Implacável destino escrita por J S Dumont


Capítulo 10
Capitulo 10 - Sem escolhas


Notas iniciais do capítulo

olá amores, tudo bem? Estou vindo com o primeiro cap. do ano e está bem quente, tem coisas que vão se esclarecer depois desse cap. espero que gostem e que deixem seu comentário... Favoritem e recomendem também!



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10. Sem escolhas

Lá estava o meu Peeta Mellark, vivo e parado bem na minha frente. Era ele, aquele Peeta Mellark que eu me apaixonei perdidamente e me casei, aquele Peeta que me fez promessas e que agora parecia estarem longe de serem cumpridas.

Ele estava completamente bem, sem nenhum ferimento, sem nenhum indicio de ter sofrido algum acidente. Ele me olhava com um olhar extremamente sério, sua expressão era tão dura que não parecia o Peeta que conheci. Porém, mesmo assim, se estivéssemos em outra ocasião eu ficaria feliz de descobrir que ele não morreu, mas naquele momento aquilo era desesperador, pois eu logo entendi que tudo havia sido um golpe.

Eu sabia que ele não era o Peeta Mellark, eu vi a foto de Peeta e os dois eram completamente diferentes. Então quem é o homem com que eu me casei? Essa pergunta veio como uma bomba para cima de mim, e sinceramente eu estava com muito medo da resposta que ele iria me dar. Porém, sabendo que não me restava outra escolha, foi o que eu fiz, perguntei a ele, mas até o momento ele ainda não tinha me respondido e os segundos sem resposta, parecia uma eternidade.

— Katniss... – ele iniciou dando um passo em minha direção, só um pouco de aproximação já fez meu coração pular, afinal, eu não sabia se era seguro ficar próximo dessa pessoa que nem sei mais quem é. – Você precisa me escutar e com atenção... – ele dizia num tom bastante calmo, calmo até demais. Sua calma estava me irritando, porque eu estava desesperada e louca por respostas. – Eu não queria que você tivesse descoberto assim, através de fotos, eu queria eu mesmo ter te contado!

— O que você queria ter me contado? Que você mentiu para mim? Como uma pessoa se passa por outra até mesmo no momento do casamento? Com quem eu estou casada, então? – perguntei e mais algumas lágrimas caíram dos meus olhos. – Eu sou viúva de uma pessoa que eu nem conheço, é isso mesmo? Diga para mim que isso tudo é apenas um mal entendido! – falei, passei a mão no cabelo num gesto nervoso e senti vontade de chorar compulsivamente, mas me segurei.

Ele suspirou, passou a mão no rosto e tentou se aproximar, eu rapidamente me afastei, indo para o outro lado do quarto, eu estava com medo apenas de estar no mesmo ambiente que ele.

— Certo... – ele disse olhando para mim. – Eu menti para você, confesso, eu não sou Peeta Mellark, ele é o meu meio irmão, meu nome verdadeiro é Cato...

Eu encarei-o com a boca entreaberta e mais lágrimas caíram dos meus olhos, senti uma raiva aflorar dentro de mim e acredito que meu rosto todo ficou totalmente vermelho.

— Como você teve coragem de mentir todo esse tempo? – eu perguntei, senti o meu sangue começar a esquentar cada vez mais, a medida que eu ia me lembrando de todas as mentiras que ele inventou, de todas as palavras que ele me disse apenas para eu me apaixonar por ele, o que ele fez havia sido terrível, imperdoável. Ele me fez me apaixonar por alguém que não existia, ele me casou com um desconhecido. – Você me enganou! – eu gritei, até que a raiva foi tanta que me fez partir para cima dele e sem pensar já fui dando vários tapas em seu peito enquanto sentia as lagrimas de raiva escorrerem pelos meus olhos, eu queria bater, bater e bater, mas nem assim a raiva iria passar, ele segurou os meus braços e me olhou nos olhos.  – Como você fez isso? Você mentiu para mim, você me iludiu fazendo com que eu me apaixonasse por uma pessoa que não existe e você ainda me casa com seu irmão... Por quê? Por quê?

Ele me encarou, ficou calado por alguns segundos, antes de me responder.

— Não Katniss, você não se apaixonou por uma pessoa que não existe, você se apaixonou por mim... – ele disse e então eu ri.

— Não, você inventou um personagem que tinha o nome do seu irmão, mas o resto tudo era mentira, você não era de classe média, não trabalhava na construtora, nunca iríamos viver num apartamento, e você não é o homem de bom caráter que imaginei que era... – eu disparei.

— Mas o que eu nunca menti, foi o meu sentimento por você... – ele falou, eu discordei com a cabeça, totalmente indignada com que ele estava me dizendo. - Eu fiz isso porque estava irritado, furioso, cheio de ódio...

