Por Violetta:

Cheguei ao pátio do hotel e me deparo com uma cena um tanto inusitada, León conversando seriamente com papai e Angie e logo depois eles estavam se abraçando. Isto é estranho, tudo bem que o papai até gosta do León, mas não é pra tanto! Até porque ele tem ciúmes de mim, acha que o León vai roubar sua garotinha. Mas eu não dou bola, afinal todo pai é protetor, principalmente em relação ao namorado da filha.

Percebi que a Fran também achou estranho, pois parou ao meu lado observando eles à mesa. Logo chegou a Cami e a Ludmi, a loira olhou pra mim e disse:

— Sister, o que está acontecendo ali? - apontando para a mesa do papai.

— Também não estou entendendo nada, mas vou descobrir!

Respondi pra Ludmi e fui na direção deles, enquanto as meninas foram sentar com seus namorados.

— Bom dia papai! - dei um beijo no seu rosto.

— Bom dia filha!

— Bom dia Angie! - abracei-a.

— Bom dia Vilu!

Sentei ao lado do León e lhe dei um selinho. Estranhei que papai não disse nada e logo perguntei:

— Posso saber o que tanto estavam conversando?

— Nada de mais. Apenas estava dando os parabéns ao Germán e a Angie pelo noivado. - respondeu León.

— Sei, faz de conta que eu acredito! - disse arqueando as sobrancelhas e eles riram.

Decidi não insistir no assunto, vou deixar pra conversar com o León mais tarde e tirar essa história a limpo. Tomamos nosso café e conversamos animadamente. Era tão bom ver papai e Angie felizes. Nem acredito que estão noivos! Finalmente o papai conseguiu vencer os seus medos e resolveu ser feliz!

Depois que terminamos, papai reuniu o pessoal, passando o itinerário do último dia em Sevilha. Primeiro visitaríamos outros pontos turísticos, às 15 horas íamos aos Studio nos despedirmos do Pedro, irmão do Antônio. Tínhamos reserva no Restaurante La Raza para 19 horas e depois teríamos o resto da noite livre.

Visitamos ao Palácio Real Alcázar, fiquei encantada com a arquitetura do lugar, os azulejos coloridos, os mosaicos e os jardins. Depois fomos até a Plaza de Toros, onde se realizam as touradas, nunca gostei disso, sempre achei que fosse uma violência contra o animal, mas fiquei surpresa com as explicações que recebemos no museu das touradas, contando toda a história desta tradição espanhola. Por fim, fomos almoçar no Metropol Parasol, uma moderna construção em madeira que abriga um museu, várias lojas e restaurantes com pratos típicos da Andaluzia.

Terminamos o nosso pequeno “tour” pela cidade e fomos direto para o Studio. A Fran e o Diego finalmente conheceram o Pedro, que ficou muito feliz e insistiu para tocarmos uma última vez. Cantamos En Gira, Llámame e terminamos com Hoy Somos Más, sem dúvida valeu a pena tudo até aqui!

Era tão bom me despedir desta cidade linda na companhia das pessoas que eu mais amo no mundo, meus amigos, meu pai, Angie e León. Não sei o que o futuro nos reserva, mas tenho a certeza que sempre estaremos juntos, mesmo que sigamos por caminhos diferentes, o que cultivamos todo este tempo nunca será esquecido e nenhuma distância poderá separar.

Quando dei por mim estava lendo novamente a placa da parede: “Cada tentativa no caminho é um passo para o seu destino”. Jamais esquecerei destas palavras, elas me deram coragem pra lutar pelo León e também ajudaram o papai a assumir o seu amor pela Angie, mas é óbvio que eu tive que dar um empurrãozinho.

Estava perdida nos meus pensamentos, nem percebi que alguém se aproximava e me abraçava por trás, mas foi só sentir o perfume que reconheci León, o meu León que me deu um beijo no pescoço e perguntou:

— Tudo bem, meu amor?

— Sim, ainda mais agora com você perto de mim. - respondi me virando e dando-lhe um selinho.

Ele me puxou para mais perto, com as mãos na minha cintura, eu enlacei o seu pescoço, ficamos um tempo assim com as testas encostadas, até ele iniciar um beijo de verdade, cheio de amor, que só terminou quando o ar começou a fazer falta.

