Old Doctor escrita por NathanApoloWho


Capítulo 1
It's me


Notas iniciais do capítulo

Primeira parte da história de dois capítulos.



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Olá, I'm the Doctor. Não se apegue a minha aparência,eu já tive muitas com o passar dos séculos. Já fui alto, baixo, gordo, magro, branco, negro....Homem, mulher, olhos puxados,narigudo,careca,cabelo loiro, ruivo, castanho, feliz e triste. Hoje, e quando eu falo hoje estou me referindo ao momento presente( já que minha noção de tempo está perdida),estou em uma busca incansável.

Apenas eu e minha nave, que se mantém escura por dentro e cansada por fora.A TARDIS já não se importa em me levar para os lugares os quais pensa que eu deveria ir, ela se cansou disso ou apenas não tem mais onde me levar.Sua luz falhosa continua a piscar enquanto desaparecemos para o time vortex com o seu azul desbotado e janelas rachadas.Ela já não fala mais comigo, talvez ela nem sabe mais quem sou eu de tantos concertos que fiz nela.Escura,fria e silenciosa.Um lugar que antes era cercado de movimento e ação.

— Bem, Doctor, pessoas tem avistado a sua presença ao longo de 1000 anos em diversos cantos do universo.

— Sim.

— Você já vasculhou todos os centros religiosos deste universo...

— Talvez eu tenha que procurar daqui a 1000 no futuro os mesmos lugares que eu fui nesse universo.

— 1000 anos? A economia da maioria dos planetas deste universo está colapsada!Faltam recursos energéticos e alimento para todos. Tenho certeza que não existirá mais o que se procurar daqui a 1000 anos. Este é o fim do universo.

— Ah eu já fui para o fim do universo.

— O quê? Sério?

— Sim, irmã, já fui.

— Então o fim está próximo?

— Eu não sei, o fim do universo pode ser a qualquer momento. O fim pode ser hoje, ou quem sabe amanhã.Tudo depende de suas ações e a data desse fenômeno é inevitável e alterável.

— Ok... 

— Acho que eu devo vasculhar em outro universo.

— E achou o que queria aqui?

— Bem, sua religião é bastante interessante. Eu ouvi muito sobre ela, já que vocês não escrevem nada, logo a tradição se torna oral e isso irá afetar a propagação para outras gerações.

— Primeiramente, não usamos o nome ''religião'' pois isso traz uma séria de normas e devoções agarradas ao nome, que não desejamos nos afiliar...

— Ah, certo.

— ..e não nos importamos com a propagação a outras gerações. Os membros de nosso estilo de vida se adequam a ele por nascerem para ele. Sem exigências nem nada forçado.

— Pois é, estou 1 mês aqui, debatendo com uma outra irmã sua.Eu tenho muita argumentação...

— Eu tenho a certeza que sim, Doctor, não existe um ser com tanto conhecimento e mais antigo do que você nesse universo todo...

— E em outros também, mas vamos prosseguir. Já estou familiarizado com as suas crenças e o fato de que para vocês a fé é algo racional, assim como o criador de tudo.

— A Grande Ordem.

— Sim, o criador de tudo, Deus, a Grande Ordem.Eu estou procurando por ele.

— Procurar pela Grande Ordem não é algo necessário, meu irmão. Ela está aqui.

A irmã Knee esticou seus braços alaranjados para mostrar toda a imensidão nublada e morta a qual ela e todo o resto de ser vivo que vivia naquele planetoide decrepito.

— Sim, mas ela já falou com você?

— Não precisamos entrar nesse debate sobre entrar em contato com ela para crer, certo?

— Não precisamos, de fato. Eu só queria falar com ela.

— Você pode falar com a Grande Ordem, meu Doctor.

— Está bem, mas eu quero uma resposta!

— Você deseja uma resposta da Grande Ordem sobre o que?

— Sobre tudo que houve em minha vida, o universo e todo o resto. Eu sei que não existe livre arbítrio pois a Grande Ordem comanda a tudo e todos. Logo, eu quero uma resposta.

Os olhos da irmã Knee se contraem e ela abre a boca, soltando um vapor por causa da temperatura baixa.

— Então você quer uma resposta em relação as perdas que você teve em sua vida.Quem sabe um pedido de desculpas, não é?

— Bem, isso seria gentil, mas eu sei que não aconteceria pois o universo não é gentil, ele é um caos.

— Não, o universo não é caos, é ordem!

— Ordem graças a mim que tento dar um jeito...

— Graças a Grande Ordem que lhe permite.Você está focando nas consequências negativas das diversas ações que você e o outros tomam. Você está esquecendo coisas boas que se geram, meu caro Doctor.

— Por que as coisas negativas pesam mais!

— Isso é um erro pessoal que você carrega, provavelmente oriundo de sua sociedade.

— Sociedade? Eu já nem sei qual era o nome do meu planeta ou do meu povo. A minha sociedade é o universo.Eu ainda quero a minha resposta.

— Que tal se acalmar e deitar um pouco aqui?

— Eu estou um mês aqui!Estou velho e aos pedaços, não quero mais ficar nesse templo, no topo dessa montanha insignificante.

— Muito bem, lhe desejo boa sorte em sua busca, meu querido Doctor.Irá para o futuro agora?

— É, obrigado.Futuro?Não, quero descansar um pouco.

