Hold on escrita por Brru


Capítulo 8
Tentativa




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— Sabe que amo essa casa, meu jardim, e minhas coisas!

— Sim, mamãe. - Julieta assentiu.

— Ficarei apenas até seu casamento.

— Tudo bem, Dona Guadalupe.

— Mas ainda acho essa ideia muito estranha e duvidosa.

— E por que?

— Bom, em todo esse meu tempo de vida, nunca vi uma noiva morar na casa de seu pretendente antes do casamento.

— Não estarei sozinha. Tenho você, e Mariana. Não há nada de impróprio. Ademais, nossa casa está aponto de cair sobre nossas cabeças, e neste tempo creio que Aurélio dará um jeito na mesma.

— Tudo bem.

— Podemos ir? - perguntou já impaciente.

— Sim, mas onde está Mariana?

— Ora, senão já dentro do carro a nossa espera.

— Deus, que menina mais sem freios.. - o cometário de Guadalupe fizera Julieta rir, mas por pouco tempo. Ela ficara de fechar a porta, e aquele adeus lhe estava doendo mais do que a imaginado. Passara todo sua vida naquela casa, conhecia cada canto e madeira fora do lugar, havia um apego enorme pelo jardim, e o estábulo que vira o pai ergue com as próprias mãos. Julieta, sabia que não seria fácil, mas se esse era seu destino ela não poderia fazer nada, senão aceitá-lo.


Os empregados estavam por fileiras como soldados fiéis ao seu comandante, e Afonso os apresentava um por um as três mulheres, no entanto, Julieta apenas concentrava-se no olhar de Aurélio sobre si, ele fingía esta acompanho os dizeres de Alfonso, mas seus cristais azuis estavam por brilhar olhando e decorando as reações de sua noiva.

— Bom, os quartos ambas já se tem conhecimento. - elas assentiram.

— Mas ainda assim desejo que as acompanhe, Afonso. - Aurélio pediu.

— Sim, senhor. - o empregado respondeu imediatamente. - Por aqui, por favor.. Ah, vocês.. - disse olhando para os empregados. - Podem seguir com seus afazeres.

Mariana, e Dona Guadalupe seguiram atentamente Afonso, mas Julieta ficara, e esperou até que estivesse sozinha com Aurélio, para finalmente falar.

— Gostaria de agradecê-lo. - disse sem mover-se.

— Você sabe que não é necessário. Você é minha noiva, é meu dever cuidar de seu bem estar.

Ela assentiu contragosto. Gostaria que o mesmo ao menos lhe fizesse algo por gostar dela, e não porque era o seu dever, como dicera.

— Tudo bem. Vou para meu quarto, estou um pouco cansada.

— Antes.. - ele se aproximou, e ela segurou os pés para não dar passos para trás. Era um perigo está tão perto, ele não tinha nenhum pudor, e poderia beijá-la ali, ela tinha certeza... Deus, e sua mãe a visse? - Modifiquei novamente a dada de nosso casamento. Vi que você ficara um tanto quanto irritada com minha atitude anterior.

— De fato!

— Nos casaremos na dada de antes, assim como estava ajustado. - ela suspirou, parecia ve em seus olhos uma ansiedade por um agradecimento seu.

— Me animo, assim terei mais tempo para... - engoliu em seco.

— Para?

— Para os preparativos, ora essa.. - segurou as mãos frente ao corpo, e afastou-se dando-lhe as costas. Ele assentiu, mas estava incomodado por não ter mais o contado com seus olhos, ela poderia mentir e ele na posição que estava não saberia.

— Lhe resta então, uma semana e alguns dias.. Espero que seja suficiente.

— Me é.. - virou-se para ele novamente. - Obrigada. - disse e subira a escada em direção ao seu quarto. No mínimo precisava respirar longe do perfume perturbador dele.

...


Dois dias depois

A rotina de Julieta era a mesma.
O jornal parecia totalmente entediante para ela naquela manhã. Havia toda uma página dedica a anuncios de casamentos, ela sentiu-se enjoada ao saber que pessoas anunciavam sua felicidade de tal forma, mas não imaginou que com ela aconteceria diferente, afinal, estava a se casar com o Barão. E o mesmo, era um homem conhecido por toda a região, e muito respeitado, era provável que pessoas viajariam léguas para assistir ao seu teatro.

Ela suspirou, e virou a página, nada de interessante, então virara a seguinte e de repente tivera uma ideia. Olhou para tia de Aurélio que cochilava em sua frente e lentamente levantou-se andando rápido para o corredor a frente. Havia um belo cavalo a venda no tedioso jornal, e se não estivesse enganada vira que seu afortunado noivo tinha em um grande estábulo vários dos mesmo. Imediatamente lhe surgiu uma loucura.

Aurélio estava desde mais cedo enfurnado em seu escritório, e Julieta não lembrara se o mesmo saira de la nem mesmo por um segundo. Quando chegara em frente a grande porta, a abrira de uma vez, sabia perfeitamente que se parasse para pensar com mais lucidez abandonararia todo seu plano. Ele usava óculos, e não parara de mexer em seus cabelos, parecia preocupado com algo, no entanto, ela estava decidida. Adentrou sorrateiramente o escritório, e ele lhe olhou com os cantos dos olhos.. Porém, não dicera nada. Julieta não sabia, mas ninguém estava autorizado a entrar naquele escritório sem bater, ou mesmo quando Aurélio estivesse trabalhando.. com exceção dela.

