Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 9
Capítulo 9 - Broken Heart (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Here we go again! Tudo bem? Eu me empolguei um pouquinho demais com esse capítulo e acabou que foi muito divertido escreve-lo. Espero que vocês também gostem de lê-lo!

~~ Boa leitura ♥



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 Adrien

 Paris estava imersa em um silêncio claustrofóbico; o ar estava pesado, e isso não tinha nada a ver com a chuva que ameaçava desabar a qualquer segundo. Tudo estava quieto e sombrio demais, e a cada segundo que passava Chat ficava mais e mais ansioso.

 Nada, nem mesmo um sinal do tal akuma. Não era de se surpreender, Tikki havia dito que esse akuma queria apenas sugar o amor do corpo das pessoas, deixando elas caídas e completamente sem emoções para trás.

 Chat se perguntou se ele realmente tinha tido todo esse efeito sobre ela. Seus sentimentos sobre ele eram realmente verdadeiros, sendo assim ela estava sofrendo tanto quanto ele. Mas, por que Marinette? Adrien também estava com o coração quebrado, então porque ela foi akumatizada? Ele podia ter sido akumatizado em seu lugar, sem grandes problemas.

 Chat suspirou, olhando em todas as direções, em busca de qualquer sinal do akuma. As ruas estavam completamente vazias, assim como sempre ficavam quando um akuma aparecia. As pessoas já deveriam estar sabendo e bem, quem pode já deveria estar escondido.

 Ele gemeu em aborrecimento quando uma gota da água caiu na sua cabeça. O loiro olhou para o céu e na mesma hora um relâmpago iluminou toda a cidade, seguido de um grande tremor. Chat encolheu os ombros quando mais gotas da água começaram a cair simultaneamente.

 A chuva tinha começado e ele ainda não tinha achado Marinette em lugar nenhum.

 Basicamente, hoje era um dia em que tudo parecia dar errado.

 — Parece que a sorte não está do nosso lado... — Chat resmungou para o kwami que estava logo atrás dele.

 Tikki havia decidido que deveria estar ao lado de Marinette quando ela voltasse ao normal, isso pouparia tempo. Chat não podia deixar de se sentir surpreso com o amor e carinho que que esse kwami sente por Marinette. Ambas pareciam tão próximas.

 — A chuva vai ser um desafio a mais... — Ela disse, se aproximando mais de Chat — Mas ainda não podemos desistir! — Chat acenou firmemente e voltou sua atenção para as ruas. Ele saltou para o próximo telhado, se certificando que nem mesmo uma rua passaria despercebida.

 De repente sua audição aguçada de gato permitiu que ele ouvisse um estrondo longe dali. Chat se virou naquela direção com os olhos brilhando de esperança; as gotas da água já caiam freneticamente no chão, dificultando que Chat pudesse ouvir alguma coisa além do baque rítmico. Não demorou muito para a água encharcar o seu cabelo, fazendo-o grudar em seu rosto e nuca. Chat agradeceu silenciosamente pelo terno impedir que a água chegasse ao seu corpo, caso o contrário ele poderia ficar doente.

 — Você ouviu isso...? — Ele perguntou, querendo ter uma segunda opinião. Infelizmente Tikki balançou a cabeça negativamente. Ele tentou se concentrar, para ver se ouvia outro barulho.

 — Você pode ouvir as coisas melhor do eu — Ela disse.

 Chat pulou pelos telhados, correndo na direção que julgava ser a certa. Novamente, como se para confirmar, ele pode ouvir outro estrondo, dessa vez mais alto do que antes. Chat se animou, sentindo seu coração pular uma batida.

 Tinha que ser ela.

 Ele se aproximou de uma rua deserta. Não tinha ninguém ali, somente carros tombados e bicicletas caídas no chão. Era uma área comercial, próxima ao parque que ele tanto visitava.

 Alguns postes estavam caídos, provavelmente foram quebrados por um grande impacto. O estrago naquela rua tinha sido grande.

 Chat engoliu em seco, tentando deixar a ansiedade e o medo de lado. Ele piscou os olhos, fazendo um esforço para ignorar a chuva que caia em seu rosto.

 Suas orelhas se contraíram quando ele ouviu um grito de raiva. Foi tão agonizante ouvi-lo; era uma mistura de raiva com desespero, tão profundo e quebrado.

