Flores de Rodório - A flor da Romãzeira escrita por Alcmena


Capítulo 7
Capítulo 6 - Fântaso e Fantasia


Notas iniciais do capítulo

Aloha!! Como eu disse, retornei aqui com o capítulo 6!! Eu tô tão animada com esse aqui, por que, devo dizer é onde começa a treta e a porradaria, Adoro! Novamente, obrigada à minha mana Aisha, e a todos vocês que dedicam um tempinho para ler e comentar as fics! Muito obrigada mesmo ♥ Amo todos vocês muitão



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Acordei completamente aturdida, sentindo o suor frio escorrer por meu rosto e meu coração acelerado. Aos poucos, a imagem nítida do estranho sonho que tive ia se apagando de minha mente, e eu não mais conseguia identificar a face do homem que jazia a minha frente de joelhos, chorando copiosamente.

— Amor? – ao meu lado, um homem se remexeu antes de se sentar na cama, passando a mão por meu rosto, de forma preocupada. – Querida, você está tão pálida, o que aconteceu?

— Eu tive um sonho tão estranho, Euron! – exclamei, passando as mãos por meu rosto, sentindo um calafrio correr por minha espinha ao olhar para meu marido. Ele estava preocupado e acariciava minhas costas com cuidado.

Antes que pudesse contar mais sobre o sonho, o despertador tocou e eu rapidamente bati a mão sobre o relógio, respirando fundo e ajeitando meus cabelos para trás. Percebi que estavam mais curtos do que antes, parando sobre meus ombros, e não me lembrava muito bem de quando haviam sido cortados, mas, apenas deixei isso para lá. Minha vida era tão corrida que por vezes me esquecia até mesmo se já tinha tomado café da manhã.

— O recital de balé da Fantasia é hoje, sua mãe avisou que passa aqui para irmos todos juntos. – Euron avisou-me de dentro do banheiro, onde terminava de atar o nó em sua gravata. Era um dia importante para ele também, tinha uma reunião com o presidente da empresa, então era interessante que estivesse descansado e com a apresentação na ponta da língua... Ótimo dia para eu ter um pesadelo e acordar passando mal.

— Ah, tá! – concordei, indo até ele, já com meu roupão de seda amarrado, abraçando-o pelas costas. – Desculpe pelo susto logo cedo... Acho que deve ter sido alguma coisa que eu comi ontem à noite.

— Ô, minha rainha, – ele virou-se para mim, segurando-me pela cintura. – quando é que eu iria brigar com você por um pesadelo? Você anda muito atarefada e fadigada, acho que precisamos de férias. – nós dois rimos e depois de um beijo ele voltou a se arrumar, parado em frente ao grande espelho do banheiro.

Euron era lindo, eu por vezes esquecia quão lindo era meu marido. O cabelo negro com corte moderno, a pele bronzeada pelos dias na piscina de casa e na academia ao ar livre, a barba bem cuidada e o cavanhaque que disfarçava a cicatriz em sua mandíbula esquerda, fora aquele par de olhos cinzentos e muito sérios... Tudo nele era tão lindo, mas, naquele dia, eu me sentia desconfortável em olhá-lo. Era estranho, quase como se... Quase como se eu não quisesse vê-lo.

— Querida? – pisquei os olhos algumas vezes quando ouvi a voz dele próxima a mim. – Querida, você está mesmo bem?

— Hã, sim! – garanti, sorrindo amplamente. – Amor, eu vou acordar a Fantasia e preparar o café da manhã, está bem? Assim eu acordo e começo a entrar nos eixos!

— Não é melhor descansar um pouco? Você anda trabalhando muito e sei que a Fantasia não ajuda, mesmo eu já tendo conversado com ela. – Euron passou por mim, indo colocar o paletó do terno risca de giz, com tecido em azul-petróleo.

— Ela é um doce, amor, não dá trabalho. – sorri, parando próxima a ele com os braços cruzados. – Você vai almoçar no trabalho hoje?

— Não, volto para casa para almoçarmos juntos. – respondeu ele, beijando meu rosto e já saindo do quarto. – Não se preocupe com o meu café, Diana, tomarei junto do senhor Shion lá na empresa.

— Certo...

