Faça um Desejo escrita por Lady Nymphetamine


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766266/chapter/9

Aconteceu no meio da noite. Regina se levantou da cama com uma sensação de incômodo, descendo as escadas e indo para a cozinha de sua casa. Estava sendo complicado andar, se sentia pesada e redonda. Era isso o que significava estar com um bebê totalmente formado em sua barriga. Colocou uma mão sobre a mesa de centro, respirando fundo depois do esforço. Olhou para a geladeira e antes mesmo de pensar em ir até lá, sentiu o líquido quente que escorria pelas suas pernas.

— Oh, droga…

Péssimo momento, péssima situação. Veio então a dor, não tão forte quanto imaginara, mas ainda assim ruim. Precisou respirar fundo mais uma vez, tinha que pensar em alguma coisa. Emma estava dormindo num dos quartos no andar de cima, Henry também, e os dois tinham um sono tão pesado que a casa poderia desabar e não perceberiam. O celular ficara ao lado da cama, usar magia não era uma boa ideia, não sabia as implicações sobre o bebê. Escutou o som de algo batendo contra o vidro, uma, duas, três vezes, até enxergar uma ave negra, um corvo.

— Diablo! - Falou alegre.

Malévola era mesmo a pessoa mais cuidadosa do mundo. Depois do que havia acontecido com Lily, encarregara o seu familiar de vigiar a Rainha, cuidando para nada de ruim a afligisse. A morena foi então até a janela e a abriu, ao que falava para o animal:

— Avise sua mestra… 

Mas nem conseguia terminar a frase, pois logo vinha mais uma contração e a dor, ficando agora pior. A ave não esperaria mais, já havia compreendido o que precisava e então voava para longe, indo alertar a quem interessava. Regina contava os segundos, apoiando-se com os cotovelos sobre a mesa e tentando relaxar o corpo, assim não teria desejos homicidas quando viesse a próxima contração.

Enquanto estava com a cabeça baixa, um par de mãos veio por trás, tocando-a com delicadeza na cintura, passando para os braços e dando um leve aperto de quem demonstra estar presente.

— É muito mais difícil do que botar um ovo - Regina falou erguendo o rosto e se voltando para quem estava ali.

— Aposto que sim - Malévola respondeu com empatia. - Diablo já está acordando os rapazes. Quer que eu chame Emma?

— Ah, por favor! Eu nunca mais entro de novo em um carro dirigido por você - a morena era ácida, ainda naquela situação.

A dragoa sequer tentaria responder, não gostava mesmo dos veículos sem magia, ainda mais quando poderia ir de um lugar para o outro voando, o que era muito mais rápido. Levantou uma mão e girou o pulso no ar, ao que escutaram um grito e o som de algo pesado caindo no chão do andar de cima. Regina a olhou de uma forma a questionar e já reprovar o que havia sido feito, mas a loira não parecia se importar nem um pouco. Logo Emma estava descendo as escadas, completamente molhada da cabeça aos pés.

— Eu sabia que isso era coisa sua! - Ela falou para Malévola, que apenas sorria.

— Ah… - Regina levantava uma mão. - Alô? Grávida em trabalho de parto aqui!

Só então Emma olhava a morena da cabeça ao chão, a poça sobre o piso, conseguindo assimilar de uma única vez o que estava se passando. 

— Já?! Agora?! - A Salvadora perguntou em estado de euforia. - Ok! Ok! Vocês ficam aqui, eu vou pegar a sacola do bebê, acordar Henry… - E ia se afastando, ao que lembrava de algo, voltava para a cozinha e pegava as chaves do carro, penduradas na parede, jogando para Malévola. - Leve ela para o carro, banco de trás.

— Nem morta! - A Rainha se opôs de imediato. - Seu carro nem porta de trás tem! Se eu conseguir entrar, nunca mais saio! Vamos no meu.

Emma revirava os olhos mas desistia de argumentar com a pessoa que estava dando a luz a outro ser humano. Ela então rumou escadaria acima, pulando dois degraus por vez para chegar o mais rápido possível no quarto do filho, enquanto Malévola levava Regina para a Mercedes e a colocava confortavelmente no banco de trás, ou o mais confortável que era possível.

No hospital, o dia começava a raiar com a primeira luz do sol enquanto toda a família esperava na recepção. Mary finalmente surgiu vinda da maternidade, usando uma veste protetora médica e sorrindo muito enquanto tirava a máscara. Emma, que andava de um lado para o outro, parou de imediato olhando a mãe. David, Hook e Robin se levantaram das cadeiras, ao que Henry largou o jogo do celular.

— Deu tudo certo! - Falou a Princesa. - Regina está no quarto, o bebê também. Está tudo… - Ela estava tão feliz que ficava emocionada para falar. - Está tudo bem, como deveria estar! Parabéns, é um menino lindo!

