Vinte e Quatro Horas escrita por Maria Vicente Carvalho


Capítulo 1
Vinte e Quatro Horas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, eu creio que todos os avisos eu já coloquei nas notas de avisos logo depois da sinopse, então eu quero agradecer a você leitor que se disponibiliza em dedicar um pouco de seu tempo a essa leitura, eu espero que aprecie e boa leitura. =)



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Não deixe para amanhã o amor que você pode expressar hoje. O tempo é traiçoeiro… nunca sabemos de antemão, a favor ou contra quem ele conspira. Somente o HOJE nos pertence! Amanhã pode ser tarde demais, e teremos apenas arrependimentos para guardar em nossas lembranças!

(Sonia Valerio da Costa)

 

 Espremendo-se debaixo do guarda-chuva enquanto se apoiava no ombro de Catherine, Nick estava orgulhoso em ter concluído um caso sozinho, recentemente ele havia subido de nível em seu trabalho, agora ele era o CSI nível 3. Catherine alegou que aquilo deveria ser comemorado, mas quando ela ou qualquer um da equipe de CSI chefiada por Grissom dizia comemoração queria dizer ir à cafeteria que ficava de frente com o departamento de polícia e o laboratório criminal da cidade de Las Vegas, o estabelecimento era intitulado como “Café 24 Horas”, há anos existia aquela cafeteria, Catherine afirmava que ali tinha o melhor café da cidade.

 Os funcionários do local já conheciam a maioria dos policiais e CSI que sempre estavam por ali, alguns atendentes já sabia de cor os pedidos e as preferências de seus clientes veteranos.

 Enquanto Catherine sacudia o guarda-chuva para tirar o excesso de água do mesmo Nick já ocupou a mesa favorita deles antes que outro cliente se acomodasse, quando Catherine sentou-se ao lado do amigo os CSI Warrick, Greg e Sara se achegavam apressados e molhados.

 — Esqueceu o guarda-chuva? – indagou Catherine a Sara.

 — Lembrei quando já estava na saída e eu não quis voltar só por causa de um guarda-chuva. – Sara passou os dedos em suas madeixas molhadas as ajeitando para trás das orelhas.

 — O que vamos pedir? Hoje tem que ser um café da manhã caprichado, é dia de comemoração. – disse Greg que já havia pegado o cardápio que ficava sobre a mesa.

 Uma das atendentes veio com seu bloco de anotações para perto deles, essa atendente era um rosto novo, Nick foi o primeiro a notar e cochichou a observação ao ouvido de Warrick que riu discretamente, a atendente era uma jovem muito bonita e chamou a atenção de ambos. Sara foi a primeira a fazer seu pedido, depois foi Catherine seguida de Warrick e Greg, Nick foi o último dizendo que estava indeciso, mas na verdade ele enrolava em fazer seu pedido para poder ficar olhando a atendente de perto.

 — Oras peça logo seus ovos mexidos com bacon e seu café preto sem açúcar – opinou Sara – é o que mais pedi desse lugar.

 — Será isso mesmo. – aceitou Nick.

 — Em breve os pedidos estarão prontos. – falou a atendente que sentiu-se um pouco intimidada com os olhares maliciosos de Nick.

 — Que feio da sua parte – repreendeu Catherine assim que a garçonete se distanciou – você a comeu com os olhos.

 — Eu o que? – Nick fingiu uma tosse.

 — Você devorou a garçonete nova com os olhos – frisou Greg não contendo o riso – até quem está passando pela rua deve ter notado.

 — Eu a olhei normal. – Nick desviou o olhar.

 — Com um olhar normal de um tarado, só se for – retrucou Sara – quando vocês homens vão aprender que não é necessário olhar para uma mulher dessa forma?

 — Sobrou para você. – comentou Warrick.

 — Ei eu não sou nenhum tarado – Nick levantou as mãos – e eu peço desculpas se ficou parecendo que eu sou um, eu apenas a achei muito bonita.

 — Seja o cavalheiro que eu conheço e não a devore com os olhos. – aconselhou Catherine.