—De ódio de quem? Do seu irmão? – perguntei, enquanto enxugava as lágrimas.

— Sim, porque ele sempre se achou um máximo, sempre se achou o maioral para cima de mim, e ainda quando o nosso pai morreu, as coisas só pioraram, pois meu pai deixou a presidência da nossa empresa para ele, e era para ela ser minha, por eu ser o filho mais velho, mas não, Peeta sempre teve que ser o filho preferido, tudo era o Peeta, Peeta é o mais responsável, Peeta é o mais inteligente, e ai meu pai nunca me deu uma chance para nada, e como eu iria engolir isso? Eu não podia aceitar que ele sempre tenha que vencer! Até a casa ficou para ele, ele acabou herdando quase tudo, o máximo que me sobrou foi uma merda de uma casa de praia, outras propriedade ridículas, uns míseros custões e o direito de viver aqui até quando bem me entender, o que são nada se comparado á fortuna de nossa família...  – ele falava com ódio, mas por mais que ele falasse algumas coisas não entrava em minha cabeça, eu não conseguia entender como ele armou tudo isso, pois como ele sabia que Peeta iria morrer?A não ser que... Ele tenha o matado.

— Você o matou... – eu falei assustada, no mesmo momento em que cheguei a essa conclusão, olhei para ele com um olhar assustado, enquanto dava alguns passos para trás. – Você matou o seu próprio irmão!

— Não, eu não o matei! – ele disse, tentando se aproximar de mim, porém eu recuei para impedir a aproximação.

— Ah não? Então qual era o seu plano Cato? O que você ganharia me casando com Peeta se ele continuasse vivo? – perguntei.

Cato ficou calado por alguns segundos, apenas me olhando, antes de me responder.

— Eu sabia que ele havia recebido ameaças de morte, alguém queria ver Peeta morto, então eu pensei, se ele morresse provavelmente minha mãe assumiria a presidência, a casa ficaria no nome dela, o dinheiro, tudo que ele havia herdado, então eu tive essa ideia... – ele respondeu, e então eu dei uma risada irônica, discordando com a cabeça.

— Qual era seu plano Cato? Pagou um juiz para nos casar e depois quando Peeta morresse, você me contaria toda a verdade, eu herdaria tudo, aceitaria e me casaria com você? – perguntei.

— Por que não? – ele perguntou, discordei com a cabeça, e totalmente indignada, aproximei-me e dei um tapa em seu rosto, foi tão forte que escutei o estralo, no mesmo momento Cato colocou a mão no local atingido e ficou me encarando seriamente.

— EU NUNCA ACEITARIA ISSO! – eu gritei, ele colocou a mão rapidamente na minha boca, tampando-a.

— Não grita, vão escutar! – ele pediu, tirando a mão da minha boca, mas ainda me segurando.

— É para isso mesmo eu quero que todo mundo saiba o que você fez comigo, você não tinha esse direito de me enganar dessa forma... – eu disse já me virando para sair do quarto, porém Cato me segurou pelo braço, me obrigando a encará-lo novamente.

— Você não vai contar isso para ninguém, quem você acha que vão acreditar? Em você? Eles nem te conhece, eu posso inventar muitas coisas, você já viu Katniss que eu sei mentir muito bem, abre essa sua boca que eu te enfio na cadeia, você e sua irmãzinha como cúmplice... – Cato falou num tom bem ameaçador, depois me deu um selinho rápido e me empurrou para trás, em seguida ele se virou e saiu do quarto sem dizer mais nada, batendo fortemente a porta atrás de si, eu limpei minha boca com a mão e depois me joguei na cama, abracei o travesseiro, enquanto começava a chorar compulsivamente.

Eu não acreditava que tinha acontecido isso comigo, e ainda para piorar eu enfiei a Prim em toda essa confusão, eu estava nas mãos de Cato, nas mãos do homem que eu jurei amar e que acreditava que amaria para o resto de minha vida.

***

As histórias de amor ás vezes não acaba como queremos, tudo havia começado como se fosse um lindo conto de fadas, o Peeta que eu conheci parecia ser um príncipe, porém, tudo acabou sendo um terrível pesadelo. Um terrível erro, e de príncipe aquele homem não tinha nada, e pior, nem Peeta Mellark era.

Aquela mansão logo começou a parecer uma terrível prisão de luxo para mim e eu já estava me sentindo sufocada, primeiro por saber que estou de luto por uma pessoa que eu nem sei quem é, segundo por saber que Cato me colocou numa fria, e definitivamente eu não queria me fingir de viúva, aquilo era errado, fugia totalmente dos meus princípios. Como eu iria herdar o dinheiro de uma pessoa que sequer eu conhecia?

