A noite estava bem fresca e tranquila, pelo menos, porque nos últimos dias a mudança de temperatura parecia estar assolando tenebrosamente Konoha. Sasuke tinha acabado de chegar em casa e só precisava dormir. Existir, igual a qualquer outro ser humano, e dormir.

Com as missões e seu sono extremamente leve, acabava, por vezes, passando a noite em claro, observando a lua quando se fazia presente. Sua casa, sua cama, poder se aconchegar em sua família era a melhor parte de seu retorno. 

Havia tomado um banho, separado tudo de forma organizada, para que não tivesse trabalho extra amanhã. Abriu levemente a porta do quarto de sua filha e não a achou. 

Deve estar em missão... 

Resolveu ir para seu recanto maior e viu sua esposa deitada um tanto quanto confortável, enroscada na coberta que deveria servir aos dois, mas que no momento só servia para ser agarrada e amassada, por não saber que ele chegaria hoje. Olhava-a dormitando tranquila, seu pijama bagunçado, na verdade, embolado em sua cintura. A visão que tinha era um tanto quanto interessante. Não queria acordá-la, no entanto. 

Deitou-se, sentindo dificuldades em relaxar, perder suas tensões; seu modo alerta por estar em lugares estranhos e diferentes sempre era um problema quando retornava. Normalmente, Sakura o ajudaria a relaxar, mas não queria incomodá-la. Sabia que ouviria quando acordasse, pois ela não gostava quando ele chegava e não se anunciava. Exigira diversas vezes que ele a acordasse, mas foram poucas as vezes que cumprira a petição. Dizia que preferia que ela estivesse descansada por conta dos afazeres e das exigências do hospital, mas, na verdade, no fundo de se âmago, a resposta era outra: gostava de vê-la dormindo. 

Seu corpo parecia pesar muitas toneladas em algum momento da noite e, por fim, perdeu a noção do tempo, só soube que teve um apagão. Era assim que dormia, quando finalmente conseguia relaxar, em casa. Demorava por volta de duas horas para que seu corpo se acostumasse novamente com o conceito de segurança, lar e paz, mas quando se acostumava, seu sono leve se transformava em um completo peso que o puxava profundamente, sem chances de sonhar.

O que não esperava era entrar em um sonho sinuoso demais para seu próprio bem. 

Sentia aqueles toques e ansiava por mais. Sentia os beijos e queria-os em mais lugares do que poderia imaginar. Sentia a formação de sua necessidade bem em suas partes baixas. Precisava que o estímulo continuasse, queria mais e grunhiu.

Virou-se, despertando levemente, sentindo o efeito do sono pesado em todo seu corpo somado ao arrebatamento gerado pela intensidade sexual que o afligia no momento. Viu sua esposa sentada, vestindo algo branco, rindo com um leve rubor. Segurou sua mão, sussurrando um leve e rouco 'Sakura'. Desejava-a absurdamente no momento, apesar de ainda estar sonolento. 

— Ohayou, anata. 

Limpou a garganta e buscou esfregar os olhos para ter uma melhor visão de sua tsuma. — Aa, Tadaima... — Disse, preguiçoso. Sentiu um leve espasmo em seu membro, e direcionou sua mão para lá, grunhindo, novamente.

Escutou outra risada de sua esposa. — Uma bela visão para se ter de manhã, ein, Sasuke-kun... — Ela riu novamente e ele intensamente a olhou. — Okaeri...

— O que houve? — perguntou sério. Ela soltou mais uma risada leve, mordiscando deu dedo indicador. Sasuke avaliou e só pode concluir que o sonho, de fato, não foi um sonho. Sakura... 

Seu corpo ainda estava pesado por conta do ciclo de sono ter sido interrompido em um momento não propício. Olhou para Sakura, que se inclinou e deslizou a mão para dentro de sua blusa, acarinhando seu abdômen e arranhando levemente seu mamilo. Sasuke suspirou e só conseguia pensar em direcionar a mão de Sakura para baixo, mas, quando ela se deu conta disso, recolheu-a para si. 

