Memorias Fragmentadas escrita por John Guimarães


Capítulo 8
Espirito Fragmentado




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Abriu os olhos, olhou para o teto de madeira do templo, esfregou os olhos com o nó dos dedos enquanto bocejava, sua cabeça estava um pouco tonta a visão turva de recém acorda, colocou os pés no chão, sentiu uma vontade de voltar a dormi algo muito tentado que estava cogitando fazer, contudo pensou em Yafei se ela estava um pouco de ressaca, Yafei poderia estar pior já que não maneirou na bebida. Tentou se levantar, assim que levantou quase caiu porem conseguiu se apoiar na parede, então se lembrou o que era uma ressaca algo que não sentia a muito tempo. Andou até a porta enquanto se apoiava na parede não tinha certeza se estava tonta a ponto de cair, mas não queria arriscar colocou a mão na porta e tentou empurrar em seguida deu de cara na porta, deu alguns passos para trás soltando xingamentos, passou a mão na cara sentindo uma leve dor. Abrindo a porta de forma certa saiu para o corredor, quando saiu escutou barulho de conversa, percebendo que não era entre Yaokai e Yafei pois eram duas vozes masculinas, caminhou até o quarto de Yafei entrando, observando ela dormindo em um sono profundo, enrolada em sua coberta em uma posição muito estranha, segurou a risada para não acorda-la, indo em sua direção começou a ajeitar ela na cama deixando em uma posição mais confortável depois cobriu com lençol de forma, passou a mão em seus cabelos e beijou sua testa, saindo do quarto lentamente foi até a porta que dava para a sala maior, aproximou o rosto da porta colocando o ouvido para tentar escutar a conversa.

—Não, Não, não foi assim que eu me lembro...- Não reconhecia a voz, não era tão grossa como de Yaokai e também não passava presença como a dele- Foram mais de dois esquadrões que nos abordaram aquela noite.
—Essas história você pode contar para as garotas que você encontra nas tabernas, mas eu me lembro que não passavam de dez soldados, estou ficando velho porem minha memória ainda está intacta- Na hora reconheceu a voz de Yaokai, sua voz sempre calma e serena, nem um momento elevou o tom.
—Ficando cada vez mais chato em, velhice deixa as pessoas chata também?
—Você é só mais cinco anos mais novo que eu, também está ficando velho.
—Cinco anos faz muita diferença- Soltou uma risada alta, ou sua ressaca estava deixando ela mais sensíveis ao som?
—Vamos mudar de assunto- Uma pausa aconteceu de repente, achou dramático de mais, entretanto isso fazia parte de Yaokai- Você fez o que eu pedi?
—Mas é claro, acho que você está senil dizendo que chegar naquela cidade era rápido.
—Ela veio andando de lá até aqui, julguei ser rápido- Um calafrio correu pela sua espinha.
—Depois você diz que eu que conto histórias exageradas, mas tudo bem eu encontrei a espada, tive que entrar em sua casa...
—Espere-Yaokai interrompeu o homem- Shimi poderia se juntar a nos.

Perdeu o ar por um momento, como ele sabia que ela estava ali a quanto tempo ela tinha percebido sua presença, depois de alguns segundos rolou a porta para o lado observando os dois, estavam olhando para a porta pacientemente, Yaokai com sua expressão nula apenas acenou com a cabeça, o outro homem que possuía uma vestimenta igual de Yaokai, com uma barba grande suficiente para prender um elástico nela, com cabelo todo desarrumado, não que o seu cabelo no mento estivesse melhor que o dele porem ela tinha desculpa de recém acorda.

