Era um dia lindo de verão e Todoroki não aguentava mais ficar em casa o dia inteiro ouvindo seu irmão mais velho brigar com o marido, sendo que ele, o cara mais cobiçado de Verona, estava sofrendo de amor por um cara que prometera castidade.

Era um verdadeiro absurdo que o cara mais top das galáxias, amigaço do Príncipe, melhor em todas as artes da nobreza, senhorio da diveza, estivesse chorando por um sadboy que queria ser Papa. Shinso nem era não interessante assim, Todoroki Montecchio pensava, mas bastava o sad boy das olheiras passar na rua para comprar pão que o Montecchio tinha alguns delírios nem tão respeitáveis.

Pensando na tristeza do amado amigo, Kirishima chamou o Montecchio para tomar uns shots, afinal, nada melhor do que uma bebedeira para acalmar um coração ferido.

"Existem outros sad boys por aí, bro" disse Kirishima.

No entanto, Momo teve uma ideia mais interessante. Sabia que o primo estava na merda e pensou que, se fosse para enfiar o pé na jaca, que fosse com estilo e de graça na casa dos inimigos huehue.

A garota logo informou sobre a festa na casa dos Capuleto e, rindo, tirou máscaras sabe-se lá de onde e tocou os caras para a festa.

Enquanto isso, Midoriya Capuleto estava dando um chilique por não querer ir para a festa preparada pelos seus pais, inclusive um deles era o DJ. Segundo ele, “não quero ter que ficar no mesmo ambiente com um noivo que nem conheço”. "Cala a boca, garoto, eu vou tocar Anitta e alguém vai ter que dançar", foi a resposta do pai Yamada (mais conhecido como Pres. Mic, a diva da noite) Capuleto, casado com Aizawa Capuleto, “o Lorde Capuleto”.

Sua ama, sabendo que se o jovem não fosse ela também não poderia ir rebolar a raba, persuadiu-no, dizendo que, se Midoriya não fosse, ela ia espalhar para todos que tinha visto Midoriya matar (ainda que sem querer) o gato do pai sombrio e comprar um substituto.

Afetado pelo medo e senso de sobrevivência, Midoriya se enfiou em uma máscara e foi para o salão de festas, já trajado em sua melhor roupa. A fim de não envergonhar seu pai Mic Capuleto, ainda se viu obrigado a executar performances artísticas, então foi para o meio da pista de dança agitar a multidão que se formava.

Nesse meio tempo, o destemido grupo dos Montecchio já tinha bebido altas na ida para o palácio dos Capuleto, o que seguramente tinha afetado o senso de percepção de alguns. Por sorte, Momo era forte que nem um touro, então a viagem de volta e com os rins intactos estaria assegurada. Afinal, não se podia brincar com a máfia dos órgãos (aka Liga dos Vilões, nome mais brega impossível, sabemos).

A fim de evitar alguns PT, Momo encaminhou os trôpegos homens em direção à mesa de comida e foi aproveitar a festa. Kirishima estava a caminho do banheiro quando avistou um loiro muito atraente em um canto do salão e foi tentar a sorte com aquele pedaço de mal caminho. Então, sozinho na mesa de comes e bebes, restou a Todoroki tentar não dar pt e não cair de tão trilouco que estava.

Não escapou a seus olhos, porém, a formosura que dançava alguns metros à sua frente. De olhos fechados, o jovem de cabelos verdes sedosos dançava ao ritmo da batida, inclinava o pescoço de um jeito muito sensual e descia como um profissional. Era claramente a Anitta da festa, a Ludmilla do rolê, a Vingadora da batalha.

Todoroki não sabia se era seu fígado morrendo pelo álcool ou o estômago se revirando diante de tamanho sex appeal, mas sabia de uma coisa: precisava conhecer aquele jovem tão lindo, que lhe despertava coisas tão proibidas.

De súbito, o garoto abriu seus olhos, mirando Todoroki diretamente em seu olhar bicolor. Pareceu surpreso e, extremamente envergonhado, saiu andando para um canto encoberto por uma pilastra.

