Domingo, Noite...

— Eu vou comer lá no quarto – disse Kiba pegando a bandeja. – Vai lá falar com ele – incentivou apontando para Sai que estava sentado em uma das mesas, sozinho.

— Espere – a filha da Rainha Má sussurrou, mas não adiantou, Kiba saiu do refeitório sem olhar para trás.

Ino então respirou fundo e criou coragem para ir até ele.

— Oi – disse ela se sentando ao lado de Sai na mesa do refeitório.

Era hora do jantar. Shikamaru estava com Temari. Kiba havia praticamente saído correndo do refeitório. E Sakura estava com Sasuke, o príncipe tinha acabado de voltar do Palácio dos pais, poderia ser apenas impressão, mas o garoto parecia ter um brilho de lucidez diferente no olhar...

E Ino... havia pensado muito no que iria fazer e decidiu seguir seu coração.

— Desculpa ter corrido de você mais cedo – ela pediu ao garoto sentado ao seu lado.

— Se você não quiser ficar comigo – ele murmurou triste. – Eu vou entender e não vou mais insistir.

— Eu quero ficar com você – ela pegou a mão dele. – Esse é o problema.

Sai levantou o olhar para ela esperançoso.

— Vamos enfrentar isso, juntos – ele se virou para ela. – Não importa os obstáculos que apareçam – levou a mão dela até os lábios e beijou o torço.

O coração de Ino bateu acelerado dentro de seu peito, a voz da razão dizia "Não!" em alto e bom som, que sua mãe jamais lhe perdoaria por isso, ela saindo da Ilha ou não, mas a voz de seu coração pedia para que ela dissesse sim para ele. Seu coração egoísta, que mesmo sabendo que no fim ele é quem mais se machucaria entre os dois, queria abraçá-lo e não soltá-lo nunca mais. Foi então que o respondeu:

— Sim – concordou com um movimento de cabeça. – Vamos enfrentar isso juntos, seja o que for acontecer – apertou a mão dele de volta.

E Sai tomou o rosto dela entre as mãos e a beijou ali, na frente de todos no refeitório.

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— Você está bem? – Sasuke perguntou colocando uma mecha solta do cabelo dela atrás da orelha e acariciando sua bochecha em seguida.

Sakura havia se encontrado com ele na entrada do quarto, ele ia bater na porta quando Ino a abriu e o príncipe decidiu as acompanhar até o refeitório.

— Estou – ela respondeu sabendo que não era verdade.

— Parece meio tensa – ele reparou.

— Nada demais – tentou disfarçar.

— Sabe que pode contar comigo para o que precisar, não sabe?

— Sei, sei sim – sentiu a mentira sair dos lábios.

A história do cookie sumido ainda preenchia todos os seus pensamentos. Não conseguia compreender como é que não havia detectado um traço de magia sequer de alguém por ali, sim, porque alguém entrou no seu quarto quando nem Ino e nem ela estavam por lá. Quem quer que fosse não estava sozinho e isso a preocupava.

Pensou na mãe, presa na Ilha e também pensou no pai, a essa altura ele já deveria saber que ela estava por ali, Sakura estranhava e não entendia o fato dele ainda não ter aparecido.

Também ficara sabendo por Kiba a respeito de Matsuri, poucos momentos antes de Sasuke aparecer. Uma fada mestiça teria suas asas na puberdade, mas Matsuri era filha de uma fada com um humano, já Sakura era filha de uma fada com um... ela não queria nem pensar no fato de que o pai não era humano... E se quisesse saber mais teria que ir atrás da Fada Madrinha. Tsunade saberia assim que a visse que sua cabeça estava uma confusão e faria perguntas das quais Sakura não saberia e não estaria disposta a responder. Talvez se metesse em mais uma encrenca e era tudo o que menos queria naquele momento.

— Ei – Sasuke a puxou para si e a abraçou apertado. – Calma, seja lá o que esteja passando em sua cabeça... Vai dar tudo certo, tá bom? – ele a confortou.

Sakura de agarrou a ele, sentindo os olhos ficaram úmidos e embaçados por causa das lágrimas, tentou segurá-las o máximo que pode. O que estava acontecendo consigo? Nunca fora de chorar assim.

— Eu estou bem, obrigada – ela se separou dele. – Acho que só preciso dormir, estou me sentindo muito cansada – aquilo não era mentira.

— Tudo bem – ele se levantou da mesa. – Eu te acompanho até seu quarto.

— Não precisa – disse ela.

— Eu faço questão –- ele colocou um dos braços por cima dos ombros dela.

Sakura sentia que estava se aproveitando mais do que deveria, mas se aconchegou nele. O príncipe trazia uma segurança para si, parecia um porto de tão seguro e resoluto em suas palavras. A certeza que ele tinha de que tudo daria certo independente do que aconteceria... Sakura queria ter essa certeza também.

