Emma e Regina seguiram aos beijos, esquecendo-se totalmente que estavam no estacionamento da escola, Regina estava sentada no capô do carro da loira que estava entre suas pernas. Regina gentilmente deu um leve empurrão no peito de Emma, que se afastou minimamente.

— Janta comigo? – A morena pediu, encostando sua testa na da ex-esposa. – Pensei em irmos naquele restaurante italiano que você adora.

— Claro que janto. – Emma sorriu e fez um carinho na nuca da morena. – Eu já te disse, com você eu vou em qualquer lugar.

— Ótimo. – Regina deu um selinho nos lábios rosados. – Vamos lá então.

Regina desceu do capô do carro, ao ser questionada sobre seu carro, avisou que tinha deixado na livraria e ido de über, para facilitar as coisas. Emma dirigiu até o restaurante, aonde jantaram entre conversas e risos fáceis. Na saída do local, Emma avisou que levaria Regina a outro local antes de a levar para casa, que prontamente aceitou. A loira dirigiu até o píer da cidade, local que foi palco de muitos encontros das duas na adolescência. Caminharam até um banco com vista para o mar, aonde sentaram, Regina deitou a cabeça no ombro da loira entrelaçando seus dedos. Ficaram um longo tempo assim, apenas contemplando o mar e confortáveis com a presença uma da outra em completo silêncio.

— Emma? – Regina levantou sua cabeça e olhou nos olhos verdes. – Preciso saber de uma coisa. Eu não quero trazer nenhum problema para a nossa relação, mas tem algo que sempre me assombrou e acredito ser importante de ser esclarecido, para não ficar um fantasma nos espreitando.

— Claro, linda. – Emma sorriu compreensiva. – Pode me perguntar.

— Por que você me traiu? – Regina questionou segurando o ar em seus pulmões, com medo da resposta que ouviria.

— Como? – Emma franziu as sobrancelhas, claramente sem saber do que a morena estava falando. – Eu não compreendi.

— Antes de eu pedir o divórcio, qual o motivo da traição e com quem foi?

— Regina, eu nunca te traí. – Emma estava sendo honesta. – Da onde você tirou uma coisa dessas?

— Eu suspeitava pela forma estranha que você estava comigo e quando aceitou tão facilmente o pedido de divórcio, eu tive certeza. – Regina tentava ver se era verdade o que a loira lhe dizia, lhe analisando minuciosamente.

— Você deveria ter me perguntado na época. – Emma estava surpresa, nunca soube desta desconfiança da ex-esposa. – Eu nunca te traí, nunca fiquei com outra pessoa nem depois que nos separamos.

— Com ninguém? – Regina se surpreendeu. – Eu pensei que...

— Pensou errado. – Emma suspirou. – Ninguém nunca despertou o meu interesse, meu coração só bate apaixonado por uma pessoa, por você, Regina.

 - Eu também não estive com ninguém além de você. – Regina confessou. – Simplesmente nunca tive vontade.

— Fico feliz de saber. – Emma sorriu. – Eu aceitei o divórcio por achar que você não me amava mais, não queria que estivesse comigo obrigada pelo casamento, queria que escolhesse estar comigo.

— Aí, Emma. – Regina respirou fundo. – Eu estava tão confusa, tão magoada, eu realmente achei que você estava envolvida com outra pessoa, estávamos tão afastadas.

— Nunca seria capaz de trair você, jamais mesmo. – Emma garantiu. – São apenas os teus beijos que me enlouquecem, teus toques que me arrepiam, teu corpo que me incendeia.

Regina viu a verdade refletida nos olhos verdes e sentiu um alivio gigantesco, um peso sendo tirado de seus ombros e uma felicidade invadindo seu peito. A morena puxou Emma para um beijo, transmitindo todos os bons sentimentos que lhe habitavam. Passaram mais algum tempo ali, entre beijos e carinhos trocados, até a loira levar Regina para casa.

O dia da festa de bodas de pérola de Ingrid e Robin Hood-Gardener chegou. Regina terminava de colocar seus brincos, vestia um vestido vermelho longo de um ombro só, com um colar dourado em seu pescoço, estava belíssima. Robin entrou no quarto da tia, vestia um vestido rosa e os cabelos presos em uma trança lateral, uma jovem linda.

