Civil War escrita por Dark Sweet


Capítulo 14
Viena


Notas iniciais do capítulo

Hey, babes! Voltei com mais um capítulo. A ratificação do Tratado está aí e com ela a decisão final da Melinda. O que será que ela decidiu? Boa leitura!



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Eu encarava o meu reflexo no espelho com a dúvida ainda martelando na minha cabeça.

Hoje era o dia da ratificação do Tratado de Sokovia, em Viena.

A cada dia que passava os ânimos do grupo ficavam mais ansiosos. Isso gerou uma pequena discussão ontem, mas nada como a discussão no primeiro dia, quando o Tratado foi apresentado.

Na verdade, a discussão de ontem sucedeu por minha causa. Eu tinha decidido ir até Viena e assinar o bendito Tratado.

Depois daquele episódio com o Paul no estúdio do Karl, assim que cheguei no Complexo eu tomei coragem e entrei no twitter.

Como eu previa, minha timeline estava dividida entre comentários positivos e negativos. E eu fiquei péssima com os comentários negativos, eles acabaram pesando mais do que os positivos.

E após um dia trancada no quarto, chorando e pensando sobre os prós e contras, eu decidi assinar o Tratado.

A real é que eu me assustei quando pensei o que realmente aconteceria comigo e os outros que não assinassem.

Nós perderíamos nossas carteirinhas de super heróis e viraríamos civis comuns?

Se uma invasão alienígena estivesse prestes a acontecer, nós poderíamos ajudar mesmo sem ter assinado o Tratado?

E se um assalto estivesse acontecendo ao meu lado e eu interferisse? Iriam me prender?

E se eu fosse presa, como é que minha família iria ficar?

Diante de todas essas perguntas sem uma resposta certa, eu só fiz chorar e comer todas as porcarias que tinha levado para o quarto.

Wanda tentou falar comigo, Natasha tentou falar comigo, Rhodey tentou falar comigo. Todos tentaram, na verdade. Até o Steve, que ainda estava um pouco abalado pela morte da Agente Carter.

Só que eu não falei com ninguém. Apenas pedi para ficar sozinha, prometendo que não faria besteira, e que mais tarde falaria com eles.

E no dia seguinte eu falei. Contei tudo que rondou minha cabeça no dia anterior e minha decisão.

Sam jogou a minha fala na roda de discussão, a que eu não queria virar fantoche do Governo, mas eu ainda permaneci firme com a minha decisão.

Contudo, parada agora em frente ao espelho a dúvida bateu.

Será que estou fazendo a coisa certa?

Eu deveria mesmo ficar preocupada com a possibilidade de ser presa?

E se eu fosse, minha família já não estava bem grandinha para dependerem de mim?

Algumas batidas soaram pelo quarto afastando esses pensamentos. Logo a porta foi aberta.

—Melinda, está pronta? — Natasha entrou no meu quarto.

Ela usava uma roupa social. Saia lápis roxa que iam até abaixo dos joelhos e um blazer também na cor roxa.

—Estou. — sorri, encarando ela pelo reflexo do espelho. — Está bonita, Romanoff. —

—Você também, Hunters. Terninho cai bem em você. — meu sorriso aumentou.

Como era uma reunião com líderes de 117 países e o assunto era sobre os Vingadores, pensei que tinha que passar uma boa impressão.

Foi por isso que escolhi usar um terninho preto. Calça social um pouco justa, uma camisa social branca e um blazer preto, o qual deixei dois botões fechados. Nos meus pés estavam um scarpim preto e fiz uma maquiagem leve, deixando meus cabelos soltos com alguns cachos nas pontas.

—Obrigada, Nat. — ela passou alguns segundos calada, me analisando.

—Está com dúvida? Sobre assinar. — questionou cruzando os braços.

—Não. Só estou pensando em como um pedaço de papel vai mudar nossas vidas. — suspirei. — Um mísero pedaço de papel. —

—Sei o que está sentindo, mas o que aconteceu, aconteceu. — ela caminhou até mim. — E o que tiver que acontecer depois de assinarmos o Tratado, daremos conta juntas, certo? —

—Certíssimo. — sorri, virando-me na direção dela. — Vamos? Posso pilotar o jato, se quiser. —

—Por mim tudo bem, mas quero fazer uma parada antes. — franzi as sobrancelhas. — Londres. —

—Ah. — soltei, assentindo.

Hoje, além de ser o dia da ratificação do Tratado, também era o velório de Margarete Carter.

Eu iria acompanhar o Steve, mas ele disse que eu poderia ir com a Natasha para Viena que ele não iria sozinho. Sam o acompanharia.

