Valentina escrita por Sula Novata


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá... a partir de agora os capítulos serão postados todas as sextas. Como já tinha capítulos escritos os postei seguidos, mas agora não consigo mais. beijinhos e obrigada por acompanhar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767099/chapter/7

Guilhermo estava escorado em uma das pilastras do castelo de Artena observando Valentina que deslizava com suavidade pelo salão organizando a chegada das comitivas de Montemor e Astrilha. Seu coração batia forte no peito, sabia que depois de todas as recusas que recebera dela, essa era a sua última chance de conquistá-la. Encheu o peito de ar tentando controlar a ansiedade de se aproximar.

— Melhor desfazer a cara de apaixonado senão não terei nenhuma chance! - A voz de Felipo soou de forma jocosa ao lado de Guilhermo.

— Você não tem nenhuma chance, Felipo! - Guilhermo bateu-lhe de ombros.  - E infelizmente,  pelo número de recusas que recebi no último mês, acho eu também não. - Complementou Guilhermo fazendo uma careta.

— Sério? Acha mesmo que não tem chances? Eu os vi no baile, a tensão era quase palpável. - Felipo olhou pra Guilhermo estudando o ar desconsolado do amigo. - Como assim último mês? O que aconteceu no último mês? Pelos céus, odeio ser o último a saber das bisbilhotices do reino.

— Não tem bisbilhotice. Eu enviei seguidas mensagens, declarei meu interesse, fui gentil.... - Guilhermo deu de ombros. - E a única resposta que recebi foi uma linha e, pelo que me disse o mensageiro, por pura compaixão, já que eu havia proibido o pobre rapaz a voltar sem uma resposta.

— Eu não entendo, eu senti algo forte em vocês dois, eu tenho certeza que senti, eu não costumo me enganar nesses assuntos. - Felipo mexeu nos cabelos nervosamente. - Eu tenho certeza, Guilhermo, total certeza que Valentina tem sentimentos por você. - Fazendo uma careta estranha, Felipo sorriu abertamente. - Já sei, já sei, já sei. - Felipo pulava em torno de Guilhermo. - Eu vou ajudar vocês, vou mesmo, serei o cupido de vocês, eu tenho meus truques, amigo. - E dando tapinhas nas costas de Guilhermo, Felipo concluíu. - Agora coloque um sorriso no rosto e disfarce esse desconsolo. Vai ficar tudo bem, vai dar tudo certo, ou não me chamo Felipo.

Guilhermo olhou para o amigo e sorriu, sabia que quando ele tomava para si uma missão não sossegava até conseguir o que queria.

— Obrigado, Felipo, saber que tenho seu apoio me deixa mais confiante. - Guilhermo abraçou o amigo, mas logo o afastou. - Você não fica magoado com isso? Quer dizer, você sabe qual é a real intenção de nossos pais com esse encontro...

— Cruzes, socorro!!!! - Felipo fez uma cara esquisita e Guilhermo riu do jeito do amigo. - Que Deus me proteja! Claro que sei! E só vim para poder assistir de perto o nascimento dessa história de amor. Eu e Valentina... - A gargalhada de Felipo ecoou pelo salão chamando a atenção de todos. - Desculpe, Guilhermo, mas eu e Valentina jamais teríamos qualquer chance juntos, pode ficar tranquilo amigo.

Valentina estava tão compenetrada em organizar a chegada das comitivas que não prestou atenção nos dois príncipes que a observavam até o momento que a risada de Felipo ecoou pelo salão. Virou-se na direção do som e o que viu foi dois olhos castanhos lhe observando atentamente.

Guilhermo.

Era real, ele estava ali, ele estava a olhando com um enorme sorriso no rosto e quando seu olhos se cruzaram fez uma leve mesura com a cabeça, cumprimentando-a. Automaticamente seu estômago entrou em colapso e suas pernas amoleceram. Valentina respirou fundo e devolveu o movimento com a mesma leveza, desviou o olhar para Felipo, que sorria de forma altiva, sorriu para o amigo e voltou-se a seus afazeres.

Valentina não tinha certeza se havia conseguido disfarçar seus sentimentos, mas certamente fizera um esforço descomunal. Mal se restabelecera e uma voz conhecida soou próxima, mas essa voz não lhe abalava, muito pelo contrário, só lhe dava forçar para resistir as tentações e seguir com seus planos.

— Valentina, como é possível que estejas mais linda hoje do que a um mês atrás?

— Tia Amália! - Valentina sorriu e recebeu o abraço retribuindo-o. - Acho que é a alegria de tê-los conosco, por que outra razão seria? Estou muito feliz de estarem aqui, é tão bom ter um pouco de movimento no castelo.

— Que bom que está feliz com nossa presença, me preocupei com a possibilidade de você estar chateada com as ideias de Afonso, Rei Augusto e Selena. - Amália sorriu abertamente para a sobrinha.

— De forma alguma, entendo os desejos de vocês e também tenho a certeza que não nos forçarão a nada. - Valentina respondeu de forma doce e tranquila.

— Forçá-los? Não. Jamais. - E segurando as mãos de Valentina entre as suas Amália suspirou em um tom sonhador. - Mas podemos sonhar!

— Claro, sonhar sempre é permitido. - Valentina respondeu prontamente.

— Irmãzinha! - Selena se aproximou de Valentina e Amália. - Sempre tão organizada, está tudo tão perfeito. - Selena beijou a Valentina no rosto. - Obrigada por dar espaço a Ulisses na cozinha de Artena, tive que o ouvir resmungando a viagem inteira porque passaria uma semana longe de suas panelas.

