Domingo

Sakura olhava desconfiada para todo mundo que passava por si nos corredores da Academia Real.

— Quer parar com isso? – Ino sibilou baixinho. – Está me deixando louca também.

— Como é que eu vou parar? Alguém entrou no nosso quarto e pegou o cookie sem deixar rastro nenhum!

O acontecimento deixara a filha da Malévola assustada. Só alguém extremamente poderoso poderia ter realizado tal feito, não tinha um rastro de magia sequer, seja lá quem fosse sabia exatamente onde estava o cookie. A questão era: como alguém sabia que Sakura havia feito cookies com poção do amor?

Era de manhã, Ino tinha preferido deixar a noite para descansarem e deixarem os meninos dormirem antes de levar o assunto até eles. Assim que chegaram ao quarto deles, antes do café da manhã, contou aos dois.

— Merda! – Shikamaru praguejou.

— O que vamos fazer? – Sakura sussurrou colocando as mãos na cabeça.

Sentia o circo fechar. Se alguém soubesse o que havia feito não teria volta. E como a filha da Malévola não podia usar sua própria magia para tentar rastrear o invasor sem chamar a atenção da Fada Madrinha, a situação só se complicava ainda mais.

— Não surta – Ino pediu indo abraçar a amiga.

— Eu só consigo pensar na Fada Madrinha, mas eu não posso abordá-la sem entregar o que eu fiz e isso pode respingar em vocês – Sakura manteve os olhos fechados massageando as têmporas.

Depois de ter dormido a tarde inteira do dia anterior não conseguiu mais pregar os olhos. Ficava remoendo o assunto e só conseguia pensar na Fada Madrinha querendo lhe dar uma lição.

— Mas ela já não teria ido falar com você? – Kiba questionou.

Sakura deu de ombros. Ino pareceu ter alguma ideia.

— Eu acho que seria bom darmos uma olhada na lista de vilões que nunca foram presos – a filha da Rainha Má se ergueu depressa indo até o computador dos meninos.

— Que lista? – Shikamaru perguntou confuso.

— A lista, sabe?! – vendo que os amigos continuavam sem entender, explicou: – Em Princesologia, a professora Rin abordou o assunto em sala de aula, sobre os vilões que nunca foram presos, sejam por quaisquer motivos: desaparecimento, morte, fuga, sem provas, enfim...

— Então você acha que pode ser algum vilão que por um acaso resolveu andar por aqui, nos corredores da academia e que, vai saber como, descobriu que a Sakura fez cookies com poção do amor? – Shikamaru debochou.

Ino até murchou com ele falando daquele jeito.

— Mesmo que você esteja certa – Sakura falou lentamente não querendo magoar ainda mais a amiga. – Como a Tsunade deixaria isso passar despercebido? Além disso, tenho certeza de que todos os professores são preparados para lidar com ameaças externas, incluindo esses tais vilões que nunca foram pegos.

— Como é que nunca ficamos sabendo dessa tal lista? – Kiba se perguntou colocando a mão no queixo.

— Tenho dois palpites, um: não viu o ego desses príncipes daqui? Iriam querer caçar os vilões só para se provarem o quanto são fortes – Sakura revirou os olhos, mas logo se aquietou ao pensar na segunda possibilidade. – Número dois: ainda não confiam na gente, podem ter pensado que nós poderíamos ir atrás desses vilões e pedirmos ajuda para cometer “crimes” – fez aspas ao terminar de falar.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

— Mas a Ino pode estar certa – Kiba apontou. – Nós conhecemos os vilões pessoalmente, cada um de nós temos as nossas experiências, qual é a única coisa em comum que nossos pais têm? O único objetivo que eles querem atingir?

Todos os amigos ficaram quietos, até que Sakura respondeu em um sopro:

— Vingança.

— Tá, mas por que iriam querer atacar só agora? – Shikamaru não queria mais nenhuma outra complicação para eles.

— Não é óbvio?! – Ino apontou. – Porque nós estamos aqui!

Sakura ficou quieta pensando nas possibilidades.

— Não – por fim negou. – Ainda não me entra na cabeça que a Tsunade deixaria algo como isso passar, ela é extremamente perceptiva. Ela sabe o que eu aprontei no museu e deixou passar, pode ser ela me testando – bufou e bagunçou os cabelos cor de rosa.