Ainda estávamos abraçados quando o papai chamou todos dizendo:

— Pessoal, agora vamos voltar para o hotel. Vocês terão tempo para se arrumar para o jantar, às 19 horas. Sairemos juntos para o restaurante e depois vocês têm o resto da noite livre, mas juízo! Lembrem-se que amanhã voltaremos para Buenos Aires, por isso não esqueçam de arrumar as malas.

Nos despedimos do Pedro, prometendo regressar para visitá-lo e nos encaminhamos para o hotel.

Estava no meu quarto, já tinha tomado banho e escolhia uma roupa, quando a Ludmila entrou, para a minha surpresa ela já estava pronta.

— Ainda não está pronta maninha? - ela me perguntou.

— Não sei o que vestir. Que milagre é este de você já estar pronta? Normalmente você demora horas para se arrumar.

— Ah Vilu, estou contando os minutos para passar mais um tempo a sós com o meu italiano topetudo, minha estrela binária. Sabe, ele me deu uma estrela, mas ontem à noite ele me levou aos céus, nunca pensei que iria me apaixonar e me entregar de corpo e alma! Nunca senti isso na vida! Achava que isso não era mim.

— Não sabe como eu fico feliz em ouvir isso, amo você e o Fede como se fossem meus irmãos!

— Agora temos que escolher uma roupa bem linda pra você aproveitar essa noite ao lado do Lion! Fiquei sabendo que vocês passaram a noite de ontem juntos, mas não sei os detalhes, quer me contar?

— Ontem não aconteceu nada de mais, só dormimos juntos, mas foi maravilhoso, não sei se estou preparada para dar o próximo passo.

— Vilu, eu também achava que não estava preparada, mas as coisas foram acontecendo naturalmente e não me arrependo. O Federico foi o meu primeiro namorado de verdade! O primeiro que eu amei e que me amou. Você sabe que eu já namorei o Lion, sei que nós nunca conversamos sobre isso, mas preciso te esclarecer que eu só amei e amo o León como amigo. Nos conhecemos desde criança e sempre fomos amigos, quando entramos no Studio éramos populares, botávamos o terror no formigueiro. Eu era outra pessoa, da qual não me orgulho nenhum pouco, e achei que juntos impediria uma qualquer de roubar o meu brilho. Era um namoro de fachada, não passou disso, ele não me amava e eu também não amava ele, mas sempre nos amamos como amigos, quase irmãos.

— Eu sei Ludmi, o León já me explicou isso. Já que você o conhece há mais tempo, sabe o que aconteceu entre ele e uma tal de Melanie?

— Não faço ideia, ele nunca me disse nada, por quê?

— Porque ela tá insegura, parece que o León teve a primeira vez dele com essa garota! A Vilu caiu na besteira de perguntar e ele foi sincero. Agora fica aí, enchendo a cabeça dela de bobagens. - respondeu a Fran que estava saindo do banheiro, toda arrumada.

— Ai, que bobagem Violeta! O León te ama! Esquece essa história, com certeza isso aconteceu antes dele te conhecer, pois nunca ouvi falar dessa criatura. - respondeu Ludmila me olhando com um olhar de reprovação.

— Vocês têm razão, meninas. Passado é passado! Vou me arrumar, afinal tem um mexicano gato de olhos verdes esperando por mim.

Coloquei um vestido curto, preto, de alças largas, meio justo no corpo, fiz a maquiagem, peguei um casaco leve e estava pronta. As meninas aprovaram o meu visual. A Cami tinha chegado para descermos todas juntas, contou que não passou a noite com o Broduey, mas estava pensando seriamente em não esperar mais, porém aqui não ia rolar nada, porque ela dividia o quarto com a Gery e fazia apenas alguns dias que a Gery e o Clement estavam namorando. Ela não queria pôr a Gery numa situação desconfortável.

Terminei de organizar a minha mala, não queria deixar para a última hora, e fomos encontrar nossos namorados no saguão do hotel. Logo avistei o León, ele estava lindo, vestindo uma camisa azul, com as mangas dobradas, calça jeans e um tênis, quando me viu abriu um largo sorriso, parece que seus olhos se iluminaram e ficaram mais verdes. Ele se aproximou e me abraçou, me sinto segura nos seus braços, quero nunca mais sair deles!

