Civil War escrita por Dark Sweet


Capítulo 17
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Hey, beberes! Dois capítulo em menos de uma semana, hein? Eu disse que ia voltar cumprindo horário. Enfim, boa leitura!



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Eu encarava meu reflexo no espelho com uma interrogação enorme no meio da minha cara.

Eu não tinha certeza do que estava fazendo.

Na minha cabeça, era para eu estar em outro lugar longe de toda aquela confusão que estava meu quarto.

Minhas amigas andavam para lá e para cá falando coisas desconexas, nada do que elas falavam fazia sentido para mim.

E essa roupa? O que eu estava fazendo com ela?

—Você ouviu o que eu falei? — Chris apareceu do meu lado, estalando os dedos na frente do meu rosto.

—O que? — murmurei confusa.

—Francamente, Mérida. Sei que é seu casamento e você deve estar uma pilha de nervos, mas esse seu estado quase catatônico está me dando dor de cabeça. — Amy falou sentada na minha cama.

—Casa... casamento? — engasguei.

—Acorda, mulher, você está casando com um verdadeiro príncipe. — Chris bateu no meu braço de leve. — Não tem para que você está assustada desse jeito. Você o ama, ele te ama. Vocês dois serão o casal do milênio! —

—Ou seja, sem pânico, Mérida. — virei assustada para Wanda.

—Do que você me chamou? —

—De Mérida. Esse é seu nome, não é? —

—É, é sim. — murmurei. — Meninas, vocês podem me deixar sozinha? Dois minutos, pelo menos. — pedi.

Elas se encararam, até que perceberam que não teria nada demais me cederem uns minutos sozinha e saíram.

—Só não demora. — dei um pulinho com o susto ao ouvir a voz de Romanoff atrás de mim.

—Onde você estava? —

—No banheiro. — ela apontou para a suíte. — Você está bem? —

—Estou, estou sim. Só preciso de uns minutos. —

—Tudo bem. Mas como eu disse, não demora. Noivas costumam atrasar, mas se atrasar demais o Ryan pode desistir. — meus olhos se arregalaram. — Calma, Mérida, foi brincadeira. O Ryan te ama, ele nunca desistiria de você. — Natasha riu, saindo do quarto logo em seguida.

—Como assim eu vou casar? E com o Ryan ainda mais! — falei, começando a caminhar pelo quarto. — Vestido de casamento idiota! — resmunguei, notando que não tinha como caminhar direito pelo quarto com aquele vestido de princesa.

Parei, me sentando na cama e colocando as mãos na cabeça, tentando sentar.

—O que aconteceu, Melinda? Pensa. Você tem que lembrar o que aconteceu. —

Antes que a primeira lembrança invadisse minha cabeça, alguém bateu na porta.

—Eu pedi dois minutos, meninas. —

—Sou eu, princesa. —

Meu coração gelou.

Aquela voz. Não é possível que seja de quem eu estou pensando.

Levantei, caminhando até a porta e levando a mão a maçaneta, mas não abri a porta.

—Querida? Posso entrar? —

Respirei fundo, girando a maçaneta e abrindo a porta. Eu juro que meu coração parou uma batida ao ver quem estava parado na porta do meu quarto.

—Pai? — minha voz não passou de um sussurro.

—Oi, princesa. — ele sorriu. — Você está tão linda. — ele deu um passo, entrando no quarto. Sua mão ergueu-se até meu rosto, o tocando de leve.

Aí eu desabei. Joguei meus braços ao redor do pescoço dele, o abraçando apertado.

—Hey, está tudo bem, querida? —

—Você está aqui. — sussurrei.

—Claro. Acha mesmo que eu perderia o casamento da minha filha? — soltou uma risada.

Me afastei dele, o olhando nos olhos.

—O que está acontecendo? — perguntei.

—Minha caçula vai casar. — ele suspirou. — Fico feliz por ser com um rapaz tão bom como o Ryan. Vocês formam um casal tão lindo. —

—Eu só... estou estranhando um pouco tudo isso. —

—É normal bater um nervosismo antes do casório. — meu pai sorriu. — Mas você não pretende desistir, né? —

—Não. — respondi depois de um tempo. — Eu estou bem. —

—Que bom porque está na hora. —

—Eba. — soltei, forçando um sorriso.

Eu preciso saber o que diabos está acontecendo.

***

Eu achava que ao chegar no casamento minhas dúvidas seriam sanadas. Porém, isso só fez com que mais dúvidas surgisse na minha cabeça.

