Following escrita por GabbySaky


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores.
Estou aqui com mais uma história, dessa vez, o casal principal será BarLance.
Eu escrevo sobre esse casal em "Kupidon" e por isso me veio a ideia de fazer uma "one" desse casal novo e extremamente fofo.
Muitos dos leitores que me acompanham passaram amá-los juntos.
E isso me deixa muito feliz.
E por isso aqui estou.
E espero, do fundo do coração, que vocês gostem.



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Laurel observava seus dois filhos — gêmeos — brincarem no quintal da casa. Eles adoravam explorar aquele jardim enorme, e junto deles havia um Rusk Siberiano — macho —, mas naquele dia estava sendo diferente. Ambos estavam vestidos com roupa de banho — seu garotinho com uma sunga dos “Avengers” e sua garotinha estava com um biquíni da “Branca de Neve”. Seus pequenos, tão unidos, faziam tudo juntos, mesmo em brincadeiras. Se um brincava de bola o outro também brincava, se um brincava de fazer castelinho na área da praia — que ficava a poucos minutos de sua casa — o outro também brincava, e mesmo que seu filho não gostasse tanto de brincar de casinha ou mesmo de cozinhadinha, ele o fazia apenas porque gostava de agradar a irmãzinha. E ela, a mãe, achava extremamente fofo esse jeitinho fofo de seu pequeno.  

Sorriu no instante em que os viu pular na piscina de mãos dadas, gritando antes de cair na água, que deveria estar deliciosa naquele calor irritante.  

Os amava tanto, não conseguia mais viver sem aqueles dois que não haviam sido nenhum pouco planejados, mas ainda assim, de uns dias para cá, vinha sentindo uma angustia tão ruim, que quase a desesperava. Tentou se manter firme por todos aqueles cinco anos, tentou amar seu marido de todas as formas possíveis, mas tudo que conseguia era sentir apenas carinho, mas até mesmo esse carinho estava mudando desde que começava a se arrepender daquele casamento. E pior que isso, se sentia extremamente mal por pensar em pedir o divórcio, por mais que soubesse que seria o melhor naquele momento, principalmente quando já não conseguia suportar estar com alguém que não amava verdadeiramente. 

Não fazia idéia de como seu marido iria reagir, mas ainda assim, era tudo que gostaria. 

Será que pensar na própria felicidade antes de tudo, mesmo que isso significaria bagunçar a vida de seus filhos, era tão errado assim?  

Será que pensar em si mesma ao invés de sua família, era inaceitável? 

Quando pensava em si mesma, seu subconsciente gritava “egoísta”. E aí se sentia pior do que estava já se sentindo.  

Mas será que seria assim tão egoísta? 

Laurel mordeu o lábio, levando sua mente novamente a seus desejos, em especial em sua vida com Thomas Merlyn. Seu marido. Já fazia mais de um ano que dormiam em quartos diferentes, que não mais se comportavam como um casal, mais especificamente como marido e mulher. E isso de alguma forma estava abalando o relacionamento de ambos — o de amizade em especial, que tinham antes de tudo acontecer. 

Desviou os olhos dos filhos para sua mão, mais especificamente para a aliança em seu dedo. Nem sabia mais por que usava aquilo. Não se sentia mais esposa, não se sentia mais feliz — não completamente —, e tinha  certeza de que estava fazendo seu marido sofrer e ser um homem casado, mas miserável — no quesito relacionamento, pelo pelo menos, já que ele ia muito bem nos negócios. 

Tocou na correntinha de ouro que estava em seu pescoço, na qual não usava a tanto tempo e que só havia passado a usar a alguns meses, mais especificamente desde que se viu forte o suficiente para fazê-lo, principalmente porque não havia sido seu marido quem havia lhe dado de presente.  

E por alguns minutos ficou naquela indecisão...  

Não sabia se tomava aquela decisão de uma vez por todas.  

Tommy ficaria magoado?  

Ele com certeza ficaria, mas, ainda assim, tudo que gostaria era jogar tudo para o alto, e só ainda não havia feito porque não queria machucar ele homem incrível que ela um dia desejou jamais ser seu companheiro — no caso, seu noivo. 

Mordeu o lábio mais uma vez.  

— Laurel?  

Se assustou, se virando completamente logo em seguida, encontrando seu marido — de cabelos castanhos-escuros e olhos verdes — com o blazer e a Camisa branca de sempre, que ele usava para ir ao trabalho todos os dias.  

— Você está bem? 

Ele estava preocupado e isso a fez se sentir pior do que já estava se sentindo. 

— Estou. – Respondeu em sussurrou. – Você só me assustou. 

— Foi mal. – Se aproximou. – Fiquei preocupado. – Olhou para a aliança no dedo da esposa. – Você estava olhando para a aliança, toda estranha...  

— Eu... só estava pensando. – Respondeu. – Você chegou cedo. 

— Decidi ficar um pouco com os gêmeos. 

Ela apenas balançou a cabeça, desviando os olhos por um momento, mais uma vez olhando para a aliança, que naquele momento a fazia sentir um peso tão grande, que a incomodava. 

— Você tem certeza de que está bem, Laurel? 

Tentou passar tranqüilidade a ele, principalmente por não conseguir dizer uma palavra sobre o que pensava e sentia naquele momento, principalmente porque antes, precisava pensar melhor sobre tudo, mais uma vez, por mais algumas horas daquele dia. 

— Tenho. – Passou uma das mãos nos cabelos. – Pode ficar com eles um pouquinho? Preciso... – Fez uma pausa curta. – Sair. 

— Tudo bem.  

Ele queria que ela falasse com ele, queria que ela se abrisse, e já havia tentado fazer com que ela o fizesse, mas sabia que pressioná-la não era uma boa idéia, principalmente quando ela parecia estar tão incomodada com alguma coisa, e por isso apenas a observou pegar a chave do carro e sair pela porta após se despedir. 

Laurel entrou no carro e colocou a cabeça no volante, tentando se sentir melhor. Um nó formou em sua garganta, incomodando-a completamente.  

O que estava prestes a fazer?  

Tommy era carinhoso, preocupado, ele sempre foi seu amigo, mas agora...  

Ela não sabia como dizer a ele, que queria o divórcio. Ele esteve tentando ajustar o casamento, mas ela? Ela não conseguia vê-lo como marido, não mais. Talvez nunca tivesse conseguido, por mais que ele sempre fosse tão perfeito. E isso estava matando-a. Sufocando-a.  

Sua respiração começou a ficar descompassada, e de forma apressada, saiu do carro. Decidida, caminhou para fora do condomínio. Precisava de ar. Precisava de um tempo sozinha e por isso o melhor era andar com as próprias pernas pela cidade — ou pelo menos por perto de casa. E enquanto caminhava, Laurel pensava em como sua vida havia mudado desde o casamento. Quando chegou no parque em que seu pai a levava para brincar junto de sua irmã, Sarah e se lembrou das vezes em que esteve ali com sua família. Ela sempre admirou a forma em que seus pais se amavam. Eles eram uma inspiração para ela. Sonhou que quando se casasse, ela tivesse um casamento como dos pais.  

Doce ilusão.  

Não que fosse ruim. Tommy era um amor, mas...  

Não mais o amava, e isso fazia com que sentisse que sua vida estivesse incompleta. Tinha suportado tudo aquilo pelos filhos, e apenas por seus doces filhos. As pessoinhas que ela mais amava no mundo, mas...  

Continuar naquele casamento não estava fazendo bem a ela e provavelmente nem mesmo para Tommy.  

Quando Laurel se virou para voltar para casa, ela se surpreende completamente. 

— Laurel?  

Ela o reconheceria em qualquer lugar.  

— Barry.  

Ele sorriu.  

Ah, aquele sorriso.  