—Ele vai gostar de ter ver lá. — sorri. — Vamos, Dona Aranha. —

***

Eu não gosto de políticos, isso é fato.

Porém, mesmo não gostando dos ditos cujos, procurei estudar política, pelo menos o básico, desde o início da minha adolescência.

E estando diante de todos esses políticos, descobri que isso aqui não é a minha praia.

Nat me largou assim que chegou e mesmo sem dizer nada soube que era uma espécie de treinamento.

Aprenda a se portar diante de políticos, mesmo eles não gostando de heróis.

Cumprimentei todos educadamente, afinal dona Michelle me educou muito bem, falei com eles como se estivesse pedindo informações a algum desconhecido na rua.

Mas quando o rei T'Chaka, de Wakanda, e seu filho, T'Challa, se aproximaram de mim que faltou palavras na minha boca.

—Srta. Hunters. — eles sorriram amigáveis.

—Ah, oi. — sorri nervosa. — Majestade, alteza. Eu devo tratar vocês assim? Ah, meu pai. Eu devia fazer uma reverência? Desculpem, é que eu nunca fiquei na frente de um rei mesmo tendo ido para Londres algumas vezes. Se bem que eu nunca tive interesse pelo palácio e... —

—Está tudo bem, srta. Hunters. — o rei T'Chaka falou, soltando uma leve risada. — Não precisa nos tratar como majestade e alteza, muito menos fazer uma reverência. Não costumamos fazer isso em Wakanda. —

—Ah, sim. Tudo bem então. — sorri. — Gostaria de me desculpar pelo que aconteceu em Lagos, rei T'Chaka. — pedi, adotando um tom mais sério. — Eu realmente queria poder ter impedido aquela explosão. —

—Sabemos disso. Obrigado. —

—Lamentamos pela srta. Maximoff não estar aqui presente. — T'Challa falou atraindo minha atenção.

E por um breve período de tempo, me perdi naqueles olhos tão lindos e convidativos.

—A Wanda está ainda um pouco confusa, pensando nas possibilidades. — respondi, voltando ao foco. — Não é fácil tomar uma decisão desse porte de um dia para o outro. —

—Imaginamos. E é por isso que agradecemos por você ter se juntado a nós. — o príncipe sorriu, fazendo-me sorrir também.

Ah, se vocês soubessem...

—Talvez eu nem deva dizer isso, mas saiba que você é mais bonito e muito mais legal que os príncipes da Inglaterra. — falei, arrancando um sorriso sem graça do T'Challa. — Europeus. Tão sem graças. — suspirei, sorrindo logo depois. — Eu vou deixar vocês falarem com outras pessoas. Afinal, não sou a única presente nessa sala. Foi um prazer conhecê-los, majestades. — brinquei, acenando e me afastando.

Meia hora depois e eu já não estava aguentando mais toda essa demora.

Fazia duas horas que estávamos aqui e nada de começarem a reunião. E eu não suportava mais falar com políticos.

Diplomacia não é comigo.

Alguns minutos após falar com o rei T'Chaka e seu filho, eu simplesmente me sentei no lugar reservado para mim e Romanoff, que ficava na terceira fileira das mesas do meio.

Durante todo esse tempo eu estava mexendo no meu celular.

Respondendo algumas mensagens de apoio do Tyler e dos meus pais.

"Espero que você esteja bem. Sei que política não é um dos seus assuntos preferidos."

"Obrigada, Ty ❤ A verdade é que políticos são piores que eu em relação a atrasos. Duas horas, poxa, duas horas e nada de começarem essa reunião."

—Rei T'Chaka. Por favor, deixe-me me desculpar pelo que aconteceu na Nigéria. — a voz de Natasha chamou minha atenção.

Ergui o olhar, encontrando ela em pé a alguns metros junto com o rei e príncipe de Wakanda.

—Obrigado. Obrigado por concordar com tudo isso. Fico triste em saber que o Capitão Rogers não irá se juntar a nós hoje. —

—Eu também. — Nat sorriu.

—Atenção todos, por favor, vamos nos sentar. A reunião vai começar. — um homem falou no microfone.

Quase ergui as mãos para o alto, agradecendo aos deuses por finalmente darem início aquela reunião. No entanto, me contive.

—Foi um prazer. — T'Challa sorriu para Natasha que retribuiu o sorriso, afastando-se e vindo até mim.

—Tudo ok? — indagou, sentando na cadeira ao meu lado.

—Tudo, e com você? — retribui a pergunta, guardando o celular no bolso.

