Sra. Williamson escrita por cecimaria


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um presente de aniversário para a Laura, um dos anjinhos que Orgulho e Paixão me deu.
Laura, desejo que seu dia seja lindo e iluminado como você. Que não lhe falte amor nem motivos para sorrir e agradecer. Desejo, de todo o meu coração, que, assim como Elisabeta, você conquiste o mundo e seus sonhos; e que, em um futuro bem próximo, seja você a nos presentear com uma personagem forte e inspiradora, ao lado, quem sabe, de Thiago Lacerda.Feliz aniversário, meu bem. Seja feliz.

E boa leitura a todos!



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Elisabeta Benedito não era puritana. Nunca foi. Ernesto não foi o único rapaz que ela beijou na adolescência. Foi apenas a sua primeira experiência. Ela teve uns namoricos, dois para ser exato, e nunca tivera motivo para reclamar dos beijos. Mas agora, parando para pensar, os beijos haviam sido horríveis. Todos eles. O beijo de Darcy era o único que podia ser descrito como… Como… Ela nem mesma sabia que palavra usar. Ainda estava sem ar.

As mãos de Darcy ainda seguravam a cintura de Elisabeta, e ela era grata por isso, pois caso contrário sentia que poderia desabar, já que não sentia muita segurança em suas pernas naquele momento.

Darcy estava sério, e ele respirava devagar, com medo até de fazer barulho e estragar tudo. Ele não sabia aonde estava com a cabeça, mas conseguia lembrar perfeitamente de todos os lugares por onde suas mãos passaram.

Um sorriso faceiro surgia aos poucos no rosto de Elisabeta. Ela não se faria de desentendida depois do que acabara de acontecer. Ela estava ciente de tudo. Ciente da língua de Darcy na sua, das mãos dele no seu cabelo, no seu rosto, na sua cintura. Das mãos dela passeando pelo peito dele. Tampouco ela se faria de desgostosa, pois se havia alguma certeza ali era de que ela havia gostado. E muito.

Elisa sentia Darcy tenso, as mãos dele se afastando devagar de sua cintura. Ele sentia como se estivesse pisando em ovos, como se estivesse segurando o mundo inteiro prestes a desabar, e não podia soltá-lo, embora devesse.

Foi a Benedito a quebrar o silêncio dessa vez:

—Eu prefiro você assim com a boca ocupada, evita que você vomite sua arrogância e presunção.

Darcy piscou vezes demais, surpreso com a ousadia da moça a sua frente, mas decidiu entrar no jogo.

—Talvez devêssemos manter minha boca ocupada mais vezes então, já que a senhorita não gosta do que sai dela em situações cotidianas.

— Geralmente não me agrada o que o senhor fala, mas dessa vez terei de admitir que foi uma ótima idéia essa que teve.

— Sendo assim, deixe-me agradecer o elogio e colocar minha ideia em execução.

Darcy a puxou pela cintura, colando-a ainda mais ao seu corpo dessa vez, e novamente Elisa sentiu a eletricidade que sentiu no escritório. Logo a boca de Darcy já estava sobre a dela mais uma vez, em um beijo mais urgente que o primeiro.

Foi só quando o sol começou a se pôr que os dois montaram Tornado e saíram em direção a ferrovia para que Darcy pegasse seu carro. Dessa vez o lorde se aproveitou da posição  em que estava no cavalo e abraçou Elisabeta durante todo o percurso.

O trajeto pareceu ter acalmado os corpos, e a cabeça de ambos começou a trabalhar de forma intensa. O que haviam feito? Poderia aquele beijo ter significado alguma coisa? Beijos. No plural. Elisabeta decidiu parar de pensar, era sempre um problema pensar demais. A moça sempre fora impulsiva, não seria agora que mudaria.

Darcy, no entanto, parecia nervoso. Ele não sabia o que esperar de Elisabeta, mas sabia que os beijos que acabaram de trocar não poderiam significar nada. Por mais que tenham sido os melhores que ele já trocara. E a experiência do inglês nesse assunto era bastante vasta. Mas haveriam de ser apenas beijos, como todos os outros. Ele prometera a si mesmo que jamais deixaria sentimento algum nublar a sua razão.

Quando chegaram a ferrovia já era noite. Darcy saltou do cavalo e imediatamente o corpo de Elisa tremeu de frio. As roupas de ambos ainda estavam molhadas e o vento daquele começo de noite batia com mais facilidade nos corpos agora separados.

O percurso inteiro foi feito em silêncio, mas agora sentiam obrigação de falarem algo, de se despedirem. Mas nenhum dos dois disse nada, apenas olhavam-se no fundo dos olhos, o desejo de encostarem seus lábios novamente começando a surgir.

Então Elisa inclinou-se para frente e depositou um selinho em Darcy. Ele era tão alto que mesmo com ela montada em Tornado os dois ainda ficavam da mesma altura. Quando os lábios dela se afastaram dos deles dois segundos depois ela sorriu e logo em seguida saiu cavalgando para a casa dos Benedito. E palavras não precisaram ser ditas.

Darcy continuou parado no mesmo lugar, sem pronunciar sequer um até logo. Somente quando seus olhos a perderam de vista que ele finalmente soltou o ar e passou as mãos pelos cabelos, a aquela altura quase secos.

