#1:

Elas não eram mais inimigas mortais, longe disso, a viagem até a terra do nunca havia mudado um pouco as coisas entre elas, Emma ousaria dizer que elas eram quase amigas, quase. Foi fácil estabelecer uma rotina depois que Henry havia sido salvo, mesmo que a cidade ainda estivesse meio sem saber como agir perto de Regina, e Henry ainda tivesse suas dúvidas, a rotina tinha vindo e Emma estava feliz por ela.

A primeira coisa que Emma notou foi como Regina podia ser leve quando estava em casa, sem os saltos altos e as roupas apertadas. Regina podia ser suave, quase calma e se ninguém percebesse seus olhos tempestuosos, a morena podia parecer até tranquila. Ela também ficava mais baixa que a loira quando não usava saltos e, por alguma razão não explicada, Emma achava essa informação cativante. A rotina delas era bem simples, Emma levava Henry em fins de semanas alternados até a mansão, jantava com eles lá e torcia para que as coisas entre os três permanecessem tranquilas, quando Henry ia dormir, ela se juntava a Regina na sala de estar e elas compartilhavam uma taça de vinho, ou três.

Foi em uma dessas noites, quando as coisas estavam bem, que Emma se questionou pela primeira vez sobre a relação que elas haviam estabelecido. Ela havia contado que Snow estava grávida, quando Regina já estava levemente embriagada, e, no meio de uma conversa sobre crianças, a morena perguntou com um ar sério “Será que nós termos outro filho em algum momento?” Emma havia congelado por alguns segundos, ela não sabia se Regina havia perguntado se elas teriam outro filho (separadamente, cada uma com outra pessoa) ou se a morena quis dizer juntas, como elas tinham Henry. Antes que ela pudesse perguntar, Regina já havia adormecido profundamente.

#2:

    A segunda vez foi um pouco mais confusa e aconteceu em duas etapas. Muito tempo havia passado desde aquela noite bêbada e agora elas definitivamente eram amigas. As duas mulheres se viam quase todos os dias, Emma havia se mudado para um apartamento na rua da mansão, embora quase nunca ficasse por lá. Foi em um dia frio de abril, enquanto estava almoçando com sua mãe, que a primeira etapa aconteceu. Snow perguntou quando ela se mudaria para mansão para “oficializar” as coisas. Emma respondeu que não havia entendido e então Snow passou os próximos dez minutos explicando a importância de mostrar a Henry que a relação de suas mães era sólida e séria. A loira estava um pouco doente naquele dia então havia decidido que Snow estava ficando maluca e simplesmente a deixou falar.

No meio da tarde daquele mesmo dia, enquanto tomava um café da tarde na lanchonete, Emma sentiu-se mal e perguntou para Ruby se ela tinha um remédio para enjoo. A morena riu, fez uma piada sobre dedos mágicos e foi pedir o remédio para sua avó, deixando uma Emma confusa e irritada para trás. Quando Granny entregou o remédio e um copo de água para Emma, ela perguntou se a loira não podia estar grávida, Emma a fitou com descrença e respondeu que não era possível, já que ela não estava vendo ninguém. A Avó ficou a encarando por alguns momentos e depois saiu murmurando que não entendia porque ela ainda tentava esconder. Confusa e com dor, Emma saiu da lanchonete e voltou para delegacia.

#3

Na terceira vez, Emma quase pediu uma explicação séria sobre o que estava acontecendo. A rotina entra ela e Regina havia se tornado familiar, quase doméstica e a morena havia adquirido o hábito curioso de tocá-la sempre que elas estavam próximas uma da outra, inclusive em público. Começou com um toque no braço quando Regina queria mostrar algo engraçado, depois a mão nas costas quando a morena queria que ela entrasse em algum lugar, depois os beijos na bochecha quando Emma fazia algo legal como levar flores para mansão.