Primeiro: eu estava casando em uma igreja e até onde sei eu sou ateia.

Segundo: eu entrei na igreja acompanhada do meu pai e ao som da marcha nupcial o que eu sempre considerei o auge da cafonisse.

Terceiro: tem pessoas aqui presentes que não deveriam estar aqui, como Pietro e Janet, por exemplo. Eu lembrava que eles tinham morrido, mas não lembrava como.

Quarto: Vitória estava presente no casamento, sorrindo e com lágrimas nos olhos. Detalhe: ela me odeia, eu sei disso desde criança.

Quinto: não tinha nenhuma criança com Adam ou com Chris e eu sei que eles tiveram um filho, eu tenho um sobrinho por quem sou completamente afeiçoada.

Sexto: no altar estava Ryan me esperando. Por mais que eu goste muito do Ryan, eu não me lembro de ser apaixonada por ele ao ponto de casar.

O Padre falava e falava e eu tentava a todo custo lembrar de fatos importantes.

Como Pietro e Janet morreram?

Onde estava o meu sobrinho?

Por que o Michael não estava em nenhum lugar dessa igreja?

E o Bucky? Onde estava o incrível braço de metal dele?

O Tony era meu padrinho junto com a Nat e o Stark não fez uma piadinha sequer quando eu subi no altar.

E a Natasha estava usando um vestido rosa!

Fora o nome que não parava de martelar na minha cabeça.

Quem diabos era Tyler?

—Mérida? — pisquei os olhos, encarando Ryan. — Está tudo bem? —

—Sim. — assenti.

—Vou repetir a pergunta então. — o Padre falou. — Mérida Walker, você aceita Ryan Buchanan como seu legítimo esposo para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe? — encarei o Padre e então Ryan, só para desviar o olhar para as pessoas presentes na igreja.

—Eu... — tentei responder.

"Eu gosto de Mérida sim, mas foi a Melinda que eu conheci. Foi a Melinda a quem confiei meus segredos, minhas inseguranças, meus medos, a minha amizade. Foi a Melinda quem esteve sempre do meu lado quando precisei."

Aquela voz era dele. Aquela voz na minha cabeça era do Tyler.

—Hey. — senti Ryan dar um leve aperto nas minhas mãos.

—Eu não aceito. — respondi, gerando um burburinho de surpresa pelos convidados. — Olha, eu gosto de você, Ryan, sério. Você é um ótimo amigo, mas é só isso, um amigo. — disse, puxando minhas mãos.

—Mérida... —

—Não. Esse não é o meu nome, não mais. — falei firme. — Eu não sei o que está acontecendo, mas sei que nada disso aqui faz sentido. Nada. — disse coçando minha cabeça. — Rosas vermelhas. — apontei para os arranjos presos nos bancos. — Minhas fores preferidas são girassóis e margaridas, embora o Will seja alérgico a margaridas. —

—Quem é Will? —

—O meu irmão caçula. — encarei minha mãe. — Ele é filho da minha mãe com o Michael, meu padrasto. O Adam é casado com a Chris e tem um filho, o Theo. O Tony jamais seria meu padrinho de casamento sem fazer uma piadinha sequer. Eu nunca quis casar e mesmo se quisesse jamais seria numa igreja, eu sou ateia. — outro burburinho de surpresa. — E ainda tem o fato da Natasha estar com um vestido rosa. Não importa se era uma exigência da noiva para as madrinhas, ela jamais aceitaria isso. Fora que esse tom de rosa nem combina com ela. — voltei o olhar para os convidados. — Pietro e Janet, só eu sei como dói dizer isso em voz alta, mas vocês morreram. Vocês dois foram mortos pelo Ultron e eu não consegui salvar nenhum de vocês, me desculpa. — disse com os olhos marejados.

Segurei a saia do vestido, descendo os pequenos degraus e indo até Richard.

—E, pai, dizer isso vai doer pra caralho, mas... você também está morto. — sussurrei. — Você morreu na explosão do reator de energia que tinha no seu laboratório. Você me disse para não mexer em nada, mas eu não te ouvi. E por causa da minha desobediência você morreu. Me desculpa. —

—Não, querida, eu estou bem aqui. — ele segurou meu rosto entre suas mãos. — Princesa, seu pai está bem aqui na sua frente. Nada está errado, ninguém morreu. —

Neguei com a cabeça, pressionando os lábios enquanto as lágrimas caíam.

"Senhor, tem certeza que colocar ela na máquina é a melhor opção? O senhor sabe o que essa máquina faz com as pessoas que entram nela."