 — Adrien! — Ele encolheu os ombros quando um carro voou pela rua, acertando em cheio um prédio. Uma fumaça negra se dissipou no ar e Chat tinha certeza de que finalmente achou o akuma — Apareça!

 Wow, ela estava com raiva. Tikki havia dito que Marinette estava procurando por ele, mas nunca imaginou que ela estivesse tão desesperada para acha-lo. Não era de se surpreender, já que foi ele quem fez ela ficar triste.

 Ele engoliu em seco e subiu no próximo telhado, a onde ele pode ver o que estava acontecendo. A primeira coisa que seus olhos verdes captaram foram os cabelos cor-de-rosa, tão forte que chamava a atenção de longe — era basicamente a única coisa colorida no meio da chuva — ela andava pela rua com passos rápidos, a mão direita segurando uma corda negra que ela usava para tirar os carros abandonados da sua frente.

 O akuma jogou um carro preto contra uma lanchonete e ele avançou pela vidraça entrando no estabelecimento. Cacos de vidros voaram em todas as direções e Chat se sentiu um pouco intimidado.

 — Tikki, se esconda... — Ele disse, se virando brevemente para o kwami vermelho. Tikki não disse nada, apenas correu em busca de um esconderijo seguro.

 Chat respirou fundo, tentando deixar toda a sua incerteza e o medo na parte mais distante de sua mente. Ele tinha que impedir ela, descobrir a onde o akuma estava, quebrar o objeto e trazer sua Lady de volta.

 Parecia um trabalho simples, não é como se ele nunca tivesse feito isso antes.

 E depois? Bem, as coisas certamente seriam diferentes. Ele não sabia como ia lidar com isso, mas iria fazer de tudo para que os dois tivessem pelo menos uma chance de terminarem juntos.

 Chat precisou de mais algumas cargas de ar para que seu coração se acalmasse. Quando ele se sentiu pronto para enfrenta-la fez isso da forma mais infantil possível.

 — O carro não tem culpa das suas frustações princesa! — Na mesma hora ela se virou. Chat encontrou com os olhos vermelhos e estremeceu. Seu rosto parecia melancólico e ele sentiu seu coração se apertar com visão.

 Ele tinha feito isso.

 Logo a expressão triste foi substituída por uma de espanto. Os olhos de rubi dela se arregalaram, Chat viu os ombros caírem e ela perdeu a postura confiante de antes. A corda que estava em sua mão sumiu no ar.

 — Chat... — Ela sussurrou. Teria passado despercebido se não fosse pela audição aguçada dele.

 Ele se levantou, observando quando a marca de Hawk Moth apareceu no rosto dela. Sua expressão mudou completamente. Os lábios vermelhos se tornaram uma linha fina e ela franziu as sobrancelhas. Era difícil ver com clareza com toda a chuva que caia, e aos poucos se intensificava mais e mais.

 Chat se sentiu confiante por perceber que ele, de fato, ainda tinha efeito sobre ela. Isso era um bom sinal. Ela não iria ataca-lo com a mesma fúria ou força dos outros akumas, mas isso também era sua fraqueza, já que Chat não conseguia apagar o fato de que era Marinette ali.

 Tecnicamente, eles estavam no mesmo patamar.

 Ela balançou a cabeça firmemente, o cabelo molhado chicoteando em seu rosto. A marca de Hawk Moth finalmente sumiu depois de um tempo e Marinette olhou para ele com determinação.

 — Me entregue seu Miraculous! — Ela disse, firme e alto.

 Chat sentiu seu corpo tremer com o tom de voz. Nunca, em um milhão de anos, ele diria que essa garota era sua Lady. Parecia tão diferente. Sua voz, seu rosto e seu jeito eram completamente diferentes.

 — Ah, mas já? — Chat inclinou a cabeça para o lado, tentando ignorar seus sentimentos e soar como o típico Chat Noir brincalhão e despreocupado que ele sempre foi — Pensei que fossemos amigos Marinette! — Ele lançou uma piscadela para ela e a reação foi imediata.

 Marinette arregalou os olhos, encarando ele perplexa, perdendo completamente a postura determina de antes. Entretanto, não durou muito, ela estreitou os olhos para ele e rosnou.