— Mas você também não pode negar que é uma possibilidade, não fazemos ideia de quem está foragido ou nunca foi preso. Esses vilões... podem estar muito mais fortes agora depois de todos esses anos – disse Ino por fim.

— O que a gente faz então? – Sakura se levantou da cama afobada.

— A gente espera – foi Shikamaru quem respondeu. – Você não vai falar nada com a Fada Madrinha. Nós vamos ficar de olho.

— E é isso? Simples assim? – Sakura se exaltou.

— É, simples assim. Até porque nem adianta a gente se precipitar – Shikamaru deu de ombros. – Agora vamos relaxar e tomar café da manhã.

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Itachi estava sentado em sua cama, já preparado para descer, mas encarava o cookie embalado pensando em toda a situação de ontem quando Sasuke entrou em seu quarto.

— É melhor começar a bater na porta se não me quiser ver fazendo sexo – ironizou.

Sasuke não respondeu de imediato, tinha os olhos fixos no cookie nas mãos do irmão.

— Onde conseguiu isso?

— Com Izumi, ela não sabe quem fez ou o que tem, mas ela tem certeza de que há algum feitiço aqui, por isso pretendo levar a Fada Madrinha para averiguar.

Sasuke pensou um pouco antes de decidir explicar ao irmão.

— Não vai ser preciso, eu acho que sei o que é: é uma poção do amor em formato de cookie.

Itachi se levantou surpreso com a declaração do irmão.

— Como sabe disso?

— Porque... eu comi um – deu ele de ombros, suspirando por fim.

— Mas... – Itachi estava confuso.

— Não se preocupe, tomei um banho no lago e o feitiço foi desfeito, a pessoa que me deu isso não sabe disso e também não faz ideia de que não teria sido preciso seu eu tivesse dito o que sentia antes – suspirou Sasuke.

Itachi engoliu em seco antes de perguntar:

— A pessoa por quem você está apaixonado é a Sakura, não é?

— Como você...?

— É muito nítido na forma que você fala dela e a defende – o príncipe mais velho revelou, já desconfiava disso há algum tempo. – Mas por que ela lhe daria um cookie enfeitiçado?

— Talvez porque tivesse medo de que eu não sentisse o mesmo por ela - Sasuke deu de ombros.

— Mas isso é errado – Itachi apontou.

— Eu sei, mas ela teve uma criação diferente da nossa e eu sei que ela se preocupa comigo – ele se sentou na cama do irmão. – Eu a amo de verdade e eu quero fazer ela sentir o mesmo por mim.

Itachi suspirou, não podia condenar o irmão.

— Vamos mudar de assunto – sugeriu.

— Muito bem, podemos falar que agora você está noivo – disse o mais novo.

Itachi corou.

— Como foi que isso aconteceu?- o príncipe mais novo estava curioso.

— Eu me apaixonei pela Izumi quando ainda estávamos na academia, eu me declarei para ela e ela se declarou para mim, parecia ir tudo bem até... até ela começar a me afastar e exigir que eu devia respeitar o espaço dela, então fiz isso. Como eu me arrependo de não ter tentado reatar depois, sempre fiquei esperando por ela e agora... eu não sei o que aconteceu – bagunçou os cabelos, frustrado. – Ela parece tão triste e fica assustada por qualquer coisa que seja. E o pior é que não posso perguntar ou ela cai no choro e me dói ver ela chorando.

— Entendo como se sente – Sasuke abraçou o irmão.

— Eu não sei o que fazer – se sentia frustrado. – Mas eu sei por onde começar.

— Por onde? – o príncipe mais novo queria ajudar no que pudesse.

— Pelo pai dela, o diretor. Izumi sempre se retrai quando ele está por perto, isso não me passou despercebido. Eu vou ficar de olho – Itachi prometeu.

— Enquanto eu estiver na escola prometo fazer isso por você – disse Sasuke. – Quero te ajudar como eu puder.

— Obrigado, meu irmão e quero que saiba que se precisar de ajuda, para qualquer assunto que seja, pode contar comigo – Itachi abraçou o irmão mais novo.

— Eu sei e agradeço – Sasuke retribuiu o abraço.

— O que eu faço com o cookie? – o príncipe mais velho perguntou depois de se separarem.