— Estou pronta, Tia Regina. – Robin sorriu observando a morena. – Ficou linda, vai deixar a Tia Emma babando.

— Obrigada, meu amor. – Regina sorriu. – Emma já é babona de natureza.

— O que está rolando entre vocês duas? – A loirinha estava morrendo de curiosidade, já tinha percebido que o clima entre as duas tias tinha mudado.

— Emma e eu decidimos parar de lutar contra nossos sentimentos e lutar por nós acertamos. – Regina pegou na mão da sobrinha. – Sei que deveríamos ter falado com você antes, mas estamos indo com calma e deixando as coisas fluírem naturalmente.

— Eu percebi que algo tinha mudado, sabe, eu não sou mais uma criancinha. – Robin sorriu apertando a mão da tia. – Eu vejo o quanto vocês duas ficam felizes na presença uma da outra, confesso que sempre torci muito que voltassem a ficar juntas.

— Sabemos que já é uma mocinha. – Regina tocou o nariz da loirinha carinhosamente. – E sempre soube desta torcida aí, junto com a Mary.

— Estou um pouco nervosa com essa festa. – Robin deu de ombros. – Sei que são pessoas que compartilham do mesmo sangue que eu, porém sinto que só temos isso em comum, mais nada além disso. Por outro lado, tenho curiosidade de conhecer mais deles.

— É compreensível, meu amor. – Regina confortou a sobrinha. – Por isso estaremos lá com você, tudo que precisar estaremos lá para ajudar.

— Obrigada. – Robin olhou para o relógio de parede e franziu as sobrancelhas. – Tia Emma está atrasada, não é?

— E quando ela não está atrasada? – Regina olhou para o mesmo relógio, percebendo o atraso, negou com a cabeça. – Aonde eu estava com a cabeça quando concordei dela nos buscar? Só a buscando para chegar no horário.

Regina buscou seu celular para ligar para a ex-esposa, quando ouviu a campainha tocando. Desceu junto de Robin, ao abrir a porta sorriu encantada, percebendo que o atraso tinha falido a pena. Emma vestia um vestido preto, com um decote em v nas costas, passava um pouco da altura dos joelhos, estava com seu cabelo solto e caindo em cascatas nas suas costas, estava belíssima também. Com certeza chamariam a atenção por suas belezas.

— Está atrasada, senhorita Swan. – Regina ergueu sua sobrancelha, segurando um sorriso de canto. – Mas vejo o motivo, dê uma voltinha vá.

Emma riu, dando a voltinha com os braços abertos.

— Estou aprovada?

— Ainda veremos. – Regina sorriu. – Vamos logo, odeio chegar atrasada nos lugares e você sabe disso.

— Não estamos tão atrasadas assim. – Emma deu um beijo na bochecha da sobrinha e outro no canto da boca de Regina. – Não seja exagerada, chegaremos com estilo.

O clube campestre da cidade estava lindamente decorado, tocava uma música instrumental, tinha um palco com um telão enorme que passava fotos do casal Hood-Gardener, inúmeras mesas espalhadas por toda a área externa e uma infinidade de pessoas da alta sociedade. Logo na entrada foram encaminhadas para a mesa reservada em seus nomes, que ficava mais afastada do palco.

— É, parece que todos os ricos da cidade estão aqui. – Emma comentou olhando em volta, sentindo um desconforto em estar ali.

— Não ligue para isso. – Regina esticou e apertou a mão de Emma por cima da mesa, sabendo que ela não estava à vontade nesse local. – São todos irrelevantes.

— A festa está bonita. – Robin deu de ombros. – Mas muita gente metida por aqui.

— Quando vocês quiserem ir embora é só falarem. – Regina falou honestamente. – Que iremos sem problema algum.

Emma e Robin concordaram com a cabeça. A festa seguia a pleno vapor, Ingrid passou na mesa delas as cumprimentando polidamente e levou Robin para dar uma volta pelo local, deixando as duas mulheres sozinhas na mesa.

— Me daria a honra desta dança, senhorita Swan? – Regina convidou galanteadora, levantando e esticando a mão em direção a loira.

