No Deserto de Maala escrita por Kori Hime


Capítulo 1
No Deserto de Maala


Notas iniciais do capítulo

Então, aqui estou eu com a minha saga em fazer desse ship famoso pq eu amo demais imaginar eles juntos kkk

Como pontinha temos a Chocho lindíssima na história.

Boa leitura.



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A cidade de Kamal era apenas um borrão naquela imensidão do deserto de Maala, área pouco explorada de Suna. O sol escaldante causaria vertigem nos andarilhos do deserto caso eles não se protegessem. Por isso, era extremamente importante que vestissem roupas adequadas na travessia das dunas.

Sem dúvida essa foi a parte mais difícil da missão, mas era uma questão de estratégia. Ser pego desprevenido no deserto sem roupas adequadas, ou mantê-las no corpo e terminar aquela missão o quanto antes.

Shikadai olhou para o lado, enquanto Inojin estava concentrado no mapa em suas mãos.

Foram dois dias de viagem de trem e mais meio dia de caminhada por Suna, quando chegaram no deserto de Maala. Ainda faltavam muitos quilômetros para chegarem ao forte de Kamal, onde eram aguardados por Farid, o responsável pelo abastecimento de água da região desértica que o Kazekage havia nomeado.

O silêncio aprofundava-se para algo mais mortífero. O que era completamente incomum na relação dos dois. Não era como se Shikadai fosse muito falante, mas gostava de conversar com o namorado.

Alguns dias atrás, quando recebeu a missão, Shikadai estava disposto a fazer aquela viagem para Suna e então seguir com Shinki até Kamal, local de nascimento do futuro líder do País do Vento. Mas o responsável pelas missões de Konoha, seu pai, designou Inojin e Chocho para acompanhá-lo na missão. Contudo, devido a um mal-estar, a colega de time precisou permanecer na Vila da Areia até segunda ordem.

Os dois partiram e as coisas não pareciam ir tão bem. Falaram somente o necessário e mesmo que Shikadai estivesse interessado em saber o que raios havia acontecido, ele ficou na dele, aguardando que aquela situação estranha acabasse. Era muito problemático ter que adivinhar, especular ou perguntar diretamente os motivos para Inojin estar dando aquele gelo nele. Eram ninjas treinados, ambos com quase dezoito anos, convivendo praticamente desde o berço, namoravam já há três anos. Era claro que Shikadai sabia que algo muito ruim havia acontecido para deixar Inojin tão sério e calado.

Oras, mas o motivo parecia uma grande incógnita.

Ao descerem do trem, Shikadai tentou engatar uma conversa sobre o calor, mas não obteve sucesso, ele então explicou que precisariam de roupas especiais para atravessar o deserto. Inojin estava ciente disso, com um livro nas mãos, onde lia que pessoas poderiam enlouquecer ou até mesmo morrer no deserto, entre tantas curiosidades estranhas ao qual Shikadai nunca tinha ouvido o tio falar antes. Seria isso? Inojin estava sendo afetado pelo calor do país? O deserto poderia mesmo mudar alguém a esse ponto?

Não era como se eles fossem enlouquecer ou morrer de sede, mas a queimadura de sol não era muito agradável de se pensar. Eles alugaram um quarto na última hospedaria que havia antes do deserto começar, para tomarem banho e vestir as roupas novas.

Shikadai foi primeiro e quando saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura, Inojin apenas desviou o olhar, como se um jarro de flores fosse mais interessante que ele de toalha. E não era para se gabar, mas Shikadai conseguia conquista a atenção do Yamanaka com muito pouco. Muito pouco mesmo.

Em seguida, quando foi a vez de Inojin sair do banho, ele pediu ajuda para vestir toda aquela roupa complicada. Shikadai o ajudou com a roupa e o turbante na cabeça, onde poderia usar um pedaço do pano para esconder o rosto caso fossem pegos de surpresa por alguma tempestade de areia.