Ela se lembrava bem; era impossível se esquecer daquele lindo sorriso. 

— Não acredito, estou mesmo vendo Laurel Lance na minha frente? Ou seria Merlyn?  

A mulher achou melhor fingir não ouvir o outro sobrenome, principalmente por conta do incômodo em que sentiu ao ouvir aquela palavra sair daqueles lábios. 

— Você não estava morando em Central City?  

Se aproximou com um sorriso, ainda que fraco. 

— Estava não, eu ainda estou. Apenas estou aqui a trabalho.  

A acastanhada apenas assentiu.  

— É bom te ver, Laurel.  

A abraçou, sentindo-a corresponder. 

— Digo o mesmo. – Seus olhos se encontraram. – Vai ficar por quanto tempo? 

— Duas semanas. Cheguei hoje.  

Novamente ela apenas assentiu.  

— Está ocupada? 

Não esperou por aquela pergunta. 

— Agora? – O viu assentir. – Não. Eu ia para casa, mas... Por que? 

— Queria colocar a conversa em dia.  

E a mulher não pode deixar de sorrir.  

— Eu não tenho nada para fazer agora e gostaria de saber como anda sua vida. 

— Quer ir onde? 

— Pra falar a verdade, eu ia comer... – Olhou para o Belly Burger do outro lado da praça e ela acompanhou seu olhar, sorrindo logo em seguida, voltando a fitá-lo.  

— Adoro Belly Burger.  

E o rapaz de cabelo castanhos e olhos esverdeados sorriu. 

**--** **--** 

Ainda que tentasse de tudo não se sentir tão nervosa por estar diante do homem no qual amou de verdade. Mas era impossível. A última vez que o viu foi no dia de seu casamento. Ainda que ele estivesse escondido, havia percebido sua presença, e esse havia sido o motivo de ter se demorado tanto em responder o “aceito”, simplesmente porque gostaria de dizer não e correr para os braços dele. Mas infelizmente, por ter sido uma inconseqüente, e engravidado, não pode fazer o que desejava, e então seguiu com aquela vida ao lado de Thomas Merlyn. Um homem maravilhoso, mas que ainda assim, não havia sido seu verdadeiro amor, por mais que tivesse se apaixonado antes. Antes de conhecer Barry Allen.  

Sentir os olhos dele em si, vez ou outra, enquanto caminhavam até a hamburgueria, era como se estivesse voltando lá atrás, fazendo-a lembrar dos momentos em que teve ao lado dele, lembrando-se dos vários dias em que se encontrava com o amado as escondidas.  

Era errado?  

Ela sabia que sim, e que deveria ser verdadeira com seu — até então — noivo, mas não havia conseguido, e simplesmente porque seus pais — ainda que tivessem a decepcionado por de mais — precisavam que ela seguisse com aquele casamento “arranjado”. Tommy era especial, e merecia ser amado, e de forma alguma merecia ser traído, e ainda assim, ela não conseguiu ser forte. 

— Como vai o casamento?  

Imediatamente olhou para a aliança, se lembrando de como ele havia ficado triste ao descobrir — por ela — que iria se casar com o pai de seus filhos, mas que ainda assim, havia compreendido.  

Quando ela não respondeu, ele decidiu mudar de assunto.  

— Teve gêmeos, certo? 

— Uma menina e um menino. Lyon e Nichole.  

Ele assentiu.  

— Quer ver as fotos?  

Ele se aproximou o corpo do dela para poder ver as fotos em seu celular, vendo-a passar vagarosamente por cada um deles. 

— Eles são muito parecidos com você. 

— Eles se parecem mais com o pai, pode ter certeza. – Desligou a tela do celular. – São as pessoas mais importantes da minha vida. 

— Entendo.  

— Mas e você? Está casado? Tem filhos?  

Seu coração doía só em imaginar que ele havia encontrado outra pessoa e constituído com ela uma família, por mais que soubesse que ele tinha esse direito, incluindo o de ser feliz. E por se sentir tão mal, acabou por olhar em sua mão, não encontrando nenhuma aliança, e ainda assim sentia sua respiração pausar, esperando pela resposta. 

— Não. Nem um e nem outro.  

E Laurel se aliviou completamente.  

— Eu estava namorando até seis meses atrás, mas... – Fez uma pausa curta. – Eu e ela decidimos juntos que o melhor mesmo era terminar. Eu não sentia o mesmo que ela sentia por mim e eu não queria magoar os sentimentos dela. Além disso ela tinha filhos e eu não queria que eles acabassem se machucando.  

— Fez certo. Ela seria infeliz, assim como as crianças... E você também.  

Seus olhos se tornaram opacos e Barry percebeu de imediato, se preocupando. Alguma coisa lhe dizia que ela não estava tão bem quanto dizia estar.  

— Laurel... – Seus olhos se encontraram. – Eu achei que estava estranha na praça. Deixei passar, achei que tinha visto coisa, mas agora...  

A acastanhada abaixou o olhar.  

— Está acontecendo alguma coisa? 

— Não é nada, Barry. 

— Eu sei que não nos vemos á muito tempo, que já tem uns seis anos, mas... Ainda vejo você como amiga. – Viu os olhos âmbar dela se encherem de água. – Não quer compartilhar o que guarda aí dentro?  

E então a mulher engoliu uma bola que vinha da garganta, incômoda, por conta do choro que ela tentava a todo custo não deixar sair. 

— Eu... – Apertou as mãos uma na outra em cima da mesa. – Eu não posso dizer isso pra ninguém, porque vão me chamar de egoísta. 

— Você nunca foi egoísta, Laurel. Nós terminamos tudo ao descobrir que estava grávida do Thomas, lembra-se?  

Ah, como ela se lembrava.  

Ela sentiu-se culpada quando não conseguiu dizer ao “noivo” que estava se apaixonando por outro. Nunca tinha dito a Tommy que ela namorou Barry por quase seis meses durante o relacionamento deles. Um erro, ela sabia disso, mas como ir contra os pais? Aquele casamento, dela e Tommy, havia sido obra dos pais. Ele era o “pretendente” perfeito para a filha deles, e tinha também o fato de que eles precisavam da ajuda do pai de seu noivo para poder reerguer a empresa de jornalismo. Os amava, mas sempre teve raiva por eles forçarem aquele casamento.  

Laurel amou Tommy, se sentiu bem ao lado dele, protegida e feliz, mas então conheceu Barry...  

E então ela não amou mais ninguém.  

Quando seus pais tomaram a decisão sobre aquele noivado, a cada saída, Laurel se apaixonava mais por Tommy. Ele era um cavalheiro, um homem maravilhoso, extremamente carinhoso e estava sempre a apoiando em suas decisões...  

Mas então seus sentimentos mudaram, e apenas porque havia conhecido Barry Allen. E foi então que se sentiu como sua melhor amiga, Felicity Smoak, quando descobriu o amor de verdade. Ela amou Oliver Queen de verdade, e os sentimentos deles eram realmente verdadeiros um com o outro, tanto, que estavam juntos até hoje. E ela se viu uma boba apaixonada — como sempre dizia a sua amiga, apenas para implicar — ao conhecer o homem a sua frente. E era esse o motivo de ela estar disposta a terminar com Tommy quando descobriu estar grávida.  

— Eu me lembro também de trair meu noivo com você.  

Barry assentiu, compreendendo os sentimentos dela.  

— Eu deveria ter dado um basta desde o começo, mas... 

— Você não queria decepcionar seus pais. Eu sei disso, e eu sempre compreendi. – Pegou nas mãos dela. – Me diz o que está acontecendo. 

— Foi um erro. 

— O que? 

— Eu me casar com Tommy. – Diz, deixando uma lágrima descer por seu rosto. – Eu estou passando por tudo isso... porque eu não fui fiel a ele. Porque não fui verdadeira e não disse tudo que estava acontecendo. Que amava outro. Que amava você.  

