Sou um ser invisivel, o retorno. escrita por Doc Yewll


Capítulo 1
O Retorno, o papel de Bob em End Game.


Notas iniciais do capítulo

o nosso oficial de segurança preferido acaba abocanhando um peixe bem grandão,,,



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O que Jaffen estava fazendo ali? Chakotay poderia entender, enquanto eles estavam no planeta e ela estava com o cérebro alterado, mas o que Jaffen tanto conversava com  capitão em seu gabinete?

 

Chakotay deu um sorriso padrão para o homem que estava indo em direção a sala de transporte, escoltado por um tripulante.

 

Ela não ia acompanhá-lo?

 

Ele voltou a sua cadeira, impassível, todos estavam ainda um pouco apáticos devido a lavagem cerebral e sua posterior reversão. Não ouviu nenhuma gracinha do Paris, que certamente estava também um pouco fora do prumo.

 

Pelo menos isso foi bom.

 

Os próximos dias passaram como um borrão, ele inventava desculpas para evitá-la, e seu jantar semanal mal teve três frases inteiras, um sentimento estranho e sem qualquer lógica estava dentro dele.

 

Chakotay mal conseguia ficar perto de Kathryn, a culpa por tirá-la de um lugar onde estava feliz, apesar dela estar com sua mente manipulada e suas memórias modificadas, estava tornando cada vez mais dolorido interagir com a Capitã.  Sua imagem nos braços de outro homem era absurdamente injusto. Mas, mesmo que sua mente a compreendesse, o seu coração não conseguiria perdoar. Nem a si e nem, para seu próprio desespero, Kathryn.

 

Quarra para ele foi um lembrete de uma Kathryn que ele nunca teria.

 

Chakotay estava começando algo que poderia ser positivo em sua vida. Sete era jovem, bonita, brilhante, inteligente, ele seria admirado e invejado por estar com uma mulher tão desejada. Precisava se afastar de Kathryn, não tinha mais forças para continuar lutando por um amor, que o tempo, as dificuldades e os mal entendidos, mataram no decorrer dos anos. Quanto mais cedo se afastasse melhor…

 

No santuário de seus aposentos Kathryn observava as estrelas, e chegava a uma triste  conclusão.

Estava agora, com certeza, sozinha.

Como ele  poderia entender que em menos de uma semana, ela decidiu morar junto com um desconhecido? Como Chakotay poderia compreender e perdoá-la se ela não se perdoava? Mas ao mesmo tempo; o que teria que perdoar? Kathryn estava sendo manipulada mentalmente, e eles não eram nada além de amigos, um dia íntimos, porém, agora cada vez mais distantes.

 

E de quem era a culpa. Dela? Dele? Dos dois?

 

Depois de Nova Terra, Kathryn estava muito insegura de continuar um relacionamento dentro da estrutura de comando, esperava que com o tempo Chakotay lhe provasse que, não a escolheu por ser a única opção no planeta. Pensava que ele tentaria conquistá-la e lutaria por ela, mas em menos de um mês ele mostrou que Janeway estava certa em sua desconfiança.

Chakotay se encantou pela sua primeira borg; a dra. Riley. E agora ia desembarcar em São Francisco com Sete em seus braços.

 

Não tinha como competir com isso, e afinal, ele nunca falou que a amava. De repente, tudo foi apenas fantasias de um coração solitário, mas ela se recusava a ficar velha e amarga como a Almirante Janeway, iria seguir em frente.



Alguns dias antes.

 

A Almirante estava sozinha olhando para as estrelas, tomando seu chá pensando no quanto as coisas podiam mudar. Ela esperava um fantasma, um homem que, em sua linha de tempo, morreu tentando em vão defender Sete de nove, pois no final das contas ela acabou morrendo nos braços de Chakotay, que nunca a perdoou por designá-la para aquela missão.

 

Na época, ele foi aos seus aposentos após o serviço de sepultamento de Sete e do oficial de segurança que morreu com ela. Irado e cheio de dor a acusou de tê-los matado por ciúmes e inveja, por estar apaixonada por ele e não ter suportado vê-lo feliz com outra mulher.