"Agente, só a coloque lá. A Melinda não é igual aos outros, ela tem poderes, o cérebro dela é mais resistente que o nosso, tenho certeza que ela sairá ilesa, sem nenhuma sequela."

Me afastei de Richard assustada.

Era a voz do Ross eu tinha certeza.

Forcei a cabeça para lembrar dos últimos acontecimentos.

—Aconteceu uma explosão em Lagos, eu não pude conter e pessoas morreram. — falei, começando a caminhar pela igreja.

—Mérida, querida... —

—E então o Ross apresentou o Tratado de Sokovia para os Vingadores. Só que não concordamos entre nós e por isso acabamos brigando num aeroporto da Alemanha. — encarei os Vingadores presente no casamento falso e então eu pude ouvir a conversa de Ross e o agente novamente.

"Mas, senhor..."

"Agente, você viu o que ela pode fazer. O dispositivo não inibiu os poderes dela, só serviu como uma fonte de energia. Nada do que fizemos conseguiu manter ela presa, das três tentativas ela sempre conseguiu escapar da cela."

—Steve e Bucky conseguiram escapar, mas o restante acabou sendo preso na prisão balsa. — falei, as lembranças se tornando cada vez mais claras. — E então eu tentei fugir com o pessoal, mas o Ross... o Ross me apagou usando um barulho mega alto. —

"A máquina é nossa única alternativa. Não podemos explodir os ouvidos dela toda vez que acorda. Se isso chegar ao conhecimento de Stark ou qualquer superior, minha carreira já era. E por isso, agente, colocaremos a Melinda na máquina. Lá ela viverá aquilo que mais desejou ter em toda a vida e não nos causará problemas aqui na realidade."

—Viver aquilo que eu mais desejei na vida. — murmurei, encarando o chão e logo depois erguendo o olhar até Richard. — Você está me prendendo aqui. —

—Do que você está falando, Mérida? —

—Não me chama assim! Meu nome é Melinda Hunters, eu tenho poderes e sou uma Vingadora. E eu... eu perdi meu pai numa explosão de um reator de energia. —

—Querida... — ele se aproximou.

—Meu nome é Melinda Hunters, eu tenho poderes e sou uma Vingadora. E meu pai morreu numa explosão. — repeti, apertando as mãos na cabeça. Senti o toque de Richard nos meus braços e me encolhi, repetindo aquilo cada vez mais alto.

Até que ele me abraçou e sentindo meu queimar por inteiro, eu apenas gritei abrindo os olhos e vendo um campo de energia sair do meu corpo atingindo tudo ao redor.

Só aí me dei conta que eu não estava mais na igreja e sim em um quarto com apenas uma cama.

Olhei ao redor, notando três máquinas, que pareciam agora desligadas, ao redor da cabeceira da cama. Elas estavam cheias de fios e acompanhando esses fios com o olhar arregalei os olhos ao notar que eles estavam ligados ao meu corpo.

Alguns estavam nas minhas têmporas, outros no colo do meu peito, braços e eu quase entrei em pânico ao ver uma agulha enorme enfiada no dorso da minha mão, direto na veia. Era um cateter ligado a uma bolsa de soro.

Trinquei o maxilar sentindo a raiva consumir meu corpo.

Comecei a puxar os fios ligados a minha cabeça que provavelmente monitorava minha atividade cerebral. Depois puxei os que estavam no meu colo e braço. E então, bem devagar fui puxando a agulha da minha mão.

Quando ela saiu completamente, eu joguei aquela agulha o mais longe possível, rasgando um pedaço da minha camisa e amarrando na minha mão que agora sangrava.

E só quando terminei com o curativo improvisado, notei que as luzes do quarto piscavam em vermelho igual quando aconteceu a queda de energia no prédio da CIA. E ao olhar ao redor do quarto, notei dois homens desacordados.

Levantei, sentindo o chão gelado sob meus pés. Caminhei até o agente, colocando meus dedos em seu pescoço e sentindo os batimentos. Fiz o mesmo com o outro e só aí respirei aliviada. Os dois estavam vivos.

Caminhei até a porta que estava aberta. Olhando para os lado, vi o corredor vazio. E então foquei na minha audição, tentando ouvir qualquer informação útil.

—Aconteça o que acontecer, a Valente deve permanecer ligada a máquina, ouviram? Mas se ao chegarmos lá e ela estiver acordada, coloquem os fones e fiquem o mais longe possível dela. Mesmo inconsciente ela absorveu toda a energia da Balsa e por isso é perigosa. —

—Agora eu entendi porque eu estou tão agitada. — murmurei, sorrindo logo em seguida.