— Eu deveria ter me afastado. Deveria ter... – Fez uma pausa curta, sentindo seu peito apertar por vê-la tão perdida. – Feito alguma coisa.  

— Não, eu quem deveria. – Sussurrou. – Deixei minha vida virar de cabeça pra baixo. Não digo que me arrependo de ter tido os gêmeos... Eu os amo. 

— Eu sei. Seus olhos dizem isso. Você se arrepende de ter se casado com Tommy.  

Ela assentiu, olhando para as mãos.  

— E eu de ter deixado você se casar com ele.  

Surpresa, ela volta os olhos verdes para os olhos verdes dele. Tonalidades diferentes, mas diziam o mesmo.  

Ainda amo você. 

— Se arrepende?  

Ele não precisou responder, e não o fez, porque seus olhos diziam que sim.  

— Eu seria egoísta em dizer que também me arrependo de ter me casado com Tommy? De querer o divórcio? 

— Não. Você merece ser feliz..., mas eu entendo porque pensa assim. 

— Eu viraria a vida dos meus filhos de cabeça para baixo. – Suspirou. – E é por isso que eu me sinto tão egoísta. Pensar no meu bem e na minha felicidade antes do bem e da felicidade dos meus filhos. 

— Laurel... – Diz devagar o nome da mulher. – Não é errado pensar assim, e você não está sendo egoísta. Você não é feliz nesse casamento.  

Ouvir a afirmação não foi bom. Ela sentiu um aperto no peito e um gosto amargo na boca. 

— Não. Eu não sou. – Confessou. – Mas meus filhos são.  

E ele compreendia o dilema dela, e ainda que pudesse dizer qualquer outra coisa, um celular tocou, fazendo com que ambos olhassem para o aparelho. 

— Tommy. – Disse olhando para Barry. 

— Pode atender.  

Ela pegou o celular e passou o dedo na tela.  

— Alô. 

— Laurel, percebi que o carro continua na garagem. 

— É, eu decidi andar um pouco. 

— Você tem certeza de que está bem? 

Respirou fundo antes de responder. 

— Tenho. – Suspirou, fechando os olhos por breves minutos. – Já estou indo para casa. 

— Tudo bem.  

Ela se despediu e então desligou.  

— Eu tenho que ir. – Avisou olhando nos olhos esverdeados a sua frente. 

— Tudo bem.  

Ainda que tivesse escutado aquelas palavras, ainda assim não conseguiu se mover. Apertou as mãos no tecido do vestido, sem desviar os olhos dos dele, passou os dedos nas palmas das mãos, respirou fundo mais uma vez e então criou forças para enfim se levantar e seguir para fora daquele estabelecimento, e mais que isso, ir para longe do homem que ainda amava.  

Barry a viu caminhar para fora do Belly Burger, sem se despedirem, nem mesmo com um abraço, e após um momento, ficou tentado a se levantar e correr até ela, e foi o que fez quando percebeu que não queria que aquela fosse a despedida deles, que fosse a última vez que se veriam.  

— Laurel. – Chamou, vendo-a se virar.  

A mulher sentiu seu coração batendo tão rápido, ao mesmo tempo em que sentia aquele mesmo sentimento voltando com tudo e com ainda mais intensidade. Era como se sempre estivesse ali, guardado, escondido a mil chaves. E quando perceberam eles já estavam se beijando, ali, no meio da rua, onde qualquer um poderia reconhecer a Merlyn, mas nenhum dos dois se importavam naquele momento, ou mesmo se lembravam do problema que surgiria se aquilo caísse nos ouvidos de Tommy.  

O Allen pegou em sua cintura fina, apertando de leve, e foi como se isso a fizesse despertar. 

— Barry. – Se separou. – Não é certo.  

E então ele suspirou, vendo os olhos âmbar lacrimejados mais uma vez.  

— Eu sei. – Fechou os olhos, respirou fundo e então beijou sua testa, devagar, bem lentamente, fazendo-a fechar os olhos afim de sentir com mais intensidade aquele toque precioso. – Adeus, Laurel. 

— Adeus, Bar.  

E com as lágrimas descendo por seu rosto, se virou e seguiu para sua vida, que não era a que ela desejava e muito menos com quem ela desejava. 

  

**--** **--** 

  

Naquele momento, estava deitada, com um dos braços sobre os olhos, com a lembrança daquele delicioso beijo em sua mente. Não conseguia se esquecer daquele beijo. E Deus, como tinha sido bom. Havia sido maravilhoso, e a fez se lembrar de como se sentia quando estava nos braços daquele que ama. Sim, por mais que tivesse se passado tanto tempo, ainda o amava, e aquele sentimento a pouco adormecido, estava voltando com força total. E ela se lembrou...  

Se lembrou dos toques dele, se lembrou dos momentos deles, se lembrou dos beijos — ainda que fossem apenas os selinhos — os abraços carinhosos e especiais, o cuidado que ele sempre tinha para com ela. Eram poucos e bastante raros, mas mesmo assim, muito especiais.  

Ela sabia que não tinha sido fácil para ele deixá-la ir. Mais uma vez. Foi difícil para ambos. E por isso uma vontade de chorar lhe apossou. Ela precisava dele. Sabia que isso magoaria pessoas, inclusive Tommy e seus filhos, mas ela não conseguia parar de pensar no beijo que trocaram naquela tarde.  

Fechou os olhos e tocou os lábios, se lembrando mais uma vez, e rapidamente os abriu ao se lembrar de ambos seus filhos.  

Suspirou.  

Como era difícil.  

Seus filhos ou o homem que amava?  

Ela podia ter os dois?  

Olhou mais uma vez — naquele dia — para a aliança em seu dedo. Ela era linda e havia sido escolhida com muito carinho, e ainda assim, a deixava angustiada, porque não a merecia. E então, depois de alguns minutos a olhando, pegou a corrente de ouro que estava sobre a mesa de cabeceira e colocou a aliança, deixando-a ao seu lado, na mesa.  

Fechou os olhos novamente, lembrando-se da última lembrança boa que teve com Barry antes de terminarem de vez. 

  

Estavam deitados na cama de casal do quarto do apartamento do rapaz. Ela com a cabeça apoiada no peito dele. Eram um dos raros dias em que podiam ficar juntos, sem preocupação, sem a correria de ter de se encontrar com o noivo e ter de mentir sobre onde estava e com quem. Laurel queria que esses momentos fossem para sempre. E por isso fechou os olhos, aproveitando aquele momento, principalmente porque logo teria que voltar para seu "noivo".  

Ela queria tanto ter coragem para desfazer aquele noivado.  

Barry a olhou ao perceber que a amada estava pensativa, já imaginando o que seria. 

— Pensando em como seria se não precisasse voltar para seu "noivo"?  

A acastanhada suspirou antes abrir os olhos e apoiar o queixo no peito dele, ela o olhou. 

— Eu queria poder... desfazer tudo isso. Mas meus pais nunca vão me deixar fazer isso. Eles acham que isso... é para o meu bem. – Mordeu o lábio. — E eu tenho medo de... 

— Se rebelar? – Ele completou. – Estamos juntos a quase seis meses, Laurel. E eles não fazem a menor idéia disso. Isso não é rebelar? 

— É, eu sei que é, mas é diferente. – Com as unhas, começou passá-las no peito dele. – Eu não estou encarando isso. Estou traindo meu noivo, traindo a confiança dos meus pais... E estou traindo a mim mesma, porque eu nunca pensei que um dia, eu estaria traindo alguém.  

Ele passou uma das mãos nos cabelos dela.  

— E ele é uma boa pessoa, Barry. Não merece isso. 

— Quer terminar?  

Esentia o peito doer só de pensar nisso, mas entenderia, se fosse o que ela queria. 