Mas, no momento seguinte ao que ele saiu, minha cabeça começou a latejar, e alguns flashes de lembranças começaram a surgir bem na frente dos meus olhos. Eu via uma casa pequena, e pela janela conseguia notar uma enorme construção, onde doze casas antecediam um gigantesco templo à moda grega.

Saí daquele devaneio quando ouvi a porta da frente bater, e me forcei a retomar as atividades do dia normalmente.

Eu tinha uma boa vida, vivíamos em um condomínio em uma parte privilegiada de Manhattan, Fantasia estudava em uma escola privada de qualidade e distinção, e tinha várias amiguinhas. Por vezes ela reclamava de ser muito sozinha, mas no momento Euron achava que não seria interessante ter mais filhos, devido à situação delicada da economia de todo o mundo. Como sempre, eu concordei com ele.

Fantasia já estava acordada quando eu fui até o quarto dela naquela manhã, e pulou da cama quando me viu, falando várias vezes sobre o recital de balé que só aconteceria no final da tarde. Ela era o meu sol, a coisa mais linda e querida que eu já havia tido em toda a minha vida...

— Mamãe, você sabia que quando a gente sonha, a gente pode saber que está sonhando? – perguntou Fantasia, sentadinha à mesa da cozinha, comendo seu pão com pasta de amendoim e geleia, balançando as perninhas de forma infantil.

— Verdade, bebê? – sorri, tirando os olhos do bule de café para encarar minha filhinha.

— É, mamãe. – riu ela, chupando os dedinhos para comer o que sobrou da geleia lá. – Quando a gente tá sonhando, não se lembra de como fomos parar nos lugares, é muito legal! – senti uma estranha dor no peito e, desconfortável, encarei-a com seriedade.

— Fantasia, como você sabe disso, filha? – perguntei, pigarreando levemente.

— Ah, mamãe, eu assisti num filme! – riu ela, piscando os grandes olhos azuis. – Mas, não conta pro papai, ele disse que não é para eu ficar assistindo filmes quando estiver na casa da vovó.

— Tá... Tá bom, filha, eu não conto pro seu pai. – concordei, ainda encarando-a Fantasia continuou comendo seu pão normalmente, mas a sensação de que algo não estava certo começou a se apossar da minha mente.

O restante do café da manhã se passou como deveria, Fantasia comeu seu pãozinho, eu tomei um delicioso chá de jasmins e logo depois tiramos a mesa e fomos arrumar os quartos. Não demorou muito para tudo estar em ordem, e minha filha correu para o banheiro, indo se preparar para mais um dia cheio na escola.

Fantasia era uma menina muito independente, e eu praticamente tinha de ajudá-la somente com os cabelos, os quais ela não conseguia manter presos de forma alguma.

Fiz uma longa trança nos cabelos castanhos de Fantasia e não pude deixar de notar que ela me olhava de forma estranha pelo espelho de sua penteadeira. Ela mantinha o sorriso sapeca de quem está claramente escondendo alguma coisa, e por mais que eu perguntasse, ela não dizia nada sobre o que estava aprontando.

Aquele mesmo sorriso continuou a me acompanhar pelo retrovisor do carro, onde eu por vezes a olhava, sentada no banco de trás, encarando-me fixamente enquanto balançava as perninhas freneticamente.

— Eu venho te pegar às três. – ditei pelo vidro abaixado do carro, vendo-a parar na calçada, onde algumas amiguinhas já estavam também posicionadas.

— Até mais, mamãe! – ela acenou e eu arranquei com o carro, tomando o rumo de volta para casa.

Tinha várias coisas para resolver, desde as traduções que estavam atrasadas até o contato com meu assessor remoto que, por algum motivo de outro mundo, não parava de me ligar desde as nove horas da manhã.

Sentada em meu escritório, bebendo uma xícara de chá, eu revisava os últimos detalhes de uma tradução encomendada por um cliente francês. Ajeitando os óculos, prestava atenção em cada linha do extenso livro que demorei meses para traduzir para o inglês, e sentia uma vontade enorme de parabenizar o autor, pois a narrativa era realmente muito criativa.