O dono da voz não parecia estar longe e mesmo se estivesse, ele estava vindo até mim, não é mesmo?

E pelos barulho dos passos, contei sete agentes o acompanhando.

Então eu voltei para o quarto, me escondendo ao lado da porta e me preparando para o combate.

Hoje eu fujo dessa porcaria de prisão com os outros ou não me chama Melinda Hunters.

Os passos foram ficando cada vez mais alto e assim que o primeiro agente entrou no quarto, eu o acertei com uma cotovelada, o imobilizando para usar seu corpo como escudo. Como imaginei, eles não estavam armados com armas letais, apenas tasers e bastões.

Joguei o corpo do agente em cima do que estava na linha de frente, acertando um chute neles e correndo para atacar os outros.

Ataquei para deixá-los inconsciente o mais rápido possível. Não podia perder tempo, sabe-se lá quanto tempo eu passei naquela porcaria de máquina.

Quando eu derrubei mais dois agentes, vi que os que sobraram tentavam colocar os fones de ouvido rapidamente.

Acertei um dos agentes com um gancho de direita e quando ia para cima do outro, um barulho alto começou. Tampei os ouvidos e procurei pela fonte do barulho, encontrando um dispositivo com o agente que estava mais atrás.

Ergui a mão na sua direção, focando no dispositivo e disparando um jato, quebrando ele na hora e jogando o agente longe.

Restavam dois, porém tempo era algo que eu realmente não podia perder por isso apenas ergui minha mão na direção do primeiro cara, o fazendo flutuar e o jogando no teto.

Sorri para o último agente.

—Olá. — caminhei na direção dele, vendo ele puxar uma faca da cintura. — Uh, você sabe brincar. — ergui meus punhos, o chamando com os dedos.

Ele investiu no primeiro golpe, desviei empurrando o braço dele para o lado e acertando um chute em sua perna. O carinha veio para cima de novo, iniciando um ataque atrás do outro, mas ele era lento demais para alguém que absorveu toda a energia de uma prisão.

Segurei seu pulso, o quebrando e fazendo ele gritar de dor enquanto largava a faca. Uma joelhada nas partes íntimas, uma cotovelada na mandíbula e então ele estava no chão.

Peguei a faca do chão, me agachando ao lado dele.

—Então, agente... Bob. — sorri, vendo a identificação dele no uniforme. — Quanto tempo passei apagada? — indaguei, brincando com a faca.

—Eu não vou dizer nada para você. —

—Não? Tem certeza? — ele ficou calado. — Você está vendo que eu estou com uma faca, né? —

—E você vai fazer o que? Me torturar? Acho que isso vai contra as regras de ser uma Vinga... — ele gritou antes de terminar a frase.

—Ops. — sorri sádica. — Se eu não me engano, quando o Tratado foi apresentado e nós questionamos o que aconteceria com aqueles que não assinassem, nos disseram que deixaríamos nossas carteirinhas de Vingador de lado. Então, se eu fosse você, tomaria cuidado com o que falo, porque a Melinda aqui não é mais uma Vingadora. —

Bob me encarou com raiva, a mão coberta de sangue em cima da ferida no ombro causado por uma facada.

—Vou perguntar mais uma vez. Quanto tempo eu fiquei ligada naquela máquina? — ele ficou calado, apenas me encarando.

Suspirei, segurando os testículos dele com força e ouvindo um urro de dor.

—Qual é, Bob? Vai bancar o Dunga comigo mesmo? — comecei a apertar com mais força, girando os testículos aos poucos. — Se isso que estou fazendo não me gerar respostas, eu vou cortar elas fora. E eu acho bom não duvidar. —

Vendo que ele não iria abrir a boca para me responder, eu larguei os testículos dele. Puxei a faca que estava enfiada no ombro dele e comecei a desabotoar a calça dele.

—Não! Não, não, não! 4 dias! Você ficou lá por 4 dias! — gritou desesperado.

Puxei minhas mãos de volta.

—Quatro dias? — questionei incrédula. — Somando com os outros três dias apagada eu já estou presa a uma semana. —

—Vocês foram condenados a 20 anos de prisão. Uma semana é só uma pequena parcela da sua penitência. — resmungou.