— Não. – Fechou os olhos. – Eu não posso ficar longe de você.  

E o acastanhado sorriu.  

— Eu só... vou tomar coragem para dizer tudo aos meus pais e ao Tommy. 

— Vai?  

Ela sorriu, beijando levemente os lábios dele.  

— Vou. Está na hora de eu... – Respirou fundo. — De eu fazer o certo. Não quero magoar o Tommy mais do que já estou magoando, traí-lo mais do que já fiz...  

— Eu sei. Eu também não me sinto bem fazendo isso, mas...  

Ela compreendia.   

Ah, como compreendia.  

Eles tentaram se afastar, tentaram até não irem á lugares em que sabiam que o outro estaria. Mas foi impossível. Quando perceberam, estavam se amando de toda forma possível, sem conseguir resistir um ao outro. 

— Eu te amo demais.  

Ele beijou a testa dela, fazendo-a fechar os olhos.  

 Não quero ficar com você e com o Tommy ao mesmo tempo. Eu quero ser só sua. 

— E eu quero que seja só minha.  

Ela o beijou, pedindo passagem com a língua e foi prontamente atendida.  

— Eu te amo.  

Tomou seus lábios, trocando as posições rapidamente, se colocando por cima dela, tocando todos seu corpo, ouvindo o arfar de sua garota ao tocar seu colo exposto com a lingua, descendo vagarosamente enquanto uma das mãos apertava um dos seios. Ele gemeu quando ela abriu mais as pernas, e então segurou ambas, apertando-as com certa força, ao mesmo tempo em que tomava os lábios dela, de forma mais urgência e a adentrava por inteiro. 

  

Laurel abriu os olhos, sentindo-se ofegante, com as mãos ao peito, engolindo em seco, logo em seguida. Havia sido tão real, como se tivesse sentido tudo com intensidade, como se tivesse realmente sentido naquele momento, o toque, os beijos... 

Percebeu então que estava incomodada no meio das pernas. Respirou fundo. Tinha que se acalmar. Tinha que fazer com que aquela sensação — ainda que deliciosa — passasse.  

Laurel jogou as cobertas para o lado e praticamente correu para o banheiro. Precisava tomar um banho frio e rápido. Vestiu outra camisola depois de se acalmar debaixo do chuveiro e voltou para a cama, decidida a ir dormir.  

Mais leve, a acastanhada conseguiu dormir sem um peso no coração naquela noite. 

**--** 

Quase não acreditou quando despertou e percebeu que passava das 8h da manhã. Desde que começou a ter surtos de consciência e ter problemas em seu casamento, não conseguia ficar muito tempo na cama, dormir então, era ainda pior. Ainda assim, se preocupou porque sempre ajudava os filhos a se arrumar para ir a escola e por isso correu para o banho — que gostaria que fosse mais longo e relaxante — e se dirigiu até o quarto infantil de seus pequenos, se surpreendendo por não encontrá-los.  

Desceu, e encontrou ambos à mesa com o pai, já tomando o café-da-manhã caprichado que o mesmo havia feito. Desejou bom dia, beijou Lyon e Niki e então se sentou, pegando uma xícara para poder tomar um pouco de café, ainda que ele a deixasse ligada por algumas horas, e conseqüentemente, pensando besteiras — ou pelo menos era isso que sua mente a fazia pensar. 

— Você vai buscar as crianças na escola hoje? – Tommy perguntou de repente. 

— Eu só tenho uma reunião ás 10h, mas termino antes de 12h, então sim.  

O moreno assentiu, ao mesmo tempo em que os pequenos avisavam que iriam subir para escovar os dentes. 

— Laurel.  

Ela o olhou imediatamente.  

— Eu sei que tem alguma coisa errada com você. E sei que não quer falar sobre, mas... – Ouviu um pigarro da esposa, vendo-a seguir até o outro lado da ilha, mas ainda assim continuou. – Mesmo que as coisas entre nós não esteja... como antes... você pode contar comigo. 

— Eu estou bem.  

Ele se levantou e caminhou até ela. 

— Eu sei que não.  

Ela não se virou, por isso fez com que seus olhos se encontrarem.  

— E eu posso imaginar o porquê.  

E então a mulher se assustou.  

— Do que está falando? 

— Cadê sua aliança?  

No mesmo instante a acastanhada desviou os olhos para o dedo onde deveria estar o anel de casamento, e suspirando, ela retirou a correntinha de dentro da blusa, mostrando a dita cuja.  

— Entendi. 

— Eu só... Podemos falar sobre isso outra hora? 

— E vai ter? – Perguntou sem se preocupar com a forma na qual sua voz saiu. – Vai ter outra hora? Estou tentando fazer você falar. Estou tentando conversar com você á semanas. Mas você sempre foge de mim. 

— Me desculpa. – Era tudo que tinha para dizer em um momento como aquele. – Eu tenho que ir.  

E então deixou o marido sozinho, que suspirou longamente, chateado e extremamente cansado. Já não suportava mais aquela situação e menos ainda quando a esposa parecia cada vez mais distante de si. E ele tinha uma idéia do porquê, e até mesmo conseguia entender. Assim como ela, ele não a amava, sentia um carinho especial, mas amor, ele só sentir por uma pessoa, sua antiga namorada, a que não via desde que soube do noivado que seu pai arranjou para si. Ainda assim, havia se acostumado com a vida ao lado de Laurel, e havia se apaixonado por aquele jeitinho dela. Mas de repente, tudo ruiu. E infelizmente, ele tinha uma idéia do quê havia acontecido para que seu casamento se ruísse daquela forma. 

**--** **--** 

Laurel entrou em sua sala, jogou o casaco em cima do sofá bonito e branco do outro lado do cômodo e se dirigiu até sua mesa. Sentou-se, e tentou relaxar, encostada contra o encosto da cadeira giratória. Em sua mente, ainda havia uma preocupação. E dessa vez era a conversa que havia tido com seu marido, a conversa na qual repetia e repetia em sua mente, deixando-a angustiada. Ela não sabia como havia conseguido suportar aquela reunião de algumas horas atrás, principalmente quando a mente estava cheia e a culpa era de seus sentimentos, em especial com relação a seu marido. E tudo que conseguia pensar era em: eu deveria ter dito.  

Era isso que ela repetia a si mesma.  

Ela deveria ter tido coragem e dito: quero o divórcio.  

Mas ela era uma covarde. E ao mesmo tempo, egoísta. Estava pensando em si mesma, estava pensando em seus sentimentos, estava pensando no que resultaria em sua decisão de se divorciar, após seis anos de casamento, estava pensando, em especial, em como ficaria a cabeça de seus pequeninos, e ainda assim, não conseguia deixar de pensar que o melhor era se afastar de uma vez por todas de Tommy, porque não queria vê-lo sofrer mais do que ele já estava sofrendo e ao mesmo tempo, gostaria de ser livre para ser feliz com quem verdadeiramente amava. 

Suspirou.  

Olhou no relógio em formato de baú que estava em cima da mesa, surpresa por já ser a hora de buscar os filhos. 

Enquanto dirigia até lá, novamente teve uma lembrança de alguns anos atrás entrando em sua mente sem permissão. E essa...  

Essa ela odiava.  

Foi o pior dia, o mais doloroso, o mais destruidor, e lembrava-se como se fosse no dia anterior, de como chorou.  

  

Laurel chorava tanto que não conseguia dizer uma palavra. Barry, que estava perto, esperava pacientemente que ela se acalmasse e finalmente dissesse o porquê daquele desespero. Quando sua chegou ao seu apartamento, ficou feliz, mas por outro lado, se sentiu extremamente preocupado. Era raro ver sua namorada chorando, mais ainda vê-la em m estado de desespero tão forte que ela mal conseguiu se mexer. Ele apenas a levou para a sala, sentou-se ao lado dela e esperou. E naquele momento ela se encontrava com a cabeça deitada nas pernas dele. Soluçando.  