Foi uma bagunça digna da cidade de Storybrooke. Eram seis pessoas entrando em um quarto pequeno para ver o bebê e a mãe deste. Regina estava sentada na cama, uma expressão bastante cansada de quem sofrera por muitas horas de um parto normal, mas não conseguia parar de sorrir com o filho em seus braços, segurando a mãozinha dele.

— Ele é tão lindo… - Disse deslumbrada. - Ele é tão, tão perfeito… Me lembra tanto você… - E olhava então para Henry, ao que reposicionava o bebê em seu colo para que todos o vissem. - Este é seu irmãozão, ele que vai te ensinar tudo de errado que eu sei que você vai aprender - e olhava para os outros. - Mary e Emma vão te ajudar quando precisar se esconder de mim por não ter feito dever de casa, ou quando quiser comer doce escondido. E os outros… - Chegava a parte conturbada, o que a fazia pensar um pouco mais. - Um deles é o seu papai, mas todos vão te amar - depois se corrigiu. - Todos já te amam, muito.

— E o nome? - Henry perguntou. - Pensaram em um nome?

Houve uma troca de olhares, realmente, com todos os problemas que aquela gravidez havia causado, em momento algum havia sido levantada a questão de que nome dar a criança. Regina precisou pensar em alguma coisa rápido, não poderia só chamar o bebê de “o menino”.

— Corey - a ideia surgiu de Emma, ao que todos a olhavam. - Como a avó.

Por pior que Cora houvesse sido em vida, sua morte foi algo que a redimiu, além de ter abalado bastante Mary Margaret. Aquela era uma forma de prestar uma homenagem póstuma a alguém que havia reconhecido suas falhas ao final da vida. Regina se deu por satisfeita, apertando o bebê contra o peito e repetindo:

— Corey, eu gostei.

Não houveram objeções dos demais, era um bom nome, com um futuro cheio de amor pela frente.

No dia seguinte, mãe e filho puderam retornar para casa, lugar que se tornou bastante frequentado nas semanas que se seguiram. Enquanto esperavam o resultado do teste de paternidade, Corey alternava do colo de David para Hook, depois para Robin, conhecendo também Neal e Roland, brincando com Henry, Lily, Mary e Emma. Era muito bom, pois desafogava as responsabilidades de Regina, que podia descansar e se ocupar em reestabelecer o próprio corpo depois do trabalho de parto.

Uma noite, David havia trazido pizzas com Mary para o jantar, Robin colocava a mesa com Emma e Henry, ao passo que Regina balançava Corey depois de amamentar. Foi quando Hook aproveitou para pegar o correio e chegava com algumas contas, mas uma carta em especial denotava atenção.

— O resultado do teste saiu.

Houve um instante de tensão. Regina entregou o bebê para Mary e pegou a carta, visto que ela era com certeza a genitora, nada mais lógico. Suas mãos tremiam enquanto rasgava a parte superior do envelope e abria o papel de dentro. Seus olhos correram rápidos pelas palavras, ao que, no final, franzia a testa com uma expressão confusa. Depois de deixar os demais tensos, ela ria, ao que Emma expressava a dúvida de todos:

— E aí? Não pode ser tão ruim!

— Os três - Regina respondeu estendendo o relatório para que quem quisesse o pegasse e lesse. - Corey é compatível com os três. Ele é filho dos três.

— Mas isso é impossível - Emma pontuou. - Como?

— Magia - Henry foi quem respondeu. - O bebê por si só já é um milagre, então magia explica.

Não era exatamente que explicasse algo, mas servia de justificativa. Regina estava tão cansada de tentar entender tudo que preferia aceitar, tal qual acontecera ao adotar Henry, que não importava os motivos, não importava o “como" acontecera, mas apenas que Corey era seu filho e , uma vez que a sua decisão fora de tê-lo, merecia todo seu cuidado e amor, não importando as respostas para as outras perguntas que pudessem haver. Claro que restavam ainda outros questionamentos, como o que acontecera nas vinte e quatro horas apagadas pela Maldição de Memória de Zelena, mas isto era algo que a Rainha realmente não queria saber e era mais fácil de aceitar assim. Independente do que a irmã houvesse feito, havia acabado e era melhor que a maldição se mantivesse e ninguém recuperasse as lembranças.

— Então… Todos somos pais! - Robin quebrava o silêncio, parecendo genuinamente feliz, colocando uma mão no ombro de cada um dos outros pais.

— Sim! - Era como se David fosse trazido à realidade ao ser tocado. - Sim! - E respirava mais tranquilo. - Neal vai crescer com um irmãozinho quase da mesma idade. Vai ser bom para ele - era uma forma agradável de ver, ainda mais porque ele próprio tivera um irmão gêmeo que fora privado de crescer junto. 

