Estações escrita por Lady Jées


Capítulo 2
Outono


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, apesar de ter saído algo totalmente diferente do que planejei.

Bjins :)



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Outono –

Correu como se sua vida dependesse disso, o que, afinal, dependia. Quando se decidiu pela faculdade de direito, não imaginou que tudo viraria de cabeça para baixo e perderia tanto tempo correndo atrás do seu sonho. O estágio estava o matando de maneira lenta e dolorosa e, a pior parte, é que a vida parecia lhe sorrir enquanto dizia um caloroso “bem feito”.

Jellal Fernandes possuía poucos prazeres e um deles era apreciar uma boa xícara de café na pequena cafeteria da cidade. Bom, pelo menos era, antes de todo o turbilhão de deveres como estagiário na Advocacia de Magnólia. A tempos não sabia o que era apreciar as coisas ao seu redor e daria tudo apenas para ter uma mísera hora para relaxar. Infelizmente, agora não era o momento.

Estava atrasado como de costume e o ônibus que o levaria ao centro estava prestes a partir. Suspirou e quase gritou ao ver que o motorista já fechava a porta, mas agradeceu imensamente quando este esperou que entrasse. Era 6:45 da manhã de uma segunda-feira e já se sentia exausto muito antes de sair da cama. O ônibus estava lotado, mas ele já nem reclamava, afinal, vida de trabalhador não era simples, muito menos fácil.

Quando chegou ao gabinete aguentou cada jogo de pressão que os veteranos lhe davam. Tinha que aguentar, já chegara até aqui e não desistiria agora. Contudo, o que o deixava mais irritado, era ser tratado como alguém incapaz de exercer aquilo que trabalhou duro para aprender. A gota d’água foi quando o mandaram para comprar o café da tarde, o que o fez protestar veementemente, mas sendo ignorado de imediato. No fim, acabou por engolir o insulto e se dirigiu até a cafeteria que costumava frequentar.

Aguardava o pedido sentado em uma mesa perto da janela, observando todo o movimento do lado de fora. O outono havia chegado há algum tempo e era visível a forma como transformara a cidade. No parque logo a frente, via adolescentes caminhando de mãos dadas enquanto apreciavam o esplendor do lugar. Era, de fato, encantador. As folhas alaranjadas caiam preguiçosamente e o frio, embora não muito rigoroso, fazia com que o desejo de se aproximar da outra pessoa se tornasse mais forte. Invejou os adolescentes. A quanto tempo não apreciava os pequenos detalhes da vida?

Uma saudosa lembrança da época de escola lhe invadiu, lembrando-se subitamente das vezes que costumava aproveitar o dia com os amigos. Como será que estavam? Gray certamente estaria do outro lado do país, acompanhando Juvia em sua fase como competidora olímpica. Afinal, o rapaz se dedicara ao máximo para se tornar treinador e ajudar a namorada. Já Natsu mantinha contato constante, embora não conseguisse se encontrar tanto como antes, a família do amigo possuía uma empresa no mesmo ramo como advogados, e Jellal desejava imensamente poder trabalhar para o famoso Igneel Dragneel. Até tinham combinado que seria contratado quando se formasse, portanto, aguentaria até o fim. Faltava pouco.

Riu quando se lembrou de Lucy, a loira sempre fora sua melhor amiga e a que tentava, de todas as formas, fazer tudo ao alcance para que Jellal fosse feliz. Até tempos atrás, tinha inventado de fazer um encontro duplo que, segundo ela, serviria para Jellal ajudá-la com Natsu, o que todos sabiam, era uma grande mentira. Natsu e Lucy estavam juntos a tempos e procuravam de todas as formas esconder o relacionamento, mas nunca conseguiam. O porquê disso? Não sabia, mas respeitava a decisão de ambos. O que a loira realmente queria naquele dia, era apresentar uma amiga para o único solteiro do grupo. Ele não reclamou, claro.

O celular tocou e Jellal desejou que não fosse o escritório. O pedido ainda não havia chegado e, sinceramente, estava farto de todos naquele lugar. Agradeceu aos céus quando viu o nome de Lucy no visor e fez uma nota mental para lembrar de agradece-la mais tarde.