 

 Cala boca, Chakotay. Entendo seu sofrimento, eu também estou com o coração partido!

 

Não me faça rir, Kathryn. Como se parte um coração que não existe? Se eu acreditasse que você fez isso por amor eu até te perdoaria, mas sei que foi orgulho e despeito, por isso a mandou para morte. Você matou a mulher que eu amo.

 

Ela entendia sua dor, mas também estava sofrendo.

 

Ela não morreu sozinha, Bob era meu amante. Ela procurou um pouco de compreensão em seus olhos mas encontrou mais ódio e rancor.

 

Você nunca deixa de me surpreender, Kathryn. “Capitã Janeway, a rainha de gelo”, tendo um amante...Ele começou a rir cruelmente. Bob  só era mais um pobre coitado, te cobiçava mas tenho certeza que nunca foi homem suficiente para frequentar sua cama…

 

Como ousa  ela disse com ódio no olhar e com um gancho de direita que o acertou no queixo. alançou a mão dolorida enquanto ele caia desequilibrado contra a parede.

 

Ainda massageando a mão esbravejou, com olhos lacrimejantes:

 

 Ele era muita mais homem do que você jamais foi!

 

Quantos tripulantes você acolheu para o meio de suas pernas, na calada da noite, Capitão?

 

Quer comparar notas, Comandante? Será que fodemos as mesmas pessoas, ao mesmo tempo?

 

Quantos, Kathryn? ele sussurrou ameaçadoramente.

 

Não é de sua maldita conta  respondeu desafiadora.

 

Ele se levantou perigosamente encarando-a com os olhos cheios de raiva e luxúria…

Eles se beijaram e todas as barreiras caíram, foi apaixonado, duro, sem gentilezas ou afeto. E foi a pá de cal que acabou de vez com o que restava. Eles faziam sexo, sempre com desespero e amargura, mas nunca amor.

A Almirante ainda estava presa às suas amargas lembranças, quando ouviu o sinal da porta.

 

Entre.

 

O que ela pode querer comigo? pensava Barbosa de baixo do rosto impassível, que andava pelos corredores a caminho das acomodações de hóspedes.

 

A primeira vez que  a viu. a almirante estava caminhando ao lado da capitã. Foi um choque, uma Janeway era inquietante, mas duas...

 

Ele estava desenvolvendo uma certa amizade com a capitã desde Quarra, Bob  também foi vítima e naquele planeta estava amigado com o engenheiro Moris.

 

Caramba, nem amigos eram. Não que nunca tivera uma transa homossexual, mas de modo algum  foi sentimentalmente ligado a outro homem, toda vez que se lembrava dos detalhes e principalmente os íntimos, ele se contorcia de nojo de si Sentia-se abusado e usado, e nem tinha de quem sentir ódio, pois sabia que o engenheiro também sofria da mesma forma.

 

Precisava se redescobrir, mas de uma coisa tinha certeza, estava preocupado com uma pequena pimenta com cabelos vermelhos, que agora estava sendo relegada a sua auto imposta solidão.

 

Alguns dias após o resgate da tripulação, ainda atordoado de sua provação em Quarra, Bob decidiu que iria almoçar no refeitório. Quando pela segunda vez, viu o comandante recusar um convite da capitã.

 

Vendo uma oportunidade, resolveu arriscar, tinha outras cadeiras sobrando mas ele nunca foi um covarde. Bem, quase nunca:

 

Com sua licença, posso me sentar ao seu lado, Capitã?

 

Ela estava visivelmente desanimada, e demorou alguns segundos para responder, talvez ponderando suas opções.

 

Fique à vontade tenente Barbosa.

 

Sentou-se com sua bandeja, tinha algo cujo conteúdo ele fez questão de não saber o que seria, “cavucou” um pouco a comida.

 

A aparência não é muito boa mas o gosto é razoável disse ela fazendo uma careta.

 

Bob sorriu e corajosamente colocou um bocado generoso na boca, engasgando, não tanto pelo sabor, mas por descuido. A capitã mais que depressa; levantou e se colocou atrás dele  pressionando seu diafragma, até que ele expulsasse o pedaço da comida assassina.

