Sra. Williamson escrita por cecimaria


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não foi revisado, então perdoem qualquer erro.
Boa leitura!



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Prezada Srta. Elisabeta Benedito,

Escrevo para dizer que seu último texto superou todas expectativas e conseguiu ser ainda melhor que os anteriores, que já eram muito bem escritos e de bastante conteúdo e relevância. Será uma honra para nós contar com sua contribuição no nosso jornal.

A senhorita não seria a primeira mulher a escrever para nós, mas provavelmente nunca ouviu falar de *Laura Vieira, já que ela costuma assinar como Paulo Lima. No entanto, como a senhorita deixou bem claro que gostaria de escrever às claras, como mulher, decidimos que seria uma excelente oportunidade para tirar Laura do anonimato e mostrar aos leitores que nossas melhores colunistas são mulheres.

Acredito que esta será uma ótima maneira de conquistar o público feminino ao voltar para as mulheres assuntos como moda, casa, receitas, mas também inspirações, atualidades e, principalmente, ambições. Dar visibilidade às mulheres é um movimento que já começou em outros países do mundo e seria uma enorme alegria fazer do nosso jornal pioneiro do movimento em terras tupiniquins. Sabemos do risco que corremos, mas a senhorita despertou em nós a coragem para arriscar. Suas escrita é boa demais para abrirmos mãos por convenções ultrapassadas.

Inicialmente a senhorita pode escrever de casa, nos contando sobre a vida das mulheres no Vale do Café e como elas inspiram outras damas, independente de serem donas de casa ou trabalhadoras, pois é bastante inspirador (re)conhecer a força de cada uma dessas mulheres. Adoraria muito conhecer melhor cada uma das Benedito. Deixo aqui uma sugestão de pauta: escrever um texto por semana dedicado a cada uma de suas irmãs, incluindo a si própria, por que não? É mais do que óbvia a força e a coragem que a senhorita inspira. No entanto, gostaria que a primeira edição trouxesse Julieta Bittencourt. A Rainha do Café possui grande relevância no mercado de São Paulo, mesmo depois de ter se mudado definitivamente para o Vale do Café. Penso que ela atrairá muita atenção para sua coluna, seria abrir com chave de ouro.

Espero que aceite minha proposta, Cotidiano Paulista só tem a ganhar com a senhorita.

Venâncio Ribeiro**

Editor do Jornal Cotidiano Paulista.

 

— Darcy! Darcy! - a jovem Benedito invadiu a casa de Julieta e só depois de chamar pelo nome do namorado que notou todos sentados na mesa a encarando curiosos. - Perdão, dona Julieta. Aurélio. Eu… Eu vou esperar vocês terminarem a refeição ali na sala.

— Claro que não, Elisa! Você vai comer conosco! - Ema convidou a amiga, indicando uma cadeira ao lado de Charlotte.

— Elisabeta parece um pouco… urgente. Se me derem licença, eu irei conversar com ela. - Darcy estava em pé desde a primeira vez que Elisabeta chamou pelo seu nome, ainda da porta de entrada. Inicialmente ele ficou preocupado, mas quando olhou nos olhos da namorada percebeu que havia um brilho diferente, e ela parecia eufórica demais. - Venha, Elisa. Um minuto, meus amigos.

Lorde Williamson colocou gentilmente as mãos atrás das costas de Elisabeta e a guiou até a sala. Assim que ficaram sozinhos suas mãos seguraram as dela.

—O que aconteceu, Elisa? Para você entrar assim deve ser algo urgente. Está tudo bem?

— Está tudo ótimo! Eu recebi a carta do jornal de São Paulo. Eles me querem trabalhando para eles! Meu Deus, eu nem acredito que tenho um emprego! Eu estou muito animada, Darcy!

Os olhos de Elisabeta sorriam mais do que sua boca, e Darcy achou que aquela era a expressão mais linda que já havia visto no rosto de alguém. Sorriu de volta para a namorada e a rodopiou pela sala, colocando-a de volta ao chão após um beijo.

— Que notícia incrível, Elisa! Mas não posso dizer que estou surpreso, sempre soube que você conseguiria. Estou orgulhoso!

