Ao ligar o notebook me deparei com a tela de fundo azul com a logo da ASIB e logo abaixo uma barra branca pedindo a senha. Claro que não seria uma tarefa simples descobrir qual eram os caracteres que desbloqueariam computador mas tentei. Tentei desde palavras bestas e números aleatórios até nomes de pessoas. Eu não era aquele hacker profissional e estava longe de ser então aquilo estava sendo uma tarefa árdua. Enquanto digitava qualquer coisa que viesse a cabeça eu estava atento em relação ao médico, pois ele poderia chegar a qualquer momento e eu não queria ser repreendido por tentar fazer algo que poderia ajudar a todos. 

 Um tempo se passou e, aproveitando a demora do médico, eu continuei tentando todo tipo de senha até que desisti. Eu já estava estressado por não conseguir desbloquear o notebook e ainda tinha que ficar "preso" naquele lugar. Foi aí que a imagem do Samurai sob o prédio veio do nada a minha cabeça. Sangue. Muito sangue sobre aquele corpo. Sangue no chão...sangue em vários lugares. Sacudi a cabeça tentando tirar esse pensamento intrusivo, mas aí lembrei de quando fui puxado para cima enquanto eu caía daquele lugar alto. Lembro-me que, quando eu senti algo enrolando no meu braço direito me assustei e fui puxado para cima. Ao chegar ao topo, diante dos meus olhos vi a mesma máscara e a mesma roupa de quem havia me jogado para baixo. Mas logo atrás do mesmo, uma imagem de uma homem caído e ensanguentado era vista, e eis que era O verdadeiro Samurai. A pessoa que me puxara era ninguém menos do que Anatoly, meu primeiro e grande inimigo. Ele havia adquirido - pelo visto - o poder de se transformar em outra pessoa.

Sacudi novamente a cabeça.

"Eu não te perdoarei, Anatoly!"

Resolvi dar mais uma saidinha daquele recinto e abri a porta olhando para todos os lados procurando algum sinal de vida. Se não houvesse seria bem melhor.

Não havia.

 Saí do quarto e pensei em qual lado eu me dirigiria. Olhei para um lado. Olhei para o outro. Optei por me direcionar a esquerda e comecei a caminhar lentamente sob o chão frio daquele lugar. Eu estava sem chinelos mas não me importei. Tudo que eu queria era achar meus pertences e deter aquele russo maldito. 

Continuei caminhando no longo corredor pensando no que eu faria caso encontrasse aquele idiota até que me deparei com uma porta de ferro ao lado oposto ao qual eu caminhava. Ao lado dela havia algo retangular na parede onde se digitava a senha para abrir  a porta.

— Ahn... -- Olhei para os todos lados mais uma vez e me aproximei do objeto. -- Vamos tentar...ahn...13161421... -- A barra onde os caráteres digitados apareciam havia ficado verde e um barulho de algo se abrindo foi ouvido. Era a porta que estava se abrindo na diagonal e revelando uma sala com caixas pretas e fortes que me deixavam curioso sobre o que haveria nelas. 

Me aproximei do amontoado de coisas e passei a mão nas caixas, um pouco no fundo do pequeno local achei uma pilha com três caixa do tamanho de caixas de sapatos e acima delas havia um cilindro de vidro com uma tampa preta bem resistente e detalhada encima e embaixo, e que continha um líquido de cor verde escura que me chamou a atenção. Apanhei o objeto e com muito, mas muito esforço, consegui tirar a tampa. Cheirei o estranho líquido.

— Estranho... Será que devo... Não, não devo bebê-lo... Mas...se isso me ajudasse a sair daqui seria uma boa... -- Fiquei indeciso sobre o que eu faria a seguir até que, lentamente, fui aproximando o objeto da boca e senti o gosto azedado do conteúdo peculiar que havia no cilindro.

— Ei! Quem é voc-- Não! Não faça isso!! -- Me assustei com a voz atrás de mim e engoli o conteúdo do frasco de uma vez ao me virar para quem havia me descoberto. 

— Você não deveria ter feito isso, garoto!