— Esse tecido é feito de poliamida. Na hora de confeccionar os artesãos utilizam dióxido de titânio. Ele incorpora na fibra e isso é responsável pela proteção solar. Por isso, não importa o que aconteça, nós vamos ficar protegidos. — Inojin terminou de falar, com um sorriso contente, como se as coisas tivessem bem novamente. Mas num minuto depois a expressão rija retornou.

— Eu não sei os termos técnicos, mas resolve. — Shikadai apenas deu de ombros, naturalmente, vestia a mesma roupa que ele, já fizera essa travessia várias vezes na companhia da mãe ou dos tios.

Assim que deixaram o Hotel, fizeram uma refeição e partiram para o deserto.

Caminhavam por algumas horas, naquele silêncio que era quebrado apenas pelo barulho do vento que uivava tal como um animal sedento por sua presa.

A direção do vento mudou drasticamente, o que deixou os dois ninjas em alerta.

— Veja, ali! — Shikadai apontou, o céu azul era coberto por uma tonalidade mais escura. — É uma tempestade de areia.

— Precisamos nos abrigar — Inojin completou rapidamente, começando a correr na direção contra o vento.

— Ótimo. Me mostra uma casa de abrigo que eu entro agora. — Shikadai correu atrás dele. Não havia nenhum local apropriado para se protegerem, nem sequer uma rocha para se agacharem. Quando ele olhou para trás, viu que a tempestade de areia se aproximava com uma velocidade incrível.

Não havia escapatória, a areia os pegaria de qualquer jeito.

Shikadai segurou Inojin pela cintura, girando seu corpo para protegê-lo quando a tempestade os alcançou, só deu tempo de reforçar a proteção com o saco de dormir que ele abriu e jogou por cima dos dois, que recebeu o primeiro impacto da areia. Nesses segundos, sobrou tempo para ele pensar no que fazer. Inojin caiu no chão. Shikadai não conseguia manter os olhos abertos com toda aquela areia ao seu redor. Mas ele conseguiu retirar do bolso do casaco um pergaminho de invocação. Não houve dificuldade em desenrolar o pergaminho, Shikadai quase o perdeu com a ventania. A tempestade ainda não estava em sua totalidade sobre eles. O Nara conseguiu invocar através do selo, um leque igual ao que sua mãe utiliza como arma. Ele virou e abriu o leque com as três luas roxas completamente visíveis e disparou com força contra a areia. O vento forte chocou-se contra a tempestade causando uma fenda ao qual Shikadai aproveitou para fincar o leque na areia e usá-lo como uma barreira temporária.

O barulho da ventania era quase ensurdecedor. Inojin tinha a cabeça baixa, escondida nos tecidos do turbante que protegia seu rosto, enquanto Shikadai estava apoiado em suas costas. Não havia mais o que fazer, senão esperar a tempestade passar e torcer para que eles não fossem levados juntos.

Quando o corpo dos dois se ergueu na areia, Shikadai pensou que era o fim. Mas, logo em seguida, ele sentiu que a areia que os envolvia tinha uma textura diferente. Assim que conseguiu abrir os olhos, pode ver que a areia também possuía uma cor diferente. Era escura.

Shika! Ino-kun! — A voz que sobressaia a ventania era bem conhecida.

Inojin ergueu a cabeça e puxou o pano quando a areia não mais era um perigo. Shikadai fez o mesmo e logo estavam em cima de uma construção de pedras abandonado. Chocho veio correndo na direção dos dois e os abraçou, apertando-o contra seus seios volumosos.

— Eu fiquei tão preocupada, fiz Shinki vir literalmente voando para salvar vocês da tempestade. — Ela falou, ainda os segurando num abraço.

— Vamos entrar. — Shinki falou, descendo por umas escadas, sendo acompanhado pelo grupo. O lugar abandonado possuía firmes paredes de pedra, mas também estava todo revestido por areia.

— De onde surgiu esse lugar? — Inojin perguntou enquanto Chocho batia em suas vestes para a areia cair.

— Vocês acabaram sendo arrastados para esse lado. — Shinki respondeu.

— Shika, você está machucado. — Chocho segurou o queixo do colega, tirando do bolso da saia um algodão para limpar o sangue. — Depois faço um curativo melhor, vou acender o fogo para preparar algo para a gente comer.

