Luce mia escrita por Ariel F H


Capítulo 1
Luce mia


Notas iniciais do capítulo

oioioi

cá estoy com outra fanfic solangelo. eu sinto falta de fanfics em que o will é nerdizinho e timidozinho e o nico eh todo Punk rock vamos queimar igrejas

espero que vocês gostem hihi

abraços e boa leitura ♥



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Will suspirou, exausto. Era uma terça-feira, mas já queria que a semana terminasse.

Olhou para o relógio. Quase onze da noite. Deveria ir dormir, mas não estava com sono algum. Olhou para o livro de química aberto em sua frente. Não conseguiu estudar muito naquela noite, mesmo que precisasse, era incapaz de se concentrar. Sua cabeça estava cheia de coisas.

(Era mentira, sua cabeça estava cheia de uma pessoa apenas, mas Will gostava de mentir para si mesmo as vezes.)

Levantou da cadeira e olhou para a estante de livros. Talvez pudesse reler um pouco de Orgulho e preconceito ou quem sabe ler algumas poesias antes de pegar no sono. Tinha um exemplar novinho do Bukowski ali, que Nico tinha prometido que Will iria gostar.

Antes precisava tirar as lentes de contato. Não podia correr o risco de dormir com elas.

Ele sorriu quando se encarou no espelho, já de óculos.

Por mais que odiasse admitir, Will tinha um pouco de vergonha dos seus quase sete graus de mipia em cada olho. Talvez tivesse alguma ligação com aquele garoto na segunda série batendo em sua cabeça toda hora e fazendo seus óculos caírem no chão de propósito. Ou com aquela garota, no mesmo ano, dizendo como Will ficava horrível com aquilo no rosto. Em público, estava sempre de lente, porque, como dizia desde quando teve consciência disso: Eu fico mais feio do que o normal quando estou com óculos.

Mas, na quinta-feira passada, Will havia acordado atrasado para a aula e acabou se esquecendo de colocar as lentes. Apenas quando encontrou com Nico é que se deu conta desse fato.

Você fica fofo assim. Deveria usar óculos mais vezes.

Will odiou a si mesmo por ficar vermelho e gaguejar quando o ouviu dizer isso. Eles já estavam namorando há meses, que droga, precisava parar de agir daquela maneira.

Sentiu-se meio bobo quando percebeu que ainda sorria para o espelho enquanto pensava no namorado.

Nico estava sempre elogiando Will. Todo tempo. Especialmente quando estavam sozinhos. Will gostava disso, o fazia se sentir especial.

Eu amo os cachinhos do seu cabelo.

Você é tão inteligente.

Eu já falei como você fica uma graça quando se empolga falando de alguma coisa?

A sua voz é tão linda

Você é sempre tão gentil com todo mundo.

Você vai ser um ótimo médico.

Não peça desculpar por falar tanto sobre algo. Eu gosto de te ouvir falando. Continue.

Você é a pessoa mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

Will pegou o celular no bolso e abriu a lista de contatos.

Mensagem para: Meu amor

*

— Pode ser um pinto, então.

— Eu não vou tatuar um pinto, Grace.

— Por que não?

— Porque é ridículo.

— Você é gay e está chamando um pinto de ridículo?

— Eu não chamei um pinto de ridículo. Eu chamei uma tatuagem de um pinto de ridícula.

Nico deu uma tragada no cigarro, esperando uma resposta de Jason, mas ele ficou em silêncio.

— De qualquer jeito, por que um pinto simboliza a nossa amizade? — Nico perguntou.

Jason se virou para ele, com a latinha de cerveja na metade do caminho para a boca.

— Não é óbvio? A gente só ficou amigo de verdade depois que você me contou que é gay e eu contei que sou bissexual.

— Uh, eu acho que usar um pinto pra simbolizar isso é meio cissexista.

Jason levantou as sobrancelhas.

— Isso é mais uma daquelas palavras complicadas que Will te ensinou?

Nico não respondeu, porque Jason estava certo e não queria dar para o amigo mais munição para fazer brincadeira do tipo Você é pau mandado do Will Solace.

— Tá, o pinto é uma péssima ideia mesmo. — Jason reconheceu no fim.

Nico jogou a bituca do cigarro no chão e a pisou com o coturno. Por um instante, se lembrou de quando Will listou para ele basicamente todos os componentes tóxicos do tabaco e ainda passou quase uma hora falando como aquilo fazia mal para seu corpo. Sentia-se um lixo por não conseguir para de fumar. Havia prometido isso ao namorado. Ele colocou as mãos nos bolsos do moletom. Estava frio, ainda mais por ser perto da meia.

Jason  começou a se balançar novamente no balanço ao lado de Nico, ainda com a latinha de cerveja na mão. Os dois estavam naquele parque meio abandonado há vários minutos. Pensou em como Will provavelmente o mataria se soubesse onde estava tão tarde da noite em plena terça-feira, ainda mais bebendo, sendo que teriam uma prova no dia seguinte.