Prim me aconselhou a continuar fingindo, para ela essa era a coisa mais sensata a se fazer, eu a entendia, ela estava com medo, afinal, nunca iria acreditar em mim, a mãe de Cato parecia ser uma ótima mulher, mas provavelmente ficaria do lado do filho.

Por mais que eu pensasse, eu não conseguia imaginar como sair daquele problema que Cato me meteu, as ameaças continuavam, ele sentia-se satisfeito em ver seus planos dando resultados positivos. Quando eu o via sorrir, eu me perguntava: Como alguém poderia se alegrar pela morte de outra pessoa? Ainda mais sabendo que essa pessoa que morreu é seu meio irmão.

Tudo bem, ele parecia odiar Peeta, mas isso não o fazia deixar de ser seu irmão. E ainda ele não parecia nenhum pouco triste pela morte dele.

Mesmo que Cato insistisse que não matou Peeta, ás vezes eu ficava com essa duvida, as atitudes dele eram estranhas, e eu estava vendo que ele era completamente diferente do homem por quem eu me apaixonei, pelo homem que ele fingiu ser por todo esse tempo.

Afinal, o que ele fez não era algo de uma pessoa de bom caráter. Depois de dois dias que eu estava nessa situação, ele chegou a me explicar que planejou tudo logo quando abriram o testamento e ele descobriu que boa parte da herança havia ficado para Peeta, então começou a procurar uma mulher perfeita para o plano e me conheceu, ele disse que com tempo fora se interessando por mim e gostando de mim de verdade. Mas, eu não conseguia acreditar, pois se ele mentiu sobre sua identidade, inventou um personagem, me enganou por todo esse tempo, nada do que ele me falasse não poderia mais ser verdade, era obvio que era impossível acreditar nele. E eu não aguentava mais viver na mentira, os dias se arrastavam e a tortura não tinha fim. Eu estava com medo, com muito medo de qual próximo passo que Cato iria tomar.

— Assim que você receber a herança, a gente vai embora para outro país, voltaremos para cá apenas depois de dois ou três anos... – ele disse para mim, enquanto estávamos no enorme jardim da mansão.

— Sua família não vai achar estranho que voltemos casados? – perguntei irritada com a ideia dele.

— Vamos dizer que nos reencontramos por acaso, nos apaixonamos... – Cato disse, dando de ombros.

Discordei com a cabeça, indignada com a ideia dele. Eu não queria fazer isso, eu não conseguiria mais vê-lo da forma que eu via antes, ele me usou, isso eu nunca conseguiria esquecer, e ainda ele estava querendo me obrigar a herdar uma fortuna que não me pertencia.

— Eu não vou me sentir a vontade Cato com essa situação, eu não quero essa fortuna, e muito menos ir embora e me casar com você, por favor, me deixa ir embora, tudo isso foi um erro... – eu pedi a ele, Cato me olhou com um olhar nada agradável, enquanto me agarrava pelo braço e o apertava com força.

— Você não vai me deixar agora, não depois de todo o esforço que eu fiz para que tudo desse certo, a gente vai esperar a herança e vamos embora juntos, vamos esquecer esses momentos não muito agradáveis que passamos, e começaremos uma nova vida juntos... – ele falava num tom mandão e ao mesmo tempo ameaçador.

Cato parecia ter graves problemas, afinal, como ele podia pensar que eu conseguiria apenas virar essa página e continuar com ele como se nada tivesse acontecido? Como ele imaginava que nosso relacionamento pudesse permanecer através de ameaças? Pouco a pouco eu via meu coração quebrar-se cada vez mais, a decepção doía, como doía, era terrível ver que tudo que você viveu nesses últimos tempos era apenas uma terrível ilusão. E eu me sentia perdida, sem saber o que dizer e sem saber direito o que fazer.

Eu chorava quase o tempo todo no quarto, vivia assustada e não queria nunca sair de dentro da mansão, ainda os jornalistas continuavam na porta, querendo alguma entrevista que eu nem saberia como dar.

Quando consegui me livrar de Cato e voltei para o quarto, Prim entrou logo atrás de mim, ela também estava nervosa, mas ainda preferia que continuássemos com a mentira.

— Não dá mais Prim para eu aguentar, eu quero ir embora daqui... – eu disse, e depois virei para ela e encarei-a seriamente. – Eu acho que o melhor a se fazer nesse momento é fugir!

— Fugir? Vamos para onde Katniss? Para casa, desculpa mais Cato sabe onde moramos... – ela respondeu.