— Está? Tem certeza de que não está com vergonha? Ou odiando tudo isso? Uma mulher que trabalha! Minha nossa, mamãe vai enlouquecer!

— As vezes eu me pergunto que tipo de imagem eu passo para você para achar que eu não estou sendo sincero em minhas reações e sentimentos ao dizer que lhe admiro e lhe apoio nas suas decisões que você chama de inadequadas. Eu estou realmente feliz. Nunca conheci sequer meia dúzia de mulheres verdadeiramente talentosas, mas você é uma delas, sem dúvida alguma.

Agora foi a vez de Elisabeta beijar o namorado. Estava tão feliz! A vida adorava surpreendê-la. Com o emprego no jornal e com Darcy, em como ele foi a primeira pessoa em que ela pensou para compartilhar a novidade. Ela queria contar a ele todos os seus segredos, dividir seus sonhos, seus planos, seus medos e até mesmo suas fraquezas. Era um sentimento novo e intenso, como tudo que envolvia Darcy.

—Agora vem, vamos jantar.

— Não, eu vou para casa. Estou morrendo de vergonha pela forma como entrei, e justo na hora do jantar. Meu Deus!

— Ir embora e deixar Ema preocupada e curiosa? Por favor, não me deixe lidar com ela sozinho, a amiga é sua!

Elisa sorriu e assentiu, ela conhecia a amiga, e conhecia Darcy, e a cena que passou pela sua mente foi realmente engraçada, mas não seria justo colocar o namorado nessa situação embaraçosa. Os dois saíram em direção à sala de jantar onde o resto da família comia em silêncio. Elisabeta cumprimentou a todos com um riso que demonstrava gratidão e vergonha. Mal sentou-se ao lado de Charlotte e Ema deu início ao interrogatório:

— O que Darcy fez de tão grave para que você viesse brigar com ele no meio do jantar?

— Eu não vim brigar com Darcy.

— E por quê chegou gritando por ele?

— Eu… Eu precisava contar algo a ele.

— A Darcy? Elisa, eu não estou entendendo mais nada. Você e Darcy realmente viraram  amigos? E eu? Você não me conta mais nada!

O casal de namorados trocou um olhar cúmplice e divertido, estavam sentados um de frente para o outro, uma conversa silenciosa acontecendo entre os dois.

—Eu e Darcy viramos namorados! - Elisabeta comentou com naturalidade e levou o garfo a boca, mas já esperando pela reação da amiga.

— O que????? Elisabeta Benedito, você não brinque comigo assim, eu não admito!!!

Camilo, Darcy e Charlotte tentavam educadamente conter o riso. Julieta e Aurélio também se divertiam com a cena. Ema era a única na sala realmente surpresa com a notícia.

— Eu não tenho motivos para brincar assim com minha melhor amiga, principalmente quando o assunto lhe parece tão interessante.

— Como isso aconteceu bem diante dos meus olhos e eu não vi?

— Nem nós mesmos vimos, Ema. Já estávamos no meio e ainda nem sabíamos que havia começado. 

***

Darcy levou Elisabeta até em casa naquela noite. Não estava pronto para enfrentar os Benedito, mas Elisabeta lhe dava a força necessária. A voz de Ofélia foi ouvida mal a primogênita atravessou a sala

—Aonde estava, dona Elisabeta? Isso são horas de chegar em casa? Passou o dia fora e me chega às 9 da noite!

— Boa noite, dona Ofélia. - Darcy cumprimentou a sogra - A culpa do atraso de Elisabeta é toda minha. Eu quis aproveitar de todos os minutos possíveis com minha namorada.

Elisa segurou o riso e puxou Darcy pela mão, o colocando estrategicamente próximo da mãe.

—Namorada? Quem é sua namorada, lorde Williamson? - perguntou a matriarca, a respiração já começando a descompassar. Não seria possível que Darcy estivesse se referindo a Elisabeta!

— Elisabeta, claro.

E então Ofélia Benedito desmaiou, e graças aos conhecimentos prévios que Elisabeta possuía da mãe, a mulher caiu nos braços do mais novo genro, exatamente como Elisa calculou.

Quando Ofélia acordou, minutos depois, toda a família estava na sala encarando o casal recém formado.