— Pronto, está entregue – ele parou em frente à porta do quarto dela. – Posso lhe dar um beijo de boa noite? – perguntou inocentemente aproximando do rosto dela.

— Eu não estou muito no clima – ela tentou desviar.

— Na testa, então? – ele pediu.

Sakura não resistiu e o abraçou novamente, respirando fundo o cheiro dele. "Cheiro de Sasuke", o perfume que ele emanava tinha um leve aroma amadeirado, era gostoso. Se separou dele e balançou a cabeça concordando com o beijo na testa.

Sasuke pegou o rosto dela entre as mãos e depositou o beijo em sua testa.

— Boa noite e durma bem – ele desejou se afastando dela.

— Boa noite pra você também – ela disse antes de fechar a porta do quarto.

Antes de se deitar, suspirou colocando a ponta dos dedos na testa. Seu estômago fazia contorções novamente. Nem viu a hora que Ino entrou no quarto, mas se tivesse, saberia que era tarde.

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No dia seguinte...

—... Hoje em dia, a princesa Melody, filha dos dois, é a representante oficial do povo do mar – disse Hinata na aula, finalizando sua parte do trabalho. – E foi assim que a Pequena Sereia e o príncipe Eric viveram felizes para sempre.

Receberam uma leve salva de palmas da turma.

— Eu gostaria de fazer uma observação antes de finalizar nossa apresentação – disse Sakura tomando um passo à frente. – Eu não sou muito de acreditar em "felizes para sempre", como muitos aqui, quer dizer, não acho que se casar com um príncipe ou que o casamento em si seja a garantia do "feliz para sempre", mas muitos desses personagens dos "famosos contos de fadas" ainda estão por aí e tiveram filhos – acrescentou. – Os vilões também. Como eu vim da Ilha posso dizer que Úrsula, a vilã do conto sorteado para mim e para Hinata, ainda está viva; tudo bem que ela está presa na Ilha, mas ela ainda está viva e ela tem uma filha, uns dois ou três anos mais velha do que eu. – Sakura desenhou um esboço rápido do que seria a Ilha. – Úrsula viva na parte que chamamos de fim da Ilha – apontou no desenho –, aquele é o território dela assim como toda a água que cerca a Ilha – desenhou ondas em volta do esboço para demonstrar água. – E ela é rápida, muito mais rápida na água do que na terra, mesmo sem a sua magia.

— O que quer passar com isso exatamente Sakura? – a professora questionou achando interessante a análise da aluna, nenhuma das outras duplas havia sequer manifestado interesse sobre o que havia acontecido depois do "feliz para sempre".

— Eu quero dizer que a história ainda não acabou e que eu acho impossível viver feliz para sempre, quer dizer, problemas existem sabe? Acho difícil todos serem felizes 24 horas por dia 7 dias por semana – ela apontou.

— Acho interessante você trazer seu ponto de vista, foi a única dupla a falar do depois de "felizes para sempre" a qual estamos todos acostumados a ouvir. Muito bem – ela aplaudiu.

Os alunos acompanharam em respeito.

A próxima dupla era Naruto e Sasuke, o conto deles era o da Bela Adormecida.

— Era uma vez, há muito tempo – Naruto começou a falar e encenou de forma misteriosa. – Brincadeira – ele riu –-, vocês sabem que isso só serve para o mundo humano. Mas como eu ia dizendo, era uma vez um rei e uma rainha que tinham acabado de ter uma filha, a qual a batizaram com o nome de Aurora, em seu aniversário de um ano de idade eles resolveram convidar todo o reino para o batizado da filha.

‘A menina era considerada tão abençoada que até três fadas madrinhas ela tinha – ele usou um tom de surpresa na fala. – Mas nem tudo são flores, havia uma criatura que não havia sido convidada, uma fada que consideravam má por causa de sua aparência tenebrosa. A tal fada não gostou de não ter sido convidada, então resolveu ir assim mesmo. Ela queria mostrar a todos que não era tão má como diziam, então ofereceu um presente à princesa: de que ela encontraria o amor verdadeiro depois que espetasse o dedo em uma roca e caísse em sono profundo em seu aniversário de 16 anos.

Sakura arqueou a sobrancelha pelo fato do garoto estar suavizando a história.

— Diziam que o rei não acreditava em amor verdadeiro – o loiro continuou a história – e por isso mandou a princesa para bem longe, viver como uma camponesa em um lugar bem afastado do reino junto com as suas três fadas madrinhas.