— Bom, podemos dar uma passada rápida só para falarmos com nosso pai, eu tenho algum dinheiro lá, a gente pega e o convencemos a sairmos de lá, podemos alugar alguma casa em outro lugar, tentar começar uma vida nova, eu arrumo outro emprego, eu só quero ficar longe de Cato... – eu respondi bastante nervosa com a situação. Prim discordou com a cabeça, não parecia ter gostado muito da minha ideia.

— Katniss, não vai dar certo, Cato vai nos procurar se ele achar vai ser pior, ele está louco pelo dinheiro e ele sabe que só você por ser a viúva pode consegui-lo, se fugirmos a situação será pior... – ela respondeu e logo entendi, Prim não iria comigo.

Logo então me convenci de ir sozinha, eu iria para casa, pegaria meu pai e o dinheiro e depois voltaria, ligaria para ela e tentaria buscá-la, Prim precisava desse tempo para se convencer de que não daria mais para continuarmos com a mentira, no mínimo que eu demoraria era um dia para fazer tudo isso.

Decidi fugir de noite, deixei uma carta para Prim e peguei o ônibus na rodoviária, demorou muitas horas para que finalmente eu chegasse novamente ao meu lar.

Não pude evitar começar a chorar assim que entrei em minha casa, ali era o único lugar que eu poderia me sentir segura, porem nesse momento nem a minha casa me trazia mais segurança.

Meu pai não estava em casa e pelo horário que era eu imaginei que ele havia saído para trabalhar, então eu fui rapidamente para o quarto para fazer uma nova mala e pegar o dinheiro, eu estava disposta a procurá-lo aonde ele costumava ficar vendendo suas coisas e imploraria para que ele fosse embora comigo, antes que Cato aparecesse.

Assim que terminei de arrumar tudo e pegar o dinheiro, fui até a porta, destranquei-a e já ia sair, quando ao me virar deparei-me com ele. Cato, ele estava parado na porta me olhando com um olhar bastante sério. Meu coração no mesmo segundo acelerou.

— O que você pensa que está fazendo? – ele me perguntou.

— Eu vou embora, eu não vou mais participar disso... – eu respondi, tentando empurrá-lo para conseguir espaço para me afastar, porém Cato logo me segurou.

— Você não vai me deixar agora, lembre-se que estou com sua irmã, você quer que ela vá para cadeia, ou melhor, você quer que seu pai vá para cadeia? – ele perguntou, olhei para ele incrédula.

— Meu pai? – perguntei, a voz quase não saiu.

— Seu pai vende coisas ilegais, pensa que eu não sei... – logo ele começou, fazendo meu coração disparar mais acelerado ainda.

Meu pai costumava pegar coisas para vender, porém, há pouco tempo ele descobriu que essa pessoa que fornecia a mercadoria para ele, conseguia a mercadoria de forma ilegal, ou seja, a mercadoria era roubada Meu pai não estava de acordo, porém, não parou de vender, eu o entendia, ele precisava do dinheiro. Só não sei como Cato sabia disso, eu nunca contei isso a ele.

Foi então que eu comecei a perceber o quanto eu estava nas mãos dele, eu estava mais perdida do que nunca, Cato não ia desistir. E eu também sabia que não suportaria ver meu pai preso por minha culpa, por isso o acompanhei de volta a mansão, eu estava disposta a pegar aquela droga de dinheiro, mas eu queria entregar todo o dinheiro para ele em troca de minha liberdade.

Assim que ele parou o carro em frente á mansão já era de noite, a viagem era meio longa e em todo caminho nós dois nos mantemos quietos, eu não tinha o que falar para Cato, eu não tinha coragem nem de olhá-lo, era tão insuportável ficar na presença dele, que quando finalmente chegamos em casa, eu não o esperei nem descer do carro, fui descendo primeiro e entrando na mansão rapidamente, eu já estava na escadaria, quando escutei alguém chamar o meu nome.

Era uma voz masculina, uma voz que eu não conhecia. Rapidamente parei para olhá-lo, e assim que meus olhos pararam nele, meu estomago despencou, senti minha cabeça girar, parecia que não era real, era como se estivesse vendo um fantasma.

Era Peeta que havia me chamado, era ele que estava parado na sala olhando para mim, sim, o verdadeiro, o homem da foto. Mas como ele poderia estar na sala de esta da mansão se ele está morto? Eu havia ido ao seu enterro, ele estava embaixo da terra agora.

— Vem aqui! – ele me chamou, mas eu não consegui nem me mover, minhas pernas estavam moles devido ao susto,  me segurei no corrimão, para não cair.