—Ah, que fofo, mas adivinha só que está bem longe de uma cela? Euzinha, a presidiária. — sorri. — Meus amigos. Onde estão? — ele ficou calado. — Eu devo abrir sua calça de novo? —

—A Maximoff foi transferida para a área L6, o Wilson está no L8. —

—Por que eles estão separados? —

—Depois do seu showzinho 4 dias atrás, o Secretário achou melhor isolá-la dos outros, mesmo com o dispositivo dela funcionando perfeitamente. —

—E onde estão Clint e Scott? —

—Aceitaram um acordo com o Governo por causa das famílias. Prisão domiciliar. —

—Mas é claro. — murmurei. — Nossos pertences? — quando vi que ele não pretendia responder ergui a faca, direcionando o olhar para o meio das pernas dele.

—L3. — sorri.

—Ótimo. Agora eu só preciso saber como a gente sai daqui. —

—É impossível sair daqui por conta própria. —

—Bitch, please. Eu não sei se reparou mas eu não sou uma prisioneira convencional, eu tenho poderes e sei lutar muito bem sem eles. Agora, conta logo como eu faço para sair daqui? —

***

Depois de saber como meter o pé para fora dessa prisão e apagar o Bob, eu fui atrás de Wanda.

Sam que me desculpe, mas eu preciso soltar a Bruxinha primeiro.

Eu acabei encontrando alguns outros agentes, mas acertei todos com meus poderes e segui viagem. Não podia perder mais um minuto sequer.

Cheguei ao final do corredor da L6 encontrando uma grande porta de aço e um painel de controles do lado. Ergui minha mão, fazendo a porta se abrir logo depois e então eu entrei.

Wanda estava na primeira cela do lado esquerdo, sentada no chão e encarando a parede.

Ela também tinha um dispositivo no pescoço com uma luz brilhando e usava uma camisa de força.

—Rapunzel! Rapunzel! Jogue suas tranças. — ela me olhou assustada, fazendo-me rir. — Olá, vim salvar a princesa mantida em cárcere. — falei, caminhando até a cela dela e erguendo minha mão na direção do painel.

—Melinda? O que você está fazendo aqui? Como conseguiu escapar? — questionou e no mesmo tempo consegui abrir a cela dela. — Foi você quem causou a queda de energia, não foi? —

—Foi, mas em minha defesa, eu estava inconsciente. — a ajudei a ficar de pé, ficando atrás dela e soltando seus braços. — Olha, o plano é simples, ok? A gente pega o Sam, vai até o L3, pega nossos uniformes, vai até o L1, libera as portas para o terraço, pega um helicóptero e metemos o pé daqui. Entendeu? — expliquei, enquanto colocava minhas mãos sobre o dispositivo no pescoço dela e absorvia a energia dele, libertando finalmente Wandinha.

—E se encontrarmos guardas no caminho? —

—Apagamos eles. — segurei sua mão. — Agora vamos. Não podemos perder mais um minuto. — comecei a caminhar em direção ao L8, carregando Wanda comigo.

—Melinda, o que eles fizeram com você? Depois que te levaram? —

—Eu conto quando estivermos longe daqui, ok? Se eu pensar, a raiva vai me consumir e vou acabar perdendo o foco principal que é nossa fuga. — respondi.

Assim que viramos em um corredor, eu parei.

—O que foi? —

—Tem alguém vindo naquele corredor. — indiquei com a cabeça.

—Deixa eu ir. — a encarei. — Eu preciso acertar alguém, por favor. —

—Estou logo atrás de você. — soltei sua mão.

Wanda saiu na frente, caminhando sorrateiramente enquanto fazia feixes vermelhos aparecerem em suas mãos. A segui, já me preparando para uma possível luta.

Ela me olhou sobre o ombro, acenando com a cabeça e então viramos o corredor já quase liberando nossos poderes.

—Steve? — Wanda e eu falamos juntas, baixando as mãos.

—Meninas! — sua voz era de alívio. — Como escaparam? —

—Melinda me salvou. — Wanda respondeu, fazendo os olhares de Sam e Steve caírem sobre mim.

—Quem vocês acham que foi o culpado pela queda de energia? —

—Eu agradeço, facilitou bastante para eu entrar. Vocês estão bem? — assentimos. — Ótimo. Precisamos ir embora agora. — o Capitão falou, passando por nós duas.

—Vamos. — falou Sam antes de seguir Steve.

Wanda e eu fomos logo atrás.

Steve tinha feito um bom trabalho. Não tinha um agente sequer de pé.

—Steve, você por acaso cruzou com uma agente mulher? —

—Não, por quê? —

—O machismo explícito aqui dentro me enoja. — resmunguei.

De soslaio, vi um L3 gravado na parede que dava para um corredor e parei, lembrando dos uniformes.

