmo sentia o contato direto com o corpo da jovem. O coração quase fadigava de tamanha forte e rapidez que o mesmo batia. O calor agora o incomodava de maneira que o jovem nunca havia sentido antes. E, até naquele momento, somente as palavras de Lisanna o atormentava. "Eu sou a mamãe e você o papai. A família se constrói com o amor", ela havia lhe dito uma vez. 

Amor?... Será que todo este tempo em que o rapaz admirando e considerando cada vez mais a melhor amiga, era, na verdade, o surgimento de um amor? Será que ele havia se apaixonado por ela? Para Natsu, aquilo ainda era novo, mas desejava uma resposta e como conseguiria algo do tipo não lhe era claro. Até que, enfim, pensou em algo. 

Discretamente, o jovem sentiu o cheiro que Erza exalava. Era um aroma natural e que pertencia apenas a ela. E embriagando-se com ele, o rapaz afastou um pouco a face da jovem de seu corpo e, com a mais pura inocência de criança, selou os lábios de ambos com um tímido contato. 

— O que pensa que está fazendo?! – a garota afastou-se tão envergonhada que a face rubra se misturava com os fios vívidos de seu cabelo ruivo. 

O rapaz pareceu assustado também e tão envergonhado quanto a jovenzinha. Sem palavras, este virou-se e fugiu como um gato assustado. E durante seu percurso sem rumo, repreendeu-se por ter finalmente percebido que não apenas admirava Erza e a considerava como os outros... Ela estava longe de todos os outros. 

Ele a amava. 

Passado-se tantos anos e tantos acontecimentos, Natsu se encontrava indefeso perante a paixão que ainda continha. Coragem para contá-la nunca se fez presente e mesmo que surgisse tal ânimo, ele tinha certeza de que não seria devidamente correspondido. Assim, havia decidido a manter escondido seus próprios sentimentos. As coisas não eram tão fáceis como quando eram crianças. A esperança parecia tão distante... 

Contudo, naquele dia, ela pareceu brilhar em meio a escuridão. 

— Natsu. Eu posso falar com você? – Erza tocou o ombro do amigo, fazendo com o a pele do rapaz reagisse no mesmo instante em um excitante arrepio, porém, discreto o suficiente para a mesma não perceber isso. A atenção do jovem logo se voltou a garota, esquecendo-se completamente da existência dos amigos ao redor daquela mesa, onde até então, estavam jogando conversa fora. 

— Claro. – o rapaz rapidamente se levantou e despediu-se dos amigos o mais breve possível para que assim acompanhasse amada. Ela tomou rumo as escadas para o segundo andar do local, porém não havia parado por ali. Após um tempo, ambos deixaram o interior da guilda para se encontrarem sobre o telhado da Fairy Tail. 

A jovem estava quieta demais para Natsu. Com certeza, algo estava a atrair por demais sua atenção. Fazia tempo que o rapaz não a via tão desatenta. Ao chegarem perto da beirada, Natsu podia ver o quanto a jovem admirava o início de um belo pôr do sol. Aquela imagem logo o fez se lembrar do dia em que a beijou pela primeira vez e isso o incomodou, machucando seu coração mais uma vez. Permitiu-se fazer o mesmo por um tempo, esquecendo-se de tudo e apenas apreciando a paisagem se moldando com o desaparecer do sol. Contudo, o rapaz não conseguiu ficar por tanto tempo daquela forma e rapidamente buscou o rosto de Erza. Silencioso, o rapaz entortou o pescoço em direção a amada no intuito de acordá-la de seus pensamentos e não pareceu ter tido muito resultado. 

— Erza? 

Por fim, a jovem atendeu e encarou o rapaz com um sorriso tímido e sem graça em seu rosto. Natsu pôde ver o quanto esta estava ficando insegura e tensa conforme os segundos se passavam. Estava apreensiva e não era difícil de se notar. Calada e o que pareceu ser uma busca por um incentivo, esta encarou o céu alaranjado e limpo que o tempo proporcionava. 

— Você já gostou de alguém, Natsu? – uma pergunta que deixou o rapaz desprevenido, mas, ao mesmo tempo, muito irritado. E se aquele assunto fosse voltado para Jerral? 

— Sim, mas eu ainda gosto desta pessoa. – surpreendentemente, o rapaz respondeu de forma tranquila e sem vergonha alguma, para o espanto da garota. Natsu já não via motivos para esconder tudo o que reservava. Havia se cansado de mentir para si mesmo e fugir de seus sentimentos. 

— Eu não me refiro ao amor que você sente pelo Igneel. 

— Eu sei bem do que está falando, Erza. – novamente, um choque. – Mas por que a pergunta? 

— Que isso fique entre nós, está bem? 

— Como quiser. 

— Eu estava pensando em Jerral, há um tempo atrás. 

E para a infelicidade do Dragon Slayer, a conversa estava tomando o curso que tanto mal dizia. Por que aquele cara sempre estava com Erza, sendo em pensamentos ou não? Contudo, mesmo que o ódio lhe crescia tão desesperadamente, abaixando o rosto, decidiu tornar-se os ouvidos atentos que pensava que a garota queria que ele fosse. 