— Katniss, querida, sim, é Peeta de verdade! – a madrasta de Peeta exclamou, descendo as escadas na minha direção. - Você não está sonhando... – ela acrescentou, então parou próxima a mim e me segurou. – Filha, o que você tem? Ai pobrezinha deve ter sido a emoção... – ela disse. Porém eu não conseguia olhá-la, eu não conseguia desgrudar os olhos de Peeta, aquilo tudo não parecia ser real, parecia ser algo de minha cabeça, um pesadelo, sim, um terrível pesadelo.  – Ai filha, vem aqui vem, foi o susto não é? – ela então me ajudou a descer os degraus, uma hora eu quase cai novamente, eu não conseguia sentir as pernas, eu ainda estava tentando me recuperar do susto.

Ela me levou até o sofá eu me sentei nele, e encarei o chão, não conseguia nem olhar para Peeta.

— Nossa você está tremendo, foi á emoção não é? É um verdadeiro milagre, eu também fiquei assustada quando soube, o hospital ligou ontem para falar que Peeta estava vivo, ele estava sem documentos e foi encontrado na estrada, e ficou em coma por duas semanas, outra pessoa que o acompanhava que morreu no acidente, foi tudo uma confusão, mas ele está bem, só bateu a cabeça e está com uma costela fraturada e o braço quebrado, diga se não é um milagre?

Eu nem consegui responder, a voz naquele momento não saia. Foi quando a porta se abriu, Cato entrou e pareceu ter ficado tão assustado em ver Peeta vivo quanto eu.

— Filho, você viu! –ela foi agora até Cato e o segurou, ele continuava olhando para Peeta com os olhos arregalados. – Seu irmão está vivo!

Cato me olhou com um olhar assustado, eu estava perdida, não conseguia sequer pensar, agora faltava pouco para eu parar atrás das grades. Fiquei em choque e só consegui voltar a mim, quando ouvi a voz dele comentar:

— É a emoção não é? – olhei para Peeta, ele que havia me feito essa pergunta, e eu notei um tom um tanto sarcástico em sua voz.

— S-Sim... – eu gaguejei, evitando olhá-lo. – Eu estou muito feliz... – acrescentei, ainda encarando o chão.

***

Quando achamos que nada em nossa vida pode piorar, vem uma dura e cruel realidade provando que sim, isso é possível. Sim, eu sou a maior prova disso, pois em poucos dias eu vi minha vida ir desmoronando cada vez mais e mais. Primeiro acredito que o meu marido morreu e isso já é horrível, depois descubro que a pessoa com quem eu me casei está viva e isso sim poderia ser ótimo, poderia se não fosse pelo fato de que essa pessoa me enganou, e que na verdade eu não estou casada com ela e sim com outra pessoa, com o seu irmão, e que de inicio eu penso que ele morreu. Depois acabo de descobrir que as coisas ainda podem piorar e que essa pessoa está viva. Não que eu deseje a morte dos outros, só que eu sabia que se o verdadeiro Peeta Mellark está vivo, ele pode me denunciar a qualquer momento, afinal, ele sabe que eu não me casei com ele.

É, é um tanto confuso o que aconteceu principalmente para mim que estou vendo toda essa bomba estourar, só que, para minha surpresa, esse Peeta não chegou á sua casa já dizendo: Não, eu não estou casada com essa mulher, tenho certeza que ela é uma farsante. Para minha surpresa, ele quis entrar na “brincadeira”, e comecei a fingir ser sua esposa, e ele o meu marido.  Na verdade, ele parecia estar jogando o jogo, um jogo de gato e rato, e acredito que seja com o objetivo de ver até onde essa mentira iria chegar.

— Bom, eu vou me retirar porque eu estou muito cansado... – ele disse, de repente, minha cabeça ainda continuava girando e estava difícil digerir o que havia acabado de acontecer.

— Ah claro filho, é o melhor, você precisa descansar... – Esme respondeu. E então notei que Peeta olhou para Cato, e em seguida olhou para mim, com aquele olhar desconfiado, eu sabia que precisava disfarçar, porém estava muito difícil, o susto havia sido muito grande. — Está tudo bem filho? – ela perguntou.

— Sim, eu estou! – ele respondeu e depois se aproximou de mim. - Se sente melhor? – ele me perguntou, fechei os olhos e olhei para o chão, estava difícil de encará-lo.

— Sim, obrigada! – agradeci, eu abri os olhos novamente, mas não consegui olhá-lo mais.

— Consegue se levantar? – ele perguntou.

— S-Sim... – eu gaguejei.

— Então me acompanha? – ele pediu, e então eu me levantei, já com coração disparando, já imaginando que dali iria acontecer o pior.