 Depois de alguns minutos aguardando os pedidos foram entregues a mesa deles, a mesma que atendeu antes os levou, dessa vez Nick a mirou e esboçou um sorriso com simpatia e sem malicia e a atendente ainda envergonhada sorriu de volta. Eles saborearam a refeição da manhã deles com gosto, todos estavam felizes por Nick ter alcançado o nível 3 de CSI e tomarem café da manhã juntos era o modo deles comemorarem, Grissom havia sido convidado, porém por ele ser o chefe da equipe e o CSI nível 4 ele tinha mais responsabilidades que os outros por isso não estava presente naquele momento.

 Quando terminavam o café da manhã todos receberam notificações em seus celulares, era Grissom anunciando que tinha casos novos para trabalharem. Cada um pagou sua parte, mas foi Nick que junto a Warrick foi ao caixa pagar e quem estava no caixa? A nova atendente. Nick alargou um sorriso a ela enquanto pagava a conta, Warrick observou o quanto o amigo havia ficado fissurado pela moça que mesmo com sua timidez demonstrava que havia gostado dele.

 — Porque não a convida para sair? – cochichou Warrick.

 — O que? – Nick arregalou os olhos.

 — Vocês estão flertando com olhares e sorrisos, a convide para sair.

 — Talvez ela esteja apenas sendo simpática. – Nick virou o rosto discretamente para olhar a atendente que não estava mais no caixa e sim atendendo um casal de idosos que havia acabado de chegar.

 Catherine exclamou pelos parceiros de trabalho do lado externo da cafeteria e Nick acabou deixando de lado a sugestão de Warrick.

 

[...]

 

 Era quase três horas da manhã quando Sara dirigia regressando ao laboratório, ela havia sido designada a um caso que envolvia assalto a mão armada, não estava sendo um caso muito fácil, naquele momento ela voltava do local do crime onde havia processado a cena e recolhido todas as evidências possíveis. Ela não estava sozinha, Nick era o seu parceiro e o responsável pelo caso já que era CSI nível 3, toda vez que ele trabalhava em um caso com Sara ele deixava que ela sempre dirigisse, pois ela sempre exigia ser a motorista da vez, Nick aproveitou para tirar um cochilo sentado ao banco do passageiro.

 — Chegamos. – avisou ela o cutucando.

 — Que bom. – Nick esfregou os olhos e ajeitou o amassado do cabelo.

 — Você precisa de café.

 — Eu preciso mesmo, estamos trabalhando nesse caso desde cedo.

 — Vá ao Café 24 Horas, eu levo as evidências para o laboratório, aproveite e compre um cappuccino para mim.

 — Boa ideia. – Nick saiu do veículo e atravessou a rua.

 Infelizmente ele não poderia sentar e gozar do seu café com calma ele estava atuando em um caso e tinha que auxiliar Sara no laboratório, então ele foi direto ao balcão fazer seu pedido:

 — Um café preto sem açúcar e um cappuccino, os dois para viagem.

 — Algo mais? – indagou a atendente.

 — É você! – Nick admirou-se, pois era a nova garçonete do estabelecimento – Não me diga que trabalha aqui dia e noite?

 — O meu horário de trabalho é no período da manhã, mas estou nessa madrugada porque uma funcionária faltou estou a cobrindo.

 — Entendi.

 — Algo a mais?

 — Não. – Nick não segurou o sorriso e foi correspondido igualmente pelo mesmo.

 Enquanto o pedido dele era preparado a atendente foi limpar algumas mesas vazias, havia alguns policiais que estavam sentados diante do balcão e Nick observou alguns olhares maliciosos dos mesmos sobre a atendente que o havia encantado e ficou incomodado, logo recordou-se de Catherine o repreendendo pelo olhar dele sobre a moça e o aconselhando a ser um homem gentil.

