As aulas davam seu findar ao o sinal soar, terminando assim mais uma sexta-feira para os heróis em treinamento. Shouto saía na frente, pedindo desculpas a Midoriya que parecia que queria dizer algo para si de último segundo.

Tinha pouco tempo, tendo os minutos contados para o que sabia que lhe aguardava com um sorriso e alegria contagiante. Esses tão quantos que não se apercebeu que estava da mesma maneira dando passos mais apressados do que o de costume a saída da U.A.

Não precisou de mais do que poucos segundos chegando ao lugar combinado para sentir um vento forte lhe receber. Todoroki já estava se acostumando ao ter Inasa vir voando – literalmente – lhe visitar após o término das aulas aos fins de semana.

O relacionamento de ambos ainda não era de conhecimento de muitos já que até mesmo eles dois estavam levando aquilo lentamente, descobrindo-se juntos diversas coisas. Uma delas era como controlar simples atos, como onde enfiar as mãos estando frente a frente ao outro.

— Todoroki... Já chegou faz tempo? Eu parei no caminho porque tinha uma criança chorando que perdeu o cachorrinho e fui ajudar a encontrar. — Yoarashi foi o primeiro a se pronunciar, achando necessário se explicar ao ver a cara sempre indecifrável que recebia do menor.

— Não, cheguei agora também. — Shouto não soube evitar um despontar de lábios pequeno pelos contos dele, que não passou despercebido pelo moreno.

— Que bom! — Inasa pensou e repensou, tentando ver se desenterrava as palavras de Camie de sua cabeça. — Como foi hoje? Parece um pouco cansado. — Tinha a mania de se atentar a detalhes mínimos, sendo difícil deixar de lado quando era aquele rapaz em questão.

— Estou bem, e você? — O menor devolveu automaticamente, também se lembrando das palavras de um amigo, nesse caso, Kirishima. Este tentava lhe ajudar no que podia dar certo as coisas que não entendia muito bem ainda.

— Bem melhor agora. — Inasa não soube – e no fundo nem quis – esconder tal animação, arrancando bochechas rubras alheias.

A amiga da Shiketsu lhe disse para tentar uma demonstração de afeto toda vez que se encontrassem; algo como para irem se acostumando um ao outro. Claro que antes de qualquer contato o moreno perguntou a Todoroki se estava tudo bem com isso, e não tendo recusa, deram início a simples gestos típicos de namorados.

Primeiro tentaram segurar as mãos juntas, tendo Yoarashi a ter a sua suada rapidamente por estar tenso e a individualidade alheia também não ajudar. O segundo fora um abraço desajeitado, dificultado pelas suas estaturas bem diferentes, assim como jeito de retribuírem tal ato.

Aquela era a terceira, e de acordo com Camie, estava na hora de algo a mais.

— É... Estaria tudo bem se, sabe... Eu te desse um beijo? — Quis se enterrar ao terminar de formular a pergunta, podendo receber muito bem uma recusa. Estava certo mesmo tentar tão rápido assim?

Shouto por um longo minuto não soube responder, vendo esperança nos olhos negros do rapaz alto a sua frente determinado em querer dar mais um passo na relação. Não tinha problemas, não é? Kirishima disse que essa hora chegaria mais cedo do que tarde, já que era natural.

Mas isso não o fazia se sentir menos ansioso e nervoso a ter um frio na barriga que estava lhe assustando. Assentiu timidamente, segurando as alças juntas da bolsa em mãos com mais força.

O olhar dos dois se seguia à espera de uma atitude que ambos não sabiam de fato qual tomar. Era a primeira vez para os dois, seria estranho se não fosse engraçado de certa forma.

Yoarashi encheu o peito num inspirar de coragem, resolvendo que o faria. Tinha pedido e havia recebido um sim, não podia dar pra trás mais. Tomou proximidade de Todoroki, vendo este lhe encarar mais fixamente ao prestar atenção em todos seus moveres.

O que fazer com as mãos...? Não sabia. Ah! Aquilo era complicado demais!

Ter um olho cinza e outro azul lhe penetrar não ajudava a tomar a melhor decisão, seguindo seu instinto por fim. Segurou as mãos de Shouto com a sua direita enquanto a esquerda foi para sua cabeça em fios coloridos e chamativos. E ali, abaixando um pouco, depositou um beijo carinhoso.

Tão singelo, mas a representar tanto. Uma paixão que crescia ainda inocente, transgredindo tão natural como o respirar antes daquilo acontecer. Sentiam seus ares se esvair de momento. Fora até mesmo melhor do que um ósculo que muitos estavam acostumados.

Eram dois completos bobos de rostos corados e corações palpitantes, sendo cedo demais para um beijo de fato. Os afetos não precisavam de pressa, até porque tanto Yoarashi quanto Shouto queriam todos eles aproveitados ao máximo, um por vez.