Esta noite, elas estavam no apartamento de Emma, assistindo a um programa qualquer quando a loira tentou mudar o canal

“Você pode me passar o controle remoto, por favor? Esse programa é muito chato, Regina”

"O que? Não, eu gosto disso!"

"Você não está nem assistindo ..."

"Porque você continua me distraindo!"

"A é?" Emma sorriu, colocando o copo de vinho que segurava de volta na mesa e estendendo a mão para o controle remoto que estava ao lado de Regina, mas Regina, que não era de desistir tão facilmente,  reagiu muito rapidamente, pegando o controle do chão e segurando acima da cabeça.

"Oh vamos lá, Gina, me dê isso!" O braço esquerdo de Regina estava no ar e a loira teve que chegar muito perto para que ela pudesse alcançar com sua mão direita.

"Se você quiser, tente pegar", Regina riu, mostrando a língua e se movendo um pouco para trás. Ela havia tomado um pouco de vinho, mas não o suficiente para ser considerada nem levemente embriagada. Era comum que elas tivessem brincadeiras bobas quando estavam sozinhas. No momento seguinte, Emma tentou pegar o controle da mão da morena, o que fez Regina perder o equilíbrio e cair de costas, deitada no carpete, fazendo com que Emma também perdesse o equilíbrio e caísse em cima dela. Seus olhos se encontraram e a energia silenciosa do momento fez com que elas parassem de rir. As duas mulheres ficaram assim por mais alguns instantes antes de Emma se levantar desajeitadamente.

"Então, eu acho que eu ganhei?" Regina perguntou rindo, como se aquela situação não fosse nem um pouco esquisita..

"Sim, eu acho sim", Respondeu a loira, ainda sem saber o que tinha acabado de acontecer.

Depois disso, elas sentaram em silêncio, enquanto escolhiam o próximo filme que iriam assistir. Depois de um tempo, Regina apoiou a cabeça no ombro de Emma, dando um beijinho rápido em seu pescoço, fazendo a loira rir tentando esconder o arrepio que passava pelo seu corpo

#4

A quarta vez que isso acontece, é também a primeira vez que ela brigam de verdade depois de muito tempo. Emma havia se mudado para mansão, simplesmente porque era menos danoso para Henry, pelo menos foi essa a justificativa que ela usou quando contou para os seus pais e, para sua surpresa, os dois apenas sorriram e concordaram que seria melhor.    

Era um fim de tarde chuvoso, Henry tinha ido acampar com sua turma da escola e Regina ainda estava na prefeitura. Emma havia ganhado o dia de folga e estava assistindo TV quando alguém bateu na porta. Era Hook, dizendo que ainda a amava e queria voltar para ela e que ela deveria se separar de Regina. Emma apenas riu e disse que ele deveria parar de beber tanto e falar besteiras, mas o pirata não escutou e a puxou para um beijo, bem na porta da mansão. Antes que Emma pudesse entender o que estava acontecendo, alguém esbarrou nela para entrar na mansão, era Regina. A morena parecia mais irritada do que ela já havia visto na vida. Emma expulsou Hook e disse para ele nunca mais tentar beijá-la, depois foi atrás de Regina que estava muito irritada na cozinha. Foi então que começou uma briga que Emma não sabia nem direito como explicar, Regina parecia pronta para jogar uma bola de fogo em alguém e, ao mesmo tempo, parecia que a morena iria sentar em um canto e chorar.

Emma tentou explicar que não existia nada entre ela e Hook, mas a morena não quis escutar mais nada e simplesmente sumiu em uma nuvem de fumaça roxa, deixando uma Emma atônita para trás. Já era noite quando Regina voltou para casa, Emma estava deitada no quarto de hóspedes, que havia se tornado seu depois da mudança, mas que ela quase nunca usava, se a loira fosse parar para pensar, fazia muito tempo que ela sempre acabava adormecendo no quarto de Regina. O quarto de hóspedes ficava mais para noites como essas, noites em que elas brigavam por algum motivo.