— Que droga. — Nico disse, acendendo outro cigarro. — A gente não consegue pensar em uma ideia decente para uma tatuagem que represente a merda da nossa amizade.

— Ei, não chame a nossa amizade de merda.

Nico deixou o cigarro entre os lábios enquanto tentava tirar a tinta preta da ponta de seu indicador. Odiava como sempre ficava aquela manchinha logo depois de usar a tinta spray. Ao menos o muro daquela igreja tinha ganhado um desenho bem legal agora.

Algo vibrou no bolso de seu jeans. Nico pegou o celular, então sorriu.

Mensagem de: Luce mia.

 

*

 

— Eu só não entendo como vocês estão juntos.

Will continuou a comer o seu pedaço de pizza vegana, fingindo estar ocupado demais assistindo ao filme para ouvir a amiga falando. Ele queria que Lou parasse de falar sobre aquilo.

— Quando você contou que estava namorando com ele, eu achei que não durariam muito. Mas já fazem quatro meses.

Will não parou de comer.  Ele realmente queria que Lou parasse de falar. Não importava que já tinham visto Gatinhas e gatões uma dúzia de vezes, ainda assim queria prestar atenção nos detalhes

— Quero dizer, todo mundo sabe como Nico di Angelo é. Ele já saiu com metade do colégio. Quatro meses é quase como se vocês estivessem casados e...

— Lou!

Will piscou, um pouco assustado em ouvir Cecil praticamente gritar. Olhou para o chão, onde o amigo estava sentado, também com uma fatia de pizza na mão.

— Quantas vezes você vai insistir em falar como é bizarro que Will esteja com esse garoto? A gente já entendeu, pelo amor de Deus.

Will virou a cabeça para o lado, olhando para Lou Ellen, que estava sentada em seu lado.

— Não grita comigo, seu grosso. — ela disse para Cecil, então se virou para Will. — Diga para ele não gritar comigo.

— Não grite com ela, Cecil. — Will falou, porque ele era o tipo de amigo que fazia o que pediam.

Cecil revirou os olhos.

— Ela está sendo chata.

— Com licença? — Lou parecia ofendida. — Não é minha culpa que eu mal conheça o namorado do meu melhor amigo.

— Eu achei que eu fosse seu melhor amigo.

— Não é não. Você gritou comigo.

Will revirou os olhos. Gostava de passar um tempo com seus melhores amigos, mas havia dois tópicos que, sempre que discutiam, Will preferia não os ter por perto: a faculdade — que é para onde os três iriam no ano seguinte — e Nico di Angelo.

— Nós podemos apenas assistir o filme? — Will murmurou.

Lou se virou para ele.

— Onde está seu namorado, afinal?

Will respirou fundo.

— Em alguma festa. É sexta à noite, Lou. Você sabe que ele vai è festas toda sexta.

— Ele vai a alguma festa sem você.

Will deu de ombros. Ele realmente não se importava. Nico gostava de festas, Will não. Confiava no namorado e Nico não era sua propriedade. Fim de papo.

— Mas Lou está certa com uma coisa. — Cecil comentou. Ele pegou o controle da TV e pausou o filme. Deu um olhar penetrante para Will antes de continuar. — Você não acha que a gente deveria conhecer melhor o namorado do nosso melhor amigo?

Will quase engasgou com a pizza.

— Você não lembra que eu tentei isso? Foi um desastre.

Cecil soltou uma risada.

— Eu lembro! Lou pediu até se Nico tinha ficha criminal.

— Não é minha culpa. — Lou resmungou. — Ele com certeza tem ficha criminal.

— Ele não tem ficha criminal. — Will comentou, mesmo que não tivesse cem por cento de certeza disso. — Eu acho.

— Viu! — Lou gritou. — Como eu disse, eu não sei como é que vocês foram terminar juntos, por quatro meses ainda.

— Você conhece a história. — Will disse, entediado.

— É tão clichê. — Cecil falou. Estava rindo. — Você e Nico.

— Eu gosto de clichê. — Will tentou se defender. — É fofinho.

— Fofinho. — Lou repetiu. — Você é doido. Mas é sério, Will, sem brincadeira, eu gostaria de conhecer Nico melhor. Sério dessa vez.

Will piscou.

— Não foi sério da outra vez então?

— Eu achei que ele terminaria contigo na primeira semana!

— Lou...

— Eu sei, eu sei, mas eu não conseguia ver como é que ele levaria isso à sério! Me desculpa, mas é verdade, não me olha assim.

Will ficou em silêncio. Não dava para culpar Lou. Que droga, até o primeiro mês Will ainda achava que Nico não estava levando a sério o relacionamento. Não até Nico dizer eu te amo em pelo menos quinze línguas diferentes e depois passar uma noite inteira abraçando Will e o acalmando sobre o fato de que seus pais estavam se divorciando.