 

Ele tossia e mal conseguia falar,  “uma vergonha um oficial de segurança morrer engasgado” pensou

 

Quando conseguiu recuperar a fala, já estava sendo levado pelo braço pela capitã para enfermaria.

 

Tem que tomar mais cuidado, Tenente. Não posso perder um bom oficial como você por um descuido  — O repreendeu com severidade.

 

Respirando   profundamente Bob respondeu ainda com a voz fraca:

 

Não foi um descuido capitão…

 

Como não foi?

 

Posso falar francamente?

 

Por todos os meios, Tenente.

 

Para ser abraçado por você vale o risco de morrer de forma ridícula.—  Ela arregalou os olhos com tamanha ousadia.

Bob a olhou temeroso e falou Continuamos para a enfermaria ou para a cela?

 

Ela riu alto. Quantos anos fazia que ninguém flertava com ela? Geralmente ela se irritaria e mostraria aquele senhor seu lugar, mas ela entendia que todos estavam ainda muito abalados mentalmente, e iria relevar tal afronta.

 

Está querendo uma promoção, Tenente? Bajulação não te levará a lugar nenhum comigo. —  Ela ainda estava rindo.

 

Já que não consegui uma promoção com meu charme, quem sabe pelo menos posso cozinhar para o minha capitã, em agradecimento por ter me salvado a vida?

 

Você está abusando da sorte,Tenente.

 

Bob  a olhou, mas não o olhar alegre e singelo costumeiro, mas desesperado cheio de dor, ela teve pena dele.

 

Acho que comecei errado, tento brincar mas está tão difícil. Eu preciso conversar com alguém que eu confio sobre o que aconteceu em Quarra —  ele acabou de falar olhando para o chão, tinha sofrimento em sua voz.

 

Mas você não tem alguém mais próximo que possa te ouvir? Peça uma hora para conversar com o comandante Chakotay, ele está ouvindo e ajudando a tripulação.

 

Bob  se desesperou e sua angústia ficou transparente em seus olhos, Janeway viu sua solidão e confusão.

 

Ele não entendeu o que aconteceu, só quem passou pelo que passamos pode nos entender...e uma vez a muitos anos atrás, a senhora prometeu que estaria lá pra nós quando fosse preciso…

 

Janeway não era uma mulher de voltar atrás em sua palavra.

 

Tudo bem…

 

Ele não cozinhou realmente, replicou tudo, mas foi a primeira de muitas conversas.  Compartilhou suas feridas da experiência em Quarra, Kathryn sentiu que alguém entendia a sua dor, mas o vazio que a distância do homem que ela ama causava não era preenchido, apenas doía um pouco menos. Ela sabia que devia manter a distância, mas já estava tão cansada.




Ele entrou se colocou em frente dela em posição de sentido.

— Em que posso servir, Almirante?

— Meu cavaleiro das sombras — disse a mulher sorrindo com nostalgia.

— Não entendi, Senhora.



Fazia mais de 16 anos que ele tinha perdido a vida no cumprimento do dever. E agora  estava ali, na sua frente, em toda sua força, doçura e simplicidade. Céus!

Ele foi o único, além de Chakotay, que a tocou com sua completa permissão desde o  começo do seu maldito exílio. Ela estava ficando meio tonta, as suas pernas começaram a fraquejar e o ar estava ficando cada vez mais rarefeito.

 

Você era meu cavaleiro das sombras, você é um dos motivos pelos quais eu viajei no tempo, eu queria te dar uma nova chance de viver.

 

Ele olhou para a viajante do tempo como se fosse, e talvez fosse mesmo, a primeira vez, apesar dos cabelos brancos e das linhas em seus olhos  ainda era uma bela mulher, pois sua beleza sempre foi além da aparência, estava em sua força em seu caráter e magnetismo.

 

Permissão para falar francamente. Almirante?

 

Por todos os meios, Tenente.