—Quanto mais cedo terminarmos, melhor. — falou, cruzando as mãos sobre a mesa.

Fizeram uma abertura inicial, falando sobre o porquê de estarmos aqui e outras coisas.

Logo depois o rei T'Chaka subiu no palanque e começou a falar tão bem que me deu inveja.

—Quando o Vibranium roubado de Wakanda foi usado para fazer uma arma terrível, nós, em Wakanda, nos obrigamos a questionar o nosso legado. Aqueles homens e mulheres mortos na Nigéria eram parte de uma missão de boa fé de um país que saiu das sombras. — baixei o olhar por um breve momento, voltando a erguê-lo quando ouvi alguns ruídos estranhos. — Não vamos deixar, no entanto, que esse importuno nos faça recuar. — 

Olhei o redor, tentando encontrar a origem dos barulhos.

—O que foi? — Nat sussurrou.

—Tem alguma coisa acontecendo. — sussurrei de volta.

—Vamos lutar para melhorar o mundo o qual viemos nos juntar. Estou grato aos Vingadores por apoiarem essa iniciativa. — T'Chaka continuou falando.

Parece que ninguém mais percebia que tinha algo de errado.

Com exceção de T'Challa que tinha as sobrancelhas levemente franzidas.

Ele caminhou até as enormes janelas de vidro daquele andar, algo parecia ter atraído sua atenção. E seguindo seus passos com o olhar, foquei minha audição na direção que ele ia.

Gritos começaram. Me levantei, preparando-me para o que pudesse estar a caminho.

—Wankanda tem muito orgulho em estender a mão e... —

T'Challa começou a correr em direção ao pai, atraindo a atenção de todos enquanto gritava em pleno pulmões.

—Todo mundo para o chão! —

Rapidamente ergui minhas mãos em direção as janelas, um escudo estava sendo projetado ali.

Eu queria muito ter compreendido o que as pessoas lá fora tinham gritado, porque eu saberia que não conseguiria lidar com o que veio a seguir e teria me abaixado.

E então, o som que eu conhecia melhor do que ninguém soou pelo quarteirão inteiro.

O som de uma explosão.

Senti o escudo ser quebrado com a força da explosão e meu corpo ser arremessado para trás, bati em alguma coisa sólida e então perdi os sentidos por alguns minutos.

—Melinda? Melinda, levanta. — a voz parecia distante.

Meus ouvidos continham um zunido incessante.

—Hum. — gemi de dor, sentindo minha cabeça latejar um pouco.

—Melinda, sou eu, Natasha. —

—Nat? — resmunguei, tentando abrir os olhos. — O que... —

—Está tudo bem. Consegue levantar? —

Natasha me ajudou a me sentar e ainda com dificuldade olhei ao redor.

Eu tinha ido parar a alguns metros de onde estava sentada, as janelas de vidro não existiam mais apenas destroços espelhados pelo chão, pessoas corriam de um lado para o outro, tinha pessoas caídas no chão e eu duvidava muito que elas estavam apenas desacordadas.

Próximo de onde as janelas ficavam, estava o rei T'Chaka caído no chão morto e seu filho, T'Challa, o embalava nos braços, chorando.

—Nat... — minha voz sumiu.

—Não foi sua culpa. Você tentou impedir e não conseguiu. — falou, segurando minhas mãos. — Se você precisava de alguma prova de que poderia absorver a energia de uma explosão aqui está. Nem todo mundo pode lidar com explosões, Melinda. —

—Me tira daqui. Por favor, Nat, só me tira daqui. — pedi baixinho, as lágrimas querendo vir a tona.

—Vamos. Sua cabeça está sangrando, precisa de um curativo. — ela me ajudou a ficar em pé.

Me apoiei nela e então saímos do prédio.

Eu podia ouvir alguns repórteres não muito longe de onde estávamos, a polícia e bombeiros comandando uma operação, pessoas comentando o ocorrido, as ambulâncias fazendo atendimentos rápidos.

Contudo, nada estava muito claro para mim. Eu ouvia eles, mas tudo saia com chiados, parecia que as vozes estavam a quilômetros de distância.

—Vocês precisam de ajuda? Está sangrando. — um homem com roupa de socorrista se aproximou.

Me encolhi, parando de caminhar.

Nada de médicos, por favor, nada de médicos. Repeti em minha cabeça.

—Eu posso cuidar dela, preciso apenas de materiais para fazer um curativo. — Natasha falou firme. — Está tudo bem. Você pode ajudar outras pessoas. —

O homem assentiu, correndo em direção a uma ambulância e voltando na nossa direção com uma maleta de primeiros socorros.