Apenas Hook não havia se manifestado, parecendo bastante nervoso. Regina olhava para ele como esperando uma resposta à situação, mas foi Emma quem chegou perto e tocou-o no braço, ao que o pirata abriu um sorriso bobo.

— Eu tenho um filho - ele nunca parecera tão feliz, nem mesmo quando começou a namorar a Salvadora. - Eu tenho um filho! - E a abraçou a ex sem qualquer segunda intenção. Se afastou logo em seguida e abraçou Regina. - Obrigado, obrigado!

Emma ficou olhando. Claro, esquecera que ali apenas ele não tinha filhos. A primeira criança que se tem é algo inesquecível, uma experiência única, isto ela sabia, ao que lançava um breve olhar para Henry, sentindo uma pequena dor no peito. Ao menos sabia que o pirata seria um bom pai, e isto era ótimo.

A pizza foi servida, o bebê foi para o carrinho ao lado da mesa de jantar, nada mudou com a revelação da paternidade. Em verdade, parecia que havia muito mais um alívio, como se um peso houvesse sido tirado dos ombros daqueles três homens. Havia um sentimento comum a eles que envolvia já terem aceitado, depois de meses para se acostumar à ideia, que a criança poderia ser filho de qualquer um, mais ainda, de cada um. Então o resultado seria muito mais uma manutenção do que já estava acontecendo, da situação atual, em que já se colocavam como pais em igual proporção. 

A cozinha arrumada, os visitantes foram embora, Regina estava no quarto do bebê e terminava de colocar Corey para dormir, pousando-o no berço, enquanto Emma observava encostada no alisar da porta. De braços cruzados, a Salvadora repassava mentalmente quantas mudanças haviam passado nos últimos meses, como ela e a morena haviam se tornado mais próximas, como o menino as havia aproximado da mesma maneira que Henry o fizera. A Rainha se afastou do berço em silêncio, passando pela loira e depois deixando a porta com apenas uma fresta aberta.

— Obrigada por toda a ajuda - disse no corredor. - Não sei como estariam sendo as coisas sem você por aqui. Acho que teria surtado.

— Não, não teria - Emma foi bem sincera. - Você criou Henry sozinha, outra criança seria fácil.

— Não com esses pais. Esses três pais - acrescentou com ênfase. - A gravidez foi difícil, não sei como vai ser agora.

— Vai ser bem melhor - a loira era positiva. - Agora cada um deles sabe em que ponto está, eu acho que as coisas só tendem a melhorar. 

Regina não respondeu, mas olhou bem para a Salvadora, naquele espaço pequeno e com luz fraca.

— Obrigada pelo feitiço do desejo - disse finalmente o que estivera pensando por muito tempo.

— Não precisa agradecer - foi humilde, mas ficava feliz em escutar.

— Não, preciso sim. Obrigada, de verdade - falava mais séria. - Não foi como eu gostaria, como ninguém gostaria, mas eu estou feliz e espero que Corey também o seja.

Um momento de silêncio seguiu a constatação, ao que Emma abaixava o rosto brevemente para depois mirar a morena mais uma vez. Regina, por seu turno, passava os dedos numa mecha de cabelo, levando-a para trás da orelha. As duas se olhavam, mas nada era dito, nem precisava ser. Exatamente por isso era tão crucial que algo fosse feito. A Rainha deu um passo para o lado, em direção ao quarto, mas a Salvadora tocou-a no braço de uma maneira suave, o que a fez parar. Estavam a poucos centímetros, muito próximas naquela meia-luz.

Não existiam mais dúvidas. Emma deu o passo final e beijou Regina sobre os lábios em um beijo suave. Não demorou muito e a morena ia abrindo a boca, as mãos encontravam ombros, costas, ia se tornando mais intenso, o ar começava a não ser suficiente. Fossem ou não os hormônios da gravidez que levassem à resposta, nunca aparecera um momento tão certo para a loira tomar uma atitude, ou jamais iria acontecer.

Por outro lado, talvez fosse este o verdadeiro resultado do desejo feito naquele aniversário pela Rainha. Seu final feliz era se sentir em casa no mundo e, naquele instante, naqueles braços que demorara tanto para notar, era assim que sentia. Precisou que o bebê as unisse para fazer dar certo, ou ainda, os bebês, Henry e Corey. Um desfecho inesperado para o que começara de uma forma completamente diferente, cheia de mágoa e tristeza. Mas agora estava tudo bem, este era apenas o começo do que viria a ser um doce final para duas mulheres que haviam lutado tanto para serem felizes.

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigada a todos que acompanharam a fic, só tenho a agradecer a vocês. Se puderem por fazer deixar comentários, favoritar, recomendar, etc, eu ficaria muito, muito feliz, pois isso sempre é um grande incentivo para escrever mais histórias. Essa daqui acabou, mas tenho outras fica que podem te interessar, então dá uma olhada na minha página! Sou muito grata a vocês ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Faça um Desejo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.