Cada passo que eu dava o chão rangia.Pobre TARDIS, está tão velha quanto a mim.Aperte os botões e coloquei as coordenadas exatas na nave, para ficarmos parados no espaço, no silêncio.Com o passar dos anos, esta minha velha nave perdeu a habilidade de simplesmente ir para um local aleatório para que eu possa relaxar, se tornou obediente e muda.

....................................................................

— Doctor! Doctor!

— Licença, estou procurando por uma garota, Susan Fo.......

— EXTER....

— Acabou, meu velho amigo, este é o meu fim....Será que o velho Doctor vai conseguir viver sem o seu Master?

— Rose Tyler, eu....

— Charlley, olhe!

Confusão intensa, é isto que eu sinto quando acordo.Meu travesseiro fica todo babado e o eco do meu ronco se perpetua nos corredores da nave.Corredores cheios de histórias e....Evento Um?Não, não, não!Preciso procurar meus óculos.Eu achei, não achei? Ah bem, preciso me concentrar para fazer até mesmo coisas básicas, mas isso tudo faz parte da vida.Bem, eu acho.

Veneza, Florença, 1997.Estas foras as coordenadas que eu coloquei após acordar do meu sono dentro da Tardis.Quando pousamos, ouvi um som estranho e logo pude perceber o que era.Uma das portas tinha rachado e me perguntei se chegaria inteiro em Trenzalore.Bem, lá seria o meu fim, embora não seja algo obrigatório.De qualquer forma, estou cansado e não quero me envolver em paradoxos.

— Doctor, então você veio até nós.Ficou contente.

— Bem, tenho muitas histórias e estou disposto a falar.

Eu fui confessar os meus pecados.Será que isso me aproximará de deus?Ou espere, talvez seja melhor eu referir a Deus.Humm, acho que sim.Uma fila foi feita e o primeiro dos 25 padres que iriam ouvir as confissões de minhas vidas apareceu.

— Olá, meu caro Doctor, é um prazer estar aqui.

— Tudo começou quando eu era pequeno, quando eu era alguma coisa de algum planeta distante por aí.

Quanto mais eu falava, mais eu me sentia nostálgico e me sentia mais leve.Acho que estava funcionando.Eu me lembro deles, de todos eles.Muitos apareceram e sumiram,mas eu me lembro de cada um, até mesmo os de linhas alternativas.Quero dizer, quando se viaja no tempo, você acaba percebendo que alguém vem alterando sua linha do tempo do passado até o presente, ou do futuro até o passado.Todos foram importantes.

— Então a Missy foi capturada pelos Axons enquanto eu estava com o brigadeiro...

O primeiro ficou surpreso, o segundo riu, o terceiro ficou chocado, o quarto ficou admirado e o quinto ficou apaixonado.Cada padre respondia de uma forma ao meu testemunho e parte das minhas histórias.

— Eu, Tegan, Rory e Ace fomos levados pelos policiais até a estação....

— E o assassino, Doctor?

— Eu, fui eu quem deixei eles queimarem e iniciarem o grande incêndio de Londress.

O décimo padre ficou confuso com as minhas confissões e ficou se perguntando o q houve com Peri.Eu podia ouvir alguns conversarem na fila.Aquele era o meu segundo dia ali e todos sabiam das rachaduras no universo.Todos olhavam para mim com uma mistura de terror, admiração e medo.Então apareceu o último.

— O vigésimo quinto, eu imagino.

— Sim, meu....como deseja que eu me refira a senhora?

— Sua escolha.

— Certo, senhor, conte-me seus pecados.

Sua respiração era calma, nada ofegante em relação aos outros.Eu estava sentindo um enjoo em minha barriga e algo preso em minha garganta.Falei.

— Os Daleks foram exterminados, para sempre.Eu os matei, junto com Davros no pacote.Os cybermen alcançaram a atualização máxima e não tinham mais porque lutar. Sontarans foram destruídos  e todos os outros do meu povo também.O Saxon matou eles, quer dizer, o Master...Ah, ele também morreu, de velhice.Morreu como um homem pacífico e tranquilo.Sem Silurians ou Ice Warriors..todos estão em paz nas suas covas, incluindo as minhas famílias.

— Ah, certo..

— Bem, eu poderia até procurar por eles no passado para enfrenta-los mas eu já tentei.Nada, eles não estão mais lá.Eu estou, eu estou enfrentando eles em todas os momentos possíveis da criação.Já parou para pensar?Do outro lado da rua tem um Doctor salvando uma garota de um manequim enquanto tem um outro aqui enfrentando um sensorite.Haha, é engraçado. Eu estou seguro graças a mim mesmo, e isso me irrita, isso me faz parecer um imprestável. 

— O senhor poderia focar em outras atividades.

— Mas e o sangue?Como eu faço para que o sangue que eu tenho em minhas mãos pare de escorrer?Eu perdi e matei muito em minha vida.Matei até um companion...às vezes penso que o meu último ato é assassinato,ou quem sabe suicídio.Se uma das minhas versões jovens e simpáticas me visse agora, não acreditaria no que eu me tornei.Um deus sem poderes procurando por seu Deus.

—Bem...isto tudo é muito grave.Não podemos te ajudar,mas espero que o ato de confessar tenha lhe aliviado nem que seja um pouco, doctor.Nove bilhões de anos escon..

Eu senti algo estranho naquele momento e agradeci.

— Bem, Deus, agora é com...

Um estalo que deixa tudo mais quieto e que me faz cair para o lado.

— O quê houve, Doctor!

Um dos meus corações parou de bater.

 


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