—Quero saber se já posso providenciar meu vestido para o casamento, vi um tecido cor de rosa lindíssimo anteontem na loja do seu Maurício. - Lídia foi a primeira a quebrar o silêncio.

Darcy parecia assustado com o comentário da caçula. Elisabeta, por outro lado, estava muito tranquila. Virou-se para Lídia e respondeu gentilmente:

— Minha irmãzinha, você merece todos os vestidos cor de rosa do mundo, não precisa de um casamento para isso. Não queremos assustar nosso lorde inglês com essa história de casamento, não é mesmo? Até porque, logo logo, me mudarei para São Paulo.

— Ara! Mudar-se para São Paulo com o lorde antes de casar nem pensar!

— Eu não irei com Darcy, mas se ele quiser poderá me acompanhar. Eu vou para São Paulo por causa do meu trabalho.

— Eu não estou entendendo mais é nada! - desabafou Jane.

— Trabalho? Onde já se viu uma moça trabalhar? Minha irmã está birutinha das ideias, mamacita.

— Sua irmã nunca foi normal. Agora trabalhar? E em São Paulo? Você mal conseguiu um namorado e já quer ficar sem? Eu sabia que não poderia comemorar antes da hora! Ainda bem que não virei de pé seu Santo Antônio.

Darcy sentia-se deslocado, mas observava a cena com curiosidade, a dinâmica daquela família era tão diferente do que ele estava acostumado. E ele gostou.

—E por que eu ficaria sem namorado, mamãe?

— Ara, porque o lorde não vai aceitar essa sua modernice.

— Darcy já aceitou. - comunicou Elisa entrelaçando as mãos as do namorado.

— Que trabalho é esse, Elisa? - os olhos de Cecília brilhavam pela novidade. Ela nunca almejou trabalhar como a irmã, mas adorava novidades, e fantasiava sobre tudo.

— É em um jornal da capital. Eles gostaram dos meus textos e decidiram me dar uma coluna! Aquele jornal que você sempre lia, papai, o Cotidiano Paulista.

Felisberto sorriu para filha. Seu sentimento era de orgulho. Sempre soube que Elisabeta era a frente de seu tempo e conquistaria seu espaço no mundo, mais cedo ou mais tarde.

—Eu posso visitá-la em São Paulo, Elisa? Posso ir com Luccino quando ele for buscar peças na capital. Cidade grande deve ser incrível! - Mariana estava animada. De todas as irmãs era a que mais parecia com Elisabeta, por causa do seu espírito livre e seu desejo por aventuras.

Dona Ofélia era a única em toda a casa que não esboçava alegria ou entusiasmo. Levantou-se do sofá e andou em direção a porta da cozinha. Estava farta das ideias mirabolantes de Elisabeta.

— Se você for para São Paulo é melhor nunca mais falar comigo, está ouvindo, mocinha? Nunca mais! Filha minha não trabalha, muito menos em jornal! Onde já se viu, uma Benedito?!

Darcy olhou para Elisabeta, que buscou refúgio nos olhos do pai.

—Papai…

Felisberto levantou-se e tomou as mãos da filha em um carinho.

—Minha filha, a partir deste dia você será uma estranha para uma de seus pais. Sua mãe nunca mais falará com você se for para São Paulo. E eu nunca mais falarei com você se você não for.

Elisa abraçou o pai, grata por tudo que ele representava para ela. Era sua inspiração e seu melhor amigo. Então a mais velha dos Benedito sorriu para as irmãs antes de virar-se para Darcy:

—Eu estou indo para São Paulo, você vem comigo?


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Notas finais do capítulo

* Referência a minha outra novelinha das seis Lado a Lado, porque o plot da Elisa como jornalista me lembrou muito o da Laura então eu fiz de conta de que as duas viveram juntas em São Paulo e, na minha cabeça, se tornaram amigas e Darcy e Edgar conversavam horrores sobre seus filhos amados, pois dois pais corujas enganados pela mesma mulher que antes de ser Susana e até mesmo Genesia já era Catarina.

**Não lembro se o Venâncio tinha um sobrenome mas usei da minha liberdade poética.