—Bom dia Shimi- Yaokai cumprimentou- Noite foi longa?
—Se colocar dessa forma eu acredito que sim-Ele sabia disso também? Começou a suspeitar que Yafei subestimava seu mestre um pouco.
—Espero que você tome conta de Yafei em suas noites, já que ela só faz isso quando não estou- Demonstrou um sorriso, enquanto seu colega virou o rosto para o lado para esconder a risada.
—Vou manter isso em mente- Sentiu um pouco envergonhada, como uma criança sendo pega fazendo algo errado.
—Bom, esse é meu amigo de longa data, Yui- Estendeu uma das mão para Yui que fez uma pequena reverencia- Yui essa é nossa companheira Shimi, talvez nova aprendiz.
—Opa, muito prazer não sabia que a nova aprendiz era tão linda- Um sorriso se abriu enquanto Yui olhou ela de cima a baixo, ficou um pouco desconfortável porem viu um outro de Yaokai em direção a Yui de desaprovação, fazendo ele recuar um pouco.
—O motivo dessa reunião, é por sua causa Shimi- Yaokai fez um gesto para que ela se aproximasse.
—Minha causa?- Andou em passos lentos se aproximando dos dois- Como assim?
—Depois de pesquisar o seu caso, eu criei uma teoria sobre o seu estado, então pedi para meu colega fazer uma missão para mim.- Observou que Yui retirou das costa um objeto de mais ou menos um metro enrolada em um pano marrom- Onde eu pedi para ele ir até sua cidade e procurar algo para comprovar minha teoria.
—Teoria? Não estou entendo o que você quer dizer com isso? – Então Yui retirou o pano que estava cobrindo o objeto revelando uma espada a espada que seu pai tinha lhe dado, uma dor de cabeça invadiu sua cabeça, sua visão ficou escura automaticamente, suas pernas ficaram bambas perdendo a força.

Começou a tossir violentamente, acordando assustada levantando da sua cama rapidamente, uma dor de cabeça estava lhe incomodando tentou lembra o que estava acontecendo, possuía apenas fragmentos de memorias da noite passada, onde tinha encontrado Marin. Talvez tivesse bebido um pouco de mais, deixando essa ideia de lado ficar de ressaca não era um opção levantou da sua cama ignorando o cansaço e a sua preguiça, andou por sua casa que estava com pouca iluminação a poeira estava começando acumular, normalmente ela já não limpava a sua casa, Marin as vezes recusava trazer Mei a sua casa pela desorganização e sujeira. Chegou no banheiro um balde estava no chão se aproximou de uma bacia que estava encima de um balcão, encheu uma caneca com água e lavou o seu rosto, molhou um pouco seu cabelo porem não se importou apenas jogou para trás do ombro. Enquanto andava pela sala lembrou que Marin pediu para encontrá-la, começou a se vestir colocando sua armadura de couro, pegou seu cinto colocando sua bainha na cintura, depois colocou sua capa preta.

Andando pela rua, pisando no chão sujo de barro pela chuva que tinha passado pela noite, as nuvens ainda pairavam pelos céus escondendo o sol, deixando o ambiente com uma iluminação mais cinzenta, como estava de manha a rua estava vazia e um pouco escura. Andou com passos firmes por aquelas ruas sozinha, o vento gelado roçando no seu rosto respirou fundo seguiu em frente sem olhar para trás. Podia ver Marin enfrente a própria casa, com uma roupa justa e uma capa cinza, em vez de uma espada ela possuía duas adagas na cintura, a capa em volta do corpo impedia ver mais detalhes. Chegando perto dela, enquanto Marin demonstrava um sorriso.

—Que cara horrível é essa? – Marin olhou bem sua aparência enquanto ria, colocou a mão em frente da boca para esconder.
—Muito engraçado, acabei de acorda nem me lembrava a hora que eu tinha que vim até aqui, apenas tive sorte de chegar na hora- Shimi estendeu os braços e se espreguiçava.
—Na verdade, você está duas horas atrasada, eu até pensei que você não vinha- Bateu a palma da mão pela roupa fazendo a capa esvoaçar, Shimi notou que ela possuía duas adagas e outras pequenas bolsa no cinto, mais para cima havia outra cinta com várias pequena laminas presa. Em seguida colocou capuz na cabeça e começou a andar pela estrada.
—Eu acho que dormi um pouco de mais- Passou a mão no rosto tirando o cabelo do rosto seguindo Marin enquanto ela andava- Nem me lembro que horas eu cheguei em casa.
—Você bebeu mais que o normal, isso não é saudável vai saber onde você pode parar no estado que estava- Podia ver os olhos de Marin embaixo do capuz julgando dela.
—Só bebi o suficiente, não precisa ficar me julgando- Ficou um pouco com raiva.
—Só estou preocupada com você, não precisa ficar emburrada-Ela ficou feliz porem sentiu raiva ao mesmo tempo.
—Vamos nos concentra em chegar no local.