 As bebidas foram servidas em copos de isopor com tampa e colocadas em um recipiente de papelão propicio para se levar. Nick pagou a conta fazendo questão de deixar uma gorjeta para a garçonete que ficou admirada, era a primeira gorjeta que ela ganhava. Nick pegou seu pedido e caminhou até a saída, praguejou alguns palavrões ao ver que havia começado a chover, ultimamente os dias estavam chuvosos em Las Vegas.

 Ele tinha que ser ligeiro e atravessar a rua para chegar logo ao laboratório, o prédio era bem de frente se ele fosse rápido tinha chances de se molhar pouco. Enquanto ele ficou parado decidindo se corria a rua ou não foi surpreendido pela sua atendente querida que se achegou a ele com um guarda-chuva na mão.

 — Use o meu guarda-chuva.

 — Não é necessário. – Nick ficou acanhado.

 — Claro que é, está chovendo muito.

 — E quando você for embora?

 — Eu vou sair daqui ás seis, já sei que trabalha neste prédio da frente, você vem me devolver. – ela insistiu estendo o guarda-chuva a ele.

 Ele não poderia mais recusar aquele gesto de simpatia ficaria deselegante da parte dele e como ele estava se interessando pela moça o melhor era aceitar, pois assim teria chance de falar com ela de novo.

 — Até ás seis Nick Stokes! – exclamou ela acenando quando ele já atravessava a rua.

 — Como sabe o meu nome? – retorquiu ele confuso.

 — Está no seu uniforme! – ela sorriu.

 Nick riu de volta, seu nome estava bordado no uniforme que usava naquele momento, ele despediu-se da atendente e apressado regressou ao laboratório.

 

[...]

 

 Analises de evidências, testes de DNA, exames de balística, interrogatório com suspeitos e testemunhas, algo muito comum para os CSI, aliás, esse era o trabalho deles, o caso de assalto a mão armada que Nick atuava junto com Sara estava dando o que falar muita dor de cabeça para ambos, quanto mais descobriam mais se embaraçavam por causa de novas evidências e suspeitos que ia surgindo durante o processo de investigação. Os demais CSI também estavam atarefados, Catherine trabalhava em um caso de homicídio junto a Grissom enquanto Greg e Warrick atuavam em um caso de acidente de trânsito.

 Nick estava exausto, fazia um pouco mais de vinte e quatro horas que não dormia, acontecia muito de qualquer um deles virarem dias e noites por causa do trabalho, Grissom era um dos que fazia aquilo com frequência, porém não admitia ver os membros de sua equipe cansados e quando soube que Nick junto a Sara não havia descansado ele ordenou que a dupla tirasse uma pausa.

 — Nick, Nick acorda. – era Grissom cutucando Nick que estava jogado ao sofá da copa do departamento.

 — O que foi? – Nick abriu os olhos bruscamente e ficou envergonhado ao perceber que havia cochilado.

 — Eu já falei com a Sara – afirmou Grissom – eu a dispensei para um descanso, faça o mesmo.

 — Mas não concluímos o caso...

 — E não vai concluir nunca com esse cansaço, isto é uma ordem: vá para a sua casa, descanse, a noite você retorna.

 — Que horas são? – Nick levantou-se atordoado e viu as horas pelo relógio de parede da copa, já era quase meio-dia.

 Nick ficou enfurecido consigo mesmo, ele focou tanto sua atenção ao trabalho que se esqueceu de que tinha que ter ido ás seis na cafeteria devolver o guarda-chuva da atendente. Grissom ordenou mais uma vez que ele fosse para casa e como estava exausto, Nick acatou a ordem. Foi ao vestiário ajeitou suas coisas em sua mochila e despedindo-se dos demais foi para casa, esperançoso ele pegou o guarda-chuva e ao sair do prédio atravessou a rua adentrando a cafeteria.

 A esperança dele foi em vão, era óbvio que a atendente não estaria por lá, ela afirmou que sairia ás seis e naquele momento era horário de almoço. Chamando por um atendente, Nick questionou se a nova funcionária voltaria a trabalhar naquele dia, entretanto o atendente desanimou Nick dizendo que a mesma só regressaria no dia seguinte pelo fato de ter trabalhado pela madrugada, Nick agradeceu a informação e entre os bocejos que soltava voltou para casa.