— Hey, Senhor advogado.

— Hey, Senhora Dragneel.

Lucy bufou do outro lado da linha, certamente estava vermelha e a imagem da loira indignada só o fazia rir mais. Adorava provocá-la.

— Você deveria parar de me chamar assim. Natsu e eu não temos nada, N.A.D.A ok?

— Ah, claro. Como se eu fosse cair nessa. Todo mundo sabe que se pegam por aí. Só não querem admitir.

Era realmente divertido irritá-la. Entendia Natsu e sua mania de provocá-la e torcia, muito antes dos dois se darem conta, para que acabassem juntos. Eram perfeitos. Sorriu enquanto ouvia Lucy desferir diversas palavras de xingamento para ele, mas logo tratou de cortá-la, afinal, se deixasse, ela o xingaria até o dia seguinte.

— Então, o que quer que eu faça dessa vez?

— Queria saber quando vai estar livre. Acabou não indo no encontro da última vez, mesmo eu tendo preparado tudo perfeitamente para você e Erza se conhecerem.  

— Achei que a ideia era você e Natsu se entenderem. Perdi alguma coisa?

— Ah, claro... Claro que era, quero dizer... Bom, não custa nada apresentar dois amigos solteiros certo?

Lucy era terrível com as desculpas, mas apreciou a preocupação da amiga. Estava definitivamente chateado por não ter ido. Um dos superiores havia o barrado no escritório até tarde da noite e quando, finalmente, conseguiu sair, já não dava mais tempo. Ligou para a loira e se desculpou dizendo que compensaria outro dia e, mesmo chateada, Lucy enfatizou que iria cobrá-lo.

— Eu realmente não sei, as coisas no escritório andam mais corridas do que antes. Mas seria perfeito não ser tratado como entregador.

— Te mandaram comprar comida outra vez?

— É.

Lucy riu e fez todo tipo de provocação que sua mente conseguia produzir. O que era muito, aliás. Depois de alguns minutos discutindo sobre possíveis horários de folga e um novo encontro marcado, Jellal desligou o celular aguardando o pedido. Olhou mais uma vez pela janela e desejou conhecer alguém. Só não imaginava que seria atendido tão rapidamente.

— Aqui está seu pedido.

Uma pequena caixa contendo quatro copos de café expresso foi colocado a sua frente, junto de uma sacola com os lanches pedidos. Jellal olhou o pedido e desviou os olhos para a atendente, afim de agradece-la, porém, as palavras travaram em sua garganta.

A garçonete era linda. Um pouco mais baixo do que ele, tinha certeza. Longos cabelos de cor vermelha e olhos hipnotizantes. Ela sorriu e Jellal desejou congelar aquele momento. Se Lucy estivesse ali, com certeza o provocaria para sempre. Ela notou a forma que ele a olhava e corou, tentou disfarçar o constrangimento passando as mãos pela saia do uniforme, em uma vã tentativa de limpar uma sujeira inexistente. Jellal voltou a si após segundos e se recriminou mentalmente. A moça definitivamente o achava descarado. Quem em sã consciência encararia outra pessoa assim?

Pigarreou se desculpando e agradeceu pelo pedido. A ruiva balançou a cabeça em sinal de que estava tudo bem e se afastou. Após sair da cafeteria, ele parou em frente à janela que estava antes e olhou a moça mais uma vez. Se desculparia com Lucy mais tarde, mas iria cancelar o encontro. Queria vê-la outra vez e faria isso.

Naquela tarde, voltando para casa, Jellal jamais imaginou que estaria grato pelos colegas de trabalho. Se soubessem que o tinham dado a chance de conhecer uma mulher tão encantadora, imaginou se o fariam sair para buscar comida outra vez. Bom, não importava mais. Aceitaria de bom grado qualquer pedido que lhe fizessem.

Afinal, se fosse para vê-la outra vez, atenderia o pedido até do diabo. O privilégio de se deliciar com a visão da ruiva e dos olhos gentis o observando, pertenceria a ele e somente ele.  


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Notas finais do capítulo

Até o próximo :)



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