Depois de andarem por muito tempo, passando por diversas quadras, as pessoas estavam começando a sair na rua, trabalhadores carregavam suas ferramentas, alguns se juntavam em grupos para ir para fazendas não muito distantes, outros tinham ferramentas diferentes, como martelos, cinzel e machados para trabalhos artesanais. Observou um ferreiro conhecido que tinha forjado sua armadura na guarda, a mesma armadura que estava jogado em algum canto de seu quarto, olhando para o seu rosto coberto por uma fumaça.

Horas depois de caminhada, tinham chegado na floresta estava mais claro porem as nuvens ainda estavam no céu então não estava tão iluminado porem estava melhor que antes. A vegetação dificultava a locomoção, Shimi ia na frente com sua espada abrindo caminho, enquanto Marin ia guiando dizendo onde tinha que virar.

Seguindo pela floresta a vegetação começou a ficar mais limpa, a ponto de Shimi guarda a espada já que não era mais necessária, então chegaram até uma clareira, em volta um grande morro se estendia logo ao fundo a entrada de uma caverna. Pisando naquela grama baixa, se agachou só para passar a mão, percebendo que aquele local era muito lindo, se não fosse a boca de uma caverna sinistra quebrando o clima, seria um ótimo local para construir uma casa.

—Tome cuidado- Marin falou num tom seco e sério- Aqui que este nosso objetivo, mas o local tem uma energia estranha.
—Energia estranha? - Olhou para a caverna, ela tinha uma aparência assustadora, mas não conseguia sentir nada.
—Sim, e fui avisada que pode possuir criaturas malignas.
—Seja mais objetiva, enigmas não é meu estilo- Franziu o cenho enquanto encarava Marin, que olhou com um sorriso
—Mas isso que dá um estilo- Sacou as duas adagas, podia ver que ela apertava o cabo, depois olhou para a entrada da caverna- Criaturas malignas, sabe demônios, assombração ou reencarnados.
—Nunca vi nem um desses- Se levantou e foi até o lado de Marin que estava olhando sério para a caverna- Você já?
—Tambem nunca vi, por isso temos que tomar cuidado, reencarnados eu sei que podemos matar atingindo sua cabeça, mas as outras eu já não tenho certeza.
—Então o que vamos fazer se achar?- Sacou sua espada, segurando com uma mão só.
—Vamos ter que recuar e pensar em alguma estratégia- Ela colocou uma adaga na bainha de novo e de baixo da capa puxou um pedaço de pau com um pano enrolado na ponta – Acende isso pra mim.
—Tudo bem- Pegou uma pedra e bateu na sua espada soltando faísca acendendo a tocha, que pegou fogo muito rápido.
—Agora segura ela- Pegou a tocha com a outra mão, Marin sacou sua adaga novamente e seguiu andando lentamente para dentro da caverna- Vamos manter silencio.
—Certo, mas eu vou na frente- Marin confirmo com a cabeça, deixando Shimi passar.

Andava lentamente dentro da caverna, escutando seus passos sobre o chão de pedra, o barulho do fogo queimando logo ao seu lado criava um clima tenso, já que não conseguia escutar os passos de Marin, nem sua respiração era perceptível, sentia sozinha dentro daquele local, seguindo em frente sem olhar para trás, vendo apenas escuridão pois sua tocha permitia apenas poucos metros de iluminação fraca. O vento que corria de vez enquanto fazendo seus cabelos voares e a tocha tremer, depois de um tempo o barulho da caverna ficava mais intenso, o som da tocha era mais alto e nítido o seus passos ecoavam pelas paredes, se perdesse um pouco a concentração podia notar que eram vários passos lhe seguindo, ao fundo algumas goteiras pingavam o barulho parecia que estavam logo ao seu lado, o som do pingo caindo na agua deixavam em um transe diferente. O seu coração começou a bater forte, antes sentia nada, nada além de raiva e frustação, porem agora algo estava florando em seu peito, tristeza, estava sozinha dentro daquele local, estava sozinha no mundo começou a sentir medo a bolha de luz que estava dentro encobria sua presença, havia apenas escuridão lhe esperando tanto na frente quanto atrás, seguir em frente não parecia ser tão acolhedor, voltar atrás era tão ruim quando andar.

