“É mais fácil viver o antes e o durante, mas o depois também pode ser maravilhoso. Só depende de nós.”

Marshmallow não estava no meu colo ou no meu quarto perto de mim. Mamãe respeitou meu espaço. Alegou dar seu apoio e seu colinho sempre que eu precisar. Mas na melancolia escura daquele cômodo, onde eu não permitia nem a simpática luz solar entrar, um desafio judiava de meu coração.

 Como diria Aiko-san, obstáculo. Porque com certeza eu vou superar essa nova fase. E não será com minha bola de negatividade.

 Peguei um pacote de batatas, que comprei para afogar minha inevitável tristeza. O delicioso gosto não aliviava, mas no momento eu apenas queria saber de comida. Ou qualquer outra coisa que me tirasse do foco do término de namoro com Yamato.

 O que eu pensei durar para sempre, teve seu desfecho. É duro, mas chegou. Aprendi muitas coisas e abrir minha mente para várias. Vivi e reservei momentos preciosos em minha mente. Me redescobri através de Yamato. E sou muito agradecida por tudo que ele me fez passar.

 Eu realmente fui muito sortuda por essa pessoa ter me escolhido. Não tenho arrependimentos de o ter permitido desvendar meu sentimentos mais profundos e escondidos.

 Mas...

 Dói.

 Mesmo que eu diga para mim que vou encontrar outra pessoa. Mesmo que eu tente mostrar uma aparência forte ocultando minhas fraquezas. Mesmo descontando minhas mágoas em porcarias e me recusando a sair. Eu sei que a vida irá continuar, as coisas não giram em torno do Yamato.

 Mas ser forte na prática, quando você não tem muita experiência, é realmente difícil. Na verdade também é quando se tem experiência.

 Provavelmente foi minha primeira cicatriz amorosa. Irei me esforçar para não ter outras. Vou lutar pelo meu amor, assim como saberei a hora de colocar um ponto final e correr atrás da minha vida. Entretanto no momento só quero me ocupar com tudo de ruim que essa situação me traz.

❣ ✿ ❣

 Eu caminhava ao lado de um rapaz de cabelos laranjas e olhos cor de mel. Durante o percurso, fiquei com receio de falar algo, portanto o silêncio prevaleceu. De esguelha, meu olhar percorria sua figura interessante e atrativa. Suas madeixas rebeldes me encantavam, seu jeito meio desleixado e largado são seu traço principal. Suas expressões de desinteresse contradiziam com sua personalidade eclética.

 E por esse rapaz eu estava apaixonada.

 — Sabe, eu queria ter um super poder agora.

 — Super poder?  

 — O de ler seus pensamentos.

 Corei ao ver que ele estava prestando atenção em mim e não só caminhando a esmo.

 — Então v-você não devia desperdiçar seu esforço assim.

 Ouvi uma risada gostosa do meu lado.

 — Desperdício seria se eu não desvendasse seus mistérios, Tachibana-san.

 Virei o rosto com um biquinho mal-humorado. Não estava brava, só entrava em sua brincadeira.

 — Mas afinal o que te deixa tão concentrada?

 Fiquei em dúvida sobre falar. Mas se tem algo muito importante que aprendi no meu antigo relacionamento, foi de que palavras fazem toda a diferença. Você não consegue coisas boas deixando de se expressar. E neste momento eu vou arriscar, independente de que reação virá.

 — Estava pensando em como seu cabelo me lembra o por do sol. E em como seus olhos caem bem com ele... Eu gosto disso.

 Me censurei rapidamente. Essa última parte saiu sem controle. Meu rosto enrubesceu de imediato. Dessa vez não ouvi uma risada.

 — Seus olhos me lembram duas trufas de chocolate. — O rapaz confessou aleatoriamente.

 — Eh?

 — Trufas tem uma casca dura e simples por fora, mas por dentro mostram o recheio. Seus olhos querem demonstrar que você se mostra sem muita importância por for, quando por dentro revela seu brilho para aqueles que quer.

 Fiquei encantada com essa filosofia.

 — Eu... Eu gosto disso. — Me elogiou, disfarçando mexendo nos cabelos.

 — Obrigada. Temos algo em comum. — Agradeci com um de meus sorrisos mais sinceros.

 Durante esse longo percurso que é o amor. Estaremos sempre aprendendo de novo.