  — Nunca fomos amigos! — Ela disse dentre os dentes, sua voz passou por cima de todo a barulho da chuva, ecoando pela rua. As palavras foram poucas, mas ainda assim acertaram em cheio seu coração.

 Chat tentou se lembrar de que ela era um akuma, suas palavras eram meramente uma blasfêmia. Os dois eram amigos, mesmo que seus sentimentos um pelo outro eram algo bem maior do que isso.

 — E meu nome não é Marinette! — Ela gritou para ele, fechando as mãos em punhos. Um lampejo de vermelho chamou sua atenção e Chat desviou o olhar para ver do que se tratava — É Broken Heart! — Ele a ignorou, olhando fixamente para seu pulso, onde duas pulseiras repousavam graciosamente. O vermelho se destacava em contraste com a pele pálida, se tornando muito obvio.

 Ele riu, reconhecendo os acessórios na mesma hora. É claro que o akuma estaria ali, não tinha objeto melhor. Agora ele tinha que dar um jeito de tirar os rabicós do pulso dela, e isso sim era um grande desafio.

 — Não me ignore! — Ela gritou de raiva, pisando firmemente no chão.

 A água já havia inundado as ruas, deixando elas mais lisas e escorregadias. Não era um bom palco para uma luta, mas Chat não tinha muitas opções. Ele foi pego de surpresa quando Broken Heart jogou uma corda na direção dele, com o objetivo de prendê-lo, mas Chat desviou com facilidade.

 — Calma princesa... — Ele disse e pulou para o telhado ao lado — Vamos com calma!

 Chat balançou a cabeça, sentindo os fios úmidos baterem em seu rosto e a água respingar para todos os lados. Ele não estava necessária mente com frio, já que o terno realmente o protegia, mas ele não tinha tanta certeza com relação a ela.

 — Tenho algo melhor para fazer então não fique no meu caminho! — Ela o atacou novamente, a corda passou de raspão pelo seu joelho, mas Chat desviou rapidamente.

 — Assim você me magoa — Ele disse com uma falsa tristeza.

 Chat não tinha um plano. Ladybug era boa com planos, ele sempre agia por instinto e na maioria das vezes as coisas davam errado.

 Ele fez o que seu coração mandou e pulou para o chão. Puxou seu bastão e atacou.

 Broken Heart era sua Lady, e nada mais justo do que ela ser ágil o suficiente para desviar de todos seus ataques com precisão.

 Ele pulou para ela, uma e outra vez, apenas para que ela desviasse no último momento. Apesar de suas investidas, Broken Heart não parecia ter a mínima intenção de revidar, em vez disso ela continuou se esquivando. Os dois ficaram nessa luta estranha por quase todo o quarteirão.

 A chuva havia se intensificado e agora era a única coisa que Chat conseguia ouvir. Era difícil até mesmo manter os olhos abertos. Agora ele finalmente pode entender o porquê que gatos não gostam de água.

 — O que foi Chat...? — Chat estremeceu quando ouviu a voz dela. Não era nenhum pouco amigável e estava recheada de deboche — O gatinho não gosta de água? — Ela riu, sua risada passou por cima até mesmo do barulho da chuva.

 Chat rosnou. Ele não estava com condições mentais de fazer uma piada agora, então em vez disso ele decidiu ataca-la novamente. Como o esperado, ela desviou, pulando para trás e criando uma enorme distância entre os dois.

 Ele não estava cansado, longe disso, era a chuva que estava dificultando as coisas. Chat tentou se manter firme e não perder a postura de luta quando observou Broken Heart parar completamente com suas ações. A marca de Hawk Moth voltou e ela parecia estar dando sua total atenção ao que ele estava dizendo.

 Chat gemeu, um plano maluco e completamente sem sentido surgiu em sua mente. Ele poderia facilmente jogar sujo — Não era cetro, mas ele poderia garantir uma vantagem. Botando seu plano em ação, Chat guardou o bastão e rapidamente pulou para ela. Ele aproveitou que Broken Heart estava perdido nas palavras de Hawk Moth e a atacou.

 Os dois caíram no chão e rolaram por uma longa decida. A queda não durou muito, mas ainda assim eles rolaram pelo chão algumas vezes. Chat ignorou a breve dor em seu ombro e se preocupou em imobiliza-la o mais rápido possível.