Ele entregou a maleta a Nat e saiu correndo para ajudar outras pessoas.

Natasha me fez sentar em um banco, sentou ao meu lado e abriu a maleta. Ela afastou meu cabelo e começou a limpar o ferido na minha nuca.

—Você consegue ouvir alguma coisa? Saber o que aconteceu? — indagou.

Tentei me concentrar nos policiais, no que eles diziam. Só que estava difícil manter o foco com tantos chiados.

—Minha audição está um pouco danificada. — falei. — Você sabe, minha audição é mais apurada que o normal e quando um barulho alto demais acontece próximo de mim, eu fico um pouco desorientada. Uma explosão desse porte então... —

—Entendo. Não se esforce muito, ok? —

Assenti devagar.

—Você devia procurar saber o que aconteceu. — murmurei. — Eu estou bem. —

—E deixar você sozinha? Não até eu fazer um curativo nesse corte. — falou, me encarando nos olhos rapidamente.

Sorri, tentando voltar a ouvir os policiais com mais clareza para saber o que tinha acontecido.

Ok, alguém explodiu a ONU no meio da ratificação do Tratado de Sokovia, mas quem explodiu?

Tentei ignorar os chiados, focar em uma única voz, mas não parecia funcionar. Nada que eu fizesse parecia funcionar.

Foi quando Romanoff terminou meu curativo que eu ouvi um nome. No entanto, eu não sabia se eu tinha ouvido a coisa certa.

—Ahm, Nat? — ela ergueu a cabeça. — Eu... consegui ouvir algo, mas não tenho certeza se está certo ou não. Na real, foi só um nome e... —

—Que nome? —

—Soldado Invernal. — respondi fazendo-a ficar em silêncio por alguns segundos.

—Já terminei seu curativo, vou procurar saber dessa história melhor. — levantou. — Liga para seus pais, eles devem estar preocupados. E manda uma mensagem no grupo dizendo que estamos bem. — assenti, vendo-a se afastar.

Tirei meu celular do bolso, vendo a película trincada. Revirei os olhos e não me surpreendi quando vi as inúmeras mensagens e ligações perdidas.

Mandei primeiro uma mensagem para meus pais dizendo que estava bem e que não precisavam mais se preocupar.

Depois o Tyler e o Adam. Pedi que Adam avisasse a Chris e Charlie, e Tyler avisasse a seus irmãos, Amy e o outros agentes.

Entrei no grupo dos Vingadores e mandei uma foto minha com um sorriso obviamente forçado e com o polegar levantado com a seguinte legenda:

"E Melinda sobrevive a mais uma explosão"

Logo depois mandei outra mensagem.

"Não se preocupem, bebês, Nat e eu estamos bem. Eu sai apenas com um corte na cabeça, mas estou bem, apenas fiquei surda temporariamente."

Natasha se aproximou séria.

—E então? — indaguei, guardando o celular.

Nat contou o que descobriu.

Bucky, o melhor amigo do Steve e até uns anos atrás o Soldado Invernal, foi filmado em um estacionamento próximo daqui e era o principal suspeito pela explosão da bomba.

A Força Tarefa anti terrorismo foi ativado e já estavam a procura do Sargento. As filmagens com a carinha bonita dele já foram divulgadas e qualquer um que visse o Soldado era para denunciar.

O telefone de Natasha tocou e ela se afastou para atender.

Enquanto isso fiquei pensando no Capicolé.

Como será que a cabecinha dele estava?

O fiasco da missão em Lagos, o Tratado, a morte da Peggy e agora o antigo melhor amigo sendo acusado de explodir a ONU.

Fora que ainda tinha a possibilidade do namoro dele com a Amy acabar.

—T'Challa, a força tarefa vai decidir quem vai capturar o Barnes. — a voz de Nat me despertou dos meus pensamentos.

Olhei o redor, a procurando.

A encontrei sentada em um banco ao lado do que eu estava sentada, no outro banco estava T'Challa.

Sua camisa branca continha algumas manchas de sangue, assim como seu rosto.

—Não se preocupe, srta. Romanoff. — ele falou, levantando. — Vou matá-lo com minhas próprias mãos. — T'Challa falou firme, afastando-se.

Levantei, caminhando até ela.

O celular de Nat tocou novamente.

—Vocês estão bem? — a voz de Steve soou do outro lado da linha, fazendo um pequeno sorriso surgir em meus lábios.

—Estamos, estamos sim. Tivemos sorte. — Nat respondeu.