Já estava andando totalmente errada, tropeçando nas pedras, sua espada de vez enquanto batia na parede fazendo o som ecoar pela caverna, estava perdendo as forças, porem sentiu uma mão no seu ombro, olhou para o lado assustada Marin estava lá apontando para frente.

—Olhe, um corpo- Sussurrou em seu ouvido.

Olhou para frente, realmente tinha um corpo, contudo o corpo era estranho, sua pele era cinza e totalmente ressecado, possuía carne mas era tão magro que podia ver os ossos também, não era um esqueleto nem um zumbi, por não estar em decomposição, aquilo era bizarro, podia ver alguns pedaço de fio de cabelo na cabeça.

Começou a se aproxima lentamente, mas a criatura abriu os olhos, aquele olhar sem vida e totalmente sem pena, de cor amarela. O ser começou a se levantar, todo torto enquanto se erguia os ossos iam se estalando o braço que estava dobrado de uma forma estranha voltou ao lugar num movimento só gerando um som desagradável, ele resmungava e fazia sons com a boca assustadores, Shimi se afastou alguns passos, contudo a criatura soltou um berro arranhado que ecoou pelas parede do local, estendeu os braços e foi para cima. Assim que ele chegou perto o suficiente chutou o seu peito fazendo ele cair para trás, sem pensar muito cortou a sua cara ao meio, fazendo a criatura cair no chão, começou a olhar a criatura no chão com um olhar de nojo, pois em seu rosto saia um gosma verde escura, sua carne saindo pelo corte, o cheiro de carne podre e mais algo estranho tomou conto do local, chegava a queimar os olhos e o nariz. Escutou Marin gritando não em seguida uma adaga cortou o ar logo a sua frente, quando olhou para direção que adaga foi, notou que uma criatura caia no chão. Mais quatro daqueles seres se aproximavam, o que estava vindo pela esquerda levou um chute nas costelas fazendo bater na parede e cair no chão, o da direita empunhava uma espada, um ataque veio vertical, defendeu com sua espada, mas não esperava que a força daquele bicho fosse tamanha, por um instante quase vacilou e deixou que espada lhe cortasse, viu um vulto passando pelo seu lado, em um piscar de olhos Marin perfurava a cabeça do ser puxando adaga rapidamente, soltando a mesma gosma verde, ela balançou adaga para sair mas parecia inútil.

Aproveito fez um estocada com sua espada na criatura que tentava se levantar a sua esquerda, caiu sem vida no chão. Os dois que vinham logo depois caíram quando Marin jogou três lâminas em sua direção, duas delas pegou a outra passou longe, escutou ela resmungar de raiva, mas não entendeu muito bem o porquê.

Seguiram em frente com a caverna, o local era estranho não possuía nem um tipo de divisória ou outro caminho apenas uma direção a sua frente, agora Marin lhe acompanhava no lado, contudo mantinha seu olhar para frente de vez enquanto via ela de canto de olho e podia jurar que ela desaparecia as vezes, mas começou a pensar que estava um pouco cansada e a ressaca estava piorando a situação. Não demorou muito para chegarem um lugar diferente, sentindo uma alivio, começou a julgar que o local não tinha mais fim, Marin tomou a frente e se aproximou, o local era uma espécie de sala, era amplo e muito húmido.

No centro da sala um altar frio e gelado com um jarro sozinho e triste, uma goteira logo ao lado ecoava de tempos e tempos, se aproximou enquanto Marin estava olhando em volta procurando algo mais, porem o local não tinha muitos segredos apenas o Jarro. Tocou no jarro lentamente, sentindo sua superfície lisa e gelada, possuía diversos desenhos estranhos entalhado, passar os dedos sobre eles deixava mais calma, começou a sentir uma tontura, sentiu algo passando pela sua garganta uma dor surgia em sua cabeça, o seu peito estava ficando quente, seus braços formigavam uma sensação de vomitar, o local inteira estava girando, colocou a mão sobre o altar para não cair fechou os olhos e começou a se concentra.

