— Ah!... Como está quente! – desesperada, Lucy abanava-se às pressas com um leque simplório verde de papel tentando amenizar o forte calor que sentia. Sua testa já se encontrava encharcada e a pele de seu rosto mantinha um rubor bem visível. Devido as suas expressões, Podia-se notar que sua tentativa de diminuir o calor que sentia parecia não ser muito efetiva. - Estou derretendo. 

— Ah, Lucy... Todos estamos. – comentou Mirajane em um tom de cansaço. Afinal, não era apenas Lucy que sofria com a temperatura e a jovem maga rank S conseguia facilmente compreender isso apenas olhando as pessoas ao seu redor e por seu próprio sofrimento. 

Fairy Tail não estava como o habitual. A guilda parecia um verdadeiro forno devido a retenção do calor pelo assoalho de madeira. Neste mesmo meio comparativo, seus membros poderiam ser comparados, e muito, com biscoitos. E não era para menos. Magnólia enfrentava uma temperatura absurdamente elevada. Não era de se esperar que todos gemiam e reclamavam do forte calor. Não importava onde os membros se refugiassem dentro da guilda, não havia um só lugar onde a sensação térmica fosse verdadeiramente mais amena. O calor era tanto que até mesmo Natsu sentia os efeitos do clima hostil. 

— Por que o mestre não liberou a piscina? – Gray reclamou completamente desprovido de roupas, para apenas a alegria de Juvia, com a postura mais que desleixada em um dos inúmeros acentos do local. 

— Estamos terminando de reformá-la. – disse Mirajane. – Não podemos fazer nada. 

— Oe, Gray! Você é um mago de gelo! Não tem como dar uma força? – um membro da guilda comentou em esperança e, após isso, muitos passaram a pedir o mesmo. 

— O calor está me impedindo de me concentrar. 

— Seja homem! – reclamou Elfman, esperançoso com a possibilidade de se refrescar. 

— Até mesmo o Natsu está sofrendo os efeitos desse calor infernal. – Lucy comentou, olhando para o amigo estirado no piso em busca do mínimo resquício possível de frio. Devido a expressão de desconforto que o Dragon Slayer exibia de olhos fechados, todos chegaram à conclusão que não havia mesmo forma de escapar da situação. 

— Podíamos ir nadar em um lago, não é? – Wendy transpirava sem parar e encarou Charlie com um pequeno sorriso falso nos lábios. 

— Ótima ideia, Wendy! – todos exclamaram sorridentes e mais animados, espantando a jovem com a mudança repentina de humor de todos. 

— Vá com eles, Mira. – Erza disse enquanto observava o tumulto que os companheiros faziam para sair urgentemente do recinto. – Ficarei para tomar conta da guilda. Não se preocupe. 

— Tem certeza, Erza? Está muito quente. 

— Não precisa se preocupar. – disse a jovem de belos cabelos ruivos. Mirajane deu um gentil sorriso, agradecendo a amiga por libertá-la do local sem qualquer ressentimento, e, indo porta a fora, aqueles que ainda permaneciam ali a seguiram. 

Assim que a jovem se encontrou só, esta suspirou desanimada, deixando a postura rígida e demonstrando o como o calor a incomodava da mesma forma que os outros. Não havia razões para tentar ser forte diante dos amigos, porém ela acreditava que era preciso se manter firme. Talvez para transparecer ainda mais sua força ou até mesmo aumentar sua credibilidade como uma pessoa inabalável. Erza também se sentia no dever cuidar da guilda enquanto o mestre estava ausente, abandonando assim suas próprias vontades para cumprir seu objetivo. Muito provavelmente, ninguém recorreria a guilda devido aquele clima hostil, mas a jovem simplesmente não podia abandonar a possibilidade existente. Era assim que lidava com as coisas e também era um péssimo habito que tinha. 

Erza buscou se refrescar com um copo de água gelada. Entrou na área do bar do estabelecimento, atravessando o balcão de madeira e adquiriu a bebida fresca rapidamente. Estava tudo muito quieto e isso era, pelo menos mentalmente, mais refrescante. Assim que a jovem saiu de trás do balcão e apoiou-se no mesmo, a jovem pôde dar um longo suspiro desanimado... E foi ao trilhar seu olhar por todo ao seu redor que percebeu que não estava sozinha. 

Ainda jogado sobre o chão, Natsu encarava o teto do recinto perdido em um turbilhão de pensamentos desconhecidos pela garota. A Titânia estranhou aquele comportamento, pois o jovem nunca se comportou de forma tão séria e, até mesmo, pensativa como aquela. Curiosa, a jovem se aproximou e ficando ao lado deste, perguntou: 

— Por que ainda está aqui? Não deveria ter ido com os outros? 

O Dragon Slayer encarou a amiga por alguns instantes e com um largo sorriso, respondeu: 

— Ficar ao lado da pessoa que eu mais amo é muito melhor do que ir nadar no rio. 

— Natsu! – a jovem corou violentamente. Desajeitada, Erza recuou alguns passos, ficando de costas para o Dragon Slayer, tentando esconder a vergonha claramente estampada em sua face. – Já pedi para não dizer esse tipo de coisas. – o rapaz riu com aquela atitude tímida e simplesmente apreciou isso. 

— Por quê, Erza? – perguntou sorridente. 

— Porque... – a jovem hesitou. – Eu fico envergonhada... 

— Só estou dizendo a verdade. – o rapaz se levantou e, assim que forçou a jovem a voltar-se para ele, acariciou o rosto rubro da Titânia dando, em seguida, um gentil beijo em sua testa. – Você é a pessoa que mais amo neste mundo. 

— Idiota... – sussurrou a garota, escondendo seus olhos com as franjas de seu cabelo. 

— Eu sei. – ele riu e delicadamente arrumou o macio cabelo de Erza para poder admirar ainda mais aqueles olhos tão vivos. – Sou seu idiota... e você é minha e de mais ninguém. 

Os dois se olharam apaixonadamente. Logo, houve o início de um dos muitos beijos inocentes. Dessa forma, ambos passaram aquele estressante dia quente entre intensos olhares, conversas banais e carinhosos beijos.