 Broken Heart gemeu de dor e tentou se afastar. Chat puxou as mãos delas, prendendo-as a cima da cabeça. Ele podia sentir as gotas de chuva geladas caírem em suas costas, causando um breve arrepiou. O cabelo úmido caiu na frente de seu rosto, grudando em suas bochechas. Pelo menos assim ele podia ver alguma coisa.

 Broken Heart rosnou e começou a se debater, tentando fugir do aperto de Chat. Ele franziu as sobrancelhas, tentando controlar a garota. É claro que sua Lady era forte, mais forte do que ele poderia esperar, por isso era difícil segura-la no lugar.

 Chat queria chamar seu cataclismo, mas era ariscado demais se estivesse segurando o pulso dela. Ele não sabia o que iria acontecer se tocasse em uma pessoa com o poder da destruição, e não estava pronto para descobrir isso agora.

 Mas solta-la também não era uma opção.

 Ele gemeu em frustação, tentando pensar em uma maneira de controlar a garota raivosa em baixo dele. Era difícil pensar enquanto lutava contra ela, sem contar que a chuva bagunçava um pouco seus sentidos. Se fosse em outra ocasião, a barulho seria agradável.

 — Me solta! — Ela gritou, rosnando de raiva.

 Chat olhou para baixo, permitindo que seus olhos verdes vagassem pelo rosto dela enquanto sua mente lutava pelo próximo passo. Os olhos estavam firmemente fechados enquanto ela lutava para sair de seu aperto, se debatendo freneticamente. O cabelo cor-de-rosa estava totalmente desgrenhado, colando em suas bochechas e em sua testa. Seus olhos foram mais para baixo, para os lábios vermelhos entreabertos.

 Ele engoliu em seco, uma ideia surgindo em sua mente. Chat sentiu a ansiedade revirar em seu estômago, mas por mais que tentasse, não conseguiu pensar em um plano melhor. Não era assim que ele tinha imaginado seu primeiro beijo

 Chat estava com medo. Ele considerou suas opções diversas vezes, analisando com cuidado. Se ele avançasse, não teria volta. Talvez Marinette nem lembrasse disso quando voltasse ao normal, mas ele certamente guardaria isso para sempre. Chat tremeu, suas mãos deveriam estar úmidas de nervosismo por debaixo do uniforme.

 Ele fechou os olhos por um momento, sentindo a respiração ofegante de Broken Heart em rosto. Por fim, ele engoliu o nó na garganta e sem nenhum aviso prévio se inclinou para baixo e capturou os lábios vermelhos.

 Ele reprimiu um gemido e fechou os olhos. No mesmo instante Broken Heart parou de lutar; seus braços ficaram moles e ele sentiu ela soltar um suspiro de felicidade.

 Chat era completamente inexperiente com isso. Ele não sabia qual era o próximo passo — Não sabia nem se devia cruzar a linha ou ficar por isso mesmo.

 Broken Heart emitiu um gemido abafado e retribuiu o beijo com um fervor ardente. Ela se remexeu, tentando se aproximar um pouco mais dele. Diferente de Chat, ela parecia ter plena certeza do que fazer.

 Ele estava incerto e não conseguia retribuir com a mesma intensidade. Apesar da chuva gelada, Chat se sentiu quente e esperava que ela também estivesse se sentindo assim.

 Apesar do beijo, Chat tentou voltar a ideia original, aproveitando que ela estava distraída ele tentou usar suas garras para tirar os rabicós, mas Broken Heart notou o que ele estava fazendo e quebrou o beijo na mesma hora.

 — Desgraçado! — Ela gritou, os olhos vermelhos brilhando de raiva. Broken Heart virou o rosto para o lado e voltou a lutar contra Chat com força total.

 — Algo me diz que você gostou... — Ele disse. Seu rosto estava queimando de vergonha e ele se recusou a olha-la nos olhos. Seus lábios estavam formigando docemente e Chat não pode fazer nada além de sorrir.

 — Foi o pior beijo que eu já tive! — Ela gritou, olhando para ele com ódio fervendo em seus olhos. A cena teria lhe assustado se eles estivessem numa situação diferente.

 Chat manteve o sorriso bobo em seu rosto enquanto observava ela lutar contra ele firmemente. Suas investidas eram determinadas, ela queria fugir dali a qualquer custo. Chat se perguntou se ela ainda iria lutar depois disso, seu beijo tinha claramente a perturbado.