 

[...]

 

 Por volta das vinte e três horas Nick e Sara retornaram ao trabalho, o capitão Brass os animou assim que chegaram alegando que tinha pistas novas que poderia concluir aquele caso. Mais analises mais testes de DNA com alguns interrogatórios, eles finalmente conseguiram prender os criminosos do assalto a mão armada, foi uma noite muito ocupada para todos eles, todavia eles estavam satisfeitos pelo caso ser encerrado.

 Sara disse que estava faminta e convidou Nick para comerem alguma coisa na copa do departamento, mas Nick tinha outra sugestão: o Café 24 Horas. Ele sugeriu a Sara para tomarem café lá e para que ela aceitasse mais fácil disse que ele pagava a conta.

 O sol já raiava quando eles atravessavam a rua, Sara estranhou porque Nick carregava um guarda-chuva sendo que a manhã não era úmida e a previsão do tempo garantia que aquele dia seria ensolarado.

 Ao adentrarem a cafeteria, Nick passou a procurar com o olhar pela sua garçonete favorita, se decepcionou ao não avista-la, acomodou-se de frente a Sara em sua mesa preferida, dessa vez um rapaz os atendeu. O café da manhã foi regado de silêncio, Sara no início tentou puxar conversa, comentava qualquer coisa esperando que Nick respondesse, porém ele estava calado e com o olhar distante, ela se preocupou com o amigo e o questionou se estava tudo bem, Nick forçou um sorriso e disse que não tinha nada de errado consigo.

 O celular de Sara vibrou com uma mensagem de Grissom notificando sobre outro caso, Nick pediu que ela retornasse ao departamento enquanto ele ia ao caixa pagar o consumo.

 Uma mulher que aparentava ter um pouco mais de quarenta anos estava trabalhando no caixa, assim que Nick se aproximou ele questionou sobre a atendente, a mulher o encarou exibindo que estava emburrada e com o tom de voz alterado ela o respondeu:

 — A infeliz já começou a faltar! Eu achei que ela seria uma boa funcionária, sabia? Como as aparências enganam! Acredita que hoje chegou o uniforme dela bordado com o nome e tudo, tive gasto para a infeliz faltar logo no segundo dia de trabalho!

 — Eu imagino... – Nick fingiu empatia com a mulher, a mesma continuou a reclamar sobre a falta da nova funcionária, Nick fez o pagamento da conta e voltou apressado para o departamento, ele carregava consigo o guarda-chuva na esperança de devolvê-lo e por fim convidar a sua atendente querida para um encontro.

 Grissom junto com os demais aguardava Nick, era o único que faltava da equipe, assim que ele chegou Grissom já designou as tarefas.

 — Catherine e eu ainda estamos trabalhando no caso do homicídio, então Greg e Sara ficam com um novo homicídio em um dos cassinos da cidade. – Grissom entregou a Sara um papel onde continha o endereço do local.

 — Eu dirijo. – disse Sara saindo da sala.

 — Você sempre dirige. – comentou Greg entre risos ao segui-la.

 — Warrick e Nick – Grissom entregou um papel a eles – um caso de assassinato neste endereço residencial, pelo que eu já fui informado é caso de violência contra a mulher, Brass já está no local e ele suspeita que foi o ex-namorado da vítima.

 — Vamos nessa. – disse Warrick e Nick o acompanhou ao sair da sala.

 Grissom continuou com Catherine a trabalhar no caso que já estava investigando.

 

[...]

 

 Nick dirigia enquanto Warrick sentado ao seu lado curtia o som de um rap que ouvia com seus fones de ouvido, o dia estava ensolarado como a previsão do tempo garantira, tirando o caso que tinham o dia parecia prometer ser agradável, entretanto Nick tinha uma sensação estranha, ele costumava sempre tagarelar ou cantarolar algo enquanto dirigia só que daquela vez ele estava calado e pensativo, Warrick notou o comportamento suspeito do amigo e pausando a música que ouvia decidiu descobrir o incomodo que pairava sobre o mesmo:

 — Algum problema?