Um santuário grego cheio de cavaleiros que protegem uma deusa mitológica? Quem poderia pensar em uma coisa dessas! Era realmente interessante. Foi quando passava os olhos por uma linha em particular que me deparei com algo realmente estranho.

Lá, claro como água, estava escrito o nome do meu irmão, Milo, interagindo com outros homens de nomes que não me eram tão estranhos – talvez porque eu já tivesse lido cada um deles durante a tradução. Mas, era muito estranho eu não ter percebido antes que um dos homens que lutavam pela tal deusa Athena possuía justamente o nome do meu irmão mais velho.

Subindo as páginas na tela do computador rapidamente até a capa, arfei ao ler o nome do autor do livro que me fora enviado. René Camus... Eu me lembrava daquele nome, eu tinha certeza que conhecia aquela pessoa, mas de onde? E como? E, se eu tinha a certeza de conhecer aquela pessoa, talvez ele conhecesse a mim e ao meu irmão, por isso o nome de Milo no texto!

Peguei meu celular e comecei a buscar o telefone de Milo na minha lista de contatos, no entanto, por mais que eu o revirasse, não conseguia encontrar de forma alguma. Assim, apertei a discagem instantânea para o celular de minha mãe.

Demorou poucos minutos até que ela atendesse e, quando ela o fez, sua voz parecia estranha, não era como eu me lembrava...

— Querida! – a voz do outro lado exclamou. – Meu amor, há quanto tempo você não liga!

— Mamãe! – disse com a voz animada. – Desculpa estar te ligando agora, mas, é que eu simplesmente não conseguia encontrar o telefone do Milo no meu celular, acho que apaguei sem querer, você pode me passar?

— Milo? – ouvi-a perguntar do outro lado da linha. – Que Milo, Leninha?

Travei no momento em que as palavras chegaram aos meus ouvidos.

— Mãe, como assim “que Milo”? – ri de maneira nervosa. – Milo seu filho, dona Nice! Tá ficando maluca, mãe? E o que é isso de me chamar de Leninha? Já esqueceu meu nome?

— Helena, você está bem? – a voz saiu preocupada do outro lado da linha. – Ou será que você está brincando comigo? Você sabe que eu não gosto desse tipo de brincadeira, Helena!

— Mãe! – confusa, eu olhava para frente enquanto falava. – Não estou brincando, tô falando sério! Eu tô traduzindo um livro aqui que tem o nome do meu irmão nele, e parece que já ouvi o nome desse autor, então queria ligar pro Milo e confirmar.

— Helena, você sabe que não tem nenhum irmão! Só duas irmãs gêmeas, Kalimera e Hebe! – ditou ela em tom sério. – Que coisa é essa de brincar assim, menina? Quer que eu enfarte e morra que nem o seu pai?

— O quê? – minha garganta secou e foi quase como se meu coração fosse esmagado por uma martelada certeira. – Mãe... Como assim? Você tá brincando, né?

— Você acha que eu seria capaz de brincar com a morte do seu pai, Helena? – o tom ofendido do outro lado da linha me alertou sobre a veracidade das palavras. – Já faz sete anos que seu pai faleceu! Ele morreu no aniversário de um ano da Fantasia!

Depois daquilo, não consegui mais falar ao telefone. Deixei-o cair no chão, completamente chocada e desolada.

Meu pai tinha morrido? Como assim, eu... Eu me lembro de ter falado com ele ainda há... Bem, não lembrava há quanto tempo, mas, eu sabia que tinha falado com ele não há muito, assim como Milo tinha me visitado no... Bem, também não me lembrava antes, mas tinha certeza de que tinha um irmão mais velho chamado Milo e, com toda certeza, sabia que meu nome não era Helena, e sim Diana!

Sim, eu era Diana Alessandros, tinha um irmão mais velho chamado Milo e três irmãs mais novas, Helena, Kalimera e Hebe, filhas do meu pai e da minha... Mãe? Não, isso não parecia certo. Alguma coisa estava errada, alguma coisa estava muito errada.

Pelo resto da manhã, não consegui fazer nada além de chorar encolhida na sala, depois de revirar os armários e álbuns procurando por fotos onde meu irmão e minhas irmãs aparecessem juntos, mas não encontrei nenhum vestígio de Milo em lugar algum. Era quase como se ele... Não existisse!