— Não sei o porque, mas... 

— Você o ama, não é? – interrompendo-a, o rapaz não conseguiu conter a raiva em suas próprias palavras. 

— Foi o que eu imaginei. 

— Entendo... – o ciúme que florescia no peito do garoto era intenso a ponto de quase forçá-lo a perder para as lágrimas que surgiam em seus olhos ocultos pelos cabelos rosados. 

— Porém, eu percebi que estou apaixonada por outra pessoa. 

— Como é? – o rapaz se espantou com aquela notícia, encarando-a. 

Erza olhava para ele agora. Com olhos sinceros e que buscavam por um apoio e coragem em prosseguir. Natsu ficou no lugar, paralisado e ainda incrédulo, e não mostrou que voltaria a si tão cedo. Após um tempo, a jovem abaixou a cabeça e com a voz fraca e incerta, perguntou: 

— Natsu... você ainda se lembra daquela tarde? 

— Aonde quer chegar? - o rosto do rapaz estava em um vermelho vivo que era impossível dizer que ele não sabia do que se tratava. Seu coração pulsava forte como se fosse suas últimas batidas, seu corpo a tremer devido ao desespero e não podendo deixar de lado a esperança que crescia em seu peito. Podia ser um sonho, uma alucinação ou até um equívoco de sua parte, porém, em seu inconsciente, uma grande felicidade o fazia quase agir imprudentemente. – Não me diga que... 

Mas não pode perguntar. A sua razão, por mais que via as evidências, negava-se em questionar a jovem Scarlet. Sua ansiedade aumentara bruscamente da mesma forma que, consequentemente, seu desejo de ser correspondido expandia-se por sua mente. Erza, calada, levou seu olhar ao encontro do rapaz. Com os olhares acorrentados entre si, segundos em silêncio foram respeitados até que, enfim, esta deixou a vergonha e assumi seu propósito inicial. 

— Eu não sei o que você tinha na cabeça na época. Devo dizer que fiquei mais surpresa que qualquer outra coisa... Porém, no fundo, acabei por gostar... e gostar muito. Eu não podia ter certeza naquele momento. Nós éramos jovens e tentei esquecer. Afinal, o que uma criança poderia entender de amor? Eu ainda estava perturbada com Jerral e meus amigos. Por isso, deixei de pensar naquilo. 

— Erza, eu... – e ao tentar esclarecer, o rapaz teve a boca fechada pela mão da garota. 

— Apenas escute, Natsu. – ele assentiu e a jovem voltou ao assunto. – Bem... Com tudo que vivemos, com nossas conquistas, com nossas derrotas, com nossos ganhos, com nossas percas, com nossos amigos, com nossos inimigos... Eu pude consertar assuntos inacabados... e Jerral foi um deles. Não vou mentir que eu nunca o amei. Ele já fez muito por mim. Por um tempo, eu realmente acreditei que ainda estava apaixonada por ele... mas...  

— “Mas"? 

— De algum tempo pra cá, outra coisa vem tomando meus pensamentos. – esclareceu. – É algo mais forte do que eu sinto por Jerral e de qualquer outro sentimento que eu tenho conhecimento. Eu quis ajuda e procurei respostas... Agora, eu sei bem o que está acontecendo. Devo dizer quem é o responsável por me deixar fora de si? 

— Eu não tenho certeza. – respondeu ainda mais nervoso. Natsu engoliu seco e os olhos da jovem se mostravam insatisfeitos. 

— Está brincando, não é? 

— E se não for quem eu espero que seja? – o rapaz encarou o chão. – Eu não seria capaz de aquentar este sentimento novamente. 

— Por acaso... – ela se aproximou e um gentil sorriso surgiu em seus lábios. – Quem você gostaria que fosse? 

Suspirando em derrota, Natsu levantou a face e a olhou seriamente. 

— Eu te amo há muito tempo... Erza... 

Dito, enfim, o rapaz tocou a face macia da jovem que, não precisando de mais explicações, esta retirou o espaço entre suas bocas. 

E aquele beijo perdurou por muito tempo. Porém, não fora o tempo suficiente de afogar toda a saudades que os lábios de ambos sentiam um pelo outro. E necessidade que tanto lutaram contra e o desejo de poder, enfim, se tocarem novamente. Eles haviam passado tempo demais fugindo de seus próprios sentimentos, prolongando demais as revelações tão aguardadas. E, por mais que muitos negassem que o amor entre os jovens fosse adiante, era certo dizer que todos estavam errados. O amor que ambos cultivaram por anos não seria destruído tão facilmente e certamente floresceria conforme ambos desejavam. Passariam a vida se completando, mas isso ainda estava muito longe. Era melhor viver o presente e deixar as dificuldades que teriam para o futuro que viria. 

Sim... O melhor a se fazer era aproveitar o romance que viviam ali e depois se explicarem para Happy, que acabara por presenciar o beijo que ambos queriam e se encontrava inteiramente chocado e paralisado. 


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Notas finais do capítulo

Caros leitores de todas as idades. Gostaria que, humildemente, deixassem uma palavra a esta escritora que aqui vos escreve. Não é pedir muito um simplório comentário para dar a luz que um escritor necessita.



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