Uma estante ao lado esquerdo estava recheada de livros, e fora por onde ela começara. Lia seus títulos enquanto seus dedos passam pelos mesmo. Aurélio já não se concentrava em nada, além dos sons de sua voz sussurrada, e seus pés quase bailando pelo chão de madeira. Hora ou outra tentava concentrar-se novamente, mas Julieta insistia em continuar sussurrando... Então, ele percebeu que acabara de entrar em um jogo. No entanto, não estava disposto a perder. Pôs os papéis em sua frente, tomando a atenção de Julieta, e ela sem perceber sorriu.

Então, dedicou-se a aproximar-se mais, mais.. Até então está em pé em sua frente, Aurélio suspirou e a olhou diretamente. Perguntou-se como era possível, mesmo com seus vestidos estranhos, ela está ainda mais linda.

— O que está lendo? - ela perguntou.

— Promissórias de meus devedores. - respondeu. Ela o surpreendeu ainda mais enguendo sua mão.

— Deixe-me ver. - e ele lhe entregou os papéis admirando cada detalhe seu. Seria uma grande mulher de negócios, ele poderia imaginar apenas a observar sua postura. - Deus, mas isso é uma fortuna!

— Bem, essas são apenas as de janeiro.. - falou apontando para algumas pastas que estavam em cima da mesa.

— Então, o que faz quando não lhe pagam? - ergueu uma sobrancelha curiosa.

Aurélio lhe tomou os papéis e os deixou em cima da mesa junto aos demais, levantou-se e a encarou. Sabia que ela desejava algo, e estava desesperado por saber.

— Lhes cobro de acordo com nosso negócio.

— Hmm, meu pai então, disse que se não conseguisse lhe pagar você poderia casar-se com uma de suas filhas? - ela o provocou.

— Não. - aproximou-se mais dela. - As tomaria a fazenda, pertences... Você sabe, já lhe expliquei.

— Sim.. - afirmou.

— Eu sei que você não veio aqui para falarmos de promissórias ou de meus acordos.

— De fato esta certo!

— Diga-me o que deseja, se é que posso ajudá-la.

— Pode! Quero que me ensine a cavalgar.. - ele a olhou com o cenho franzido.

— Como?

— Claro, se você tiver um tempo para sua noiva. Afonso disse-me que você está sempre ocupado, e não quero incomodar. - ele quase riu. Depois de tudo que fizera para chamar sua atenção, as palavras ditas por ela pareciam uma boa piada.

— Sinto muito, Julieta, mas..

— Tudo bem... - ela se afastou dele.. - Peço para um de seus empregados. - ele se pôs sério. - Ah, tenho um pouco de medo e pedirei para o mesmo cavalgar junto a mim, no MESMO cavalo.

E aí estava, o que ele sempre tivera certeza.. Que ela ia o enlouquecer. Julieta, virou-se lentamente pedindo aos céus que ele reagisse, que pelo menos grunhisse irritado..

— Não dê mais nem um passo. - ela parou onde estava. Para Aurélio era estanho que ela não soubesse cavalgar, no entanto, não permitiria que nenhum outro homem se afagasse em seus cabelos, ou mesmo a guiasse de tal forma.

— Hmm. - o respondeu fingindo-se de desentendida. - Como disse?

— A ensinarei a cavalgar, Julieta. - Julieta quase dera pulinhos de alegria, ao menos ele levava em consideração que para ela seria muito inapropriado que outro homem estivesse tomando-a com tanta aproximação. Segurou-a pela mão, e a olhou nos olhos hipnotizado com tanta beleza e serenidade. - Vamos! - murmurou.


O empregado logo trouxe o cavalo de Aurélio devidamente selado. Julieta se aproximou do animal encantada com seu porte, e pelo brilhante; era o cavalo mais lindo que vira em sua vida, claro que depois de seu cavalo, Soberano.

— Como se chama? - perguntou, ao seu noivo.

— Não o deu um nome..

— Hmm, pensaremos nisso depois. - sorriu, alisando o pelo do animal.

— Posso? - ele perguntou pedindo-a permissão para tocá-la os quadris. Ela assentiu timidamente, e de repente o homem com facilidade a ergueu o suficiente para que ela se acomodasse na sela, logo, ele montou atrás de si e segurou-a pela cintura. - Não quero que você caia. - Julieta suspirou. As bochechas queimavam como fogo, mas diabos, tê-lo perto era extremamente bom. - Avise a todos que eu e Julieta ficaremos fora por algum tempo.. - disse ao empregado.

— Sim senhor!

E Aurélio dera sinal para o cavalo sair em partida.

O cavalgar era paciente, mas intenso para ambos os corpos que se chocavam a cada instante. Os cabelos de julieta batiam sobre o rosto de Aurélio, liberando todo o seu perfume doce e único. A mão firme do mesmo a segurava com afinco como se estivesse pronto para defendê-la de qualquer mal.

