Trago

Nunca fui das mais educadas,

mas agora peço “por favor,

fica só mais um pouquinho”.

É que eu me acostumei com você.

Eu jamais fui sinônimo de calmaria,

mas aqui estou eu falando da minha dor.

Eu conto e reconto como nos conhecemos.

O seu corpo no meu e ser feliz para sempre não parecia tão distante.

Fora de foco.

Sua pele colada na minha e não me lembro de alguém chegar tão perto assim.

Foi quando comecei a me preocupar.

Só que ainda era cedo.

Você deixou claro.

Cedo demais.

E eu estava mergulhando de cabeça, você repetia

“Ainda é muito cedo para tudo isso”.

Mas você não foi embora. Se dizia feliz.

Passou a ser o motivo dos meus poemas.

E das minhas loucuras. Pobrezinho, você não sabia até que ponto eu iria.

Um dia,

as mensagens não eram mais as mesmas, eu ainda tentava me enganar,

mas estava difícil negar

que você estava indo.

E eu estava ficando no caminho.

Quem me dera poder voltar antes do fim.

Quando eu ainda era a luz dos seus olhos

e o motivo da sua insônia.

Eu te trazia no peito.

Agora, eu te trago por inteiro

maço após maço,

só estou tentando sentir seus lábios de novo.

Minha cabeça envolta por uma nuvem cinza,

nicotina

fedida,

eu achei que fosse esquecer, mas ainda me lembro do que esta marcado na minha pele.

E só posso me perguntar

Você tem me tragado? Porque

aos poucos você tem me esquecido. Como um cigarro que você acaba com ele em menos de cinco minutos, eu estou acabando?

E se estiver, então, apague. E me deixe ficar só mais um pouquinho.

Pra te mostrar que não vale a pena me fazer desaparecer.

Por favor,

pare

de me esquecer.