Preso. Caminha de um lado ao outro. Não buscava por alguma saída, sabia que isso não existia, apenas queria explorar cada parte daquele pequeno mundo que lhe foi permitido conhecer.

Seus olhos monstruosos, atentos a qualquer luz. Não para segui-las ou admirá-las, mas para evitar; para sempre ter certeza de que estaria olhando para o lado oposto, exatamente como lhe foi ensinado.

“Fique forte, lute contra elas!” lhe foi dito.

“Com essas mãos você poderá destruir essas luzes que te ofuscam” lhe foi sibilado.

“Você não quer parar de temê-las? Pegue-as” lhe foi conduzido.

“Mais forte, com raiva! Elas te machucam, não machucam?! Então acabe com elas!” lhe foi gritado.

Pela única pessoa que o acolheu, isso foi ensinado.

Seguiu, caçando as luzes uma a uma, trucidando-as, amassando-as, vendo-as chorar e correr enquanto se deliciava com o vermelho que jorrava. As mais difíceis eram também as mais gratificantes.

Quando encontrou a mais ameaçadora luz, a que conduzia todas as outras as enchendo com aconchego e esperança, soube que precisava apaga-la por completo. Apenas após isso estaria livre para viver em paz na sua escuridão. Então por que aquela maldita luz continuava a brilhar?

Sua luminescência ataca sua córnea de forma cruel. Não importando para onde se virasse, aquela luz continuava a atormentá-lo, queimando-lhe a carne e secando seus lábios.

Conseguia ouvir as vozes límpidas, enaltecendo o brilho que o fazia sofrer.

“All Might! All Might!”

Por quê?

Só fizera aquilo lhe foi ensinado, então por que todos parecem o temer?

Encara as próprias mãos, limpas de sangue e fuligem. Encara as mãos luminosas, sujas de aconchego e calor. Por que aquelas mãos sujas merecem tanta atenção?

“Levante a cabeça, criança. Eles são tolos, não o entendem”

Mestre...

Pelo menos alguém estava ali por ele.

Suas mãos se dirigem àquilo que conhecia, a mais completa e pura penumbra que sempre o abraçou de forma sufocante, um sufocamento, que não apenas estava acostumado, como também amava. Um sufoco jocoso e reconfortante em meio a um mar de sorrisos brilhantes.