 

Se eu me tornei seu amante na sua linha do tempo, não sei se quero que algo mude, mas acho que agora já mudou. , É tão complicado isso...sabe agora eu corro o risco de não me tornar seu amante mais, fiquei prejudicado nesse negócio…

 

Não me leve a mal, Bob, mas nós nunca nos amamos de verdade. Sempre foi muito divertido, porém agora você tem a chance de ter uma vida completa, seguir sua carreira e achar uma mulher que realmente te ame…

 

Bob  olhou para Kathryn e depois para o chão, de repente, andou até ela, a envolvendo pela cintura. A puxou ousadamente junto a seu corpo, e sussurrando enquanto dava pequenos beijos e mordiscava seu pescoço, falou:

 

Não sei, talvez eu precise de um convencimento maior, uma amostra grátis de como nós nos divertíamos? Ai eu quem sabe acredite.

 

Ela moveu o pescoço de forma a lhe dar um melhor acesso e ronronando resmungou:

 

Você sempre foi tão safado…

 

Depois de ambos saciados, eles dormiram abraçados na cama da almirante, Bob acordou primeiro e queria uma nova rodada, ele não sabia se se ia ter outra chance.

 

Tomaram banho e logo iriam cada um para seu posto. Retirando uma xícara de café para ele outro para ela, sentaram-se lado a lado no sofá.

 

— Ele é um idiota, fala sério se agora nessa idade você é esse fogo todo, imagina…

 

Ela o olhou com uma careta e riu.

 

Você tem esse jeito bem exótico... Você me chamou de velha? Pra me elogiar?

 

— Ih! Foi mal.

 

Ela riu, feliz e relaxada, nem parecia que logo se entregaria a rainha borg.

 

Agora que eu destruí a outra linha do tempo, essa está imprevisível. Kathryn pode ser feliz ao lado do homem que ela ama, claro se ele a escolher. —

Ela bebeu o café e colocou a xícara na mesa enquanto ele acabava de limpar a mesa.

 

Você ainda o ama, mas foi comigo que passou sua última noite, sei que pelo que parece só tínhamos o sexo em comum, mas não é um lugar ruim pra começar.

 

Nunca foi justo, Bob! Levou meses para eu parar de gritar o nome dele no orgasmo.Quando você morreu, eu senti como se tivesse te tirado a chance de ser verdadeiramente amado..

 

Ele deu de ombros.

 

Eu sempre soube que você o amava, eu te cobiçava quando ele ainda frequentava sua cama…mas, francamente, quem estava perdendo era ele, disse com cara de cafajeste..

 

Ela o olhou com horror.

 

Relaxa sou profissional, eu fazia o monitoramento de segurança. Era só ligar os pontos, mas eu sou discreto. Foi por causa do Noah, não foi? Ou foi por causa do  Jaffen, Que acabou ...esquece deixa pra lá…

 

Ela se levantou e olhando-o falou.

 

Eu tentei, juro que eu tentei ir em frente, mas eu não consigo esquecer aquele maldito. Eu o amo Bob, mas na minha linha do tempo conseguimos destruir tudo de bom que poderia ter existido entre nós. Agora eu mal posso olhar para ele que eu me lembro do seu fim, ele delirava dizendo ora que me amava; ora que me odiava.

 

A relação do comandante com Sete está no começo, não sei o que pode acontecer, de você só quero uma coisa.

 

Eu não vou ajudar em nada eu quero você pra mim —  disse meio que brincando, ele tinha consciência que o lance deles era apenas uma amizade em que os amigos fazem sexo. Ela sorriu e bateu a mão em seu ombro.

 

Se ele escolher Sete, dê um jeito dele não fazer com que eu, ou melhor ela, faça o casamento. É tão confuso, me dá uma dor de cabeça.

 

Se ele for idiota o bastante para te desprezar, ou ela...deixa pra lá, você entendeu né. Eu dou meu jeito,  não vou te decepcionar.

 

Ele ia chegar atrasado, a beijou apaixonadamente pela última vez, e relutantemente saiu.

 

Ela devia ter avisado que o beijo o manchou com seu batom?

NNÃÃÃOOOO...





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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!!
Obrigada por ler!!



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