Ela escrita por Dih Pimentel


Capítulo 2
Voltando para casa




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Finalmente em casa.
Esse foi meu sentimento ao passar dirigindo pela placa de “Bem-vindo à Montpellier”.
Era sempre bom estar de volta, mesmo sabendo que depois de umas semanas daria vontade de ir embora novamente. A cidade era sempre interessante por uns dias, mas depois ficava entediante. Agora entendo meu pais e porque escolheram empregos que os mantinham em constante movimento, não tinha graça ficar sempre no mesmo lugar.
— Vamos direto pra Anteros ou vamos passar no Snake Room para conferir o espaço para o show? – perguntou Andrés.
— Você já tocou naquele bar umas vinte vezes e ainda precisa conferir o espaço? Qual seu problema hein? – falou Jean.
— Eu não toquei vinte vezes lá.
— Ah, tocou sim, você semp..
Coloquei meus fones de ouvido e peguei o cruzamento que daria na faculdade.
“Nem deve saber o que é rock”
Lembro que esse foi meu primeiro pensamento quando conheci Andrés há 3 anos atrás. Pra mim ele não passava de um espanholzinho de 20 anos, com cara de quem não sabe o que veio fazer no mundo. Pensei isso até vê-lo numa bateria. Ele definitivamente veio ao mundo para tocar.
Diferente de todos os outros componentes da Crowstorm, Andrés é meio bobinho, inocente até. Por esse motivo todos gostam de implicar com ele, mas nunca com maldade. Exceto talvez quando é o Jean brincando, o nosso contrabaixista.
Jean é de quem sou mais próximo, no inicio não achei que nos daríamos bem por termos uma personalidade muito parecida, mas depois me surpreendi com o quanto viramos amigos. Ele se juntou a banda junto com o irmão Louis, nosso tecladista. Assim como o irmão, Louis também tem uma personalidade forte, mas ele é mais agressivo. No primeiro ano da banda fomos proibidos de tocar em quatro bares graças ao temperamento do Louis, mas depois de uma conversa com todos os membros e nosso empresário, ficou decido que ou ele mudaria, ou infelizmente precisaríamos arrumar outra pessoa para tocar em seu lugar. Ele mudou. Ou a menos, está tentando mudar. Pelo Neville.
Neville é o outro guitarrista, ele foi o primeiro a embarcar na minha ideia de criar uma banda de rock e também foi quem recrutou todos os outros.
Ele quem insistiu que fossemos reservados com relação as nossas vidas pessoais e que não nos envolvêssemos com fãs ou com alguém com quem trabalhamos. E então se apaixonou pelo Louis.
Eles não estão juntos. O Neville vive por suas regras e está se corroendo para não quebrar uma delas. Já disse a ele que isso é besteira, que nenhum de nós se importa se eles ficarem juntos, mas ele teme que o relacionamento não dure e isso acabe afetando a Crowstorm. Eu entendo a lógica do seu raciocínio, mas também acho uma burrice duas pessoas que se amam ficarem separadas por medo do que talvez possa acontecer no futuro. Mas a vida é deles e eu tento ao máximo não me meter.
Chego na Anteros e digo para todos descerem já que eles ficam no dormitório do campus, e como eu sou o único com um apartamento na cidade é pra lá que eu sigo com nossa van.
Passo em frente a Sweet Amoris e uma onda de nostalgia me bate, então me permito parar por um instante próximo ao Cosy Bear Café.
Lembro quando aquele lugar era apenas uma simples cafeteria e eu passava lá quase toda manhã antes das aulas para pegar um expresso pra viagem. Considero por um instante ir tomar um café, mas logo descarto a ideia. Estou louco pra ir pra casa descansar e provavelmente, na cafeteria chique que aquele lugar se tornou, eles só vendam bebidas cheias de frescuras que nem tem gosto de café.
Então ligo novamente a van e sigo em frente sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar postar todos os domingo! Espero que continuem por ai ..