 — Também foi o meu primeiro M'Lady... — Ele disse, sua voz repleta de carinho. Chat não pode resistir, seu próprio coração estava perturbado. Imerso em um sentimento quente e agradável.

 Broken Heart parou de lutar abruptamente e olhou para ele com os olhos arregalado, a boca entreaberta. Chat sorriu carinhosamente. Por mais que as coisas fossem um pouco confortáveis, ele não podia esquecer do porquê estava ali em primeiro lugar.

 Chat aproveitou seu estupor e soltou um dos pulsos dela.

 — Cataclismo! — Chat chamou seu poder e sua mão foi envolvida pela magia familiar.

 — Não! — Ela gritou em puro terror e voltou a se debater, dessa vez ela estava com uma das mãos livres e não perdeu tempo em se defender.

 Chat foi empurrado para trás por uma força sobre-humana. Ele caiu de bunda no chão, mas fez o possível para não tocar em nada que estivesse por perto.

 — Você não cansa de brincar comigo, não é mesmo! — Ela gritou e se elevou sobre ele, os olhos ferozes o encaravam e Chat se levantou o mais rápido possível.

 O chão estava algo superficial, talvez ele ainda estivesse sobre os efeitos de beijo e suas pernas estavam bambas por causa disso. Ele piscou, tentando futilmente espantar as gotas da chuva que caiam em seu rosto, dificultando sua visão. Por mais turva que estivesse sua visão, Chat ainda podia identifica-la bem na sua frente, graças aos cabelo cor-de-rosa chamativo.

 — Eu te odeio! — Ela gritou, invocando uma corda. Chat sorriu, entrando na posição de combate.

 — Não é o que parece — Apesar das batidas incessantes de seu coração, Chat ainda foi capaz de brincar com ela. Ele lançou uma piscadela e sorriu.

 Heart Broken foi a primeira a atacar, chicoteando a corda ao redor de uma das pernas de Chat, derrubando-o. Ele bateu com a cabeça no chão, e isso deixou sua visão levemente turva.

 A corda que estava rodeando sua perna se soltou e desapareceu no ar.

 — Vamos dar um jeitinho nessa sua mão — Ela riu e lançou uma segunda corda.

 Com a única mão livre do cataclismo, Chat agarrou a corda negra de Broken Heart, e a usou contra o próprio akuma, puxando-a para frente.

 Ela foi pega de surpresa e puxada para o chão. Broken Heart ainda tropeçou nos próprios pés e caiu de bruços no asfalto. Ela gemeu, um gemido de dor que teria quebrado o coração de Chat se os dois não estivessem numa luta.

 Chat notou algo peculiar. A corda não estava sendo segurada por Broken Heart e sim ligada diretamente com os rabicós. Ela também não podia desaparecer enquanto ele a segurasse — Isso porque ela não se dissipou no ar assim como a anterior.

 Ele teve uma ideia, uma ideia que parecia tão idiota quando a ideia de beija-la, mas ainda assim valia apena tentar. Já que a corda não desapareceu, ele planejava usar isso para sua vantagem e dar um jeito de puxar Broken Heart para mais perto. A única coisa que ele precisava era tocar nos rabicós, somente isso e toda essa luta iria acabar.

 Os dois se levantaram, mas Chat se recusou a soltar a corda, ganhando um grunhido raivoso de Broken Heart. Ele enrolou a corda no pulso e a puxou novamente. Ela estreitou os olhos para o ato e começou a puxar também.

 Os dois iniciaram uma batalha acirrada de cabo de guerra, a qual Broken Heart estava na vantagem, já que ela tinha as duas mãos. Ambos estavam puxando com força total, mas ela em especial parecia estar muito mais determinada. Ela estava usando o peso do próprio corpo, se inclinando para trás.

 A marca de Hawk Moth apareceu novamente, e Broken Heart fez uma careta de raiva.

 — Pare de dizer o que eu devo fazer! — Ela esbravejou, sua voz repleta de fúria ecoou por toda a rua, predominado até mesmo sobre o barulho da chuva.

 Chat sempre teve um instinto travesso, que pela primeira vez em anos deu as caras. Um sorriso malicioso tomou lugar em seu rosto e ele soltou a corda. Na mesma hora Broken Heart perdeu completamente o equilíbrio e caiu para trás num baque pesado.