 — O que? – Nick estava distraído com seus devaneios.

 — Eu perguntei se tem algum problema.

 — E porque eu teria algum problema?

 — Você está calado, eu sei que tem algo o perturbando.

 — Está tudo bem... – Nick concentrou sua atenção ao volante.

 — Não está. – insistiu o outro.

 — Só estou um pouco chateado... – Nick achou melhor contar ao amigo o que o estava incomodando, ele falou sobre a garçonete, admitiu o interesse pela mesma e a decepção de não tê-la reencontrado aquele dia na cafeteria.

 — Eu disse para convida-la para sair. – Warrick tirou seus óculos escuros para mirar Nick.

 — A primeira vez eu achei que ela estava sendo simpática apenas depois eu percebi digo eu pelo menos achei que ela estivesse interessada, eu também não quero confundir as coisas.

 — Relaxa Nick, talvez ela vai ir trabalhar mais tarde ou ficou resfriada, sei lá... Amanhã vá a cafeteria de novo, eu tenho certeza que ela estará lá.

 — Você tem razão, estou me incomodando a toa. – no fundo Nick ainda estava perturbado, ele tinha uma sensação estranha, o dia estava lindo, ensolarado só que para ele tudo era cinza, algo não estava certo.

 A dupla de CSI chegou ao local do crime, alguns policiais já estavam pelo lugar, a faixa amarela já estava exposta na entrada da residência, o capitão Brass se encontrava do lado externo interrogando alguns vizinhos, ele anotava tudo o que ouvia em seu bloco de anotações.

 — Enfim, chegamos. – anunciou Nick.

 — O corpo se encontra no quarto, o cômodo fica no andar de cima – avisou Brass – porém eu achei melhor a faixa amarela ficar na entrada da casa.

 — Grissom nos disse que o ex-namorado da vítima é um suspeito. – comentou Warrick.

 — Sim, há históricos de que o infeliz é agressivo com mulheres e pelas informações que obtive fazia um mês que a vítima rompeu com ele.

 — Entendido – disse Nick – Warrick fica com perímetro externo de início, eu vou direto para o cômodo do crime, depois checamos juntos os demais cômodos da casa.

 — Certo. – aceitou Warrick que já iniciou o seu trabalho.

 Com as indicações do capitão Brass, Nick foi para onde se encontrava a vítima, poderia ser mais um dos casos comuns que Nick sempre trabalhava, por mais que os casos fossem aterrorizantes os CSI tinham que encarar tudo com frieza não permitindo que o sentimental interferisse, Grissom sempre aconselhava isso a eles, entretanto o CSI Nick Stokes não poderia atuar naquele caso de modo totalmente profissional. Assim que adentrou o cômodo, Nick quase caiu para trás com o tamanho susto que levou, ele piscou os olhos várias vezes querendo crer que aquilo era uma miragem, mas infelizmente não era um devaneio da sua mente, a vítima que estava caída pelo chão do quarto morta era ela: a atendente da cafeteria, aquela nova funcionária do estabelecimento que Nick havia se interessado.

 Ela se chamava Cindy Evans, tinha vinte e três anos de idade, residia naquela casa sozinha, ela havia sido assassinada com golpes de facadas, a arma do crime se encontrava ao chão ao lado de seu corpo, seus olhos estavam escancarados, era possível enxergar o pavor que os mesmos exibiam, estava nítido o quanto aquela jovem mulher se amedrontou. Nick ajoelhou-se próximo ao cadáver e não conteve uma lágrima que escorreu do seu olho, não tinha muito tempo que havia a conhecido, um pouco mais de vinte e quatro horas, pode até ter se totalizado dois dias que avistou e se encantou com a mesma, logo o sorriso dela lhe veio a mente, lamentou por não ter logo a convidado para sair e por não ter questionado o seu nome.