Horas e mais horas se passaram, o sol ficou a pino e desceu. Meu celular tocava várias vezes, mas eu só conseguia chorar copiosamente até que ouvi uma mensagem na secretária eletrônica de casa. Minha mãe havia pegado Fantasia na escola e a estava trazendo para casa, assim ela poderia se arrumar.

Eu não dei atenção, continuei jogada na sala, abraçada a mim mesma, pensando nas memórias nítidas que tinha com meu irmão mais velho e com meu pai, sentindo-me completamente perdida por não possuir a mesma nitidez de memórias com Fantasia, Euron ou mesmo com a minha mãe...

— HELENA! – abruptamente, coloquei-me de pé ao ouvir os gritos de Euron, que chegava em casa acompanhado do choro desesperado de Fantasia.

Aquele grito, o choro e a confusão em minha cabeça trouxeram a tona mais imagens. Euron, com a cadeira erguida e depois a descendo sobre mim; meu marido me socando num casebre simples até que eu perdesse a consciência, e depois mais imagens dele me agredindo enquanto eu não conseguia me mover, mesmo que tentasse muito.

Depois disso, eu corria em direção a um penhasco e pulava, como se não temesse mais nada.

Uma torrente de imagens veio depois dessa. Uma mulher de cabelos lilases e sorriso doce que me acolhia e me abraçava; duas figuras translúcidas que me encaravam com amor; uma jovem de cabelos negros que me encarava como se pedisse ajuda; um espectro que me lembrava da frieza humana; um deus cruel que me ameaçava e me coagia; um deus gentil que me tratava com cuidado e respeito mesmo contrariando a ordem de seus superiores; um mestre que me ajudava, ensinando-me a lutar e a usar meus poderes... Um mestre por quem eu nutria sentimentos impossíveis de serem concretizados. O mesmo mestre que havia me dado um ensinamento sobre a crueldade dos sonhos.

— Não se esqueça de quem você é... – sussurrei a mim mesma, mantendo o olhar fixo no carpete branco.

Foi quando Euron adentrou a sala, carregando Fantasia nos braços, acompanhado por uma mulher de cabelos negros, olhando-me furioso como já havia feito tantas vezes, gritando e chamando-me de irresponsável, vagal e muitas outras coisas.

— EU PERDI O EMPREGO PORQUE SUA MÃE INVADIU UMA REUNIÃO DE NEGÓCIOS PORQUE VOCÊ NÃO ATENDIA A PORRA DA PORTA! – ele bradou, praticamente jogando Fantasia no chão e avançando para cima de mim. – Eu vou te ensinar uma lição!

Arregalei os olhos ao ouvir aquela frase e no momento em que seu punho desceu sobre mim, eu o agarrei, usando uma força inumana para atirar Euron contra a janela da sala, que se partiu em um barulho estrondoso, e depois o som abafado de um corpo caindo no chão.

— HELENA! – gritou a mulher, abraçada à Fantasia. – O que está fazendo?

— Meu nome é Diana, – ditei, arregalando meus olhos e cerrando os punhos. – Eu sou filha de um joalheiro chamado Aquiles e de uma poetiza chamada Nice! Eu tenho um irmão mais velho chamado Milo, e ele serve no Santuário de Athena como cavaleiro de Escorpião. Eu tenho três irmãs mais novas, filhas da minha madrasta, e eu fui abusada por aquele homem, foi ele quem causou a minha tentativa de suicídio. – gritei, pegando do chão um pedaço da vidraça quebrada. – Eu fui salva por Hades e Perséfone e estou aqui para cumprir o que eles me ordenaram. – e cravei o pedaço de vidro bem na testa da figura da mulher, vendo-a cair imóvel no chão, sem perder nenhuma gota de sangue. Afastando-me, olhei para a menina que antes achava ser minha filha, vendo-a dar alguns passos para trás, parecendo assustada. – Sabe o que mais está errado nesse cenário, Fantasia? – perguntei, ainda olhando para o cadáver do que eu imaginava ser uma versão mais velha de Malva-Rosa, minha madrasta. – Eu não tenho nenhuma filha. – e a olhei inexpressiva, sentindo um calafrio correr por meus pelos quando ela abriu um sorriso sádico.

