A princesa proibida escrita por Helena Melbourne


Capítulo 3
Exilado


Notas iniciais do capítulo

Ia postar só semana que vem, mas fiquei tão feliz com os comentários de vocês que resolvi postar mais um.
Enjoy :)



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Kiara, ainda deitada no chão, encarava com expressão de poucos amigos a mão do menino. Ele, por sua vez, continha um sorriso zombeteiro nos lábios.

— Ande, menina! Não vou ficar aqui o dia todo. Esta posição não é favorável a nenhum de nós. – falou pela primeira vez, revirando os olhos, ele demonstrava certo tédio à reação da moça. Sua voz possuía nuances entre um grave e agudo, mostrando claros sinais do começa da puberdade. Kiara permaneceu o fitando, com o olhar firme e cenho franzido. – O que foi? Não sabe falar ou a queda lhe fez perder esta capacidade? – indagou com certo sarcasmo.

— Não preciso de ajuda. Sei muito bem me levantar sozinha. – Kiara devolveu com orgulho. Pôs-se de pé com certa dificuldade devido à dor e afastou-se dele, porém, sem dar-lhe as costas.

— Então ela fala! Embora, ao que me parece, não lhe foi ensinado palavras de agradecimento. – Debochou, sem se afetar realmente com o comentário dela. Kiara nada respondeu, apenas sustentou seu olhar, tentando demonstrar coragem diante do inimigo. Então, o menino moreno suspirou, cansando-se daquela cena. – Bom, o que está esperando? Sei que minha beleza é inegável, mas já está a salvo. Pode voltar por onde veio.

— Meu pai me ensinou a nunca dar às costas para um exilado! – bradou, o que apenas fez o garoto sorrir com escárnio outra vez.

— E você sempre faz tudo o que o papai diz?

— Não! – retorquiu infantilmente. Ele, claramente, era mais experiente na arte da irritação do que ela. Kiara nunca havia sido provocada daquela forma antes. Era uma princesa e nunca fora desrespeitada; o que a fez ficar ainda mais vermelha de raiva, pois todo aquele disparate vinha justo de um exilado.

— Aposto que sim! – se aproximou um pouco mais, fazendo careta de deboche e rindo. – É a garotinha do papai. – constatou, logo depois se afastando. – Um exilado não precisa de ninguém. Eu tomo conta de mim mesmo. – finalizou com nítido orgulho. Diante do comentário, a pequena princesa subitamente abaixou a guarda e desfez o cenho franzido, ficando extremamente empolgada com a ideia de não ser controlada por outros.

— É mesmo? – indagou com súbita curiosidade.

— É claro, mas... – sua resposta fora interrompida pelo grito da garota e seus olhos saltando a órbita.

— Fuja! – ela gritou. Então, o menino virou-se e teve a visão de quatro cobras, que estavam bem próximas a ele. – Por aqui! – puxou-lhe o braço, indicando a direção.

Os dois perceberam que estavam num ninho de cobras e haviam pisado em seus ovos. Logo ambos corriam, sendo perseguidos pelos animais peçonhentos em seus encalços. Kiara viu uma árvore e resolveu subi-la, enquanto o outro ia na direção oposta. Porém, ela percebeu que foi uma estratégia ruim, pois as serpentes a cercaram ao pé da árvore, prontas para dar o bote a qualquer instante. O desespero tomou conta de si e chorou.

— Ei! Esqueceu de mim? – perguntou em meio a um soluço. Ele se virou e percebendo que não era acompanhado pela mais nova, retornou, mas tomando certa distância da cena.

— Eu distraio elas e você sai daí! – informou e ela concordou de prontidão com um aceno de cabeça.

 O garoto apanhou uma pedra e jogou em direção às cobras, retornando a correria em seguida, pois elas se voltaram a ele. Kiara aproveitou a distração dos animais e saltou da árvore, fugindo. Ela percebeu que estava numa área mais baixa do barranco, resolvendo que seria mais vantajoso subir para a parte mais elevada do terreno e quanto mais corria, maior ficava a diferença de altura com a parte debaixo. Os dois corriam paralelamente, ela, porém, na região elevada.

