Extraordinária escrita por Lily


Capítulo 1
Desabafo


Notas iniciais do capítulo

Sakura é uma personagem maravilhosa em diversos aspectos.

Espero que gostem.



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Em uma noite calma de verão Sasuke decidiu visitar Konoha para entregar, pessoalmente, relatórios e se encarregar de algum exercício de treinamento do Boruto, afinal havia prometido treinar o garoto. Quando concluiu as atividades, dirigiu-se até a sua casa. Sempre soava estranho e levemente acolhedor referir-se a algum local como “sua casa”...

Sarada havia se retirado para dormir após jantarem já que logo pela manhã deveria sair em missão com a nova equipe sete. Interagiram um pouco, como uma família deve fazer. Sakura assistia afoita uma partida alucinante de shogi entre Sarada e Sasuke, dois exímios estrategistas. A filha disse que precisaria treinar, além das habilidades do clã, partidas de shogi por que ora... Era inadmissível Shikadai permanecer invicto nos duelos contra ela e seus amigos.

Sasuke se sentia... Acalentado e, por alguns instantes, um bom pai.

Estava o casal na cozinha, Sakura terminava de secar a louça e alcançava ao esposo que a auxiliava guardando os utensílios.

Era perceptível a inquietude silenciosa dela, algo a incomodava e poderia sentir aquela aura a quilômetros de distância. Ele sabia que se houvesse algo a ser dito por ela, seria dito assim que se sentisse apta a isso e por esse motivo resolveu que não a questionaria.

Após concluírem suas atividades estavam se encaminhando ao quarto, porém no meio da sala Sasuke sentiu sua blusa ser puxada levemente nas suas costas. Ao virar-se viu a esposa mordendo a ponta do dedo polegar e os olhos aflitos não o fitavam, vasculhavam os cantos da sala e ele sabia que procuravam coragem.

— Eu... Queria falar com você antes de dormirmos.

— Tudo bem.

Ela ajoelhou-se sobre o sofá e em seguida sentou sobre os pés com as mãos apertadas no colo, logo em seguida Sasuke sentou ao seu lado.

— Querido, se me olhar tão intensamente não vou conseguir. – Riu sem jeito.

Com um sorriso discreto ele direcionou o olhar logo a sua frente, observando a recente foto da família. O sorriso permaneceu.

— Eu queria fazer uma pergunta, é muito, muito íntima. Acredito que possamos ter um momento assim, já que estamos casados.

Aos poucos, com uma sensação estranha, o sorriso de Sasuke foi sumindo.

— Isso tem me angustiado a tantos anos, desde que você decidiu que seria a hora de aceitar meus sentimentos e me dar algo tão lindo quanto a nossa filha. Desde o princípio eu me questiono, me pergunto e me sinto amargurada por essa dúvida. – Continuou e ele sabia que o estava encarando, mas permaneceu fixo na foto.

Ouviu-a respirar fundo, criando coragem.

— Sasuke... – Estranhou ser chamado pelo nome. – Eu... Se tivesse insistido mais, me esforçado mais e tentado de outras formas... Eu poderia ter salvo você no passado?

Virou-se quase que instantaneamente devido ao teor da pergunta. Sakura tinha os olhos pesados sobre si e brilhosos por estarem levemente marejados.

— Eu quero que responda de todo seu coração. – Sorriu levemente para ele.

Uma pergunta difícil daquelas em uma hora como aquela... Não deixou de se sentir mal, tantos anos sofrendo sozinha por algo que ele causou. Talvez não tenha se redimido como deveria.

Respirou fundo, fechou e abriu os olhos lentamente. A resposta poderia não ser conforme o gosto de Sakura, mas responderia com sinceridade.

— Não, você não poderia. Eu precisei me perder, para então me encontrar e dar valor ao que realmente importa na vida. Guardo arrependimento de muitas coisas das quais eu fiz, de outras nem tanto. Foi um mal necessário, infelizmente. – Concluiu com suavidade.

Ela num rompante, desabou em lágrimas. Um choro guardado, profundo e magoado que faziam seus ombros balançarem. Sarada poderia acordar, mas não a recriminaria por estar colocando para fora tudo o que tinha de dor no coração.

No próximo segundo, mais rápido do que percebeu, Sakura sorriu em meio ao choro.

— Ainda bem! – Ela falou chorando. – Pensei que se tivesse dado mais de mim, mais amor, dedicação, conseguiria tirar toda sua dor e toda a escuridão do seu coração. Acreditei que você passou tantas coisas ruins, tanta tristeza por eu ter sido fraca e incapaz. Me culpei pela morte do Itachi! Achei que poderíamos ter salvo ele se você permanecesse aqui e nós tivéssemos descoberto de outra forma toda aquela mentira. – Ela falava gesticulando muito em meio as lágrimas. – Carreguei comigo a imagem de todas as vezes que você e Naruto quase mataram um ao outro. Santo Deus... Eu quis matar você! – Ela falou exasperada como se fosse o pior absurdo da face da terra com as duas mãos juntas ao peito. – Era incabível eu ter te perdido, não para a morte, mas daquela forma cruel que foi o distanciamento e o ódio que te consumiu.

Doeu ouvir aquilo, era culpa dele e mesmo assim ela absorveu tudo.

— Sinto muito... – Foi o que conseguiu dizer.

— Tudo bem, querido. Estou melhor agora. – Sorriu novamente, com o rosto úmido pelas lágrimas. – Vamos dormir calmamente agora, certo? Tudo acabou bem no final das contas. – Ela levantou e lhe estendeu a mão.

Poderia atribuir aquela habilidade de se regenerar e se curar como uma fênix num piscar de olhos ao byakugou em sua testa, mas ela era naturalmente extraordinária e forte no sentido mais admirável de todos. Depois de tantos anos ainda podia se permitir impressionar com sua esposa.

Ele segurou sua mão.

Se Sarada fosse metade da mulher fantástica que Sakura era, ainda assim seria incrível. Torcia para isso.

Estava feliz.


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Notas finais do capítulo

Eu sempre pensei que a Sakura justamente por ser auto destrutiva e por tomar pra si a dor dos outros, se culpou muito por não ter conseguido convencer o Sasuke de ficar ainda na infância deles.

E também sempre quis que o Sasuke reconhecesse nela essa habilidade de mesmo destruída emocionalmente ela se reerguer e ficar ainda mais forte.



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