— Guarde isso com você em um lugar seguro – disse Sasuke por fim. – Eu não sei como fizeram para pegar da Sakura, mas é melhor deixar esse assunto só entre a gente.

— Tudo bem então.

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Ino estava nervosa para entrar na biblioteca, então ao invés disso, ficou andando em frente à porta de um lado para o outro.

— Está tudo bem, Ino? – a garota se controlou para não soltar um gritinho pelo susto que levou.

Ali estava o motivo de toda a sua aflição: o filho da Branca de neve, Sai.

— Está – soltou com a voz esganiçada e quis se bater mentalmente por isso, uma princesa jamais deveria se mostrar de maneira menos que perfeita perante aos outros.

— Alguma coisa está lhe afligindo – apontou Sai sem acreditar. – Desculpe, mas eu te vi do final do corredor.

— Não é nada com o que você precise se preocupar, acredite – disse rapidamente tomando controle da situação. – Vamos terminar o trabalho? – o chamou se encaminhando para a porta da biblioteca.

Não havia muitos alunos naquele horário, ainda mais por ser domingo, muitos deles deveriam estar passeando ou com suas famílias.

Quando terminaram a parte escrita e de separar o que cada um iria falar Sai pegou a mão de Ino, ao que ela tentou soltar de maneira rápida, pois foi pega de surpresa.

— Eu sabia – disse Sai se levantando e indo para o canto mais afastado da biblioteca, caminhava por entre as prateleiras com os livros maiores e dificilmente procurados pelos alunos.

Ino não viu outra escolha a não ser segui-lo.

— Sabia o que? – questionou confusa.

— Você está nervosa por minha causa – respondeu ele com a voz baixa, ainda se afastando dela. – Eu só queria saber o que foi que eu te fiz – disse triste.

— Você não me fez nada – Ino esclareceu aos sussurros.

— Então por que eu não posso simplesmente pegar em sua mão? – ele se virou de supetão para ela, ao que Ino deu um passo para trás. – Viu só?! Você simplesmente se afasta sem nenhuma explicação.

— Eu só não quero passar a impressão errada – sussurrou.

— Por que não me diz de uma vez que não gosta de mim da mesma forma que eu gosto de você e pronto? Eu prefiro a rejeição a pensar que estou ficando louco achando que a maneira que me olha me dá esperanças de que sente o mesmo por mim – o garoto enfim colocou para fora tudo o que sentia, não aguentava mais guardar aquilo para si.

Ino travou o passo. Sai estava se declarando para si?

— O que está dizendo? – tentou negar. – Somos amigos – sorriu triste.

— Eu gosto de você – Sai se aproximou dela mais uma vez e Ino se viu encurralada entre uma estante. – Por onde você anda eu olho, tudo o que você fala eu quero escutar, eu como pensando em você, eu durmo pensando em você, eu sonho com você – ele continuou a declaração. – Você parece estar grudada em cada célula do meu corpo, sabia que cerca de 300 milhões de células nascem por minuto em um corpo humano? – Sai pausou por um minuto antes de tomar fôlego. – Isso parece plausível com a sensação que eu tenho: de que a cada minuto eu pareço gostar mais e mais de você.

Ino estava lacrimejando com a declaração, ninguém nunca havia dito nada tão bonito quanto aquilo para ela.

— Me diz alguma coisa – Sai pediu se aproximando e enxugando as lágrimas delas com o dedão.

— Não podemos ficar juntos – disse Ino aos prantos, mas ainda tentando controlar o tom de voz para não chamar a atenção de ninguém.

— Por que não? – Sai murmurou encostando a testa na dela.

— Não é óbvio?! Eu sou a filha da Rainha Má e você o filho da Branca de Neve – segurou o rosto dele entre suas mãos.

— Eu não me importo com isso – disse Sai encostando o nariz no dela.

— Mas eu me importo, o que sua mãe vai dizer se souber? Porque a minha vai me matar!

— Bobagem – sussurrou Sai colocando uma mecha solta do cabelo dela atrás da orelha. – Somos só você e eu nesse momento, e eu quero saber: você gosta de mim?

Ino olhou para ele, os olhos negros estavam tão esperançosos e mesmo que quisesse, não conseguiria mentir, não para ele.

— Gosto – respondeu.

Sai sorriu e prontamente a beijou.

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