The Half-blood Prince - Severo Snape escrita por MeireMRL


Capítulo 24
Metade do meu coração




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Valerie fechou os olhos e se empenhou para conter as lágrimas que teimavam em tentar cair de seus olhos. Aquela situação estava indo longe demais e ela já não sabia mais o que fazer. Se sentia perdida e gostaria de poder falar com Severo sobre tudo, mas sabia que não poderia fazer isso.

Ouviu um soluço e então soube que tinha perdido a batalha contra as lágrimas. Pôs as mãos sobre a boca para abafar o som de seu choro, não queria chamar a atenção de ninguém. Sentou-se no chão frio da velha biblioteca e abraçou as próprias pernas ocultado o rosto.

Não ouviu os passos leves se aproximarem dela, e por isso foi impossível disfarçar a surpresa ao ver Severo em sua frente quando levantou o rosto.

− Severo...

O nome foi pronunciado com um misto de saudade e preocupação.

− Há quanto tempo está aqui?

Severo aguardou em silêncio enquanto via as várias emoções passarem pelo rosto de Valerie. Primeiro ele viu a surpresa, logo após carinho e viu quando ela percebeu onde estavam e que ele poderia ter ouvido sua conversa. Aguardou com paciência enquanto ela olhava para todos os lados atrás de uma saída daquela situação e só quando viu que ela parecia incapaz de falar algo ele se pronunciou.

− Precisamos conversar.

− Não é uma boa hora Snape.

Severo avaliou Valerie por um momento o que deixou a garota desconfortável. Ela se encontrava com o aspecto de extremo cansaço, as olheiras em seus olhos mostravam que ela não dormia a dias e o tremor em suas mãos lhe dizia que ela estava à beira de um ataque de nervos.

Amaldiçoou quem a deixou naquele estado e imediatamente quis tomar a jovem em seus braços e livra-la de qualquer angustia. Sem usar movimentos bruscos chegou um pouca mais perto dela, não queria lhe intimidar nem lhe assustar ela já parecia assustada o suficiente. Ergueu a mão para toca-la, mas Valerie se afastou como se seu toque pudesse lhe fazer mau.

− Não! Você não pode me tocar.

− Não faz assim Valerie.

− V-você não e-entende... você vai se m-machucar... e-eu não posso deixar...

Severo viu as lágrimas descerem pelo rosto de Valerie enquanto ela tropeçava nas palavras.

− Valerie, você não está fazendo sentido algum. Fique calma, deixe eu me aproximar.

Severo tentou se aproximar novamente, mas Valerie não deixou.

− Eu estou tentando proteger você!

Severo continuava juntando as peças daquele enorme quebra-cabeças, notoriamente ela acreditava que ele corria perigo e não foi difícil deduzir quem tinha feito ela acreditar naquilo.

− Porque não me contou que Bellatrix Black vem ameaçando você?

Valerie sabia que Severo já tinha ligado todos os pontos ele não era tolo e com certeza ouviu a conversa dela com a lunática da Black. Tentou pensar em algo que pudesse a livrar daquela situação. Pensou em apenas sair correndo para longe, mas no fundo ela sabia que necessitava dele.

− Não quero envolver você nisso.

− É tarde demais para isso Valerie.

Severo a puxou delicadamente para si e dessa vez Valerie não se opôs. Ela sabia que estava sendo egoísta, mas se deixou ser abraçada por ele. Valerie precisava tanto daquele abraço que se permitiu vacilar em sua decisão. O cheiro dele a envolveu e um sentimento de segurança preencheu o vazio do seu peito.

− Me perdoa Sev.

Ter Valerie em seus braços novamente era maravilhoso, mas Severo tinha coisas mais importantes para resolver. Ele precisava saber de toda a história, e para isso ele achou melhor achar um lugar mais reservado para a conversa que estavam prestes a ter.

Valerie apenas se deixou conduzir, não importava para onde estavam indo ela só queria poder ficar perto dele enquanto podia, ela sabia que assim que ela falasse tudo ele nunca mais iria querer vê-la.

Severo encontrou uma sala totalmente vazia e lançou alguns feitiços de proteção para que não fossem incomodados. Transfigurou uma mesa em um grande e confortável divã para os dois sentarem. E quando estavam um de frente para o outro Valerie soube que não tinha outra alternativa além de contar tudo a Severo. Ele a olhava com curiosidade, mas não a pressionou apenas esperou ela se sentir confortável para falar.

− Bom... Eu devo ser uma atriz muito boa, se consegui te convencer que você não era bom suficiente. Nunca nada esteve tão longe da verdade. E eu te peço perdão por isso, se eu pudesse voltar atrás nunca teria lhe falado aquelas palavras, elas veem me assombrando desde aquele dia.

− A minha pergunta Valerie é porque você achou que deveria fazer aquilo?

Severo ouviu o suspiro cansado de Valerie antes dela começar a relatar toda a história.

− Tudo começou quando picharam o banheiro feminino com a palavra bastarda...

Valerie fez uma pequena pausa como se estivesse ponderando sobre algo.

− Não, está errado. Tudo começou a dezessete anos quando uma no-maj se apaixonou por um bruxo e eles tiveram uma filha. Minha mãe nunca me falou sobre o meu pai e quando ela morreu me deixou uma carta me falando sobre ele. Ele a abandonou Sev, ele me abandonou e por isso não consigo perdoa-lo.

