Eu Sou Inocente escrita por thierryol1


Capítulo 4
Extração




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Os olhos de Orion abriram lentamente, buscando se ajustar a luz. Ele ficou surpreso – e ao mesmo tempo, confuso – ao perceber que não estava em casa e que muito menos estava morto.

Ele foi se levantando aos poucos da cama dura onde se encontrava. O quarto estava fechado e era frio e úmido. Apenas uma janela, grande graças à parede quebrada ao lado, jogava um forte raio de luz direto no rosto do garoto. Onde ele estava era um mistério.

— Olá? – Ele disse, gaguejando. Orion sempre foi meio covarde, afinal, ele sempre foi o cérebro, e Dave, a força.

Um forte barulho foi feito quando a porta de metal se abriu, rapidamente, revelando um senhor idoso que Orion nunca tinha visto.

— Quem... Quem é o senhor? Onde estou? – Perguntou, mas o velho somente fez um sinal com a mão, claramente indicando para Orion segui-lo.

Sem hesitar, Orion se levantou e seguiu o senhor de idade através da porta de metal, passando por corredores destruídos até chegar numa sala onde estavam Eve, em pé olhando pela fresta na parede, e o soldado que os atacaram no abrigo, amordaçado e amarrado numa cadeira.

— Eve?! O que aconteceu? Você está bem? – Orion correu até a garota e a abraçou, sem retorno, mas ele não se importava, era bom ver um rosto conhecido.

— Essa garota estava carregando vocês dois quando passou pela rota de vigia do nosso guarda. Ela parecia exausta, então mandamos alguns homens para ajudar vocês. – O senhor idoso falou.

— Eve? Carregou nós dois desmaiados? Mas... Mas isso não é possível! Como uma garota magra e fraca iria conseguir nos carregar? – Respondeu Orion, com desdém.

— Foi exatamente isso. Aliás, ela não disse quase nenhuma palavra desde que chegou. A única coisa que ela falou foi para amarrarmos este sujeito. Mas... Ela nem precisava ter dito nada, apenas esse uniforme já é o bastante para querermos ele morto.

— Como assim? Você sabe quem é ele? De onde veio? – Interrompeu Orion.

— Bem... Ele claramente é um soldado da Horizon Helmet. O uniforme mudou um pouco, mas ainda é o mesmo estilo de quando eu trabalhava lá.

Orion arqueou uma sobrancelha e deu um passo em direção ao idoso, porém recuou ao ver a arma de um guarda, que estava num canto da sala. Mas isso não o impediu de gritar:

— QUEM É VOCÊ? POR QUE NOS ATACOU?

— Epa, epa, epa... Eu trabalhei sim para a Horizon Helmet. Mas isso faz muitos anos. Eu não aceitei participar dos terríveis atos praticados por eles apenas para cumprir uma missão. – Respondeu o velho, calmamente.

— Bem... Então, se o senhor saiu, pode nos ajudar a entrar no abrigo deles?

— Como? Para que você iria querer entrar lá? Quer morrer?

— Senhor, com todo respeito, mas meu amigo foi sequestrado por eles, e eu não posso permitir que ele fique lá, sofrendo sabe-se lá o que! Eu preciso resgata-lo! – Falou Orion, irredutível.

— Primeiro: você, magrelo desse jeito obviamente não tem nenhum jeito para armas. E entrar lá desarmado é suicídio. Segundo: por que eu iria ajudar você?

Orion suspirou e ficou em silêncio por alguns minutos, até se virar e responder:

— É difícil em tempos como estes ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração. Que o senhor é uma pessoa boa de coração, e que pode nos ajudar. Por favor...

O velho andou de um lado para o outro, pensativo.

— Olha garoto... Eu vou lhe confessar: não sei quais são seus ideais ou por que você quer tanto salvar esse garoto aí, amigo seu. Mas eu sinto que, seja lá qual seu destino, você é uma das poucas boas que sobraram. – Orion sorriu enquanto o velho continuava a falar. – Infelizmente eu já estou fora de forma e não poderei fazer nada além de ajudar vocês dois com algumas armas e veículos. Ah, e obviamente, arrancar as informações deste individuo aqui. – Disse apontando para o soldado desmaiado na cadeira.

— Tudo bem, senhor. Eu entendo, e agradeço a sua ajuda.

— Agora Jonas, meu guarda, vai providenciar alguns alimentos e roupas melhores para vocês. Não vai ser muita coisa, pois estamos num período difícil, mas já ajuda. Vão, e me deixem aqui com nosso camarada, vou acordar ele do sono para nos ajudar.

Orion agradeceu e seguiu o guarda. Eve ia indo também, mas o idoso a chamou com a voz baixa:

— Ei, garota. Eu tenho um pequeno plano em mente. E você irá me ajudar.

 

*****

 

Cidade de Fremtiden

 

— BQ! Prepare meu jato, eu estou de partida! – Falou o governador Sanz, em alto em bom som ao entrar no escritório.

— Sim, senhor. Qual o destino? – BQ soltava as palavras.

— O Conselho.

— Para qual objetivo? O senhor detesta o Conselho.

— Minha querida, eu preciso decidir urgentemente sobre o destino de Ignis, não tenho mais tempo. E nada melhor que deixar isso nas mãos do Conselho.

— Isso não é um pouco... Drástico demais, senhor? – Sanz riu. BQ era apenas uma inteligência artificial, ele sabia que ela jamais iria entender certas coisas.

O governador saiu, sem dizer mais nenhuma palavra. BQ conseguia processar que algo terrível estava prestes a acontecer, ela só não conseguia adivinhar o que.


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