Quem sou para dizer algo sobre isso? Uma das garotas que comigo estava, logo veio dando as boas novas de que o rapaz fora ali, não atrás de um divertimento, mas de uma noiva.

Eu tinha notado que várias jovens estavam sendo trazidas para a presença dele, nunca me passou pela cabeça tal idéia. Sentei-me num canto esperando não ser vista, essa história de noivado em nada satisfazia as minhas idéias.

Não queria ser apenas mais uma doce rainha delicada, eu estava muito bem ali.

Parece que o destino discordava do que eu queria.

- Levarei comigo cinco virgens desse harém, dentre elas deverei escolher minha futura esposa.

E assim foi chamando algumas, outras se ofereceram, no fim das contas as cinco foram escolhidas. Entre as quais eu não estava. Quando finalmente me levantei do canto, achando que havia passado o perigo...

- Você! Venha até aqui!

- Quem? – se perguntavam as odaliscas.

- Você! Dos olhos brilhantes, tem que participar dessa cerimônia!

- Perdão pelo atrevimento, mas as cinco virgens já foram escolhidas, não é?

- Escolho quantas quiser! Você tem que participar.  

- Sim, como quiser...

Confesso que saí irritada dali em direção a tal cerimônia. Basta ser filho do faraó acha que as pessoas são propriedades dele. Pouco me importa, ainda estava certa que daqui a algumas horas estaria de volta ao meu lugar e ficaria ali durante muito tempo.

Eu só não sabia que o príncipe fizera isso com as cinco garotas que escolhera antes de mim.

- Alteza? O senhor mandou que eu viesse aqui estou.

- Enche meus olhos verem você aqui.

- Onde estão as outras “concorrentes”?

- Não existem concorrentes. Já estou determinado, vou me casar com você.

- Como assim? Nem me perguntou nada...

- Você é muito insolente, sabe? Gosto disso. A partir de agora terá seus próprios aposentos próximos ao meu. Diga-me seu nome para que seja registrado nas paredes do castelo.

- Chamo-me Nefertiti, alteza.

- Nefertiti... Com toda a certeza. Guardas levem minha noiva ao lugar que ela merece estar. E chamem os escribas. Quero que tudo seja registrado a partir desse momento.

Eu pensava que tinha me envolvido numa fria, o faraó Amenhotep III estava muito doente, era certo que morreria em pouco tempo. Eu podia assistir com pesar as longas sessões de lágrimas da rainha Tie.

E quanto ao príncipe, percebi que era impossível não se apaixonar por ele. Apesar de tão teimoso, era tão doce comigo que me deixava sem ar.  Por que de repente fiquei tão mole? Não era uma coisa que acontecia com freqüência, não era natural que o futuro casal real se apaixonasse, mas conosco foi diferente. E só algum tempo depois me vi torcendo para que o casamento acontecesse logo.

Uma tolice... O tempo correu, o casamento aconteceu, o faraó bateu as botas... A vida seguia seu curso. Exceto por um pequeno probleminha...

– Temos certeza senhor! O reino dos opostos nos atacará em breve! Ataque-os antes e nos de vantagens de ter nosso reino a salvo! Assim dizem os deuses.

- Tudo bem, mande meu exército até lá, veremos o que acontece.

- Sábia decisão, senhor!

Logo descobrimos que o reino vizinho não tinha nenhuma intenção de nos atacar e para completar, descobrimos que o sacerdote que nos avisou disso havia tido problemas anteriormente com certo ministro daquele reino. Essa não foi a primeira nem a última vez que eles agiram em benefício próprio usando os interesses do reino.

- Já não os suporto, Nefertiti! Estou cheio de matar homens inocentes por caprichos desses infelizes! O que será de mim no outro mundo? Será que serei perdoado por essa insolência?

- Meu amor, compreenda não há nada que possamos fazer. Se estão como sacerdotes é porque os deuses os escolheram. E são eles que vão se encarregar de puní-los se estiverem errados.

- Não posso esperar pela eternidade! Mas acho que tenho uma idéia. Se os deuses os colocaram lá, outro deus pode tirá-los, não concorda?

- O que tem em mente?

- Você verá querida, você verá...