— Achei que ia demorar mais tempo para notar! – riu ela e, com um estalar de dedos, tudo ao nosso redor desapareceu e me vi de pé em meio a um fundo branco terrivelmente iluminado.

Logo surgiu do meio da estranha névoa que rodeava o local a figura distinta de Fântaso, em sua sobrepeliz negra, olhando-me com um ar debochado e cruel por trás do sorriso feminino e da expressão delicada.

— Foi até difícil manter a ilusão, achei que poderia me divertir mais um pouco te atormentando com as incoerências daquele universo. – riu o deus, fazendo todo meu sangue ferver de ódio. – Foi lindo ver o quão confusa você estava!

— Você me jogou em uma realidade onde eu me casei com o homem que me bateu como se eu fosse um animal desgarrado. – enquanto falava, começava a ferver meu cosmo, mesmo que sem perceber. – Me fez pensar que meu pai e meu irmão haviam me deixado e ainda tentou corromper a minha essência colocando a da minha irmã mais nova? – senti quando meus pés saíram do chão, e com isso, desferi um golpe rápido contra o Oneiroi, acertando o lindo rosto imaculado. – Eu vou te malhar na porrada por isso, Fântaso, nem que eu tenha que morrer tentando.

E realmente eu teria de tentar, e muito.

Mesmo sendo pega de surpresa, Fântaso rapidamente voltou ao normal e ergueu a guarda, chamando-me para a batalha. Estava em clara desvantagem, sem armadura ou arma divina, mas tinha uma coisa que os cavaleiros que o enfrentaram não tinham, o vigor divino concedido pelas romãs, e se mortais haviam derrotado Fântaso, eu tinha um pouco mais de esperança de derrubá-lo.

Não vou mentir, foi uma luta incrivelmente complicada, onde os chutes, os socos e a rapidez falaram mais alto do que a técnica, e quando encontrei uma brecha pequenina em sua guarda, consegui quebrar a defesa do deus usando minha velocidade para me atirar sobre ela, apertando seu corpo com minhas pernas, enquanto minha mão se enterrava debaixo da mandíbula e começava a puxar com força.

— O QUE ESTÁ FAZENDO? – gritou ela, tentando se remexer, mas eu usei o que me restava de energia para convocar ramalhetes de espinho, que nos abraçaram e apertaram cada vez mais, dando-me mais forças para puxar a cabeça de Fântaso na direção oposta à que estava seu corpo.

— Você vai se arrepender de ter feito isso comigo. – bradei, enquanto a ouvia gritar desesperadamente, e finalmente eu consegui arrancar a linda cabeça do deus de seu corpo feminino, fazendo jorrar ikhor (o sangue dourado dos deuses) em meu rosto e em meu colo.

Nunca, em toda a minha vida, tamanha raiva e rancor me consumiram e, ao fitar meus braços, pude ver um contorno muito suave do que parecia ser uma armadura, mas, quando olhei novamente para meus braços, ela havia desaparecido.

Ao mirar a cabeça, me surpreendi ao ver a face de um homem horrendo e não a beldade que antes se apresentava para mim. Confusa, olhei para o corpo jogado de Fântaso e me arrepiei ao perceber que estava bem maior e robusto do que antes.

— Suportar uma ilusão tão grande sozinho deve ter feito seu cosmo se exaurir. – constatei, olhando ao redor, percebendo ao longe um ponto negro naquela imensidão iluminada. – Um já foi, faltam mais três. – ditei, jogando a cabeça no chão e pisando fortemente sobre ela, fazendo com que o crânio rachasse sob meu pé, manchando minha pele e meu vestido branco com o sangue dourado.

Limpei meu rosto com as mãos e comecei a andar na direção do ponto de luz negra, sem perceber que atrás de mim nascia uma porção curiosa de flores de diversos tipos e, fui saber muito tempo depois, que as flores consumiram o corpo de Fântaso, enviando-o de volta para a Dimensão onde habitavam os deuses do Sono.


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Notas finais do capítulo

Qualquer coisa, estou à disposição!! Eu amo vocês, um beijão ♥



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