Ana demora um pouco mais, e quando volta pro quarto encontra Cecília deitada. Olhinhos fechados, ainda sonolenta.

“Acorda, Mariquinha” - ela brinca, distribuindo beijos na bochecha e temporada de Cecília, que nem se mexe.

“Não me chama assim” - Cecilia resmunga baixinho.

“Oxe…” - Ana sorri. Seu alvo agora é o cabelo loiro da namorada, sua arma agora é um cafuné.

“Parece que errou de cama, e confundiu as namoradas” - Cecília volta a resmungar, imóvel.

Dessa vez Ana não achou graça - “Confundir namorada?” - repetiu, como que pra ter certeza do que tinha escutado - “Tu acha que eu tenho outra namorada?”

Cecília, que não tinha aberto os olhos, achou que o tom de voz de Ana tava neutro demais. Difícil dizer se ela tava brava, ofendida…

“Responde” - Dessa vez a voz de Ana foi mais firme. O suficiente pra Cecília abrir os olhos e virar de frente, mas sem levantar. Levantar lhe daria um tom hostil.

“Tu acha…?” - a voz de Ana foi menos firme, mas também menos neutra, só que ainda assim era difícil dizer o que era.

“Não…” - Cecília explicou - “Falei sem pensar”

“Tu é ciumenta?” - Ana mudou o assunto de lugar, sem realmente mudar o assunto.

Dessa vez Cecília levantou. Ficaram sentadas, uma de frente pra outra, olho no olho.

“Às vezes…”

Ana quis sorrir. O “s” sonoro do sotaque de Cecília era um charme, mas a resposta...

“Mas não precisa” - Ana respondeu - “Tu sabe, né?”

Cecília confirmou com a cabeça, devagar - “Agora eu sei”

“Oxe” - Ana riu - “E antes num sabia não?” - e se aproximou, colocando as mãos no joelho de Cecília, que não respondeu, só encarou.

Ana achou melhor mudar de assunto.

“Se num pode chamar de Mariquinha, pode chamar de quê?”

“Cecília" - a resposta veio com uma revirada de olhos.

“Não, um apelido…” - Ana insistiu.

Cecília se ajoelhou na cama, ela e Ana bem perto uma da outra. Sugeriu num sussurro, depois de empurrar Ana no colchão, se colocando em cima dela.

“Amor”