Elisabeta Benedito era como um furacão, e ele estava com medo de que ela chegasse ao seu coração, porque no resto do seu corpo ela com certeza já havia chegado. Primeiro em sua cabeça que não conseguia parar de pensar nela. Depois em sua boca, seu pescoço, seu peito, seus ombros. Ele quase a sentiu tocá-lo naquele momento, e seu corpo reagiu imediatamente. Aquela mulher estava a um pequeno passo de deixá-lo louco.

****

Quando Elisa chegou em casa naquela noite foi direto para seu quarto, alegando que havia comido algo na casa de chá e não estava com fome. Não demorou muito e as quatro irmãs apareceram à sua porta. Inicialmente elas estavam preocupadas, mas ao verem o sorriso no rosto da irmã suas feições também se aliviaram.

As quatro meninas sentaram-se na cama de Elisa e ficaram a olhando com expectativa. Foi Mariana que decidiu quebrar o silêncio:

—Pode começar a falar, dona Elisabeta Benedito.

— Falar o que?

— Ah, por favor, Elisa. Nem se dê ao trabalho de começar, nós a conhecemos muitíssimo bem e sabemos que aconteceu alguma coisa. - Rebateu Cecília.

— E uma coisa muito boa a julgar pela sua cara de boboca. - disse Lídia.

— Aposto que tem a ver com Darcy. - Jane falou com muita naturalidade, lembrando-se da tarde na casa de chá, mas foi só quando todas as outras irmãs a encararam chocadas e curiosas que a loira percebeu a dimensão do seu comentario. - Ai, me desculpa, Elisa.

— Quem tem que nos pedir desculpas é Elisabeta por não ter nos contado nada sobre Darcy! - Mariana se manifestou.

— Ai minha nossa senhora das encalhadas, eu não acredito que a Elisa pescou um lorde inglês de dois metros de altura! Mamacita vai agora mesmo falar com o padre e procurar um dicionário de inglês na biblioteca de papai.

— Mamãe não vai fazer nada disso porque ela não vai saber de nada. Até porque eu e Darcy não estamos namorando. E ele provavelmente seria o último homem com quem eu me casaria.

— Ai, eu não estou entendendo mais é nada. - Jane estava realmente confusa.

— Se vocês deixarem a Elisa explicar talvez seja mais fácil entender o que está acontecendo entre ela e Darcy. - Cecília sempre a mais sensata e pacificadora das Benedito.

Então as quatro viraram novamente de frente para Elisa e esperaram a irmã falar.

—Eu e Darcy nos beijamos.

— Elisa! - Jane parecia horrorizada, mas ao mesmo tempo feliz pela irmã.

— E como foi? - perguntou Lídia, animada.

— Foi ótimo! O Darcy é muito… Muito… Experiente.

— Ah meu Deus, Elisa, eu não quero mais ouvir! Isso é muito impróprio! - Jane colocou as mãos nos ouvidos e as irmãs começaram a sorrir.

— Só foi um beijo, Jane. Não vejo que mal há nisso. - Mariana defendeu. - Ou houve mais do que um beijo?

— Houveram outros beijos… Mas não passamos disso, se é o que vocês querem saber.

— E vocês não estão namorando? - quis saber Cecília.

— Não. E nem pretendo.

— Meu bom jesusinho, você está muito moderninha, minha irmã.

— Você que é muito romântica, Jane. Mas, por favor, não mude. Eu acho lindo o seu jeito. Acho lindo o jeitinho único de cada uma de vocês. - Elisa disse e sorriu carinhosa para as quatro irmãs - Mas esse é o meu jeito. Os beijos foram ótimos, e eu até gosto da companhia de Darcy, mas não posso e nem quero me prender a ninguém agora. Eu tenho sonhos, e não há espaço para nenhum homem neles. Assim como não havia espaço para Xavier, não há para Darcy.

— Olha, Elisa, pois se você não quiser mesmo eu fico com ele pra você. - Lídia fez todas sorrirem e jogarem almofadas na caçula. - O que é? Vão me dizer que vocês não gostariam de ser uma lady?

Então Elisabeta contou sobre o dia na cachoeira e sobre a despedida silenciosa dos dois na ferrovia. Elisa sempre foi mais reservada quanto a seus desejos e sentimentos, mas gostava muito desses momentos com as irmãs, e estava feliz por ser ela a propiciá-lo naquela noite.

****

Darcy não conseguia dormir. Sua mente voltava várias vezes ao beijo. As mãos dela. O cheiro dela. Os lábios dela. O gosto dela.

Isso o preocupava. Darcy nunca ficara tanto tempo pensando em uma mulher. Nunca lembrara tão bem dos detalhes. Do tom da voz. Dos diferentes tipos de sorriso. Dos olhos. Mas de Elisabeta ele lembrava de tudo que já tivera a oportunidade de conhecer e tocar e sentir.

E era esse o problema: sentir. Darcy Williamson não queria sentir. Sempre foi tão bom em evitar qualquer sentimento de apego, carinho, saudade. E agora esses sentimentos insistiam em aparecer. Por uma mulher que não era sua mãe ou Charlotte. Era assustador. E muito, muito bom.

Levantou-se da cama em um pulo e vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente. Ele precisava dar um jeito nisso, embora não soubesse como.


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