‘Os anos se passaram e a princesa cresceu sem saber quem era. Ela era muito linda, delicada e tinha uma bela voz. Perto de seu aniversário de dezesseis anos um príncipe passava por ali perto e a ouviu cantar, ele acabou se apaixonando por ela perdidamente Ele saiu de seu esconderijo e se apresentou, como ela nunca tinha visto homem nenhum em toda sua vida se encantou por ele e também se apaixonou. Eles marcaram encontros as escondidas até que ele a pediu em casamento e ela aceitou, logo em seguida foi contar alegre as madrinhas o sucedido. Mas as três fadas se apavoraram, pois sabiam que a princesa já estava prometida a um herdeiro de um outro reino. As fadas então decidiram se desfazer de tudo e levar a princesa de volta para o reino dela. Aurora ficou fora de si ao saber que seus pais ainda estavam vivos e foi sem resistência com as fadas até o castelo.

‘O rei ficou furioso com a chegada da princesa e mandou trancá-la em um dos quartos até que acabasse o dia de seu aniversário, mas a magia age de forma misteriosa e quando passou o aniversário da princesa abriram por fim a porta de seu quarto e para a surpresa de todos Aurora não estava lá – Naruto usou um tom de voz triste. – Procuraram por todo o castelo até que por fim a encontraram no calabouço, adormecida ao lado de uma roca, a ponta estava vermelha com o sangue do dedo da princesa.

‘Algum tempo se passou e muitos se atreveram a oferecer casamento para que pudessem beijar a bela adormecida, foi assim que ficou conhecida, já que mesmo dormindo e sem se alimentar, a princesa continuava bela, mas o rei jamais permitiu. Ele parecia ter a certeza e a convicção de que Aurora jamais acordaria. Então as fadas tiveram que agir por conta própria e foram atrás do tal rapaz que a princesa dizia estar apaixonada antes de saber quem era.

‘As fadas demoraram, mas enfim o encontraram. Malévola era o nome da fada de aparência tenebrosa que todos temiam e que havia desejado o sono da princesa no aniversário de um ano dela, a fada estava em uma luta feroz com o príncipe, tentando o impedir de ir atrás da princesa. As fadas agiram e junto do príncipe conseguiram derrotá-la. O príncipe enfim chegou até a sua amada e com seu beijo de amor verdadeiro a despertou.

Todos estavam em silêncio na sala de aula, mas alguns se viravam para ver Sakura.

— Malévola hoje vive na Ilha dos perdidos – disse Sasuke tomando a frente –, poucos sabiam, mas ela teve uma filha – ele apontou para Sakura. – Eu... estive conversando com algumas criaturas que tiveram contato com Malévola antes e durante toda a história.

‘Como todos bem sabem, as fadas nascem com o primeiro riso de uma criança, mas ninguém sabe quem é essa criança. E foi assim que Malévola nasceu – continuou a história. –- Infelizmente ainda vivemos em um mundo em que se prezam mais a aparência exterior do que o que temos no interior – falou triste. – As fadas são consideradas criaturas lindas e perspicazes, mas por causa de sua aparência, Malévola era diferente e por isso foi deixada de lado por todas as outras. Ela foi criada por Baba, a única que se importou o bastante para ajudar Malévola a seguir seu caminho como fada. Baba, para quem não sabe, era a irmã da Fada Madrinha uma das fadas mais poderosas que já existiu.

Sakura ficou chocada com as informações, sua mãe nunca lhe falara nada a respeito dessa tal.

— Baba infelizmente morreu e foi então que Malévola ficou completamente sozinha no mundo, para não cair e morrer de tristeza, todos sabemos como a tristeza pode levar uma fada para o caminho da morte – Sakura não sabia. – Malévola começou a se interessar pela floresta proibida e tudo de novo que poderia aprender ali, e isso envolvia magia negra.

‘Esse foi seu começo, mas também o seu fim, como a maior vilã que já existiu. Tsunade me disse que grande é a derrocada se você não souber controlar sua magia ou se cobiçar mais do que se deve. Estando sozinha e mesmo em seu reino quando foi a única a não ser convidada para uma celebração de seus rei e rainha, ela decidiu se vingar. Imagino que tenha aguardado e esperado durante anos por isso. Malévola segue sendo até hoje a única representante da floresta proibida e desde sua prisão, ninguém mais pôs os pés lá.

— Muito bem – elogiou a professora um tanto impressionada, ela parecia estar com dificuldades para falar.

— Você sabia disso? – Ino perguntou baixinho ao seu lado, muitos alunos cochichavam pela sala e alguns se atreviam a olhar para Sakura. Eles tinham o olhar de medo em suas faces.

Sakura somente negou com um movimento de cabeça.

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— É verdade tudo isso? – Sakura perguntou para Sasuke ao final da aula.

— Pelo que pudemos averiguar – apontou para si e para Naruto. – Sim. Não sabia? – ele questionou com um franzir de sobrancelhas.

— Não – murmurou ela.

Não sabia nada mesmo sobre a mãe, o conto da Bela Adormecida não contava. E que história era aquela dela ser representante da floresta proibida? Se era proibida como a floresta poder ter uma representante?

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