 Ela rolou pela rua, parando apenas quando chegou no meio fio.

 Ela gemeu de dor e levou as mãos à cabeça. Chat avançou; sabia que ela logo iria levantar novamente se ele ficasse muito tempo parado. Seu coração estava batendo a mil por hora quanto ele finalmente a alcançou. Agarrou sua mão direita e levou ela acima da cabeça. Seu dedo apenas roçou nos rabicós, mas isso foi o suficiente para o cataclismo agir.

 Os rabicós definharam, se tornando nada além de pó. A borboleta negra saiu voando e Chat foi rápido em pega-la com as mãos, impedindo que o akuma saísse voando pela cidade.

 Ele se virou e olhou para Broken Heart. Ele estava com um nó preso na garganta e as pernas tão moles quando gelatina. A emoção de que tudo tinha finalmente chegado ao fim estava tomando conta de seu corpo.

 Ele observou a magia se desfazer e Broken Heart desaparecer. Marinette, sua Lady, estava deitada no chão. Os olhos firmemente fechados.

 Chat sentiu todo seu corpo amolecer, parecia até que ele iria desabar ali mesmo, na chuva. Começou a puxar o ar firmemente para seus pulmões, tentando controlar as emoções que tomavam conta de seu corpo.

  Marinette

 Marinette gemeu, tentando se levantar do chão frio e molhado. Ela podia sentir as gotas da chuva encharcando sua roupa rapidamente e estremeceu. Uma dor latejante estava tomando conta da parte de trás da sua cabeça, fazendo com que fosse difícil se mexer e até mesmo pensar.

 Ela piscou os olhos de safira algumas vezes, tentando descobrir a onde estava. A primeira coisa que ela notou foi a chuva torrencial que caia freneticamente em seu corpo. Era gelada e nenhum pouco agradável; penetrava suas roupas de forma desagradável.

 Marinette se sentou, o mundo ao seu redor girou ao fazê-lo. Ela estava sentada no asfalto, logo na frente da calçada, completamente exarada até os ossos e com uma dor surreal na cabeça.

 Como ela chegou aqui?

 — Marinette! — Uma voz gritou por cima do barulho da chuva, chamando por ela. Parecia a voz de Adrien e seu coração se apertou.

 Adrien. A última memoria que ela tinha era de que estava procurando por ele em toda a escola, mas não encontrou em nenhum luar. Depois disso suas memorias pareciam um grande borrão.

 Ela se virou e para sua sorte — ou azar — não Adrien que havia lhe chamado, e sim Chat Noir. Era difícil ver o rosto dele no meio dessa chuva voraz, ela cerrou os olhos e tentou concentrar sua visão no rosto do rapaz, falhando.

 — Chat Noir? — Ela perguntou, se surpreendendo quando sua voz foi completamente abafada pelo barulho da chuva.

 Ela tentou se levantar, mas sua cabeça latejou no processo. Só então ela percebeu a quão fraca estava; até mesmo se apoiar em seus braços parecia uma tarefa difícil.

 — Você está bem? — Chat se aproximou dela.

 Marinette tentou se levantar novamente, querendo parecer forte na frente de Chat. Ela demorou um pouco mais conseguiu se levantar. Um arrepio percorreu seu corpo e ela quase caiu novamente.

 — O que aconteceu...? — Ela perguntou, sua voz acabou saindo tão abafada que ela achou que nem mesmo Chat teria ouvido.

 — …. Você foi akumatizada — Ele disse e Marinette arregalou os olhos.

 Ela encarou Chat, era difícil ver seu rosno no meio da chuva, mas ela conseguiu distinguir perfeitamente os olhos verdes vibrantes que a encaravam com preocupação.

 — A-Akumatizada...? — Ela gaguejou, levando instintivamente as mãos para as orelhas, para confirmar que os brincos ainda estavam por ali.

 Ela suspirou aliviada quando confirmou que eles estavam ali, seguros e firmemente presos às suas orelhas. Mil perguntas rondaram sua mente, e ela estava mais do que grata por Chat ter lidado bem com toda a situação.

 Ela olhou para o rapaz loiro, encarando-o por alguns segundos. Marinette permitiu que um sorriso bobo surgisse em seu rosto. Chat lutou sem ela, e venceu. Marinette nunca duvidaria de seu gatinho, ela sabia que ele era forte o suficiente para vence-la.