— Eu, uh, meio que concordo com Lou. — Cecil disse. Will olhou para ele. Sabia que nenhum de seus amigos ficava muito feliz com a ideia de Will estar com Nico, mas Cecil sempre foi o mais compreensível. — Quero dizer, você está feliz, então eu estou feliz também, mas... Eu não achei que vocês dois fossem durar muito também. Até tinha preparado um discurso motivador para te dizer quando Nico te desse um pé na bunda.

— Mas agora nós dois percebemos como ele gosta de você. — Lou falou. — Eu ainda não entendo como vocês terminaram juntos, mas mesmo assim, seria legal conhecer Nico melhor.

Cecil acenou, deixando claro que concordava com Lou.

Will suspirou. Tanto Nico quanto Will eram partes de grupos sociais completamente distintos. Era compreensível que seus amigos não fossem amigos entre si, ou que Nico não fosse muito chegado nos amigos de Will e vice-versa.

Mas poderia tentar mudar isso.

— Tudo bem. Eu posso conversar com Nico. Nós quatro podemos marcar alguma coisa. Mas Lou não pode pedir se ele tem ficha criminal. Só eu posso pedir isso.

— Peça para Nico chamar Jason. — Cecil sugeriu, porque ele meio que tinha uma quedinha por Jason.

 

*

 

— Luce mia.

Will sentiu suas bochechas corarem antes mesmo de se virar e ver Nico ali entre as estantes de livros. Ele sempre ficava envergonhado quando o chamava de luce mia. Piorou quando finalmente teve coragem de perguntar o que significava.

— Lou me disse que você estaria aqui. O que está fazendo tão cedo na biblioteca?

Will apertou o exemplar de O retrato de Dorian Gray contra o peito.

— Eu precisava de um livro para a aula de literatura.

Ele viu Nico olhar para os lados, checando se alguém estava por perto. Will não ficou surpreso por ser empurrado para trás, em uma posição bem escondida atrás de uma estante.

— Senti sua falta, amore mio. — Nico murmurou, seus lábios a centímetros dos lábios de Will. — Voglio stare sempre con te.

Will poderia morrer de frustração ali mesmo. Nico sabia como Will amava quando ele falava italiano. A esse ponto provavelmente estava falando apenas para provocar. Nico gostava de provocar.

As mãos de Nico foram até a cintura de Will, gentilmente, como tudo que Nico fazia para ele. Will apoiou os antebraços nos ombros de Nico, ainda com o livro em uma das mãos.

— Me desculpe por sábado. — Nico disse. — Eu não sabia que meu pai me prenderia o dia todo.

— Tudo bem. Não se preocupe.

Eles tinham combinado de passar o sábado juntos, mas o pai de Nico o prendeu em alguma atividade em família, e no domingo Will tinha o aniversário do avô para estar. Foi triste. Os dois não estavam acostumados a passarem dois dias sem se ver.

Will quem quebrou a distância e colou seus lábios nos de Nico. Por mais que estivessem na escola e pudessem ser pegos — o que seria muito ruim, porque provaria para a mãe de Will que Nico o estava levando para o “mal caminho” —, não aguentava mais de saudades.

Toda vez que o beijava, Will não conseguia mais entender por que todos pensavam que Nico não combinava com ele.

Tudo parecia tão certo.

Nico era gentil e atencioso, por mais que os piercings, os anéis de caveira e as tatuagens em seu braço passassem outra imagem. Nico ouvia Will toda vez que ele ficava empolgado falando sobre veganismo. Nico sempre parecia genuinamente interessado quando Will explicava sobre alguma sexualidade ou gênero que Nico não conhecia.

Nico nunca fez nenhuma piada ou tratou com desprezo o fato de Will ser pansexual. Pelo contrário: corrigia todos que chamavam Will de gay apenas por ele estar com Nico.

Nico amava Will por completo. Até mesmo as suas manias bizarras ou obsessões estranhas. Nico nunca fazia Will se sentir mal consigo mesmo.

A melhor parte era que Nico era sempre claro com tudo. Ele fazia o melhor para nunca deixar Will inseguro. E isso era muito mais do que Will poderia pedir.

Nico poderia chamar Will de luce mia quantas vezes quisesse, mas a verdade é que Nico é quem era a luz de Will.

Poderia ficar ali beijando o namorado por mais várias horas, mas Nico se afastou e falou baixinho:

— Só pra deixar registrado, eu amei que você veio de óculos de novo. Você vai usar ele à noite?

Will corou.

Talvez Nico nunca parasse de ter esse efeito nele.


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Notas finais do capítulo

quem adivinhar como o nico e o will terminaram juntos ganha um biscoito

me sigam no tuinter se quiserem: @writerainbow eu to sempre postando coisinhas solangelo

beijinhos ♥



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