—Vão na frente, eu alcanço vocês. — disse, seguindo pelo corredor.

Ouvi eles três me chamando, mas não dei ouvidos. Continuei correndo até achar a porta que o Bob tinha falado onde guardavam os pertences dos presos.

Abri a porta encontrando uma prateleira com algumas mochilas. Procurei as que tinham nossas identificações e passei minha mão sobre elas, checando se não tinha nenhum rastreador.

—O que você está fazendo? — ouvi a voz de Sam da porta. Peguei a mochila dele, jogando na sua direção.

—Essa é sua. Vamos. — falei, pegando a minha e a de Wanda e metendo carreira com ele.

Chegamos ao L1, que era onde ficava todos os monitores com todas as imagens das câmeras de segurança. Nós só precisávamos subir a pequena escada que dava para o "terraço" da prisão.

Só que então eu parei e encarei a parede que dava logo de cara para a pequena escadaria.

E deixando um sorriso crescer em meus lábios, eu simplesmente caminhei até ela depois de pegar um piloto na mesa de controles.

—O que você está fazendo? — Sam questionou.

—Deixando um recado. — respondi, começando a escrever na parede.

—Ficou maluca? Ross já não nos odeia o suficiente para nos caçar? Você tem que deixar um recadinho para ele? — ele se aproximou.

—Olha, Sam, eu entendo você, juro. Só que o que o Ross fez com você não chega nem perto do que ele fez comigo. — respondi sem parar de escrever.

—E o que ele fez com você? — Sam estava com receio da resposta.

—Nada disso que você está pensando. — tranquilizei, assinando o recado e largando o piloto. — Vamos. —

Subimos a escada, encontrando o Quinjet parado no meio do heliporto prestes a decolar.

—Decola, agora! — Sam gritou enquanto ainda estávamos a uns metros do jato.

Quando ele começou a subir, nós corremos e pulamos para dentro. Joguei as mochilas no chão, caminhando até o painel de controles.

—Oi, Romanoff. — cumprimentei a pilota, olhando para trás e vendo que Sam já tinha subido a rampa. — Acho bom já ter um destino em mente, assim como aconselho todo mundo a se segurar. — falei antes de erguer minha mão na direção do painel e ceder metade da energia que meu corpo ainda abrigava para o jato ir mais rápido, e isso aconteceu no segundo seguinte.

—Caralho, Melinda. Eu já disse que era para avisar quando fosse fazer isso! — Nat ralhou.

—Olha a língua. — Steve repreendeu.

—Também senti falta de vocês. — sorri fraco, sentindo agora que eu estava carregando o peso do mundo nas costas.

—Steve, faz ela sentar e descansar. — Natasha falou me encarando. — E faz ela comer também, parece que não come há dias. —

—Você não mentiu. — murmurei, sentindo Steve me segurar pelo braço e me ajudar a chegar até a poltrona, me sentando lá. — Eu só não estou desidratada porque o Ross me entupiu de soro. — soltei uma risada.

—Como assim? — Steve questionou.

—Melinda, como você ganhou esse corte no ombro? — franzi as sobrancelhas com a pergunta de Wanda.

—Que corte? —

Olhei para meu ombro direito: nada. Olhei para o esquerdo: encontrei um corte ainda jorrando sangue.

—Ah, deve ter sido o Bob. Ele tinha uma faca e nós lutamos. — dei de ombros. — Eu estava tão loucona por causa de toda energia absorvida que nem senti quando ele me acertou. —

Steve sentou do meu lado direito com um kit de primeiros socorros no colo e um sanduíche e suco nas mãos.

—E esse sangue na mão? É seu? —

Desci o olhar para minha mão direita, lembrando da agulha enfiada nela.

—Melinda? —

Minha cabeça viajou até o casamento falso, até meu pai. E eu senti as lágrimas se formarem.

Lá no fundo, eu queria que parte daquilo fosse real.

—Hey. — senti alguém tocar em meu braço, atraindo minha atenção. Era Wanda. — Está tudo bem? — assenti, notando que ela afagava meu braço com carinho. — Quer nos contar o que o Ross fez com você? —

—Ele... — respirei fundo. — Ele me levou para o País das Maravilhas. — diante das sobrancelhas confusas, resolvi explicar. — Depois do pequeno papo que Ross e eu tivemos e da minha tentativa de fuga, ele tentou mais dois meios de me manter presa, mas nenhuma delas funcionou. Eu sempre tentava fugir e meus tímpanos sempre acabavam sendo estourados. —

—Ele continuou fazendo aquilo mesmo sabendo que machucava você? — assenti. — Que filho da puta. — Sam falou entre dentes.