— Você não estava doente?

— Sim, mas melhorei, foi apenas uma indigestão, eu já estou ótima. — A animação de Chocho não condizia com o clima tenso pós tempestade, mas se encaixava perfeitamente no ritmo da kunoichi que tirava da mochila alguns saquinhos com comida para distribuir, embora não dividisse o que ela mesma guardava para si. Chocho tinha os cabelos soltos e usava batom. Shikadai estreitou os olhos achando estranho vê-la em produção para uma missão no meio do deserto, mas preferiu não questionar.

Do outro lado, Inojin estava sentado em cima de uma pedra, com um pincel na mão e o pergaminho aberto. Do outro lado, Shinki terminava de acender a fogueira.

— Obrigado por nos ajudar, a tempestade realmente nos pegou de surpresa. — Shikadai aproximou-se de Shinki.

— Chocho insistiu para a gente alcançar vocês, vi que os ventos mudaram rápido e a formação da tempestade, se não fosse pela amiga de vocês, provavelmente estariam enterrados na areia agora.

— É, parece que sim.

Embora Shinki parecesse muito sério, Shikadai se dava bem com o primo. Vinha passando bastante tempo em Suna, na companhia dos tios e conhecendo melhor o país que sua mãe nasceu. Ele gostava do clima quente, do céu limpo e das tardes deitado na espreguiçadeira da varanda do quarto, observando o por de sol. Era tranquilo, por assim dizer.

Agora, ao dezoito, Shikadai pensava seriamente em mudar-se por um tempo para Suna. Foi convidado pelo tio, Kazekage, a fazer parte da divisão de inteligência do país e, quem sabe, futuramente o braço direito do futuro Kazekage.

Com tal pensamento, Shikadai olhou novamente para Inojin que desenhava no pergaminho.

Ele ainda não havia contado para o namorado os planos, isso porque sabia que precisava de um tempo a sós com ele para conversarem, o que não era bem o local apropriado para isso. Contudo, pensou se Inojin não havia captado em algum momento o que estava se passando ao seu redor. Não o tomava como bobo, não queria esconder o convite do tio Gaara, ao contrário, estava ansioso para compartilhar a notícia. Só que vinha adiando o inevitável, talvez tivesse a resposta para suas dúvidas todo o tempo embaixo do nariz.

— Podemos conversar? — Perguntou, parando ao lado de Inojin, que ainda permanecia naquele bobo tratamento. — Eu estava esperando te contar isso quando a gente retornasse para Konoha. — Começou a falar, observando Chocho ensinar Shinki a fazer macarrão instantâneo sem água. — Enfim, meu tio quer que eu fique um tempo em Suna para trabalhar com Shinki.

Inojin o olhou de forma séria, fechando o pergaminho sem nem mesmo deixar a tinta secar.

— Eu ouvi quando o Kazekage e Kankuro-san falavam sobre isso.

— Você ouviu?

— Sim, não estava ouvindo atrás da porta, se é o que pensa. Estava passando no corredor e ouvi eles falarem sobre como será bom para você esse tempo em Suna.

— Então, porque não me disse nada a respeito?

— Ora. — Inojin suspirou. — Você quem devia me falar algo em primeiro lugar. — A voz dele soava decepcionada e isso deixava Shikadai com o coração apertado. Nunca discutiram ou brigaram, pelo menos não por qualquer coisa em relação ao namoro. — Eu pensei que estava te atrapalhando e decidi fazer o que é mais certo, me afastar e te deixar em paz para seguir sua vida.

— E como você chegou a conclusão de que isso é o certo? — A essa altura, Chocho e Shinki já ouviu a conversa dos dois, mas não estava incomodado com a plateia, eram da família, afinal.

— Você estava evitando falar comigo sobre sua mudança para Suna, obviamente vai querer se separar de mim.

— Não vou, não.

— Então porque não me falou nada?

— Eu não sei, ok? Só queria adiar essa conversa porque é algo que eu realmente quero fazer, mas também não quero te deixar para trás. — Shikadai passou a mão no rosto. A temperatura começava a cair, era sempre fria as noites no deserto.