Por León:

Estava aguardando a Violetta no saguão, quando a vejo chegar. Ela não imagina o poder que tem sobre mim, sou capaz de qualquer coisa por ela e com ela. Linda não é elogio suficiente para descrevê-la! Tenho a impressão que ela faz de propósito só pra me deixar louco. Aproximei-me e a envolvi num abraço, agora que a tenho de novo em meus braços, não a solto nunca mais! Dei-lhe um beijo rápido e sussurrei em seu ouvido:

— Você consegue me enlouquecer. Tenho uma surpresa para depois do jantar, a sobremesa é por minha conta.

Depositei um beijo molhado no seu pescoço e senti seu corpo arrepiar. Ela apenas assentiu e nos juntamos ao grupo.

O jantar transcorreu num clima alegre, estávamos felizes, mesmo que esta tenha sido a nossa última turnê juntos pelo Studio. Antes de servirem a sobremesa, fiz um sinal para o Germán, para que ele entendesse que sairíamos, ele concordou e a Violetta me olhou desconfiada, mesmo assim deixou-me conduzi-la para fora do restaurante. Antes da minha surpresa, tínhamos um lugar para visitar, que ficava bem próximo, a Plaza de España. Seguimos andando abraçados até a ponte da praça, onde há exatos quatro dias voltamos a namorar. Rompi o silêncio dizendo:

— Este é o nosso terceiro lugar.

— Como assim? - perguntou ela confusa.

— Temos dois lugares em Buenos Aires e um em Sevilha. O primeiro é o banco do nosso primeiro beijo, à beira do lago do Parque El Rosedal, o segundo é o banco embaixo daquela árvore no Bosque de Palermo e o terceiro é aqui nesta ponte da Plaza de España. Meu amor, nós fizemos uma promessa neste lugar de jamais voltarmos a nos separar e se, algum dia, nos desencontrarmos, pode ter certeza que eu estarei te esperando em um destes lugares, porque eu te amo!

— Eu também te amo e, a partir de agora, em cada cidade ou país que visitarmos teremos um lugar só nosso.

Colei meu corpo no dela e beijei-a, mas logo interrompi dizendo:

— Eu ainda estou te devendo a surpresa, vamos!

Voltamos ao hotel, já tinha deixado tudo organizado antes de sair, só espero que ela goste e não se sinta pressionada a fazer nada que não esteja com vontade. Até tentei pegar outro quarto, mas estavam todos lotados por conta do festival, queria uma cama maior, mas o mais importante é estar com ela e fazê-la feliz, não importa onde.

Paramos na frente da porta do meu quarto, antes de abrir a porta, coloquei minhas mãos sobre seus olhos, ela tentou protestar, mas desistiu quando entramos no quarto e viu o que nos aguardava.

O quarto tinha de pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo chão, a cama estava coberta com elas, ao lado da cama tinha uma mesa auxiliar com um pequeno buquê de rosas vermelhas, um fondue de chocolate com uvas verdes, uma garrafa de champanhe moscatel num balde gelo e duas taças. Fiquei observando por alguns instantes a sua reação, ela estava maravilhada, até que disse:

— Meu amor, tudo isso é pra mim? - ela perguntou com o olhos brilhando, eu assenti. – Eu amei! Estas pétalas no chão me fazem lembrar o nosso banco no Bosque de Palermo!

— Você merece o céu, minha princesa! Que bom que gostou. Hoje a noite é nossa, vamos comemorar a nossa felicidade e nosso futuro!

Dei-lhe um selinho e me virei para a mesa e abri a garrafa de champanhe, servindo os copos. Esse era o momento, antes de alcançar-lhe a taça, peguei a caixa de veludo com as alianças que estavam atrás do balde de gelo e voltei o meu corpo para ela, com a caixinha em minhas mãos, dizendo:

— Vilu, você tem o meu coração e me marcou de uma forma que eu achei que nunca seria possível. Sem você não vivo, apenas sobrevivo! Essas alianças simbolizam todo meu amor por você, um amor tão grande, que às vezes sinto que não cabe no meu peito. Há quatro dias voltamos e eu não te perguntei o que eu queria. Violetta Castillo, a senhorita me daria a honra de ser minha namorada e me fazer o homem mais feliz do mundo?