  Sim, de inicio eu achei que ele queria que eu o acompanhasse até o quarto, para lá jogar tudo em cima de mim, acusar-me de farsante, jogar na minha cara que nunca se casou comigo e varias outras coisas mais. Porém, assim que chegamos, não foi muito bem isso que aconteceu, ele continuou naquele jogo, talvez ele estivesse confuso, talvez ele acreditasse mesmo que bateu a cabeça no acidente e ache que está tendo lapsos de memória, porém até eu mesma achava isso um absurdo. Peeta lembrar-se de tudo, menos do casamento e de sua esposa, era quase um absurdo fazê-lo acreditar nisso, se nem eu mesma iria acreditar se tivesse em seu lugar.

  Porém, por mais que fosse um absurdo, eu sabia que precisava fazer isso para minha segurança, se eu não quisesse parar na cadeia e ainda levar minha família no buraco junto comigo, eu precisava mentir, eu precisava fingir, eu precisava enganar Peeta, mesmo sabendo que essa mentira não duraria por muito tempo.

***

AGORA

— E a verdade foi essa, eu precisei manter a mentira, Cato disse que você havia batido a cabeça, estava com lapsos de memória e poderíamos usar isso ao nosso favor, pelo menos por um tempo até vermos o que poderíamos fazer...

— E então por isso aconteceu à viagem... Por isso você fugiu com ele naquela festa, foi isso? – Peeta perguntou, ele estava sentado a minha frente e me olhava com um olhar de pura indignação, eu o entendia, estava sendo difícil para ele ouvir toda a minha história, eu estava esfregando na cara dele que havia chances e muitas do irmão dele ter planejado o seu assassinato, eu estava confessando a ele que o seu irmão me enganou, fingindo ser ele, apenas para se casar comigo para que eu pudesse ser a viúva e herdar toda a sua fortuna, sim Peeta estava ouvindo que acabou de levar uma bela de uma rasteira e que se agora estivesse enterrado, seu dinheiro estaria nas mãos de Cato, que ainda poderia ser seu assassino.

Eu demorei alguns segundos para respondê-lo, enquanto me lembrava novamente daquela festa, ao lembrar-me da fuga era impossível não me lembrar do meu pai, ele fugiu e agora eu sequer sabia onde ele está, e o que me deixava mais nervosa é saber que ele deve estar se sentindo muito culpado por tudo que aconteceu.

— Cato sabia que eu não podia ficar fingindo ser sua esposa para sempre, na verdade nós sabíamos que nunca colou para você essa de que você está com lapsos de memória e não se lembra de mim e do casamento, então, primeiro o plano de Cato era que você aceitasse o meu pedido de divorcio, eu fiz o que ele me pediu, eu pedi e insisti para que você me desse o divorcio, mas quando vimos que isso não daria certo e que você iria adiar e adiar e não iria aceitar se divorciar, Cato disse que teríamos que mudar de tática, ele estava preocupado de você acabar fazendo alguma coisa, me denunciar, contar para todos que eu sou uma farsante, então, ele pensou em agir rápido, e aproveitou a festa para nós fugirmos...

— Qual era o plano dele? – Peeta perguntou.

— Ele queria que todos nós passássemos alguns dias no hotel e depois íamos viajar de avião para outro país, ele queria ficar um tempo lá até a poeira abaixar...  – eu respondi.

— Por que você aceitou? Por está apaixonada por ele, é isso? – Peeta perguntou, levantando-se e começando a andar pelo quarto.

Eu discordei com a cabeça, inconformada com a pergunta dele.

— Não é isso! – eu disse, fazendo Peeta voltar a me olhar. – O que você queria que eu fizesse? Ele estava me ameaçando, eu nem te conhecia, eu não podia simplesmente chegar em você e te falar tudo isso, você ia ficar em qual lado? Provavelmente no do seu irmão, é bem mais fácil acreditar na família do que num estranho... – eu disparei.

Peeta parou de andar, colocou as mãos na cintura e me encarou fixamente.

— Para sua surpresa não, é duro ouvir isso, mas sempre tive desconfianças de que Cato é capaz de tudo, até mesmo de me matar para ficar com todo o dinheiro! – Peeta soltou, eu então abaixei a cabeça, enquanto pensava em como Cato conseguiu me enganar esse tempo todo. – E você ia ficar com ele depois de ele ter te enganado? – Peeta perguntou, agora numa voz mais controlada. Algumas lágrimas caíram dos meus olhos, enquanto eu voltava a me lembrar dos últimos acontecimentos, eu no hotel sendo ameaçada por ele, ele com aquela insistência de que as coisas poderiam ser resolvidas e “poderíamos ficar juntos” e eu apenas sentindo culpa por ter colocado meu pai e minha irmã nessa.

