Stranger Tales from Stranger Things escrita por ohmyrahrt


Capítulo 12
This Close to Me


Notas iniciais do capítulo

Um manifesto pela felicidade de Will Byers!
Aproveite a leitura :)



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16h33m.

Jonathan parou com o carro rapidamente na frente do cinema. Não podia parar lá, então simplesmente arriscou uma infração de trânsito para conseguir deixar o irmão o mais próximo possível da entrada sem que ele se molhasse tanto. Por sorte a chuva fizera quase todas as pessoas pensarem da mesma forma, então não houve quem reclamasse com eles. O carro logo atrás estava fazendo o mesmo.

— Passo para te buscar às 18h30m na sorveteria, ok? - O irmão mais velho gritou, reiterando o que eles já haviam combinado em casa.

Will concordou e desceu do carro correndo para se proteger da chuva. Escondia o rosto dos pingos que caíam pesados colocando o braço na frente enquanto corria. Duvidava muito que Jenny aparecesse, mas não queria ligar e cancelar por causa da chuva. Não parecia certo. Em todo caso, se ela não viesse, poderia ir para a Melvad’s, ligar para Jonathan ou esperar sua mãe até a hora em que ela fosse sair.

Quando finalmente se encontrava em baixo da marquise do cinema, tirou o braço da frente do rosto, bem em tempo de ver que trombaria com alguém por conta da pressa e da chuva.

— S-sinto muito! - Ele disse rápido, segurando os braços da garota para que ela não caísse. Ele estava molhado, mas teria sido bem pior se Jonathan não tivesse conseguido parar lá para ele descer.

A garota, que também havia acabado de alcançar a calçada, riu. Era Jenny.

— Eu estava no carro logo atrás de você! - Ela disse, com um largo sorriso. - Te vi descendo e falei para minha mãe parar também.

— Me desculpe - Will dizia sem saber o que fazer. De repente suas mãos pareciam grandes demais e ele não fazia a menor ideia do que fazer com elas. Soltou os braços de Jenny. Queria colocar as mãos nos bolsos, mas no meio do caminho se lembrou que a calça que usava não tinha bolsos. Então apenas as manteve ao lado do corpo. Parecia ridículo, ele sabia, mas não conseguiu pensar em mais nada. - Eu não vi você! Por isso...

Jenny gesticulou despreocupada.

— Tudo bem, eu também não te vi subindo na calçada. - Ela deu de ombros. - Você está muito bonito, Byers. Mesmo molhado.

Will riu, estava sem graça.

— O-obrig-ado! - Ele respondeu. - Você também. - E era verdade. Jenny usava uma jaqueta roxa e o cabelo preso num rabo de cavalo bem alto. As maçãs do rosto da garota estavam levemente coradas, talvez pela corrida ou pelo susto ou pela ansiedade. Will não saberia dizer.

— O que nós vamos assistir? - Ela se aproximou dele e os dois olharam os cartazes. A sessão já havia começado há alguns minutos.

Will deu de ombros sacudindo a cabeça. Não fazia a menor ideia.

— Eu esperava que você me dissesse. - Ele respondeu, olhando para ela, sem conseguir não rir meio sem graça. Duvidava muito que em algum outro momento da sua vida tivesse se sentido tão sem jeito como agora.

Jenny olhou para os cartazes e depois para Will.

— Bem, podemos comprar pipoca e nos sentarmos mais atrás em qualquer sala que estiver passando qualquer filme. - Ela sugeriu.

Will arregalou os olhos. Que proposta era aquela?

— T-tudo bem. - Ele concordou.

Jenny riu quando notou a surpresa nos olhos do garoto.

— Não, não pense isso! - Ela pegou Will pela mão o puxando para irem comprar pipoca. - Já que não tem nenhum filme mesmo que a gente queira assistir, a gente pode usar qualquer sala que quiser para conversar e comer pipoca.

Will concordou com um aceno de cabeça. Não sabia o que dizer, nem o que pensar. A ideia de ir ao cinema para conversar parecia totalmente absurda, mas ao mesmo tempo, com Jenny dizendo daquela forma, fazia bastante sentido. Os dois compraram a pipoca. Will, que havia pedido dinheiro emprestado a Jonathan com a promessa de pagar assim que possível, comprou as entradas para Curse of the Pink Panther, a única comédia que estava passando naquele momento.

— Se resolvêssemos vir mais tarde, quem sabe poderíamos ver algum desses... - Ela ia na frente segurando a pipoca com uma mão e apontando para os cartazes com a outra.

Will olhou para os cartazes pensando que, não, definitivamente não iria querer ver Cujo ou nenhum dos outros filmes do estilo que estavam ali. Agradeceu mentalmente por estarem indo assistir A Pantera Cor de Rosa.