A última vez que Barry tinha visto a amada chorar havia sido á alguns dias. Ela reclamava de como tinha sido burra ao ter aceitado o convite de Tommy para ir jantar. De como havia sido burra em aceitar da bebida oferecida por ele, acabando por beber demais do vinho — mais do que havia percebido. Ambos estavam bêbados quando decidiram ir para a casa do Merlyn. E ela se arrependeu no dia seguinte ao se ver ao lado do rapaz, em sua cama. Se controlou para não enlouquecer quando acordou ao lado do "noivo", completamente nua. Ela contou ao Barry. Contou tudo que se lembrava. Tinha sido uma única vez e ainda se arrependia completamente. 

E ali estava ela chorando novamente, e o acastanhado se perguntava qual era o motivo daquela vez. 

— Você está mais calma?  

Passou uma das mãos no rosto dela quando ela se sentou.  

— Não.  

As lágrimas continuavam a descer.  

— Laurel, o que aconteceu? 

— Eu sabia que tinha sido um erro, e ainda assim, estava disposta a desistir de tudo. Mas agora... Agora eu não posso dar para trás. 

— Do que está falando, querida? – Arqueou as sobrancelhas, confuso. 

— Barry, eu estou grávida. 

— O que?  

Ela colocou ambas as mãos no rosto, desesperada.  

— E é do Tommy.  

Ele se levantou, e por ver o momento do acontecido, chorou mais ainda.  

— Desculpa. 

— Você tem certeza que é dele?  

Ela assentiu. 

— De acordo com o que a médica disse... Sim, eu tenho.  

Ele bagunçou os cabelos.  

— Era para eu falar com meus pais esse final de semana... E eu estraguei tudo.  

Seus olhos se encontraram.  

— Já contou a ele? 

— Não. Eu precisava falar com você antes. – Limpou as lágrimas que desciam pelo seu rosto. – Você sabe que isso... Isso muda tudo, não é? 

— Sei. – Suspirou. – Eu sei.  

Ela mordeu o lábio, impedindo-se de voltar a chorar, ainda que as lágrimas continuassem a descer por seu rosto pálido.  

— Agora você vai se casar com Tommy. – Diz, chateado, mas ainda assim, compreendendo-a. 

— Essa criança não tem culpa de nada, eu não posso... 

— Eu entendo, Laurel. – A interrompeu. – É o certo a se fazer. – Desviou os olhos. 

— É mesmo?  

Ele voltou os olhos para ela.  

— Vamos sacrificar "nós". Nosso namoro. 

— Mas você não vai escolher ficar comigo.  

Ela abaixou os olhos, não podendo de forma alguma, retrucar. 

— É difícil para você. Você não quer..., mas você não vai conseguir dizer sobre "nós" para seus pais. Você vai se casar com Tommy. – Repetiu, amargo. 

— Eu "preciso" me casar com Tommy.  

Ele assentiu, ainda que muito triste.  

— Pelo bebê. 

— E eu entendo.  

Ela deu dois passos para frente, chegando até ele.  

— Eu te amo, Barry. E acho que nunca vou deixar de amar. 

— Eu também amo você. Mas agora... Agora você vai precisar voltar a amar o Tommy.  

E aquelas palavras doeu tanto nele quanto nela. 

— Isso não vai acontecer. 

— Talvez não.  

Os olhos dela voltaram a lacrimejar.  

— Queria que não tivesse que ser assim. 

— Eu também. Mas é o certo, Laurel. 

— Eu sei.  

Ele pegou no rosto dela com ambas as mãos e ela chora baixinho, fechando os olhos.  

— Eu não consigo dizer. 

— Tudo bem. – Beijou a testa dela. – Eu digo.  

Ela engoliu uma bola que vinha subindo pela garganta.  

— Laurel..., está tudo terminado entre nós.  

E a acastanhada chorou, e ele, bom, ele tinha os olhos lacrimejados e vermelhos, mas as lágrimas, ele não deixou que descesse, pelo menos não ainda, pela mulher que amava. Ela beijou os lábios dele pela última vez, e ele não conseguiu deixar de corresponder. Sentiria falta de tudo nela, principalmente os lábios.  

Se afastou devagar, dando passos para trás. E então Laurel pegou a bolsa e deixou o apartamento em desespero. Sentiria muitas saudades dele e por isso e por amá-lo tanto...  

Sentia aquela dor dilacerante. 

  

Laurel parou em frente ao colégio, balançou a cabeça e então respirou fundo. Não era hora de se lembrar daquela despedida, não dia de ficar remoendo o passado. Respirou fundo mais uma vez ao sentir a garganta fechar, se impedindo de chorar ao se lembrar do rompimento doloroso, e então, após sentir que estava preparada, desceu do carro e o travou antes de seguir para longe do automóvel. Caminhou até a porta e percebeu que ainda faltavam 10min para que seus filhos fossem liberados.  

O caminho do trabalho até a escola, foi todinho se lembrando do passado. Mais especificamente de Barry. Se antes, já era difícil se esquecer dos momentos que teve com ele — ainda que errados, por ser comprometida — agora, que havia reencontrado o amado, estava ainda mais difícil de esquecer e seguir em frente. Queria vê-lo mais uma vez. Era errado? Provavelmente. Mas ela precisava.  

E como se o destino estivesse o lado deles, ela o vê — surpreendentemente — com uma criança, saindo de dentro da escola. Ela não conseguia entender o que ele fazia ali. Mas ainda assim, reconheceu a pequena menininha ao seu lado. E como se ele tivesse sentido ela a alguns passos dele, assim que tirou os olhos da falante e alegre criança, os olhos dele encontraram os dela. 

— Oi, tia Laurel.  

A garotinha lhe sorriu. 

— Oi, Olivia. – Sorriu e voltou seus olhos para Barry. – Você está de babá hoje? 

— Felicity pediu para que eu pegasse a Liv e a deixasse com ela. Ela não tinha com quem deixar os gêmeos para vir buscá-la e Oliver está em reunião.  

A acastanhada assentiu.  

— E como você está? 

— Bem.  

Ele arqueou as sobrancelhas.  

— Eu não...  

E ele compreendeu, ainda que a Merlyn tivesse se interrompido propositalmente. Ela não podia falar ali, naquele momento, menos ainda na presença de Olivia.  

— Entendi. Bom, eu tenho que levar essa pequena para a mãe.  

Ela assentiu.  

— Tudo bem.  

Ainda que fosse errado, principalmente após o beijo do dia anterior, ele beijou o rosto corado e se virou, mas não sem antes de ver Olivia lhe dar um tchauzinho para a “tia”. E então Laurel mordeu o lábio, vendo-o se afastar cada vez mais, sentindo um incomodo gritante, e apenas por não conseguir conter-se, principalmente porque precisava muito falar com ele, o chamou 

— Barry. – O viu se virar novamente, olhando em seus olhos. – Pode me encontrar em uma hora? 

— Onde? 

**--** **--** 

Eles se beijavam como se nada mais no mundo fosse importante, tentando suprir aquela saudade imensa que sentiam um do outro. Laurel puxava os cabelos castanhos enquanto ele a prensava na parede do quarto principal da casa do rapaz. Ela queria conversar e sabia que não teriam privacidade em outro lugar, e por isso aceitou ir a casa dele, o que foi um grande erro. Apartir do momento em que entraram, os lábios deles se encontraram de forma urgente. Barry tirou a blusa dela com rapidez, ouvindo-a arfar logo que passou a beijar seu pescoço, descendo pelo colo, dando uma leve mordida antes de voltar para os lábios avermelhados que ele tanto sentiu falta.  