— Essa e todas que desejar. – Emma segurou na mão e se deixou ser levada até a pista de dança.

Alguns casais dançavam a música lenta que tocava. Regina segurou na cintura de Emma que colocou seus braços no pescoço moreno, iniciando uma dança lenta e tranquila. Regina colou a testa na da loira e suspirou feliz.

— Emma?

— Sim?

— Namora comigo? – Regina sorriu.

— Regina Mills está me pedindo em namoro? É sério isso? – Emma sorriu feliz.

— Da primeira vez foi você que pediu, acho justo ser a minha vez de tomar a iniciativa. – Regina deu de ombros.

— É claro que eu namoro. – Emma tomou os lábios carnudos da mulher a sua frente em um beijo calmo. – Eu também te pedi em casamento, significa que me pedirá desta vez?

— Não abuse da sorte. – Regina lhe deu um selinho.

Depois de dançarem mais algumas músicas, voltaram para a mesa. Em um dado momento, observaram Ingrid apresentado a sobrinha para alguns jovens rapazes, quando a mais velha a deixou sozinha na companhia deles, viram Robin sair rapidamente para longe dos rapazes, indo para um local isolado da festa. Regina fez menção de ir atrás da loirinha, mas Emma lhe segurou e pediu para deixar que ela ia. Emma atravessou o local e foi até aonde Robin estava, encontrou a sobrinha com lágrimas nos olhos sentada em cima de uma pedra.

— Ei, Lindinha. – Emma chegou e sorriu para a mais nova. – Quer me contar o que houve?

— Eu fiquei chateada. – Robin desviou o olhar.

— Me conte o motivo. – Emma falou suavemente.

— Acredito que Ingrid gostaria que eu me envolvesse com algum dos filhos dos amigos dela.

— Você não é obrigada a nada, minha querida. – Emma suspirou. – Ingrid não comanda a sua vida. Eu e sua tia lhe garantimos que é livre para fazer suas próprias escolhas.

— Eu sei disso. – Robin olhou para a tia. – E se minha escolha for diferente do que esperam?

— Regina e eu não esperamos nada além da sua felicidade, qualquer escolha que lhe faça feliz nós fará feliz também. – Emma garantiu.

— Tia Emma? Posso te fazer uma pergunta bem íntima? – Ao receber um sim como resposta continuou. – Quando soube que gostava de meninas?

— Quando eu me apaixonei pela tua tia. – Emma sorriu, bem surpresa pelo questionamento da sobrinha. – Eu não suportava ver garotos dando em cima dela, só a ideia que algum deles pudesse beijar Regina me enlouquecia de ciúmes.

— Eu acho que não gosto de meninos. – Robin falou insegura e timidamente. – Não sinto atração por eles, não gosto da ideia de beijar um garoto. Mas recentemente conheci uma aluna nova, que foi transferida para a escola e ela me causa sensações que eu nunca tinha sentido.

— Meu amor, não tem problema nenhum não gostar de garotos. – Emma sorriu serena. – Olha eu e sua tia, nós nunca ficamos com homens. Essa aluna nova também transparece sentir o mesmo que você?

— O nome dela é Alice. – Robin sorriu envergonhada. – Eu acho que sim, nós quase nos beijamos ontem, mas fomos interrompidas. Meu coração nunca bateu tão acelerado daquela forma e tudo que eu queria era ser beijada por ela.

— Oh, minha querida. – Emma abraçou a sobrinha. – O primeiro amor é assim mesmo, é maravilhoso de viver. Não se preocupe com nada, pode ter certeza que Regina e eu te apoiaremos totalmente.

— Obrigada, Tia Emma. – Robin sorriu. – Eu tinha certeza que apoiariam, mas é muito bom ouvir de você.

As duas conversaram mais um pouco, com Robin contando tudo sobre Alice, depois voltaram para a mesa. Regina olhou para Emma que lhe sussurrou que depois lhe contava tudo. A festa seguia a pleno vapor, até Regina sentir uma mão em seu ombro e ouvir uma voz que não imaginava que ouviria por ali.

— Oi, querida. – Cora sorriu falsamente. – Que surpresa te encontrar aqui com a tua ex-esposa.