Um toque em sua mão, piscou lentamente podia ver uma jovem mulher de cabelos curtos com brinco amarelo, ela se aproximou e colocou a cabeço de lado sobre seu peito, a mão na sua testa depois se afastou e apertou bem forte a sua mão.

Olhou para o lado vendo Marin que segurava seu ombro com um olhar preocupada, com a outra mão fez dois estalos em frente ao seu rosto, então resolveu levantar sua mão e estender para Marin mostrando que está bem.

—Não vai cair agora- soltou o seu ombro porem deixou os braços estendidos em volta de seu corpo para segurar caso perdesse o equilíbrio- Você é mais pesada do que imagina.
—Não me chame de gorda! – Sentiu um pouco de raiva, mas estava sorrindo- Olhou em volta e percebeu que não lembrava o motivo de terem ido para ali- Então oque agora?
—Vamos levar o jarro! - Marin segurava um pano, enrolou o jarro, em seguia amarrou com uma corda, prendendo nas costas- Não esqueça da tocha
—Tocha? – Não sabia de que tocha ela estava falando, até olhar para o chão e ver a tocha ainda acessa- Ah...

Começou a seguir Marin porem sua visão começou a ficar turva, tudo ficar confuso cada momento que piscava ela estava em lugar diferente.

Até que piscou e estava deitada, uma pequena dor na sua cabeça lhe causava incomodo, sentiu algo pesada sobre sua cintura, começou a ergue o corpo com a mão na testa, retirando o cabelo do rosto, até notar Yafei dormia sobre sua cintura. Com a outra mão cutucou sua cabeça, que não respondia sua respiração estava forte podendo sentir o bafo dela sobre a barriga, em seguida deu um peteleco na testa assim ela acordou resmungando.