— Preciso ir trabalhar, Sasuke-kun... 

Ele se pôs sentado, com certa dificuldade, seu semblante sério. Analisou o relógio. Estava próximo do horário de trabalho, mas a proposição para momento não era que fosse demorado. Queria tê-la, precisava dela, principalmente depois de entender que ela era o motivo direto de ter acordado nesse estado.

Olhou para Sakura, que mordia seu lábio inferior. Percebeu, então, que ela iria fazer alguma maldita coisa, que, provavelmente, não acabaria do jeito que ele estava esperando...

A kunoichi se levantou. — Já disse para você me avisar quando você chega, Sasuke-kun. Vou para o trabalho e se não tivermos maiores ocorrências, chego às dez. Então... — bateu seus cílios de forma adorável — Itekimasu... 

Ele estava descrente no que havia ouvido. — Sakura, espere...

Outro espasmo. Maldição. O calor estava deixando-o extremamente sensível. Sakura tinha deixado seu corpo sensível e um tanto quanto necessitado.

Sakura parou na porta enquanto Sasuke estava já em pé, pronto para ir atrás dela. Era isso que ela queria? Deixá-lo nesse estado e sair assim, sem mais nem menos? 

— Isso é uma... punição? — Só poderia ser, afinal.

Sakura estava incomodada por não ter anunciado que eu havia chegado...

— Talvez sim... talvez não, mas você está muito interessante assim. — Novamente mordeu o lábio.

Ele entendeu o que ela quis dizer. Sua calça de tecido fino deixava evidenciado a ereção que começava a latejar. Sasuke ameaçou ir atrás dela e ela se sobressaltou, mandou um beijo no ar, dizendo que precisava ir e que às dez estaria de volta. 

Às dez... punição... isso se ela voltar... 

Sentia-se inebriado pelo que Sakura tinha feito e muito bem feito, porque nem um banho gelado daria jeito. Estava irritado consigo mesmo, estava desgostoso, sim, mas não havia o que ser feito. 

Teve de se contentar com a água gelada do chuveiro e seu massagear forte, dolorido até, para que chegasse logo ao ápice. Precisava trabalhar. Acabou arfando por ansiar mais daquilo, enquanto se tocava. A mistura da água gelada, de seu dedão áspero deslizando por sua glande e do vai e vem de sua mão estavam tomando sua mente, que se misturava com os toques de Sakura de hoje de manhã e com as lembranças, muito bem registradas, de Sakura chupando-o, com toda a veemência e vontade que ela tinha.

Foi rememorando que conseguiu atingir seu orgasmo. Aguardou, para recobrar a respiração e a própria ciência de si, ali, no chuveiro, limpando-se. Notou os dedos enrugados e resolveu terminar seu banho por ali mesmo.

Sasuke tentaria se lembrar, a partir de agora, de acordá-la, independente da hora que fosse, quando chegasse. 

Ah, sim, Sakura seria muito bem acordada.

Estava se sentindo mais mau-humorado do que era possível medir em sua mente. Jamais imaginou que, ao voltar para casa, isso tudo aconteceria. Coisas estranhas sempre aconteciam, mas isso foi um pouco demais.

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Naruto, infelizmente, percebera isso nitidamente. 

— Noite difícil, Sasuke? — Perguntou com sua voz denotando o explícito cansaço.

— Não tanto quanto a sua. — Viu o semblante de Naruto que, agora, gritava o mencionado cansaço carreado em sua voz.

Naruto riu, pois ambos estavam desgraçados no nível de trabalho que carregavam. Não sabia Naruto que o menor dos problemas era o trabalho, mas sim Sakura tê-lo deixado extremamente excitado como uma punição por não fazer o que ela queria. 

Sakura está mimada demais. 

Ponderou sobre quem a mimava desse jeito. Jamais admitiria que ele a mimava, não, não mesmo. 

Se resolveriam quando chegasse em casa, sim.

Ele faria questão disso.

Naruto tirou Sasuke de seus devaneios, fazendo-o voltar sua atenção ao trabalho. Seria um longo, longo dia para o Uchiha.