—Ross disse que tinha que encontrar um jeito rápido para me manter presa, porque estava fora de cogitação estourar meus ouvidos sempre que eu acordava. Se isso chegasse ao conhecimento do Tony ou qualquer superior, a carreira dele estava acabada. — revirei os olhos.

A carreira do filho da puta era mais importante que meus pobres ouvidos.

—Até que do nada eu acordei e estava de volta no meu quarto dos meus pais, se preparem para o choque, vestida de noiva. Pois é, noiva. Melinda Hunters ia casar. Ah, não. Melinda Hunters, não. Mérida Walker. —

—Estou confuso. — e pelo visto não era só Steve.

—Quando eu acordei eu não era a Melinda, meu nome era Mérida. Eu ia casar com o Ryan, para vocês terem noção da fanfic. Eu não tinha poderes, ia casar em uma igreja, Michael, Will, Theo e Tyler não existiam, Janet e Pietro... estavam vivos. — olhei para Wanda que baixou o olhar. — Assim como... assim como meu pai. — falei baixinho, mas os três ouviram.

—Como assim, Melinda? Isso que você viveu era um sonho? — Sam indagou.

—Pelo que eu entendi era. — suspirei. — Eu estava bem confusa nesse mundo faz de conta e só tive reação na hora de dizer o bendito sim. Olha, eu gosto muito do Ryan, mas se ele chegar perto de mim e simplesmente citar a palavra casamento eu meto um soco na cara dele. — falei séria. — Enfim, eu comecei a lembrar das coisas nitidamente. E consequentemente me veio nas memórias a última conversa que eu ouvi do Ross. —

—Que conversa? — Natasha perguntou.

A essa altura ela já tinha colocado o jato no piloto automático e ouvia minha história com atenção.

—Ele conversava com um agente sobre me colocar em uma máquina, disse que nada que ele fazia conseguia evitar que eu usasse meus poderes. O agente era contra a ideia do Ross, ele disse que as outras pessoas não saíram muito bem depois do contato com a máquina. — eu tentava lembrar das palavras com clareza, mas as vezes eu me perdia nas memórias do mundinho das fadas. — Ross rebateu dizendo que porque eu tinha poderes ele tinha certeza que eu sairia sem nenhuma sequela. —

—Que desgraçado. — Steve murmurou.

—E por que você vivenciou justamente aquilo? —

—Ross disse que a máquina fazia com que vivêssemos aquilo que mais desejamos ter na vida. — encarei minhas mãos. — Era uma vida normal, com o meu pai vivo. Eu só não entendia muito alguns furos no roteiro. Se era aquilo que eu mais desejava, eu desejava uma vida feliz. Só que o Theo não estava lá, nem o Tyler, assim como Will e Michael. E o fato de eu estar casando com o Ryan? Nunca vou entender. —

—Seu cérebro estava enviando sinais para você acordar. — Nat respondeu. — Ele sabia que tinha algo de errado e por isso mexia com alguns fatos, fazendo você questionar o que era real ou não. — ela cruzou os braços.

—Agradeço meu cérebro por não se contentar com meia felicidade. — suspirei. — Mas admito que hoje foi um bom dia para o Ross não estar naquela prisão. Se eu tivesse cruzado meu caminho com aquele bigodinho... — deixei a frase no ar.

—Foi por isso que você deixou o recado. — falou Sam.

—Mas é claro. —

—Que recado? — Steve indagou.

"Acho bom começar a correr, porque quando eu for atrás de você não terá esconderijo no mundo que proteja esse seu bigode ridículo de mim. Ass: MW." — falei. Vi o Picolé abrir a boca para contestar minha decisão, porém fui mais rápida. — E não, Steve, nada do que você ou qualquer um de vocês disser vai me fazer mudar de ideia. Eu vou atrás do Ross, sim. — disse firme.

—Aquele babaca poderia ter feito qualquer coisa comigo. Me sufocar até eu perder a consciência e ficar apagada por um bom tempo, estourar meus tímpanos, ter sido um pouco mais inteligente ao ponto de conseguir criar um dispositivo que realmente bloqueasse meus poderes. Qualquer coisa, menos me ligar a uma porcaria de máquina que me faz viver uma vida que não é real. Eu passei 4 dias naquele inferno, vivendo uma vida que eu sei que nunca vou poder viver porque o meu pai morreu. — senti minha vista ficar embaçada, mas nenhuma lágrima desceu. — Eu já estava começando a realmente superar a morte dele e tudo que aconteceu naquele maldito dia, mas por causa dessa tortura psicológica que o Ross me submeteu... tudo voltou como se fosse um enorme tsunami. Então, sim, eu vou atrás dele e nenhum de vocês vai me impedir. —

Os três ficaram calados por um minuto inteiro. Até que Steve suspirou e colocou a mão em meu ombro.