 Seu sorriso morreu quando ela se deu conta do quão grave toda essa situação foi. Se ela — Ladybug — Tivesse pego o miraculous de Chat e entregado ele para Hawk Moth, toda essa luta que pendurou por longos três anos seria em vão. Ele teria ganhado e sabe-se lá o que teria acontecido com Paris.

 Ela desviou o olhar, se sentindo envergonhada demais para encara Chat. Tudo isso aconteceu porque ela não foi capaz de controlar seus sentimentos; isso não podia se repetir. Ela teria que controlar melhor as coisas, não podia se deixar abalar.

 Isso seria uma tarefa muito difícil.

 — Você precisa se transformar M'Lady... — Marinette arregalou os olhos. Seu coração pulou uma batida e tudo ao seu redor pareceu congelar.

 Como ele sabia? Isso era suposto ser um segredo.

 Marinette o encarou, buscando qualquer sinal de blasfêmia. Chat parecia nervoso, encarando o chão firmemente. Seus ombros estavam rígidos, mas não havia indícios de que ele estava brincando ou algo do tipo.

 Ele falou sério.

 Chat sabia.

 Marinette poderia jurar que seu coração iria explodir a qualquer segundo. Ela falhou, falhou em tudo. Onde estava sua bendita sorte? Por que todo o seu mundo teve que desmoronar nem só dia?

 Ela balançou a cabeça, dando um passo para trás. Marinette subiu na calçada e alisou seus próprios braços. Seu corpo estava arrepiado e suas pernas tremiam de frios, mas ela não notou isso, sua mente estava preocupada demais. Ainda era difícil de acreditar.

 — Você... — Ela fez uma pergunta retórica, que não precisou de mais palavras para ser compreendida.

 — Seu kwami veio até mim — Ele explicou — Ela estava com medo e não sabia o que fazer. Não tinha como isso acabar sem que eu descobrisse quem você era... — Chat parecia incerto do que dizia, mas isso passou despercebido por Marinette, que estava aos poucos entrando em estado de pânico.

 Tikki. Coitada de Tikki. Ela deveria ter ficado sem chão. Marinette sentiu sua garganta fechar. É claro que Tikki ficaria desesperada, sem ter outra opção senão revelar o seu segredo.

 Marinette fechou os olhos, sentindo um par de lágrimas quentes rolarem pelo seu rosto gelado. O dia tinha começado bem, tão maravilhosamente bem. E agora ela estava repleta de desastres, um após o outro. Ela abaixou o rosto, envergonhada. Tudo isso foi culpa dela, todo esse tumulto.

 Se apenas ela fosse capaz de se controlar.

 — Desculpe Marinette — A voz de Tikki tirou ela de seus pensamentos. Ela virou a cabeça e encarou seu kwami. A visão lhe doeu o coração.

 Tikki parecia tão triste quanto a própria Marinette, seus olhos azuis imploravam por perdão e a mestiça só pode abrir um pequeno e triste sorriso. Tikki tinha feito o que era certo, as coisas poderiam ter sido bem piores se não fosse por ela.

 — Não foi sua culpa Tikki... — Ela disse, estendendo a mão para segurar seu kwami.

 Tikki fechou os olhos quando Marinette acariciou sua cabeça com carinho. A mestiça estava orgulhosa de seu kwami e faria questão de dizer isso quando elas chegassem em casa.

 — Tikki, transformar...

 Não demorou muito e logo Ladybug estava parada ao lado de Chat Noir no meio de uma chuva torrencial. Sua cabeça ainda latejava com uma dor esquisita, mas ela tentou ignorar isso.

 Ela se virou e olhou para Chat com os olhos triste. O garoto loiro estava boquiaberto, encarando ela com se Ladybug fosse algum tipo de divindade. Ele balançou a cabeça e ergueu as mãos. Só então Ladybug notou que ele estava segurando alguma coisa, e no instante que suas mãos se separam, uma familiar borboleta negra saiu voando.

 Ladybug piscou algumas vezes, espantando a água de seus olhos. Ela sabia o que tinha que fazer, mas seu corpo parecia exausto, mesmo ela preparou seu ioiô, e sem nenhuma palavra capturou o akuma. Ela libertou a borboleta logo em seguida, que saiu voando tranquilamente.