— Venha para cá! – ela chamou a atenção do exilado.

— Não dá! Agora está muito alto para eu subir! – devolveu ofegante.

— Eu ajudo! – assegurou.

Não vendo uma alternativa, ele jogou-se num impulso na região mais alta e suas mãos foram capturadas pelas da garota, que com certa dificuldade pela diferença de pesos, o ajudou a passar para a parte de cima. A perna do garoto escapou por um triz do bote da serpente. Mesmo com a nítida altura os separando do perigo, os dois só pararam de correr após estarem numa distância bastante vantajosa e quando não tinham mais forças para continuar.

Kiara foi a primeira a se jogar na terra, exausta. O exilado, também exaurido, caiu em seus joelhos ao lado da parceira de fuga. Após alguns minutos recuperando o fôlego, a pequena princesa limpou as lágrimas e passou a gargalhar alto pela emoção causada pela adrenalina. Ela nunca havia tido uma experiência de perigo e por mais assustador que fosse, também fora estimulante. Já o menino a encarou pasmo, mas depois de alguns segundos a acompanhou na gargalhada.

— Eu consegui! Eu consegui! – exclamava com animação.

— Correção: nós conseguimos. – Ele a corrigiu. Ali já não havia mais desconfiança, sangue real, exilado ou inimigo. Havia apenas dois jovens que compartilharam um momento de parceria. Aliados diante do perigo.

— Você viu só o tamanho daquelas serpentes! Elas iam me pegar, mas aí você tacou aquela pedra e depois eu te salvei! Foi por pouco! Um segundo depois e você estaria morto por veneno de cobra. – Ela narrava os acontecimentos com entusiasmo. – Você foi muito valente! – admitiu com o tom de voz doce, pela primeira vez naquela tarde, achegando-se mais perto dele, que ruborizou um pouco.

— É...Você também foi muito valente. – Concordou, embora tivesse certa dificuldade em elogiar os outros.

— E nós fizemos uma bela dupla! – cantarolou inocentemente. – Meu nome é Kiara. – Levantou-se estendendo-lhe a mão em cumprimento.

Ela esperava que ele lhe beijasse as costas da mão como qualquer cavalheiro faria diante de uma dama. Porém, ele não era um. Era um exilado e eles não tinham essa tradição em suas terras, muito menos a de apertar as mãos, já que isso era uma mania de pessoas do reino para verificar se o cumprimentado era, de fato, um deles. Na verdade, exilados não tinham muito o costume de se tocarem com saudação ou afeto. As relações eram bastante frias, mesmo entre familiares e amigos mais próximos.

— E o meu é Kovu.

Ele segurou-lhe a mão, meio incerto do que fazer em seguida. Ficaram assim por alguns segundos, os dois desconcertados. Nenhum deles havia apertado a mão de outra pessoa antes. Ela por ser uma menina e uma princesa, ele por ser um exilado. Dois opostos. Dois contrastes. Uma mão pequena e delicada em contato com a grande de dedos longos e um pouco ásperos dele. Olhos castanhos nos verdes. Pele branca com escura. Tão diferentes, mas naquele momento eram um. Nascia uma cumplicidade ali. E, quem sabe, uma amizade.

Kiara...Kiara... Esse nome não era estranho a Kovu. Já ouvira sua mãe e outros exilados falando sobre uma tal filha de Simba, que tomaria o seu lugar no trono, cujo nome era Kiara. Então, como se tivesse levado um choque, o menino desvencilhou-se do aperto de mão, dando um passo para trás com o susto de sua revelação.


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Notas finais do capítulo

E aeee? O que acharam do primeiro contato deles? Gostam de cenas parecidas com as do filme?
Estou fazendo capítulos pequenos para poder postar mais rápido. Preferem assim ou capítulos mais longos mensais?
Comentem, por favor.



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