Uma sirene soou em algum lugar e isso me fez franzir as sobrancelhas.

A ligação parece ter dado uma leve interferência, mas eu não sabia se era porque o Steve parecia estar aqui em Viena ou se era minha audição ainda falhando.

Franzindo as sobrancelhas, Natasha levantou de onde estava sentada. Ela também estava pensando o mesmo que eu, imagino.

—Olha, eu sei o quanto o Barnes significa para você é sério, mas ficaem casa. Você só vai piorar tudo, para todos nós. Por favor. — aconselhou.

—Está dizendo que vai me prender? — indagou. Romanoff pressionou os lábios, balançando a cabeça.

Olhei o redor, tentando ver se eu o encontrava.

Maldita hora para ficar surda, Melinda.

—Não, mas alguém vai se você interferir. Agora é assim. —

—Se ele chegou tão longe, Nat, eu devo trazê-lo a justiça. —

—Por quê? —

—Porque eu tenho menos chances de morrer tentando. — respondeu e então encerrou a ligação.

—Droga. — ela encarou o celular e então ergueu o olhar. — Ele está aqui, não está? —

—Não posso dizer com certeza, Nat. Minha audição ainda está um pouco bagunçada. — falei, deixando meus ombros caírem.

—Tudo bem. Avisou aos seus pais? — assenti.

—Mandei mensagem no grupo também. Fazendo piada, é verdade. No entanto, duvido que irá tranquilizá-los como eu imaginei. —

—Vamos. Você precisa trocar essa roupa. —

***

Nós não voltamos para o Complexo como eu achei que seria.

Na verdade, estávamos a caminho de New York, mas tivemos que dar meia volta e permanecer na europa porque Tony mandou uma mensagem para Natasha informando que o Steve foi atrás do Bucky e atrapalhou toda a operação.

Em outras palavras: fedeu para o lado do Steve e Sam, que tinha acompanhado o amigo até a Romênia.

Como costumávamos deixar pelo menos um par de roupa no Quinjet, Natasha e eu trocamos de roupa antes de pousarmos.

Usávamos calças jeans escura e a única diferença era a camisa. Nat estava com uma jaqueta de couro e eu uma regata branca e um casaco verde militar comprido que eu tinha furtado de Tyler ano passado. Ela calçou sua bota fechada com salto fino e eu a minha amada bota marrom com o salto quadrado.

Faziam algumas horas que estávamos na CIA. Tony tinha chegado primeiro que nós duas.

Fomos apresentadas a Everett Ross, um homem baixinho que parecia muito com o carinha do Hobbit, que estava comandando a Força Tarefa.

Nos apresentaram também a uma agente loira, Sharon Carter - que eu me liguei segundos depois que ela tinha parentesco com a falecida Peggy Carter.

E meu santo não bateu com o dela.

Recebíamos informações a respeito da força tarefa antes dos repórteres e qualquer pessoa que não estivesse nesse prédio.

Steve e Sam foram até a Romênia atrás do Bucky, a força tarefa chegou no estilo "atirar primeiro, perguntar depois", Steve e Bucky lutaram contra os oficiais, mas, pelo que eu soube, ninguém morreu.

Enquanto Bucky tentava fugir um outro cara apareceu, todo de preto e a roupa parecia um felino — depois soubemos que esse gatinho era o T'Challa querendo vingar a morte do pai —, o Falcão tentou afastar um helicóptero e então a verdadeira perseguição começou.

Bucky alcançou a rua e correu, tentando salvar sua pele.

T'Challa saiu em seu encalço, Steve estava logo atrás tentando ajudar o amigo, os oficiais da força tarefa tentava capturar os três. Na verdade, os quatro porque Sam dava suporte a Steve.

Parece que a perseguição foi algo bonito de se ver, sendo você um apreciador de cenas com bastante aventura.

No fim, Rhodes apareceu e conseguiu encurralar os quatro e os prendeu.

Agora Steve, Sam, Bucky e T'Challa estavam sendo trazidos para cá enquanto Rhodes lidava com a imprensa. Ele era o homem perfeito para isso.

—Só para registrar, é assim que as coisas ficam quando elas pioram. — Nat falou atraindo minha atenção.

Minha audição já tinha se normalizado depois de todo esse tempo.

—Ele está vivo. — foi a única coisa que Steve falou.

Eles entraram na sala em que estávamos.

Sam, Steve e T'Challa acompanhados de Natasha, Everett, Sharon e alguns outros agentes.

T'Challa se afastou sem falar nada.

Ross e Sharon fizeram o mesmo, assim como os agentes, ficando apenas Nat, Sam e Steve.