A antiga Lance o empurrou até o sofá, fazendo-o se sentar, sentando logo em seguida, por cima, sem parar o beijo, sem parar de tocar os cabelos castanhos com os dedos. O Allen apertou as coxas grossas que estavam tampadas pela calça capri, e ainda que não sentisse a pele perfeita, não se impedia de tocar, apertar e puxá-las para mais perto de seu corpo, colando mais e mais um no outro. 

— Não íamos... conversar? – Ele consegue perguntar em meio ao beijo.  

E então Laurel voltou à realidade, dando um longo suspiro, sentando-se ao lado do amado.  

— Quer conversar?  

Ela sabia que para ele deve estar sendo bem difícil se segurar, provavelmente mais que para ela. Ou talvez tanto quanto.  

— Tommy disse que sabe que tem algo errado. – Soltou de uma vez. – Ele sabe. Mas eu fugi. 

— Talvez ele não saiba, realmente. 

— Não acho. – O olhou. – Eu não sei o que eu faço, Barry. 

— Queria poder lhe dizer o que fazer, mas... – Balançou a cabeça. – Eu diria para você pedir o divórcio. E eu sei que isso não seria justo. 

— Eu sou uma covarde.  

Ele suspirou. 

— Laurel..., você tem o poder de decidir o que quer. – Se levantou se colocando a frente dela. – Você quer continuar casada? Quer pedir o divórcio? Decida. Faça o que seu coração mandar.  

Ela segurou no sofá com ambas as mãos.  

— E se eu não souber o que meu coração quer? 

— Isso eu sei que você sabe. Seu coração sabe o que quer. Você não estaria aqui comigo se não soubesse. Não teríamos nos beijado e quase passado dos beijos... se você não soubesse.  

E claro que ela jamais poderia negar que ele estava certo. 

— Você só não tem coragem de fazer o que seu coração manda. 

— É. Eu não consigo decidir. – Ela passou ambas as mãos nos cabelos. – Eu sempre penso em como será, quando eu fizer o que meu coração manda, entende?  

Ele assentiu, realmente compreendendo-a, principalmente porque ela tinha dois filhos. 

— Como será a vida dos meus filhos? 

— Vai mudar. Se decidir pelo divórcio, eles vão passar por um momento difícil, mas terá ambos os pais ao lado deles para ajudar com a passagem desse momento. 

— Eu não... 

— A vida é feita de escolhas, Laurel.  

— Eu sei. – Sorriu fraco. – E sei também exatamente do que preciso, mas...  

Ficaram em silêncio por alguns minutos, um deles extremamente pensativo, tentando criar a coragem que precisava para fazer o que era necessário, pelo bem dela, que estava se destruindo e conseqüentemente destruindo um homem bom que não merecia tristeza alguma, muito menos outra traição.  

A acastanhada respirou fundo e se levantou.  

— Eu sou uma covarde. — Repetiu, chateada consigo mesma.  

Barry se aproximou, e com o dedo polegar e o dedo ao lado, pegou no queixo dela, fazendo com que ela o olhasse nos olhos. 

— Laurel. – Os olhos verdes e os âmbar se encontraram. – Eu te amo.  

Ela mordeu o lábio, sentindo seu coração dar vários pulos rápidos, seu estômago parecia ter borboletas, de forma que parecia uma adolescente, que ouvia pela primeira vez, o eu te amo do homem que ama. E então ela sorriu e sem pensar mais nada, o beijou. E ainda que a situação não fosse das melhores, o acastanhado correspondeu na mesma hora, trazendo o corpo dela para mais perto, apertando sua cintura. 

Laurel o amava. Sempre o amou. E ele sentia-se da mesma forma com relação a ela. 

— Eu sei o que tenho que fazer. – Sussurro, vendo-o sorrir ladino. 

**--** **--** 

Aquela decisão havia sido a melhor que havia tomado em toda sua vida, ainda que admitisse que não se arrependia em ter conhecido o rapaz que seus pais escolheram para ser seu marido. Depois de anos, atormentada, chateada, sentindo-se infeliz mesmo com a família linda que tinha, pela primeira vez ela sentia-se leve e feliz. Era como se aquela decisão fosse o necessário para poder voltar a ser aquela Laurel animada e cheia de vida. Aquela que havia se encontrado — ainda que tivesse sido no começo da relação com Tommy, por estar tão furiosa com os pais. E era tão bom. E esse era o motivo de estar tão apressada em chegar em casa e conversar de uma vez por todas com seu marido, ainda que soubesse que se envergonharia por contar certos segredos que preferia deixar guardado para sempre, mas que sabia que o homem com quem se casou e que fez de tudo para vê-la feliz merecia a verdade. Merecia que ela, a esposa, o deixasse livre para ser feliz com alguém que o amaria da mesma forma que ela amava Barry, ou até mesmo com mais intensidade. 

Respirou fundo ao chegar em casa e então adentrou, encontrando-o assistindo TV sozinho, imaginando que seus pequenos estivessem no quarto de brinquedos a poucos passos de onde estavam naquele momento. 

— Podemos conversar? 

Seus olhos se encontraram. 

— Claro.  

Ela suspirou e entrou no quarto que ele dormia desde o começo do ano, vendo-o desligar a TV sem deixar de olhar em seus olhos. 

— Eu sei que estive fugindo..., mas eu preciso fazer isso. – Soltou. – Eu tenho me lembrado de coisas do passado, coisas que eu não deveria ter escondido. De você.  

Ele arqueou as sobrancelhas, curioso e um pouco surpreso.  

— Quando meus pais decidiram que eu me casaria, eu odiei. Eu pedi, chorei, implorei..., mesmo assim, não mudaram de idéia.  

— Eu me lembro disso.  

— Mas eu me apaixonei por você. Eu amei você, de verdade, Tommy. – Mordeu o lábio, nervosa, sentindo-se mau com o que contaria. – Bom, até cinco meses e meio antes de eu descobrir estar grávida.  

— O que está querendo dizer? 

— Eu estive com uma pessoa.  

E Tommy se levantou da cama totalmente surpreso.  

— Fui errada, fui covarde, fui até mesmo um pouco cruel, eu sei disso e você pode me odiar. 

— Quase seis meses?  

Ela assentiu.  

— Você mentiu e me traiu por quase seis meses, Laurel? 

— Eu... – Tocou o pescoço com uma das mãos, sentindo-se nervosa e envergonhada, mas ainda assim, era o certo a se fazer. – Dormimos juntos uma vez. Uma. – O olhou. – E isso resultou nos gêmeos. E esse foi o motivo de eu ter me casado. 

— Eles são meus? 

— São. Claro que são. Eu não mentiria sobre isso para você.  

Ele se virou, bagunçando os cabelos.  

— Você tem o direito de desconfiar, afinal, eu te traí... Eu sei que eu fui uma... vadia. – Era difícil chamar a si mesma de vadia, mas infelizmente era exatamente isso que havia sido. – Mas eu o amava, muito, como nunca amei ninguém na vida. E fui uma covarde em não ir contra os meus pais. Eu ia terminar tudo, juro, mas então... Eu descobri estar grávida. E decidi terminar tudo com o Barry.  

Sem perceber, acabou dizendo o nome do homem que amava. 

— Barry. Barry Allen? – Deu uma risada anasalada. – Claro. O melhor amigo. Deveria ter sabido. – Murmurou a última frase. 

— Sei que vai me odiar e não te culpo por isso. 

— Por que está me dizendo isso agora, Laurel? 

— Porque, Tommy, eu quero o divórcio.  

Ele não estava surpreso. Não. Por meses, ele estava esperando que a "esposa" dissesse aquela frase de uma vez por todas, para se libertar, e claro, libertar a ele, que estava sofrendo com tudo que estava acontecendo. Sabia que ela não estava feliz, e bom, nem ele mesmo estava. 