Todoroki não perdeu tempo e seguiu o outro jovem. As luzes brilhavam num ritmo alucinado, as pessoas dançavam ao som de “Todo Dia” e se pegavam na mesma batida. Algum leitor perspicaz diria que tal realidade não condiz com a Verona da época, mas sabemos que historiadores nem sempre contam toda a verdade.

Quando finalmente viu o garoto de delicadas sardas sentado ao pé da pilastra, Todoroki sentiu sua pulsação acelerar e sua respiração se descontrolar. Que era aquilo que nem mesmo Shinso conseguira despertar, um sentimento de dor e de ternura que quebrantava seu coração em gelo e fogo, em sofrimento e desejo? Todoroki então sentou-se ao lado do alvo de sua paixão e iniciou suas tentativas de sedução.

“Então… você vem sempre aqui?”, perguntou o Montecchio, colocando sua mão sobre a de seu amado, uma atitude muito ousada para a época, mas assim que Todoroki era.

Só agora o jovem havia percebido a presença do mais velho, o que fez seu rosto corar para além do esforço físico da dança. Olhando de soslaio o gentil toque do garoto, Midoriya apenas sussurrou:

“Aparentemente estou aqui o tempo todo, mesmo contra a minha vontade…” e recolheu a mão para esconder sua vergonha.

“Ah, meu doce querido, é um pecado tocar tamanha beleza com minhas mãos profanas? E lábios tão doces aos quais minha boca reverencia, são proibidos para um pecador como eu?” o Montecchio insistiu, inclinando-se para observar o rosto do outro.

“Não sou santo, jovem senhor…” respondeu o garoto “mas também não sou um qualquer. Seus lábios só têm espaço para um cumprimento gentil, tal como fazem os amigos ou conhecidos, na parte macia da face…”

“Se assim for, meu querido” continuou Todoroki, com ousadia e alegria, “que os céus não tenham permitido interpretação errônea de tais respostas e que, caso assim seja, lavados sejam meus lábios na santidade dos teus…”

E, tão fácil quanto subir na goiabeira, Todoroki levou os lábios de seu crush aos seus.

Ao abrir os olhos, Midoriya parecia não acreditar no que testemunhava. Acabara de dar seu primeiro beijo!!!!!! (estamos todos muito surpresos, caro leitor).

“Mas senhor!” ele parecia indignado “além de interpretar errado, ainda passou seus pecados para mim! Não tem vergonha do que faz?” Midoriya, num súbito ataque de ansiedade e coragem, agarrou o braço do belo homem a sua frente, lembrando-se dos sábios conselhos de seu pai Aizawa “cuidado com os belos jovens de lábia fácil, meu filho! Um dia você pode parar que nem eu”.

Todoroki ficou meio emocionado com o contato, mas de coração partido com as palavras, que doeram mais que um tapa. Não ia desistir do amor da sua vida, porém.

“Então eu interpretei errado? Que parte mais macia de tão tenra face haveria de ser senão teus lábios? Perdão, mil perdões! De tamanha esperança me arrependo, mas não me arrependerei de ter provado de teu gosto ao menos uma vez. Fala de pecados, então devolva-me todos eles!”

Midoriya sorriu. O safado do cabelo vermelho e branco era esperto, vejam só. Claro que o jovem Capuleto estava interessado, e queria beijar o jovem a sua frente. Só queria mesmo que o outro tivesse pedido com delicadeza, apenas.

“Então devolvo-te sem reservas, jovem senhor, para que vivas com tua sina” e com essas palavras, Mido-boy beijou o jovem ruivo num ímpeto, levantou-se e correu em direção a Deus sabe-se lá onde.

O Montecchio estava estupefato! De coração leve e esperançado, nem lembrando mais da existência de Shinso, queria apenas saber quem era o formoso rapaz que rebolava (e beijava) gostoso e, louco para descobrir mais, foi em busca de seus amados companheiros (aka stalkers).

Enquanto Todoroki se iludia, Midoriya foi conversar com sua ama e, surtando, interrompeu uma competição de shots (to be continued).