Valerie olhou para Severo na intenção de poder saber o que ele estava achando do que lhe falou, mas o jovem não demonstrava nenhuma reação então ela decidiu continuar.

− Quando tive que me mudar para Londres e estudar em Hogwarts eu sabia que haveria a possibilidade de talvez encontrar algum membro da família de meu pai. No começo eu relutei em vir para Hogwarts, mas não tive outra opção. Tio Dante era o único que se dispôs a me acolher e então foi assim que vim parar aqui.

Algo se apertou no peito de Severo quando ele imaginou que por pouco Valerie nunca teria entrado em sua vida, se outra pessoa a tivesse acolhido ela não teria sido obrigada a vir estudar em Hogwarts e eles nunca teriam se conhecido e nem se apaixonado. Se obrigou a por esses sentimentos de lado e se concentrar no que ela lhe falava.

− Quando fui selecionada para a Sonserina não imaginei que os membros da família de meu pai fossem tradicionalmente colocados lá, parece que tenho mais dele em mim do que eu pensava. Mas fiquei tão feliz em estar na mesma casa que você que preferi ignorar o fato de que a família Black tem grande influência por aqui. Por um tempo achei que poderia passar por este último ano sem que ninguém descobrisse quem eu sou. Eu sou uma bastarda Severo, e o simples fato de eu existir já mancha o legado da família Black.

Valerie olhou constrangida para Severo ao admitir quem era em voz alta.

− Quando a mãe de Sírius veio a escola eu soube imediatamente que ela já sabia quem eu era. Imaginei que ela iria simplesmente me renegar ou me informar que eu não deveria nunca dizer a ninguém de quem sou filha, nunca imaginei que ela iria enviar Bellatrix para me infernizar. Foi Bellatrix quem escreveu aquela palavra no banheiro feminino. Logo após o ocorrido ela me deu o primeiro aviso de minha tia. Ela me queria longe daqui, achava que minha permanecia na casa de Salazar era um insulto, me disse para me afastar de todos e ir embora. Ameaçou Taís, Lilian e você.

Severo tentava não transparecer a fúria que sentia ao ouvir o relato de Valerie, mas estava ficando cada vez mais difícil. Desejava poder sair dali agora mesmo e colocar todos os Blacks em seu lugar. Mas não iria, não agora pois Valerie precisava dele.

− A princípio eu pensei que fosse apenas uma ameaça vazia, mas quando Taís apareceu daquele jeito eu me desesperei. Eu não poderia deixar isso acontecer a você, não poderia suportar ver você me odiar por atrapalhar a sua vida. Eu não podia.

Severo se recostou no divã tentando assimilar o que Valerie acabara de lhe contar. Abriu a boca algumas vezes, mas não conseguia falar nada. Voltou a olhar novamente para Valerie e pensar em como tudo aquilo parecia irreal. Valerie Graves, sua Valerie, uma Black. Não uma Black qualquer, uma bastarda da família Black o que era muito pior.

Agora tudo começava a fazer sentido, o porquê de ela detestar os Blacks em geral, era por ter sofrido do descaço de um deles. Naquele momento a chegada do professor Black já não era mais nenhuma coincidência.

− Eu preciso que me responda somente mais uma pergunta.

Valerie confirmou com um aceno de cabeça.

−  Se a minha família lhe ameaçasse de alguma maneira você me odiaria por isso?

− É claro que não!

− Então porque você não acreditou que eu faria o mesmo que você? O que você achou que eu queria dizer quando disse que te amava?

− Sev...

− Você iria condenar nós dois a uma vida incompleta por não acreditar no meu amor por você. Você sabe o que é viver sem metade do seu coração? Foi o que eu tive que fazer nessa última semana Valerie, e foi a pior coisa que eu já passei.

Valerie não conseguia olhar nos olhos de Severo, era tão difícil ouvir que ela o fez sofrer, mesmo que tivesse sido para poupá-lo de algo pior. Por isso sentiu antes mesmo de ver as mãos dele tocando com delicadeza o seu rosto e o erguendo para encarar os seus olhos.

− Eu te amo Valerie.

Valerie balançou a cabeça negativamente ao ouvir a declaração, ele parecia não entender que a amar só iria lhe prejudicar, será que ele não ouviu nada do que ela falou?

− Não Severo, eu e você, nós dois juntos não será bom pra você. Não quero colocar um alvo em você e esperar que minha tia decida que mal lhe fazer.

− Você ainda não entendeu? Você já me marcou Valerie. Marcou tão fundo que nunca mais vai sair.

Severo a puxou contra si afundando seu nariz nos cabelos de Valerie e a apertou contra seu peito. Ela teria que entender, ele faria ela entender que eles nunca poderiam ficar separados.

− Sou todo e completamente apaixonado por você, qualquer um pode ver, e mesmo que não pudessem eu jamais iria esconder. Porque no dia em que eu encontrei uma garota americana totalmente perdida no beco diagonal foi o dia que um novo Severo nasceu. E acredite Valerie, nunca mais quero voltar a ser quem eu era antes de você. Então me responda meu amor, você vai me deixar viver sem metade do meu coração? Porque ele vai ser pra sempre seu.


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