 Nick retirou-se do local, estava enojado, já havia se deparado com cenas de crimes mais horripilantes que aquela, com cadáveres que tiveram seus órgãos expostos, entretanto aquela cena de crime que para ele deveria ser habitual era a mais assustadora de sua vida naquele momento.

 Warrick logo reparou em como o amigo saiu da casa e pausando um pouco o seu trabalho o questionou:

 — O que houve?

 — A vítima é a garçonete da cafeteria. – falou Nick com a respiração descontrolada.

 — O que? – Warrick logo ficou tomado pelo espanto – A nova funcionária do Café 24 Horas?

 — Sim... – a respiração de Nick se tornava cada vez mais ofegante, ele sentiu que ficou sem ar e sua visão ficou turva, Warrick ao ver que o amigo estava abalado o acudiu e com a ajuda de Brass que interveio assim que reparou a situação o colocou sentado na calçada.

 Nick não se importava em segurar as lágrimas, permitiu que seu choro fosse evidente, além de lamentar a trágica morte da atendente ele se martirizava por não ter tido alguma atitude antes e de pelo menos ter declarado seu interesse por ela.

 

[...]

 

 Ficou a conhecimento de Grissom o abalo emocional que Nick teve com o caso e por consideração ao membro de sua equipe e seu grande amigo ele afastou Nick do caso colocando Catherine em seu lugar. Não demorou muito para Catherine e Warrick descobrirem que o culpado era mesmo o ex-namorado da vítima que tinha um histórico de violência com mulheres sendo suas principais vítimas, alguns testes de DNA e impressões digitais foi ao resolução daquele caso e o culpado óbvio que foi preso, capitão Brass que fez a prisão e garantiu que faria de tudo para o culpado permanecer muitos anos na cadeia.

 Quando o caso foi solucionado, o corpo de Cindy Evans foi liberado da autopsia para ser enterrado, Nick especulou mais sobre a vítima e descobriu que recentemente a mesma era órfã de pai desde sua infância e que recentemente sua mãe morreu em um acidente de transito, Cindy rompeu o relacionamento que teve ao saber que era traída pelo mesmo, arrumou um emprego na cafeteria e estava disposta a conhecer pessoas novas e mudar de vida, mas infelizmente o ex-namorado não permitiu e interrompeu o viver de Cindy.

 Depois de algumas semanas do caso resolvido e do funeral de Cindy, Nick fez questão de ir ao cemitério visitar o túmulo da mesma, o dia em que ele foi estava chuvoso.

 — Olá Cindy – disse ele diante do túmulo segurando um guarda-chuva – este guarda chuva que eu estou usando na verdade é seu, se lembra? Eu quero pedir desculpas por não tê-lo devolvido, eu me ocupei com o meu trabalho e perdi a hora de ir a cafeteria aquele dia... Você foi muito gentil comigo emprestando ele a mim, muito obrigado. – uma lágrima escorreu pelo seu rosto – Eu não sei se tinha notado, mas eu havia gostado de você, eu sei que a primeira vez que te observei te intimidei com o olhar foi feio da minha parte, eu peço perdão pela malicia daquele dia, porém eu fiquei muito interessado em você, meu amigo Warrick disse que eu deveria convida-la para sair só que eu deixei a oportunidade para outro momento e... Enfim eu não tive mais oportunidade, Cindy eu quero que saiba que eu lamento muito o que houve com você e que o infeliz que fez isso vai responder por seus atos... Outra coisa importante que eu quero que saiba é que você tinha um sorriso encantador. – Nick não tinha mais palavras para expressar seus sentimentos e permaneceu alguns minutos em silêncio, depois despediu-se de Cindy e saiu dali, apesar de tudo ser muito trágico ele tinha que retornar a sua vida.

 

[...]

 

 Passando-se alguns meses Nick estava mais conformado com a situação, ele nunca esquecera o sorriso de Cindy, ainda lamentava o ocorrido, porém estava mais confortado, pois a vida continuava a seguir seu caminho e ele não poderia ficar estacionado o tempo todo.

