Quarta Vez

Quando tive meu coração partido pela terceira vez soube que não era como as outras vezes. Foi quando entendi o perigo que era se envolver com alguém e se decepcionar. Uma vez que, se machucar dói não só no teu corpo, na tua alma, na tua mente, mas maltrata as pessoas que estão estão a sua volta porque muda quem você é e pior ainda muda sua forma de ver as coisas.
Levei quase um ano e diversos poemas para superar o meu terceiro fracasso amoroso. Um novo corte de cabelo, quilos a mais e um emprego novo e já conseguia pensar que não era mais o fim do mundo. Eu não o stalkeava mais e nem perguntava por ele, nem mesmo rezava baixinho para que alguém me dissesse como ele está sem que eu tivesse que perguntar outra vez. Não tinha mais a necessidade de sair todas as noites para que alguém visse como eu estava bem e fosse correndo contar para ele. Eu nem mesmo espero mais encontra-lo em cada esquina que dobro. Eu mudei, as pessoas gostaram, mas eu não gosto das circunstâncias nas quais mudei.
É maio e foi um bom mês ano passado. Há 365 dias atrás, eu dançava valsa com meu terceiro e belo amor. Nosso primeiro beijo foi em junho e durou até outubro, o dia das bruxas foi quando pensei que iria morrer de saudade.
É quase junho e as pessoas notam a diferença, ando cantando pela casa e tenho tempo para tomar café com meus pais. Sempre detestei clichês, mas todas as baboseiras que dizem sobre estar apaixonado, cada uma delas é verdade.
O sorriso bobo, o gosto repentino por músicas água com açúcar, a bagunça mental e os suspiros. É tão entediante que mal consigo terminar esse texto, mas eu precisava falar que não vai doer para sempre, que vai aparecer alguém, que vai dar tempo e que tudo acontece por uma razão. 
É meio engraçado, pois toda vez que venho aqui dizer algo é sempre sobre algum idiota que vacilou feio e agora eu estou nessa de ter paciência e acreditar no melhor. Se apaixonar faz isso com as pessoas, muda elas.
Meu quarto amor veio suave, esperançoso, ele apareceu em uma madrugada de quinta-feira com um senso de humor único e até infantil, caminhou até mim e me fez sorrir no início, meio e fim daquela conversa. Ele estava em cada momento do meu dia perguntando como me sentia ou o que tinha feito. Meu quarto amor é encantador e às vezes penso se é mesmo possível existir alguém assim. Tão atencioso e que se encaixe tão bem nos meus planos.
Ele me fez gostar de apelidos e preocupar-me mais com minha vida acadêmica.
Meu quarto amor pode não ser para sempre, ele pode quebrar meu coração e nunca mais nos veríamos.
Mas é quase junho e ele me faz sorrir avisando que acaba de chegar em casa e passou a aula pensando em mim. Já partiram meu coração antes e já me recuperei também e se eu tiver medo nunca mais vou saber como é se sentir um evento especial do Universo. Veja bem, amor é o sentimento mais puro e benigno da nossa humanidade, não da para evita-lo para sempre. Você merece ser amada, ser desejada, ser importante, sorrir feito uma boba e usar apelidos mesmo que já tenha sido feita pó.