—A Romênia não foi sancionada no Tratado e o Coronel Rhodes está supervisionando a imprensa. — Tony falou ao telefone. Desde que chegou aqui, é só o que tem feito.

—Tentem não quebrar nada enquanto resolvemos isso. — Nat pediu, afastando-se.

—Consequências? Pode apostar que haverá consequências. É óbvio que pode contar que fui eu quem disse porque foi o que acabei de dizer. Mais alguma coisa? — e então desligou o telefone. — O Secretário Ross queria prender vocês. Tive que ceder. — falou para Steve e Sam.

—Não vou ter meu escudo de volta, não é? —

—Tecnicamente é propriedade do Governo. As asas também. — Nat respondeu passando por eles.

—Que vacilo. — Sam resmungou.

—Melhor que a cadeia. — Tony falou sobre o ombro, acompanhando Natasha.

—Hey. — sorri de lado, me aproximando deles. — E aí? —

—Como você está? Não achei que fosse te ver aqui. — Steve falou colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.

—É, acabei acompanhando a Nat. Não queria voltar para o Complexo sozinha. — dei de ombros.

—Já está ouvindo melhor? —

—Já sim, Garibaldo. — sorri. — E vocês? Contem-me como vocês estão e mintam para mim. —

—O Bucky está vivo, Melinda. É a única coisa que importa. —

—Eu sei, picolé. — sorri, cruzando os braços. — Mesmo não ouvindo muito bem eu sabia que você estava lá quando ligou para Natasha, mas eu não falei para ela. —

—Por quê? — franziu as sobrancelhas.

—Porque se eu estivesse no seu lugar e o Tyler estivesse passando pelas mesmas coisas que o Bucky passou, eu teria feito o mesmo sem pensar duas vezes. — respondi. — Ele está preso em uma sala reservada em outro andar. — informei. — Um psiquiatra foi enviado para avaliá-lo, mas eu não sei quem é, ainda não o vi. — o Capitão assentiu. — Eu não sei se tenho permissão para te contar essas coisas, mas eu não ligo. Você é a única família que restou para o Bucky então merece saber sobre o que estão fazendo com ele. O que eu descobrir venho contar para vocês. Tanto sobre o Barnes como o que vai acontecer com vocês. —

—Obrigado, Melinda. — eles agradeceram.

Sorri, descruzando os braços.

—Disponha, meninos. O Bilbo Baggins reservou esse escritório para vocês. —

Apontei para uma espécie de sala de reuniões que ficava no meio da sala em que estávamos. Ela era toda de vidro, ou seja, era uma forma de ficar de olho no Capitão e no Falcão.

—Você apelidou o Everett Ross de Bilbo? O carinha do Hobbit? — Steve questionou incrédulo.

—Steve! Entendeu a referência! — sorri orgulhosa. — Ele se parece com o Bilbo, você não acha? — perguntei. — Eu volto daqui a pouco com mais informações. — falei, me afastando.

***

Passou algumas horas para a avaliação do Bucky começar.

Como eu previa, não deixaram Steve assistir, de fato, a avaliação do psiquiatra.

Na sala de centro de controles haviam várias telas com algumas imagens distintas. Três delas mostravam a sala em que o Sargento Barnes estava preso de diferente ângulos.

Nat assistia tudo em pé, os braços cruzados, assim como Everett Ross.

Eu falei com o Ross para deixar Steve assistir a avaliação do Bucky, mas meu pedido foi negado, e se eu insistisse mais no pedido, ele iria me proibir de ficar aqui nesse andar.

Contrariada, fui até o escritório em Sam e Steve estavam.

O Garibaldo estava sentado, já Steve estava em pé encarando as telas de longe e não ouvindo nada. Não tinha nem como fazer leitura labial pelo posicionamento das câmeras.

—Ross negou meu pedido para te deixar assistir. Falei com o Tony e ele disse que não podia fazer nada, ele estava mentindo, claro. — falei, me aproximando e me sentando em uma das cadeiras. — Mas eu posso passar para vocês o que eles estão falando. — suspirei.

—Consegue ouvir? —

—Claro! As paredes de vidro não são totalmente a prova de som. — respondi, inclinando meu corpo na direção das telas. — Ele está se apresentando, dizendo que a ONU o enviou para avaliar o Bucky. —

—O que você acha dele? Parece ser 

um bom psiquiatra? — Steve indagou.

—Sinceramente, ele está parecendo minha primeira terapeuta. Chata, sem sal, querendo pagar de boazinha, mas, na verdade, é o cão chupando manga. — o Capitão assentiu, voltando a encarar as telas lá fora. — O psiquiatra perguntou se o primeiro nome dele era James. — informei.