Quando chegaram na sala, Jenny o guiou para escolherem onde de sentar. Não havia muitas pessoas lá, exceto nas primeiras fileiras e um casal ou dois nas últimas, que não estavam nenhum pouco interessados no filme. A garota não foi até o final da sala, e Will ficou grato por isso também. Ela procurou um local onde não houvesse pessoas próximas e se sentou. Will se sentou logo ao seu lado.

Os dois trocaram um olhar empolgado e ao mesmo tempo sem graça, tão típico de quem não sabia o que fazer em primeiros encontros, e logo começaram a prestar atenção no filme.

A história não fazia muito sentido. Como chegaram com o filme já tendo começado, fazia menos sentido ainda. Os dois tentaram por alguns minutos entender o que estava acontecendo.

Jenny ria das coisas mais idiotas e Will ria da risada dela. Vez ou outra ela fazia algum comentário sobre algo ridículo no cenário ou na história em si, entre uma pipoca e outra. Will começou a se sentir mais a vontade. Logo ele também estava comentando e os dois riam juntos.

— Esse filme... é muito ruim! - Ele disse por fim, pegando mais pipoca. - Mas nunca ri tanto num filme sem entender a história!

Jenny balançou a cabeça afirmativamente, enquanto mastigava. E sorriu.

— Eu também, Byers! Eu também! - Ela concordou.

— Vem, vamos tomar o sorvete! - Ele a chamou, a pegando pela mão enquanto se levantava. Ao contrário da pipoca, o filme ainda estava longe de acabar, mas ele já tinha desistido de tentar entender qualquer coisa que fosse com relação aquele diamante ou toda a parte sem sentido que vinha com ele.

A garota se sobressaltou, mas disfarçou, se levantando logo em seguida e acompanhando Will. Achava que ela quem ia ter de tomar todas as iniciativas daquele encontro, mas não estava nenhum pouco desapontada em saber que estivera enganada.

A chuva ainda caía e isso os dois puderam ver antes mesmo de chegarem à porta do cinema. Jenny e Will ainda estavam de mãos dadas e isso fazia o garoto não conseguir parar de sorrir. Aquela sensação era nova e ele queria aproveitar cada pedaço dela. Apertou a mão de Jenny um pouquinho mais forte só para ter certeza. Ela sorriu, e desviou o olhar para as mãos deles por um segundo, antes de voltar a olhar para a rua.

— Você topa correr até lá? - Ela sugeriu quando chegaram à porta do cinema, apontando a sorveteria que ficava cerca de duas esquinas à frente.

Will a olhou desconfiado, sem acreditar. Ela só podia estar brincando. Avaliou a expressão divertida no rosto dela. É, ela não estava.

— Vamos! - Ele respondeu. Estava gostando da ideia de fazer tudo o que normalmente não faria e um resfriado valeria a pena àquela altura.

Ela começou a correr, puxando-o com ela, despertando-o de seus pensamentos. Quando saíram da cobertura da marquise, sentiram a chuva gelada bater em suas cabeças. Jenny ria achando aquilo o máximo. Will não conseguia se lembrar a última vez em que havia se sentido daquela forma.

Os dois seguiram correndo pela calçada, desviando das poucas pessoas que caminhavam por ela naquela chuva. O barulho dos pés batendo no chão molhado ecoava alto. Pararam na primeira esquina, com ele a puxando para que não atravessasse a rua de uma vez. Os dois olharam de um lado para o outro e voltaram a correr, atravessando-a rapidamente. Ambos estavam encharcados. Os cabelos de Jenny, que se soltaram no caminho, emolduravam agora seu rosto de uma maneira diferente e Will pensou que ela estava ainda mais bonita de quando a encontrara mais cedo.

A sorveteria se aproximava, só mais uma esquina depois. Enquanto corriam, não conseguiam não continuar rindo. Era loucura entrar naquela chuva ainda mais para tomar um sorvete. Para Will aquilo parecia um sonho, mas muito melhor. Pela primeira vez desde que ele conseguia se lembrar não havia terror nem preocupação, só risadas e uma sensação que agora crescia dentro dele. E ele soube: gostava de Jenny. Quando chegaram na esquina, Will novamente a segurou pela mão, a impedindo de atravessar, mas dessa vez a puxou para si e a envolveu num abraço. Foi rápido e sem pensar, quase instintivo. Não queria que aquele momento acabasse. Jenny o abraçou de volta e os dois se olharam por um segundo antes de um carro passar bem perto da calçada jogando água nos dois e os assustando. E eles voltaram a rir, aquilo não importava, não de verdade. Atravessaram a rua, a sorveteria ficava logo ali.


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