— Bom, se era só isso... – Começou. – Eu vou te dar o divórcio.  

E então caminhou porta a fora, decepcionado, chateado, entristecido. Ele também já amou alguém, muito mais do que um dia amou Laurel, mas trair? Ele nunca o fez, ainda que fosse tentador, principalmente depois de descobrir o endereço da amada por acaso em uma das conversas que havia tido com Felicity, que havia — surpreendentemente — se tornado amiga da mulher. Mas não era certo nem com quem amava e muito menos com Laurel.  

Bom, ela não pensou igual pelo jeito. 

— Tommy?  

Ele a olhou de soslaio, já do outro lado da porta.  

— E os gêmeos? 

— Apesar de eu estar muito magoado com o que fez, Laurel, eu nunca seria capaz de tirar eles de você. Por isso... vamos revezar os dias. Conversamos sobre isso depois. Vou ligar para o meu advogado.  

E então saiu do quarto, deixando Laurel sozinha, acreditando fielmente que havia perdido para sempre a amizade de Thomas Merlyn. E se isso acontecesse, ela não o julgaria, afinal, ela era a errada, e merecia qualquer sentimento ruim que ele pudesse sentir por ela. 

**-- ** 

Mesmo após a conversa tensa e sincera que havia tido com seu marido, mesmo após ver a decepção em seus olhos verdes, ainda assim se sentia muito mais leve. Era como se todo o peso que sentia em suas costas, principalmente por guardar aquele segredo, a deixasse finalmente em paz. E paz, era o que ela menos tinha desde que começou a ter surtos de consciência, e pior, se lembrar mais e mais de seu verdadeiro amor e sentir-se uma traidora por estar tentada a deixar Tommy para sempre, ainda que isso fosse trazer conseqüências para seus filhos, que sentiriam o baque por terem seus pais separados. E era por sentir-se finalmente a paz que tanto desejava, sentir-se leve e feliz, que não se arrependia de ter sido sincera com seu marido, por mais que isso o machucasse profundamente, e isso era a única coisa que se arrependia. Ter machucado um homem bom e que não merecia uma traição. 

Ainda que soubesse que deveria esperar pelo menos um pouquinho para poder agir, ainda assim, no dia seguinte, após levar seus pequenos, se encontrou com o homem de sua vida, contando sobre sua conversa com seu marido — em breve ex-marido — e que estava disposta em finalmente seguir sua vida com ele, seus pais apoiando-a ou não. A única coisa que a preocupava era a reação dos gêmeos, e havia dito isso a Barry, que tentou tranqüilizá-la, por mais que soubesse que não seria nada fácil fazê-los compreender a separação dos pais e o novo romance da mãe.  

É, ele já estava preparado para possíveis encontros secretos — pelo menos até que os pequenos estivessem prontos.  

Pelo menos foi o que imaginou, até que se surpreendeu, alguns dias depois, com a revelação de que sua garota havia contado sobre o divórcio e sobre o verdadeiro homem que amava para os gêmeos. 

— Você é maluco. – Diz rindo. – Sabe, eu ainda não me divorciei. Não deveria me beijar aqui. No Belly Burger. 

— Está para sair. – Sorriu, se afastando da amada. – Mas eu vou parar.  

E foi a vez dela em sorrir. Desde que disse tudo ao “marido” estava mais leve. Sentia-se feliz, como não se sentia há algum tempo, e além de tudo... sentia-se quase livre.  

— Podemos esperar até que eu o assine.  

Eles tinham concordado que não teriam nenhum envolvimento mais do que uma amizade — pelo menos por enquanto —, o que queria dizer nada de beijos ou qualquer outra coisa antes do divórcio sair.  

Eles já tinham feito isso antes? Sim. Mas não é por isso que deveriam repetir a história. Repetir o erro. E mais que tudo, era mais em Tommy que Laurel pensava quando decidiu por aquela decisão. 

— Então, você quer ir onde, agora?  

— Hum... Preciso voltar para casa antes das 17h, então, podemos passar na sorveteria antes de eu ir?  

— Onde quiser. – Se levantou. – Eu vou pagar e já volto. 

Laurel decidiu por esperá-lo do lado de fora do estabelecimento, colocando o próprio casaco, já que o tempo naquele dia estava mais frio que o de costume. Mas já era esperado já que o inverno chegava. Logo sentiu sua mão ser pega pela do “namorado” e então caminharam lado a lado, conversando sobre ela e Tommy ter contado aos filhos sobre a separação. Foi difícil, eles eram pequenos e o — antigo — casal teve que explicar várias vezes para que compreendessem o que aquilo queria dizer.  

Seu garotinho, Lyon, foi o que mais se chateou. Ficou emburrado e se trancou no quarto por algumas boas horas, e os pais decidiram lhe dar um tempo. E foi então, que naquele mesmo dia, quase na hora do jantar, se surpreendeu, quando o viu adentrar no seu quarto. As primeira palavras foi apenas “podemos conversar?”, e então, a surpresa. 

Mamãe, isso vai mesmo te deixar feliz?  

Por um momento, até um pouco longo em sua opinião, ficou apenas olhando-o, surpresa demais para responder logo após o questionamento, mas então respondeu que ela e Tommy não mais se amavam, que eram apenas amigos. E ele respondeu:  

Então tudo bem, mamãe. Quero você e o papai felizes.  

E apenas aquelas palavras a deixou tão feliz, principalmente porque estava com tanto medo de ele passar a odiá-la de alguma forma, e mais, fazê-lo se afastar completamente de si e preferir morar com o pai. 

— Ele é bastante esperto. – Comentou com a namorada que deu um sorriso. 

— Não é? Eu me surpreendi tanto ao ouvir aquilo do meu bebê. Ele tem apenas seis aninhos. – Gesticulou com a mão livre. – Mas, eu fiquei muito aliviada também. Ele não me odiou, entende?  

— Claro que não. Ninguém conseguiria odiar Laurel Lance. 

— Tommy consegue. – Suspirou. – Ele está me evitando, mal olha nos meus olhos, não diz uma palavra direcionada a mim. E eu mereço isso. 

— É só por um tempo, Laurel. Eu sei que ele apenas está... decepcionado. Foi uma surpresa para ele descobrir tudo que ele descobriu.  

Ela assentiu, pedindo que fosse assim.  

— Na verdade, eu pensei que ele viria atrás de mim para me esmurrar.  

Ela riu parando de andar se virando para olhar em seus olhos esverdeados.  

— Mas estou a salvo, pelo menos por enquanto. 

— Não seja bobo. – O abraçou, por minutos, que pareceram, para eles, eterno. – Tommy não faria isso. E nem fará. Ele não é desse feitio, não mais, pelo menos. 

— Estou feliz por isso.  

E a acastanhada riu mais uma vez.  

— Eu gosto da sua risada. 

— Era algo que eu não fazia mais, apenas com meus filhos.  

— Não sabe o quanto estou com vontade de te beijar agora. – Sussurrou. 

— Não mais que eu. – Respondeu no mesmo tom.  

— É melhor voltarmos a andar. 

E ela concordou completamente, deixando de abraçá-lo ou mesmo de pegar em sua mão, andando ao seu lado, tendo apenas o roçar de seu braço no dele. 

**--** 

Quando Laurel recebeu a ligação de que estavam esperando por ela em uma hora, no fórum, ela quase não acreditou. Ela realmente não pensou que fosse ser tão rápido, principalmente porque ela não havia conversado com o “marido” sobre as crianças e como ficariam dali por diante. Ainda assim, correu para o banho, vestiu-se adequadamente — um vestido leve e soltinho azul-royal e sapatos na mesma cor de salto alto — e então seguiu para o fórum após adentrar seu carro, já se preparando psicologicamente para o que viria a seguir, porque sabia que encontraria Tommy e conseqüentemente temia que houvesse alguma discussão. 