 Ladybug então notou que ela não havia usado seu lucky charm, sendo assim, não havia como ela restaurar os estragos feitos pelo akuma. Ela decidiu apenas conjurar o poder da criação, talvez, mesmo depois da luta ter acabado, ela pudesse concertar os estragos.

 — Lucky charm... — Ela não gritou, como geralmente faz, em vez disso apenas murmurou e jogou seu ioiô para cima.

 Um guarda-chuva vermelhos repleto de pintinhas pretas caiu em suas mãos, ela fez questão de abri-lo, se protegendo momentaneamente da chuva torrencial.

 O guarda-chuva não foi muito útil, já que ela estava completamente encharcada da cabeça aos pés. Entretanto, isso não impediu Chat de se juntar a ela no pequeno refúgio.

 Os dois observaram a chuva durante um tempo, mas o momento foi quebrado quando Ladybug ouviu o anel de Chat apitar, anunciando que ele tinha pouco tempo livre.

 O justo seria que ela também descobrisse a identidade dela, mas Ladybug estava com medo. Ela nunca iria admitir isso para ninguém, nem para Tikki, mas saber quem ele realmente era a assustava. Ela tinha medo que as coisas ficassem diferentes entre eles, que ele se afastasse.

 Talvez eles nem ao menos se conhecessem como civis. Talvez Chat estivesse muito distante da sua realidade, a qual ela nunca faria parte. Marinette sentiu seu coração se afundar em esse pensamento e seus olhos se encheram de lágrimas.

 — Me desculpe por isso... — Ela disse sem olhar para Chat — Vou tentar controlar meus sentimentos... — Ela se virou, um pouco relutante em olha-lo nos olhos.

 Foi difícil olhar em seus olhos sem se sentir culpada ou intimidada. Ladybug encolheu os ombros, se recusando a tirar os olhos do asfalto. Cada segundo ali, cada segundo ao lado de Chat era perturbante.

 — Mas vai ser difícil... — Completou com um suspiro.

 Ladybug fechou o guarda-chuva, sentindo a chuva cair novamente em seu rosto. A sensação já não era mais tão desagradável quanto antes, parecia até mesmo convidativa.

 — Miraculous Ladybug — Ela jogou o guarda-chuva para cima, que se dissipou em um enxame de joaninhas.

 Chat e Ladybug se viraram para a rua a onde tudo tinha acontecido. Ela se sentiu mais aliviada quando observou os carros voltarem a suas posições originais. Tudo parecia ter sido concertado normalmente. Ela se virou e olhou para Chat por cima dos cílios. Ele parecia feliz, exibindo um sorriso gratificante.

 — É melhor eu ir... — Ela girou seu ioiô, pronta para partir quando uma mão a segurou pelo ombro.

 — Espere! — Chat disse e Ladybug se virou para encara-lo.

 Marinette sentiu seu coração se apertar quando olhou para seu parceiro, ele parecia inseguro e se recusava a olhar para ela nos olhos. Não podia julga-lo, pois ela estava enfrentando suas próprias batalhas internas.

 — V-Você — Ladybug arqueou uma sobrancelha quando reconheceu perfeitamente aquele gaguejar. Chat estava soando exatamente como Adrien e isso fez seu estômago embrulhar — Poderia m-me encontrar amanhã? — Ele levantou olhar, seus olhos brilhando com determinação e Ladybug sentiu seu corpo relaxar um pouco — Na torre Eiffel?

 Ladybug piscou algumas vezes, buscando algum tipo de brincadeira nos olhos verdes, mas ela não viu nada além de determinação. Depois de alguns segundos, ela acenou positivamente.

  — Que horas? — Chat sorriu, um sorriso brilhante e que Ladybug daria a vida para proteger.

 — A meia-noite! — Ele disse — Se estiver tudo bem pra você...

 — Meio tarde... — Ela deu um sorriso de canto, se sentindo mais confortável agora que eles estavam conversando tão abertamente — Mas estarei lá!

 Ela confirmou com um aceno e voltou a girar o ioiô.

 — Até amanhã Chaton... — Ela disse, como uma forma de despedida.

 — Até amanhã M'Lady


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Notas finais do capítulo

Isso foi loooogo! Hehehe mas estou feliz. Me perdoe por qualquer erro que tenha passado, as vezes acontece né...

Espero que tenha gostado! ♥

~~see ya later



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