 O aniversário de Grissom havia chegado, era uma sexta-feira ensolarada, Catherine e Sara tentaram organizar uma comemoração, todavia com o excesso de trabalho que sempre tinham não conseguiram por isso no dia Sara conseguiu convencer Grissom a comemorar seu aniversário com um delicioso café da manhã. O Café 24 Horas era o local perfeito, desde que Cindy havia falecido Nick evitou a cafeteria para assim se confortar melhor da tragédia, porém quando chegou o aniversário do chefe ele não poderia fazer desfeita.

 A equipe de CSI junto ao capitão Brass ocupou o lugar de sempre do estabelecimento, uma atendente logo veio a eles com seu bloco de anotação na mão, Greg reparou que a atendente era nova e mencionou o fato a Warrick e Nick. Enquanto a atendente anotava os pedidos Nick notou no nome da mesma bordado no uniforme e logo viu que ela o olhava de modo intimidador e que ás vezes esboçava um sorriso a ele.

 A contragosto de Grissom, Catherine fez com que todos cantassem parabéns ao chefe, os demais clientes e todos os funcionários embarcaram naquele momento e entoaram juntos o parabéns ao aniversariante.

 Logo que acabaram a refeição da manhã cada um separou sua parte para pagar o consumo, Nick fez questão de ajuntar a grana de todos e ir ao caixa fazer o pagamento. A nova atendente que estava no caixa, ela logo exibiu os dentes ao avistar Nick se aproximando.

 Nick a achou muito simpática e deixou o troco como gorjeta, ela ficou maravilhada e agradeceu muito, ela sorriu e piscou para Nick que sentiu seu rosto corar.

 Os outros já haviam ido embora, Nick caminhava até a saída quando sentiu que ainda era observado pela garçonete, ela também era uma mulher jovem muito atraente e exibia simpatia, antes de colocar os pés para fora Nick refletiu consigo e voltou-se para ela.

 — Lauren Taylor. – chamou ele.

 — Como sabe o meu nome? – ela ficou ruborizada.

 — Está bordado em seu uniforme.

 — Verdade...  – ela não segurou o riso.

 — O meu nome é Nick Stokes, eu trabalho no laboratório criminal do departamento de polícia, gostaria de perguntar, aceita sair comigo qualquer dia desses?

 — Uau! – ela ficou admirada – Bom eu... Eu adoraria, mas os meus horários são muitos complicados.

 — As vinte e quatro horas dos meus dias também são, mas eu acredito que podemos pegar alguns instantes dessas horas e fazermos algo legal.

 — Eu concordo. – ela pegou seu bloco de anotação que estava guardado no bolso do uniforme e anotou seu número de telefone.

 Nick sorriu para ela ao pegar o papel e o dobrando com cautela o guardou em seu bolso, ela sorriu de volta e lhe piscou mais uma vez enquanto ele saiu do local acenando para ela.

 Quando regressou ao departamento, Warrick observou que Nick estava sorridente e distraído, assim que pode o chamou para uma conversa, Nick contou a ele que havia convidado a nova funcionária da cafeteria para um encontro e Warrick ficou contente pelo amigo.

 — Eu decidi que jamais irei perder ou deixar para depois alguma oportunidade nas vinte e quatro horas dos meus dias, nem que seja alguns minutos eu quero aproveitar tudo o que puder. – garantiu Nick a Warrick que aprovou a atitude do amigo com um aperto de mão e um abraço.

 

Não fale da boca pra fora, não aja sem coração, não viva sem uma razão. Não deixe a vida passar por entre os dias sem te deixar emocionado(a) de alguma forma, sem te fazer mudar por alguém ou alguma coisa, sem te fazer correr na chuva nem que seja pra mostrar que você pode dizer que ama alguém.
Não espere ser recíproco pra amar, não espere não poder mais pra se arrepender.
Diga, faça, fale, mostre, ame.

(Ivan Bittencourt Junior)

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigado pela sua leitura, ficarei grata se manifestar o que achou dessa fanfic, mas claro o livre arbítrio de comentário é seu.
Obrigada e eu espero quem sabe nos cruzarmos até uma próxima. =)



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