— Eu não tinha escolhas Peeta, eu tentei fugir uma vez como eu te contei e Cato foi atrás de mim, se eu o tentasse faria isso de novo... – eu respondi, enquanto sentia mais lágrimas escorrerem pelos meus olhos. – Se a ameaça fosse apenas comigo, talvez eu me sacrificasse e iria para cadeia apenas para não viver essa farsa, mas meu pai e minha irmã não têm nada haver com isso, eles são vitimas de toda essa situação, meu pai é um senhor de idade, doente, ele não pode passar o resto dos dias dele na cadeia por minha culpa! – falei, num tom um pouco mais alto, senti mais lágrimas caindo dos meus olhos. – O coitado nem sabia de nada, achava que eu tinha feito um bom casamento, ele descobriu tudo quando Cato foi buscá-lo para fugirmos todos juntos, e ele ainda me ouviu falando que eu estava me sacrificando por ele, porque eu não queria que ele fosse parar na cadeia, por isso ele fugiu... – falei, limpando as lágrimas que desciam dos meus olhos. – Para me livrar disso, desse sofrimento...

Peeta suspirou, passou a mão em seu cabelo e voltou a se sentar em minha frente.

— Eu prometi a você que vou te ajudar a encontrar o seu pai... – ele falou, e então o encarei com uma expressão séria.

— Eu preciso encontrá-lo, ele não tem saúde suficiente para viver ai sozinho... – eu disse, sentindo meu coração apertar ao me lembrar dele.

Peeta ficou quieto por alguns segundos, apenas me olhando, até enfim, perguntar:

— Cato está apaixonado por você?

Eu entreabri os lábios, surpresa com a pergunta dele.

— Ele diz que sim... – respondi.

— E você? Você não me respondeu, você está apaixonada por ele? – ele novamente insistiu nessa pergunta, e ela definitivamente me deixava muito nervosa.

— Eu o amei muito, agora não mais! – falei, firmemente.

— Vocês já dormiram juntos?

— Não!

— E por que não?

— Eu queria esperar o casamento e depois que casamos você já sabe o que aconteceu... – eu disse e depois desviei o olhar para o chão, eu já estava começando a me cansar desse interrogatório.

— O que ele falou sobre meu acidente? – ele perguntou.

— Que você havia recebido ameaças de morte e uma hora iriam te matar, por isso ele planejou isso tudo...

— E você acreditou nisso?

— Eu não sei, não sei, eu nem te conheço, as únicas coisas que eu sabia sobre você era o que o Cato falava... – eu falei, voltando a olhar para ele e caindo numa crise de choro, era difícil contar tudo isso para Peeta, ainda mais que isso me lembrava de tudo o que eu passei.

As ameaças de Cato, o medo de Peeta me denunciar a qualquer momento ou querer cobrar os meus deveres de esposa, o medo de minha irmã e meu pai irem parar na cadeia por minha culpa, é, tudo que eu vivi nessas ultimas semanas havia sido um verdadeiro inferno, e contar, falar tudo isso para Peeta só fazia voltar á tona tudo isso novamente. Como se eu estivesse revivendo isso tudo de novo.

— Você vai me colocar na cadeia não vai? – eu perguntei para Peeta, ainda chorando. Ele continuava sentado na minha frente e com o rosto muito próximo do meu, seu semblante era bastante sério e eu não conseguia imaginar o que ele estava pensando nesse momento. – Por favor, eu só te imploro por uma coisa, se você for me denunciar, não coloque meu pai e minha irmã nessa, por favor, eles não tem culpa de nada, eu que sou a única culpada, fui eu que confiei no Cato, se alguém tiver que ir para cadeia, esse alguém é eu!

Peeta suspirou, discordou com a cabeça e olhou para o chão, o tempo em que ele ficou em silencio quase me matou, eu precisava desesperadamente de uma resposta dele.

— Você não tem culpa Katniss! – ele respondeu e eu o olhei levemente surpresa com sua resposta. Peeta então colocou a mão em meu rosto, começando a enxugar as minhas lágrimas. – Você apenas acreditou em seu noivo, você apenas se casou com alguém que estava apaixonada, você não tem culpa dele ser um canalha, o único erro seu é ter se apaixonado por alguém que não prestava e isso pode acontecer com qualquer pessoa!

Meu coração disparou acelerado enquanto eu o ouvia falar.

— Você então não vai me... – eu comecei, tentando digerir as palavras de Peeta.

— Não, eu não vou, mais com uma condição... – ele disse.

— Qual? – perguntei.

— Você vai fazer tudo o que eu pedir para você... – ele me respondeu.

Nesse momento meu coração estava quase saindo pela boca.

— E o que você vai me pedir? – eu perguntei, e a voz quase não saia.