—O registro do seu equipamento. — Sharon entrou no espaço onde estávamos, entregando um papel a Sam.

—Fantasia de pássaro? Qual é. — ele reclamou. Soltei uma risada.

Sam me encarou sério.

—Eu não escrevi isso aí. — Sharon se defendeu.

Ela olhou Steve por um tempo e logo depois olhou ao redor, e então apertou um botão no controle sobre a mesa, fazendo a imagem da avaliação do Bucky ser transmitida numa pequena tela da sala em que estávamos.

Semicerrei os olhos.

Eu estava desconfiando, desde que os vi juntos, que esses dois tinham alguma história mal encerrada. Agora tenho certeza.

—Não estou aqui para julgá-lo. Eu só quero fazer umas perguntas. — continuou o médico. Voltei minha atenção para a tela. — Você sabe onde está, James? Não posso ajudá-lo se não falar comigo, James. —

Eu estava quase começando a xingar esse psiquiatra pelo fato dele estar repetindo o nome James excessivamente. Não se faz isso com quem anda tendo, aparentemente, alguns distúrbios de personalidade.

—Meu nome é Bucky. — O Sargento falou firme.

Steve encarou a tela mais alguns segundos, então virou na nossa direção e pegou a foto que foi divulgada de Bucky minutos antes da explosão na ONU, analisando-a.

Algo o incomodava.

—Por que a força tarefa liberaria essa foto? — indagou.

—Para divulgar e envolver o máximo de testemunha. — Sharon respondeu.

—Certo. Ou uma forma de tirar alguém do esconderijo. — Steve contrapôs. — Detonar uma bomba, divulgar uma foto. Sete bilhões de pessoas procurando o Soldado Invernal. —

—Acha que alguém o incriminou para encontrá-lo? — Sharon questionou.

—Steve, procuramos o cara por dois anos e nada. — Sam respondeu.

—Não explodimos a ONU. Isso chama bastante atenção. —

—Sim, mas isso não garante que chegariam até ele, mas que a CIA sim. — falei e logo depois franzi as sobrancelhas. — Epa. —

Os encarei, Sharon também tinha as sobrancelhas franzidas.

—É. — Steve concordou, voltando a encarar o visor.

—Já passou por muita coisa, não é? — o psiquiatra indagou atraindo minha atenção.

—Não quero falar sobre isso. — Bucky cortou rapidamente.

—Você teme que quando comece a falar os horrores nunca mais parem? — Bucky não respondeu. — Não se preocupe. Nós só temos que falar sobre um. —

—Steve, eu não estou gostando desse cara. — comentei.

E então, no segundo seguinte as luzes se apagaram e quando acederam, eram as luzes vermelhas de emergência de quando tem uma queda de energia.

—Não fui eu. — me defendi antes mesmo que me acusassem.

—Subnível 5, ala leste. — Sharon falou para Steve que saiu correndo com Sam. — Vem comigo. — ela falou para mim, saindo da sala.

Sinceramente? Eu não queria ir com ela, mas algo me dizia que Steve e Sam não conseguiriam segurar o Bucky.

Levantei, contrariada, e comecei a seguir ela.

—Por favor, me diz que você trouxe um traje. — ouvi Natasha questionar a Tony e eu não entendi sua resposta.

A sala de centro de controles estava uma verdadeira zona. Algumas pessoas esbarraram em mim e acabei perdendo a atenção na Sharon.

—Au! — resmunguei quando um homem com quase 2 metros de altura esbarrou em mim e me levou o chão. — Sei que parece que o mundo vai acabar, mas custa olhar por onde anda? —

—Desculpa. — pediu oferecendo a mão para me ajudar a ficar de pé.

—Sabe onde a agente Carter possa estar? — indaguei já em pé.

—Não. — respondeu, se afastando. — Mas o Barnes foi visto indo em direção a saída. — falou sobre o ombro.

—Obrigada. —

Comecei a caminhar em direção a saída principal do prédio.

Eu tentei chamar o elevador, mas ele não veio. Então fui pela escada de emergência mesmo.

E adivinha quem eu encontrei no segundo pro terceiro lance de escada?

O próprio Bucky.

—Oi, Sargento. — sorri. — Você é ainda mais bonito pessoalmente, sabia? — ele não respondeu. — O que está fazendo? Cadê o Steve e o Sam? —

Novamente ele não me respondeu.

Bucky partiu para cima.