— Eu preparei uma delicadeza a cada um de vocês. Assim que estiverem instalados lhes contarei toda a programação. - Valentina observou o sorriso no rosto da irmã e se aproximou de seu ouvido sussurrando. - E você também ficará feliz com sua delicadeza, mesmo que não seja das mais delicadas, irmã.

— Ora, cheia de mistérios, irmãzinha, queria eu poder ler-lhe a mente, estou verdadeiramente curiosa. - Selena brincou.

— Falando em ler mentes, onde está Agnes? - Valentina perguntou com um leve sorriso.

— Como assim? - Amália quis saber num tom sério.

— Ontem minha dama de companhia estava profundamente preocupada, me disse que os criados tinham medo de Agnes, que ouviram falar que ela era uma bruxa e que tinha a capacidade de ler mentes. - Valentina cobriu o rosto com as mãos para rir baixinho. - Uma bruxa, vocês são capazes de acreditar nisso? - Valentina observou a troca de olhares entre sua tia e sua irmã, ela sabia da verdade, mas elas não sabia que ela sabia. - Como se bruxas existissem!

— Agnes é tão doce, ficará encabulada com essa notícia. Agnes, uma bruxa, as vezes penso que nossos criados tem pouco o que fazer para inventarem tais absurdos. - Selena moveu a cabeça de forma incrédula e sorriu.

— Vamos Amália, vamos deixar Valentina terminar toda essa organização, quanto logo estivermos instalados, quanto logo saberei quais são as tais delicadezas não tão delicadas que me esperam.

Amália concordou com um gesto e acompanhou Selena. Valentina seguiu com a organização da chegada das comitivas, mas sem parar de observar a tia e irmã. Viu-as se aproximarem de Agnes que acabara de entrar no salão principal e, certamente, transmitirem a mesma a informação que ela acabara de contar. Pela expressão no rosto de Agnes ao ouvir o que elas tinha a dizer, Valentina teve a certeza que não gostara nada. Perfeito. Apesar de nunca permitir que Agnes lhe lesse o que realmente pensava, dessa vez estava preocupada, seus sentimentos confusos poderiam lhe trair e torná-la distraída, a informação de Hulda acabou lhe sendo vantajosa, agora tinha certeza que Agnes se conteria, já que estaria sob a observação dos criados.

— Perdida em seus pensamentos, Valentina? - A voz de Felipo soou em suas costas lhe trazendo de volta a realidade.

— Perdida entre tantos afazeres, Felipo. - Valentina respondeu com um sorriso sincero.

— Hum... achei que estava sonhando acordada com um par de olhos castanhos que emolduram o rosto de um certo príncipe. - Valentina o olhou com um ar de total desentendimento.

— Desculpe, Felipo, por mais estranho que possa ser, não fui capaz de acompanhar seu pensamento. - Valentina sorriu ao falar. - Não gostaria de esclarecer o que se passa nessa cabeça avoada?

— Avoado? Eu? Não, princesa, sou o mais observador dos seres! - Felipo lhe tomou a mão e beijou-lhe a palma. - E tenho certeza que se não fosse eu lhe beijando a mão, seu rosto estaria afoguentado e seus olhos se tomariam de um brilho diferente.

— Certamente você não me causa nada disso. Mas tomei-me de curiosidade. Quem seria? - Valentina puxou a mão e de forma brincalhona a passou no vestido, implicando com Felipo.

— Não faça isso, Valentina, não negue a si mesma o que seu coração deseja. - Felipo piscou e procurou Guilhermo com o olhar.

Valentina acompanhou o olhar de Felipo até encontrar Guilhermo.

— Ora, Felipo, por quem me tomas? Achas mesmo que Guilhermo tem essa capacidade? - Valentina aproximou o rosto de Felipo e o beijou nas bochechas. - Guilhermo está se tornando um belo homem, mas ainda é um garoto, assim como você.

— Ora, digo eu, princesa, só porque és um ou dois anos mais velha não quer dizer que somos fedelhos, somos homens já, tanto Guilhermo quanto eu... quer dizer, Guilhermo certamente... - Felipo terminou de falar e gargalhou daquele seu jeito escandaloso. - Mas o que eu estava dizendo é que Guilhermo, pelo que ouvi falar, tem o corpo de um Deus grego e a maturidade de de um pensador romano.

— E a monotonia de um baile sem música! - Valentina completou.

— Não o achava monótono quando passavam horas debatendo algum assunto sobre astrologia ou táticas de guerra e, princesa, certamente não o achou monótono quando dançaram em seu baile de aniversário. - Felipo provocou.

— Monótono certamente, perfeito em seus argumentos e colocações, tanto quanto em seus passos de dança. - Valentina sorriu e empurrou delicadamente os ombros de Felipo. - Agora, por favor, vai procurar alguém para aborrecer, porque eu ainda tenho muito o que fazer.

— Seu desejo é uma ordem, princesa! - Felipo fez uma de suas reverências teatrais. - Acho que agora é a vez de Guilhermo ser meu escolhido. - E piscando para Valentina, completou. - Pode ter esquecido, princesa, mas meu extinto nunca falha. Nunca!

Felipo bancando o cupido era tudo que Valentina não precisava. Aquela semana seria longa demais, longa demais. Respirou fundo e sentiu-se fraca pela primeira vez em sua vida. Olhou disfarçadamente para Guilhermo que ria de algo que Felipo lhe dissera.

— Preciso de sua força, mais do que nunca, preciso de sua força. - Valentina disse num sussurro para si mesma.

Uma lufada de ar tomou o salão e Valentina sentiu seu medo transformar-se em confiança quando o vento lhe sussurrou uma resposta.

"Eu sempre estarei aqui, meu amor"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Valentina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.