Quando Emma viu Regina encostada na porta do quarto, seu coração apertou de um jeito doloroso, a morena parecia triste, triste de um jeito que Emma não via há muito tempo. Seus olhos estavam inchados e seu nariz parecia vermelho e machucado. Sem pensar duas vezes, a loira abriu os braços, sinalizando para que Regina entrasse no quarto e deitasse ali. Quando Regina se aconchegou em seus braços, Emma repetiu que Hook não significava nada para ela e que ela não tinha aceitado aquele beijo. A morena a encarou por alguns minutos e então pediu desculpas pela explosão de raiva que havia tido, ela parecia quase envergonhada por tudo. Emma apenas sorriu e disse que estava tudo bem e que não gostava de brigar, Regina concordou, a abraçou um pouco mais apertado e então deu um selinho demorado nos lábios da loira antes de adormecer quase instantaneamente.

O coração de Emma pulou uma batida, seu corpo inteiro começou a formigar e ela se perguntou, pela milésima vez, se havia perdido alguma parte daquela história.

#5

A quinta vez que aconteceu, foi rápida e um pouco mais esclarecedora para Emma. Ela e Regina moravam juntas a quase um ano agora e, enquanto almoçavam em um dia comum, Henry perguntou se Regina se casaria de novo. Emma sabia sobre o problema de Regina com casamentos, sabia que o tempo em que a morena fora casada havia sido extremamente doloroso. Ela estava pronta para a resposta negativa de Regina quando a morena simplesmente respondeu “Eu achava que não casaria de novo, que jamais teria uma relação parecida com um casamento em algum momento da minha vida, mas aí sua mãe apareceu e decidiu morar aqui”. Henry sorriu, disse que ficava muito feliz por suas mães estarem juntas, colocou seu prato na pia e saiu para brincar com seus amigos, enquanto Emma permaneceu congelada em seu lugar na mesa.

“ Está tudo bem, querida?" Regina perguntou enquanto colocava o resto da louça na pia.

"Henry acha que temos uma relação"

"Sim, qual o problema?"

"Uma relação romântica, Regina"

"Sim"

"Agora que eu estou pensando, acho que talvez muita gente da cidade pense a mesma coisa" 

'Sim"

"Você não se importa?"

“Emma, nós dormimos na mesma cama todos os dias, nós nos beijamos todos os dias”

“Eu achei… eu achei que os beijos eram sua maneira de me cumprimentar? De dar oi e tchau e boa noite?” Perguntou um pouco confusa e envergonhada. De repente, todos os momentos vividos com Regina passaram pela sua cabeça, fazendo com que a loira pensasse como ela não tinha percebido a estranheza de tudo isso até agora.

“ Você já me viu beijar alguém além de você?”

“Não, mas...”

“Eu te beijo com mais frequência do que eu já tenha beijado qualquer pessoa na minha vida, Emma”

“ Mas a gente…”

“ A gente não se relaciona com mais ninguém, a gente vive juntas, a gente cria um filho juntas, você segura minha mão todas as vezes que saímos na rua, você me abraça sempre que estamos perto, você sabe todos os meu segredos, você sussurra coisas doces no meu ouvido quando eu tenho um pesadelo. Você olha para os meus seios com a mesma frequência que olha para os meus olhos, querida”

“Eu… uau. Eu não sabia que você…. eu não fazia ideia de que você me queria. Quer dizer, você nunca falou sobre isso, eu acho que eu só fui deixando ir?”

“Acho que toda vez que você me beija, querida, eu deixo bem claro o quanto eu quero você”

“Então nós… nós estamos namorando?” Perguntou com um sorriso bobo no rosto.

Não sei, Emma, nós estamos?” perguntou rindo

“Sim” Respondeu puxando o corpo de Regina para o seu. “Nós estamos definitivamente namorando”