Interceptei o golpe dele com meu braço, sentindo ele me acertar na barriga.

Recuei, curvando meu corpo um pouco.

—Ok. — murmurei, correndo para cima dele e acertando uma joelhada no peito dele.

Bucky recuou um passo, mas logo se recuperou e tentou acertar um soco em meu estômago. Me esquivei, acertando uma cotovelada em seu rosto.

Barnes acabou pisando em falso e antes que ele rolasse o lance de escada atrás dele, ele segurou meu pescoço e acabou me levando junto.

Enquanto rolávamos pela escada, ele permaneceu segurando meu pescoço com firmeza. Maldito braço de metal.

Quando chegamos em uma parte totalmente lisa, ele estava sobre mim, apertando meu pescoço.

O ar estava escapando do meu pulmão, meu pescoço estava doendo pra caralho, minhas pernas estavam presas e eu não podia usá-las para jogá-lo para longe.

—Eu costumo gostar... de ser enforcada enquanto estou... transando, mas isso... já é demais. —

Falei com dificuldade, movimentando minha mão na direção da barriga dele e acertando-o com uma rajada de energia.

Bucky voou para longe e bateu na parede.

Puxei o ar com força, virando meu corpo para o lado enquanto levava minhas mãos ao meu pescoço.

Ele estava sensível demais, dolorido demais e com certeza vermelho demais.

Quando olhei na direção do Barnes, ele estava subindo a escada. Provavelmente eu não tinha mais importância.

—Melinda? — Steve se agachou ao meu lado.

—Ele está indo para o terraço. Vai. — falei com dificuldade. O Capitão permaneceu imóvel. — Eu estou bem atrás de você. Vai, Capicolé! —

E então ele foi.

Eu levantei dois minutos depois. Ainda respirava com um pouco de dificuldade, mas nada para se preocupar.

Ao chegar no terraço encontrei a seguinte cena: o helicóptero todo destruído, Bucky dentro dele com o braço de metal atravessando a janela e segurando o pescoço do Steve.

Esse homem deve ter um fetiche por pescoço que meu Deus.

E então, o helicóptero caiu do terraço com Bucky, Steve e tudo.

—Steve! —

Corri até a beirada, procurando o helicóptero. Só o que eu via era o rio calmo.

Comecei a me desesperar.

Ergui minha mão na direção do rio e procurei pela energia que o corpo do Steve produzia. Movimentei ela e então eu encontrei.

Olhei na direção que a energia vinha, vendo Steve nadando com o amigo totalmente apagado até a margem.

Não pensei duas vezes, pulei e voei até a margem.

—Vem. — estiquei meu braços.

O Capitão me entregou o Sargento. Segurei ele pelos braços e o tirei do rio. Steve estava do meu lado em um segundo.

—Obrigado. Você está bem? — indagou olhando meu pescoço.

—Estou, sem preocupações, Capitão. — pisquei. — Vamos. Não podemos ficar aqui. O Bilbo deve estar atrás da gente. —

Ele pegou o Bucky e passou o braço dele ao redor do pescoço dele. Fiz o mesmo com o outro braço, embora eu sou bem mais baixa que os dois. Ou seja, não adiantou de muita coisa.

—O que você está fazendo? Precisa voltar para o prédio. Não pode mais me ajudar assim, Melinda, por conta própria. — pressionei os lábios. — Você assinou o Tratado. Se fizer isso, me ajudar, será uma criminosa. —

—Eu não assinei. — murmurei.

—O que? —

Olhei ao redor, vendo se eu poderia mesmo explicar o que aconteceu em Viena antes que os agentes da CIA viessem atrás da gente.

—Eu não assinei o Tratado. — repeti. — Na verdade, eu assinei, mas não como Melinda Hunters, e sim, como Mérida Walker. Mérida Walker não existe mais, nenhum documento pode provar que ela existe, então logo minha assinatura não vale. Eu não assinei. —

—Por quê? —

—Eu peguei a caneta e não me pareceu a coisa certa a se fazer. Não queria me arrepender depois. —

—Se acha que está fazendo a coisa certa, é isso que importa, Melinda. —

—Agora vamos logo marchar para longe daqui. Não estou a fim de ser presa agora. — falei e começamos a andar. — Temos que encontrar o Garibaldo ainda. —


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Notas finais do capítulo

Hey! Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem!
Melinda conheceu o T'Challa hahah
Melinda e explosões realmente não são uma boa combinação.
Melinda acabou sendo team Cap e ainda teve lutinha com o Soldado Invernal.
A batalha no aeroporto se aproxima aaaa
Até a próxima, bebês.



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