O que a surpreendeu completamente naqueles dias em que se passaram, foi saber que Thomas não havia contado sobre sua traição a ninguém, nem mesmo ao melhor amigo, que com toda a certeza ficaria extremamente chateado e lhe cobraria explicações, principalmente por ter escondido toda aquela história por tantos anos. E era por saber disso que não havia contado nada a Felicity, por mais que ela tivesse descoberto um tempo depois, sozinha.  

Temia até que seu amigo loiro descobrisse e se chateasse com a esposa. Só de pensar naquela possibilidade, já sentia o corpo todo se arrepiar.  

Quando chegou ao fórum, um sorriso apareceu em seus lábios, sentindo-se um pouco nervosa por finalmente conseguir o que queria. Ainda que estivesse chateada consigo mesma por tudo que fez Tommy passar, sentia-se finalmente a liberdade chegar. Poderia seguir em frente.  

Seguir em frente, repetiu para si mesma, sorrindo ainda mais aberto. 

Ela não precisaria mais esperar para sair com Barry de mãos dadas pela rua, não mais precisaria se conter para beijá-lo. Ou para fazer mais do que só beijá-lo.  

Estar diante de Tommuy e ver aqueles olhos esverdeados tão entristecidos, era tão difícil, principalmente porque ela era a causadora, e por mais feliz que estivesse se sentindo por conseguir sua liberdade, não conseguia deixar de sentir-se um pouco triste por ter feito o que fez com aquele que fez tudo e um pouco mais por ela. Em especial a tratar de forma especial, de forma que nunca havia sido tratada.  

Bom, antes de conhecer Barry, claro. 

— Vocês têm certeza dessa decisão?  

Ambos trocam um olhar.  

— Tenho. – Dizem ao mesmo tempo. 

— Então, assinem aqui... e rubriquem aqui. – Mostrou no papel, entregando a um e depois a outro, vendo ambos fazerem como instruído.  

Laurel largou a caneta em cima do papel e então o levou — com dois dedos da mão direita — até o centro da mesa.  

— Então, a partir de agora, vocês estão divorciados.  

Olham de um para o outro.  

— Com licença. 

— Você está mais leve.  

Se surpreendeu ao ouvir a voz de seu — agora — ex-marido, mas não por ele ter percebido como se sentia muito melhor desde que havia decidido pelo divórcio

— Estou. – Cruzou as pernas, segurando as mãos uma na outra, mordendo o lábio enquanto o olhava nos olhos. – Eu sinto muito, mesmo, por tudo que eu fiz, por ter te... Eu jamais quis fazer você sofrer. Eu te amei de verdade, Tommy, mas... 

— Mas não como você amou o outro.  

Ela assentiu sentindo os olhos marejarem. 

— Eu sinto muito. Mesmo. – Repete. 

— Eu sei. – Suspirou.  

Não era necessário ela dizer aquelas palavras, porque ele havia percebido o quanto ela estava arrependida por ter machucado ele, por ter o traído, por ter escondido por tantos anos aquele segredo. Era impossível não perceber. Os olhos dela sempre foram... cristalinos. Ele sempre sabia quando ela dizia a verdade.  

— Eu sei, mas eu ainda preciso... 

— Eu sei. – O interrompeu. – Você tem o tempo que precisar... para descobrir se um dia vai me perdoar. – O viu balançar a cabeça. – Os gêmeos ficam com você essa semana. 

— Eu não te odeio, Laurel.  

Ela o olhou, totalmente surpresa.  

— Eu só estou muito decepcionado. 

— Eu compreendo.  

O Merlyn deu um longo suspiro, vendo-a se levantar para deixá-lo naquela sala sozinho. 

— Eu vou precisar fazer uma viagem no fim de semana, então as crianças ficam com você. 

Ainda que soubesse que não tinha mais o direito de questionar, ainda assim o fez. 

— De trabalho? 

— Não, eu preciso resolver um problema. – Suspirou. – Eu pretendo voltar antes do próximo final de semana, mas, eu não sei como vão ser as coisas em Central City. 

— As crianças já sabem? 

— Sim, só não o motivo. – Murmurou para si mesmo. – Ainda que tenham a ver com elas também. 

— Como assim? 

Um novo suspiro. 

— Ao que parece eles têm irmãos. 

A mulher arregalou os olhos enquanto o ex-marido bagunçava os cabelos. 

— Eu vou falar com eles quando eu voltar, então... 

E tudo que a acastanhada fez foi balançar a cabeça, compreendendo antes mesmo de ele completar a frase; ela sabia que ele queria ele mesmo contar e por isso ela deixaria aquela história de lado, afinal, não tinha nada a ver com ela, ainda que tivesse a ver com os filhos dela, então, por saber que Tommy jamais magoaria Lyon e Nichole, ela deixaria que ele resolvesse aquela história completamente maluca com seus pequenos sozinho, a não ser que ele voltasse pedindo por ajuda. 

— Boa sorte. – Diz antes de deixá-lo finalmente e correr para o homem que amava, aproveitando que naquele dia seus gêmeos seriam totalmente de seu ex-marido. 

**--** **--** 

Laurel o beijou assim que ele abriu a porta, deixando totalmente confuso, ainda que tivesse correspondido. Haviam feito um acordo, e por isso não conseguia compreender o que ela estava fazendo ali e mais que isso, beijando-o. Mas era impossível resistir àqueles lábios. Puxou sua cintura, empurrando com força, com uma das mãos, a porta, e a prensou nela, passado as mãos por debaixo do cropped na cor vinho, na qual ele nem mesmo conseguiu identificar por ter sido pego de surpresa logo que abriu a porta. 

A acastanhada se afastou apenas para retirar a camisa que ele usava e voltou a tomar aqueles lábios que ela tanto ansiou por uma semana. Sentindo as mãos dele por todo seu corpo, incluindo as coxas, por baixo de sua saia um pouco curta demais. 

Havia se trocado no instante em que saiu do fórum. Loucura ou não, queria ficar mais sexy ao se encontrar com o homem que amava, e por isso se trocou dentro de seu carro, no estacionamento do fórum, seguindo diretamente para aquela casa que lhe trazia tantas lembranças. 

Barry passou os braços por debaixo das pernas grossas, fazendo com que elas abraçassem sua cintura, e então sentiu sua garota puxar seus cabelos com certa força quando mordeu seus lábios carnudos e avermelhados. Caminhou com ela até o sofá, ainda a beijando e deitou-se com ela por baixo, conseguindo com a ajuda dela, tirar a saia curta. 

As mãos dela foram parar no cós da calça dele e então ele a olhou nos olhos finalmente. 

— Não tínhamos... – Respirando ofegante, ele se interrompeu. – Que esperar? 

— Não precisamos. Não mais. – Sorriu, ainda ofegante por conta do beijo urgente e delicioso de apouco. – Eu assinei os papeis hoje. Estou livre.  

E então ele sorriu, voltando a beijá-la logo em seguida, de forma ainda mais urgente que antes, até mesmo um pouco selvagem, sentindo a língua tocar a sua, as mãos tocar suas costas junto das unhas que lhe davam arrepios deliciosos. 

Era hora de seguir em frente.  

Tudo o que passou e fez nos últimos anos, os erros, principalmente, serão esquecidos.  

Era hora de seguir em frente.  

E ela tinha certeza de uma coisa.  

Sorriu. 

— Barry.  

Ele a olhou nos olhos.  

— Eu te amo. 

— Eu também te amo, Laurel. 

 


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Notas finais do capítulo

Atualizado!
Agora está ainda melhor que antes, mores.
Dei uma organizada na história, betei e agora a escrita está ainda melhor.
Espero que tenham gostado
Esperarei por seus comentários, hein?
Kissus



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