—Tudo bem, Melinda. Apenas me prometa que não vai matá-lo ou deixá-lo em coma. Não se esqueça que nós já somos taxados como criminosos apenas por violar o Tratado, imagine o que aconteceria com você se matasse o Secretário de Estado. —

Eu tinha total conhecimento disso. E já coloquei na minha cabeça que o que quer que eu faça, Natasha, Sam, Steve e Wanda não podem levar a culpa.

Tenho que deixar bem claro que a ideia é minha e somente minha, tanto que sei que se o Ross não me odeia agora vai começar a me odiar.

—Relaxa, Picolé. Eu jamais deixaria alguém em coma. —

—De qualquer forma você tem que ter cuidado. Depois do recadinho que você deixou, não duvido nada o Ross dobrar a segurança dele. —

—Nada que eu não possa lidar, com certeza, mas relaxe, Sam. Eu não irei atrás dele agora, vou deixar passar uns meses, quem sabe até um ano. Deixa ele achar que eu estava blefando e aí eu pego o filho da mãe desprevenido. — sorri. — Agora, podem começar a se explicar. — encarei Natasha e Steve. — Como a Nat veio parar do lado dos fora da lei? O que aconteceu na Sibéria? E Dory? Ele está bem, está em um lugar seguro? —

Os dois se encararam por um tempo e pela tensão algo deu errado. Até que Steve suspirou e começou a contar tudo que aconteceu enquanto ele limpava o sangue da minha mão.

Wanda também começou a limpar e fazer um curativo no meu ombro, mas ouvia tudo com atenção assim como Sam. No final, eu só soltei um "porra" ainda surpresa com a revelação de Steve sobre o motivo da briga dele e Bucky com o Tony.

Eu encarava minhas mãos, processando tudo. Sabia que Steve tinha errado e feio ao esconder aquilo do Tony, mas lá no fundo eu entendia o porquê dele ter feito o que fez.

E o Tony, bom... não tinha como julgar a reação dele, né.

O Capitão podia estar tentando disfarçar, mas sabia que ele estava apreensivo sobre como iríamos reagir após ele contar que escondeu por dois anos a verdade sobre a morte dos pais do Tony.

E como nem Wanda nem Sam falou nada até agora, resolvi tomar a frente.

—Olha, Steve, não vou negar que você pisou na bola e feio. — Sam me olhou feio. — O que, amado? Não vou passar pano para as atitudes erradas de ninguém não, eu hein. Não passo pano nem para minhas atitudes erradas, imagina para as dos outros. — voltei a encarar o Picolé que estava em pé no meio do jato. — Porém, Capitão, mesmo sabendo que você errou ao esconder essa informação do Tony, entendo seus motivos. —

—Entende? —

—Claro, né, Steve. Você teve medo da reação do Toninho e de perder seu amigo. E francamente, você sequer cogitar que eu iria te julgar por esconder uma coisa de alguém me ofende. Esqueceu que a Melinda aqui escondeu a verdade do irmão por 11 anos inteirinhos? — sorri, o tranquilizando. — Eu sou a última pessoa no mundo que poderia julgar suas ações. Só peço que você, assim como eu, aprenda com esse acontecimento e não esconda mais a verdade para ninguém. Ela pode doer no início, mas a pessoa sempre merece saber da verdade. —

—Acreditem, eu não quero passar por isso nunca mais. —

—Faço das palavras da Melinda as minhas. — Wanda falou, sorrindo no final.

—Igualmente. E relaxa, Capitão, o Tony vai te perdoar um dia. — disse Sam.

—É, o Tony é um cara inteligente. Vai ver que tomou umas decisões na hora da raiva. — falei, encarando o painel de controles do Quinjet. — Mas e aí? Para onde vamos? —


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem! Team Cap reunido com sucesso. Ross fez tortura psicológica com a Melinda e ela tá com fogo nos olhos. Ross e seu bigode que lutem. Então, galero, só falta o epílogo pra CW chegar ao fim e então Thanos chegar com tudo. Não demorarei pra atualizar, juro. Bom revoar.



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