Inojin ficou em pé, ainda havia areia caindo de sua vestimenta.

— Olha, Shinki, vamos ver as estrelas? — Chocho comentou, puxando-o pela mão. — Ah! Não esquece de pegar isso aí para a gente comer lá em cima. — Ela apontou para a bolsa com comidas e depois subiram as escadas, deixando o casal a sós.

Shikadai aproximou-se de Inojin, levando a mão ao rosto dele, acariciando a pele fria. Abraçou-o em seguida, segurando-o como se precisasse do toque forte para mantê-lo protegido e próximo de si.

— Desculpe. — Foi a única coisa que Shikadai poderia dizer. É claro que ele tinha muito mais coisas se passando em sua cabeça, o coração disparado contra o peito de Inojin naquele abraço. O calor de seu corpo o aquecendo, a sensação agradável de passar a mão nos cabelos loiros, ainda que agora estivessem sujos de areia.

— Eu não quero ser um obstáculo no seu futuro. — Inojin piscou os olhos, os azuis refletiam os sentimentos guardados e abalados. A luz da pequena fogueira acessa formava uma sombra no rosto pálido do shinobi.

— Você não é obstáculo. É parte do meu futuro. — Shikadai o beijou lentamente, tocando os lábios nos dele com paciência, sentindo o leve gosto da areia. Eles riram. — Eu quero tentar algo novo. É meio estranho, sempre quis manter minhas raízes em Konoha por ser mais simples, levar uma vida normal e tranquila. Só que eu nunca tive uma vida assim, não com a família que tenho, ou com nosso time.

— Seus pais conseguiram manter um relacionamento a distância, não foi?

— Sim, até se casarem.

— Então, talvez a gente possa tentar algo assim.

— É, talvez seja uma boa solução.

Foi impossível não se achar estúpido por não ter tido aquela conversa antes com o namorado. Shikadai o beijou novamente, queria recompensá-lo por ter passado pelo mal-entendido. Colocou-o contra uma pilastra de pedra e pressionou as mãos ao redor de sua cintura, conforme o beijo se desenvolvia. As bocas abertas, as línguas se chocavam e se misturavam no beijo. Inojin segurava-se nos ombros de Shikadai, subindo a mão para acariciar os cabelos amarrados.

A medida que o beijo acelerava, tal como os corações em batidas extremas, os corpos deles se esquentavam enquanto moviam-se. Shikadai apertou a mão no quadril do namorado, fazendo-o ergueu um pouco mais para cima, conforme sua ereção incomodava por dentro das calças. Estavam vestidos demais, com tempo de menos para aproveitarem.

— Oie! Estamos descendo, então vê se coloca para dentro as coisas que eu não tô a fim de ver. — Chocho gritou do alto do prédio.

— O que exatamente eles deveriam esconder? — Shinki perguntou. Ainda desciam as escadas enquanto Shikadai afastava-se de Inojin e respirava fundo para que o sangue esfriasse.

— Sabe, esconder a euforia, animação, essas coisas. — Chocho gargalhou.

A travessia do deserto ocorreu na manhã seguinte, a cidade de Kamal possuía um pequeno povoado e uma única estalagem para viajantes. Eles se hospedaram, mas tiveram que dividir o quarto entre os quatro. Nada que o bom humor de Chocho não quebrasse o clima constrangedor.

Shikadai havia chegado a conclusão de que passaria uma temporada em Suna, mas para isso ele com certeza teria o apoio de Inojin. Deitando ao lado do namorado, com a cabeça dele apoiada em seu peito, do outro lado, ouvindo Chocho sussurrar alguma coisa sobre batatinhas, enquanto dormia.

Ele pensou em como um relacionamento poderia funcionar a distância. Seus pais com certeza teriam algumas dicas para lhe dar. Ou, quem sabe, poderia leva-lo junto. Talvez o trio todo poderia ficar em Suna por um tempo. Afinal, Konoha já possuía o melhor Ino-Shika-Cho dos últimos anos.


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Notas finais do capítulo

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Aguardo os comentários, não sejam tímidos.

Beijos.



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