— De inicio, só que você continue aqui, na mansão, fingindo ser minha esposa, até eu ver o que posso fazer com o Cato, pois existe uma possibilidade e muito grande dele ter armado o meu acidente, e se ele tentou uma vez ele pode tentar de novo, você não acha Katniss?

— S-Sim... – eu gaguejei, ainda sentindo a cabeça girar, com o que ele estava me pedindo.

— Então, se você for embora ele pode também ir atrás de você, continuar te ameaçando e até mesmo fazer alguma coisa com você por você ter me contado toda a verdade, além do mais, você precisa estar aqui para testemunhar caso eu decida denunciá-lo... – ele respondeu, fazendo-me engolir em seco e desviar o olhar para o chão. – O que foi? Não quer que eu o denuncie? – ele me perguntou e então eu voltei a olhá-lo.

— Não, não é isso, é que as coisas aconteceram rápido demais, tudo ainda está confuso na minha cabeça, sabe... – eu disse, passando a mão no meu rosto, depois suspirei. – Eu posso ir para o meu quarto agora? – perguntei.

Peeta me olhou por alguns segundos antes de me responder.

— Sim, só vou te pedir mais um favor antes... – ele disse, enquanto eu me levantava, ele também se levantou e me olhou seriamente.

— Claro, qual? – perguntei.

— Não fala sobre isso com ninguém está bem?... – ele pediu, eu concordei com a cabeça. Peeta suspirou, aproximou de mim e colocou suas mãos em meu ombro, dando-me um leve beijo na testa. – Eu sei que falar sobre isso deve ter sido muito difícil para você... – ele disse voltando a me olhar, eu concordei com a cabeça e mais lágrimas caíram dos meus olhos.

— Me perdoa... – eu pedi, quase em sussurros.

— Eu já disse que você não tem culpa, você foi uma vitima assim como eu... – ele disse. Eu concordei com a cabeça, o olhei por alguns segundos e depois eu me afastei, até sair do quarto dele, sem ter coragem de olhar para trás.

Confesso que fiquei aliviada assim que pude sair daquele quarto e assim que entrei no meu, eu tranquei a porta rapidamente, encostei-me nela e senti mais algumas lágrimas caírem dos meus olhos. Minha pele já ardia de tanto que eu já chorei, na verdade isso era o que eu mais fazia desde que tudo aconteceu.

Prim estava deitada em minha cama e assim que me viu, sentou-se rapidamente nela e me olhou com um olhar de expectativa.

— E então Katniss você contou tudo? – Prim me perguntou.

Eu suspirei e caminhei até a cama, sentei nela e olhei para minha irmã, enquanto eu passava a mão no rosto para retirar as lágrimas.

— Sim, eu contei... – respondi.

— E ele vai nos denunciar? – ela perguntou.

— Ele disse que não, mas com a condição de que eu continuasse aqui fingindo ser a esposa dele, até ele ver o que vai fazer, ele parece estar preocupado com o que o Cato pode fazer...

Prim sorriu e levantou-se da cama.

— Isso é ótimo, podemos continuar nesse casarão e não teremos mais com o que se preocupar, já que ele já sabe de toda a verdade! – ela disse, parecendo ter ficado empolgada com a condição de Peeta.

Eu suspirei e discordei com a cabeça, inconformada.

— Você acha isso ótimo? – perguntei, levantando-me da cama. – Eu só queria ir embora Prim, eu só queria ter a minha vida calma de antes, poderia ser humilde, sim, mas pelo menos não tínhamos toda essa dor de cabeça, essas foram ás piores semanas da minha vida, e ainda terei que prolongar tudo isso, ficando aqui, nesse lugar, com a família do Cato o homem que me enganou, você acha que eu vou conseguir fechar os olhos e fingir que nada disso aconteceu e curtir essa casa só porque estou no meio do luxo? Não Prim, eu prefiro a minha antiga vida de volta! – eu respondi.

— Você não está pensando em fugir novamente não é? Pense que Peeta prometeu em não nos denunciar com a condição de você ficar aqui fingindo ser esposa dele! – ela me lembrou, me fazendo suspirar e me aproximar do espelho, olhei-me nele e só então me dei conta de como os meus olhos estavam inchados.

— Eu sei Prim, e eu tenho a impressão de que se eu fugisse, não seria apenas Cato que iria atrás de mim... – eu respondi, e depois olhei para ela com um semblante sério. – Peeta também iria, e na condição que eu estou ele se tornou tão perigoso para mim do que o irmão! – eu acrescentei, Prim me encarou e pelo seu semblante ela parecia não entendido o que eu estava querendo dizer.

Continua...


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Notas finais do capítulo

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