—Ai! Por que fez isso? – Falava enquanto bocejava, se levantou revirando os braços arqueando o corpo para frente se espreguiçando, Shimi notou seu corpo esbelto e suas curvas – Isso é maldade sabia.
—E dormi sobre mim não é nada delicado- Recebeu um empurrão de Yafei, Shimi apenas ria da sua cara emburrada.
—Yaokai pediu para te vigiar, mas eu recém tinha acordado ainda estou muito cansada- Bocejou novamente- Ele falou que você caiu do nada ao ver a sua espada.
—Exato, acho que tive mais uma memória – Olhou para baixo um tanto triste, sua memória tinha sido confusa mas ao mesmo tempo sabia o que tinha acontecido, algo lhe dizia que a visão de Shimi estava sendo interrompida por outra coisa, sentiu no fundo do seu peito mas não entendi, possuía todas as memorias agora, mas não entendi por que desse sentimento.
—Então minha teoria estava certa- Yaokai entrou no quarto segurando um copo cinza que soltava vapor- Aqui um pouco de chá.
—Obrigado- Pegou a caneca e tomou um pequeno gole, estava quente porem gostoso, sentia a dor de cabeça passar um pouco sentindo melhor.
—Teoria?- Yafei olhava tanto para shimi quanto para Yaokai rapidamente, com uma cara de dúvida
—Sim, comecei a reparar que suas memorias voltavam quando algum tipo de gatilho era acionado, seja por objetos ou algum tipo de situação- Puxou uma cadeira e sentou ao lado de Yafei- Esse tipo de situação poderia ser considerado como uma amnesia, mas quando estavam cuidado de você quando chegou aqui, enquanto usava ervas para curar seus ferimentos, não reparei nem um tipo de lesão ou ferida na região da cabeça e quando Yafei limpou seu corpo não me disse nada parecido também.
—Ah...- Sentiu confusa, nunca tinha parado pra pensar, agora que mencionou eles haviam fala que tinham encontrado ela com machucados e suja, mas acordou enfaixada e limpa então alguém tinha que ter limpado, automaticamente olhou para Yafei que estava vermelha como tomate, seu peito foi tomado por uma vergonha repentina fazendo suas bochechas.
—Enfim, vocês podem lidar com isso depois- Yaokai colocou a espada encima da cama ao lado de sua perna- Então eu comecei a estudar sobre essa situação, não tinha sido um caso comum de lesão na cabeça com consequência de amnesia, até que eu achei em um dos meus livros falando sobre uma aparição de quarto grau, um devorador de alma.
—Mas isso é impossível, ela deveria ficar em estado vegetativo depois- Yafei carregava um olhar sério enquanto olhava pra Yaokai, que respondeu com um aceno com a cabeça.
—Você está certa, ela deveria por isso eu não cogitei essa hipótese de primeira, contudo- Ele retirou o colar e aproximou de Shimi, o colar brilhava em amarelo forte a medita que se aproximou dela, e quando se afastou diminui o brilho- Isso fez eu acreditar nessa situação, eles foram feitos para brilhar sobre a presença de criaturas malignas, ou seja o devorador de alma, não comeu apenas sua alma, como também possuiu o seu corpo.
—Mas caso de possessão, a sempre uma divergência entre a pessoa e aparição, fazendo o ser ficar com febre e delirar pela briga interna tanto espiritual como biológica- Shimi entendeu muito pouco do que estavam falando, percebendo que seus estudos não estavam indo tão bem quanto pensava – Muitos casos a auto mutilação pelo desespero de ter algo lhe incomodando, vômitos extremos de coisas viscosas com coloração preta, Shimi não demonstra nada do tipo nem chegou perto, está linda e forte desde que chegou.
—Você também está certa, mas como você disse quando a conflito interno, entre a aparição e a alma do indivíduo, lembre-se o devorador comeu a alma dela, então seu corpo virou uma casca vazia, em seguida tomou para si.
—Mas isso tudo é confuso e estranho- Shimi olhava para suas mãos, olhou para seu corpo, aquilo sempre foi seu, não tinha nada fora do normal- Eu não deveria ser outra pessoa, já que tenho outra alma?
—E você não é?- Yaokai olhou no fundo dos olhos- Essa situação é confusa tanto para humanos quanto para espíritos, você não é mais a Shimi, nem o espirito, sua nova alma se fundiu com o corpo que levava as memorias antigas, você tem capacidade de ver outros espíritos, apenas espíritos podem ver outros, o que reforçou minha teoria. Você é alguém totalmente novo.
—O que eu devo fazer então? - Sentiu-se confusa e perdida, o mundo a sua volta tinha desmoronado, não era ninguém, era uma usurpadora que pegou o corpo de uma jovem, ela não deveria existir, deveria morrer, seus sentimentos nada era seu, não deveria ser- Eu não sou real, eu sou uma farsa!
—Não!- Yafei apertou a sua mão com força aproximou do peito- Você é real, você é a Shimi, você a pessoa que eu conheci quando chegou no templo, você é importante para mim, isso é real, você é só alguém novo, você ainda é a Shimi por ter suas memorias, você carrega ela dentro de você, você é real!
—E...Eu... eu não sei- Sentiu um calor dominar o seu peito, o sorriso de Yafei era como uma abraço caloroso, em seguida que pensou nisso recebeu uma abraço de Yafei, ela sabia que não podia ser mais a Shimi de antes, tinha que ser ela mesmo- O que aconteceu com minha antiga cidade?
—Pelo oque Yui me contou, a região foi tomada pela igreja de lyra, a cidade um dos bárbaros assumiu o poder, a sua amiga Marin não estava mais la.
—Entendo, aquele lugar não é mais meu lar, Mestre eu vou ficar e me torna uma seguidora de slyveth! – Ela era real, ela era alguém, seus sentimentos eram reais, sua existência era real, a suas escolhas são reais e escolheu ficar.
—Você vai ficar!?- Yafei ainda segurava sua mão, começou a esfregar ela no rosto enquanto mantinha os olhos fechados com um sorriso.
—Irei ficar aqui ao seu lado.
—Você é bem-vinda, sempre foi- Yaokai foi até a porta e antes de sair fez uma pausa- Seja bem vinda a sua nova vida.


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