— Por que mentiu para mim? - ele indagou.

— Ao que se refere? - Julieta poderia admitir que um frio na barriga lhe surgiu.

— Sobre cavalgar..

— Eu..

— Não continue.. - o cavalo avançou mais rápido. - Você não teve medo do cavalo quando o viu, Julieta, tem boa postura.. E eu só estou segurando-a porque necessito de apoiar-me. Sabes cavalgar.

Julieta pôs-se cabisbaixa, pensara em como dizê-lo que estava morrendo de tédio na companhia de sua tia e que necesitava esta ao menos um pouco com ele.

— Tenho um cavalo.. - confessou. - Chamo-o de Soberano, meu pai me deu quando eu ainda era pequena.. - olhou para frente sentindo o sol tampar sua visão. - Eu só queria saber se você realmente se importaria com meus interesses, como disse quando me propus a casar-me contigo.

— E mentir fora a melhor forma.. - ele puxou as rédea do cavalo, e de repente os dois ficaram parados no meio do campo liso e verde.

— E de que forma eu o tiraria daquele maltido escritório? - ela blasfemou sem importa-se. Mas não o surpreendeu, já a vira fazer o mesmo.

Imediatamente ele ordenou que o cavalo começasse novamente a correr, e correra tão rápido que ambos mal viam o que tinha pela frente... O cavalo só cessou quando ambos estavam debaixo de uma árvore, e bem próximo a uma cachoeira; dava-se para ouvir o barulho da água chocando-se com as pedras.

Aurélio, descera do animal, e logo a ajudou a fazer o mesmo. Não sabia ao certo como começar. Não a prometera amor, mas Julieta merecia o mínimo que fosse de sua atenção.

— Quando lhe pedi para ser fiel a mim, me referia a isso.. A mentiras.

— Não irei me desculpar.. - falou o encarando.

— Pois bem, conseguiu o que queria?

— Que você pelo menos me olhasse como alguém importante para você? Não. - mordeu o lábio angustiada. - Ainda me olhas com frieza..

— Sempre soubera deste meu jeito.

— Aurélio.. Vamos nos casar, você no mínimo deveria ser mais flexível.. Isso será por toda uma vida. - lhe segurou as mãos. - Conte-me o que há de errado, deixe-me ser tua amiga.

— Você não entenderia.. E não vou permitir que se aprofunde tanto em minha vida! - disse lhe pegando de surpresa.

— Acho bom voltarmos.. Isso foi uma péssima ideia. - confessou virando-se.. - Não se preocupe, não o perguntarei mais nada... Só trate de não ser tão duro com Mariana, ou com mamãe. Comigo, deixe como está.

— Me preocupo com você, Julieta.

— Terá que me provar isso.. - o olhou. -.. Porque eu só vejo escuridão em seus olhos, gostaria de pelo menos uma vez ver teu sorriso..

— Terá que se acostumar.. Não me é costumeiro sorrir, ou mesmo demonstrar.. Hmm... Sentimentos.

— E quando beija-me, faz por pena, ou por desejo? Desejo é um sentimento, não é?

— Julieta.. - ele respirou. Estava preso em seu calabouço profundo, e por mais que tentasse não conseguia abrir-se mais que aquilo. Tentou se aproximar.. Mas ela rapidamente recuou, pela primeira vez ignorou um beijo seu.

— Não, por favor... Leve-me para casa.

— Tudo bem.


...


— Aconteceu algo? - Mariana perguntou vendo sua irmã adentrar a casa.

— Não! - Julieta respondeu direta. Logo atrás de si estava Aurélio. - Mariana, peça para o motorista se preparar, vamos a cidade! - a irmã mais nova assentiu e se fora.. Julieta ignorando o olhar apreensivo de Aurélio rumou para seu quarto.

Os degraus rugiam debaixo de seus pés bravos e pesados.

— Julieta.. - ele a chamou, mas a mesma fingiu ser apenas um devaneio seu.

Adentrou seu quarto e tirou as botas que calçava, seus pés precisavam respirar. Porém, no mesmo segundo, ele já estava sobre sua visão; aos mãos nos quadris e rosto ilegível.

— Não ficará para o almoço?

— Haverá outros e mais outros dias para almoçarmos juntos, Aurélio. - disse sem olhá-lo.

— Eu não queria mágoa-la.. Olha, você a me dito que não esperava tanto de mim.

— Eu estava errada. - o olhou finalmente. - Como irei viver com alguém que não consegue dizer-me uma, apenas uma, Aurélio, palavra de conforto? - Fora ao seu armário e calçou-se com o primeiro sapato que vira pela frente. - Perdoa-me, mas não sou tão dura como parece.

— Não me peça perdão, a culpa não é sua.

— Eu sei, mas um de nós tem que dar o primeiro passo, e considero que essa seja minha parte nessa estranha relação. - suspiro. - Enfim, tenho que ir.. Voltarei ao mais tardar..

Ele virou os olhos impaciente, e busco-a pela mão.

— Não vá tristonha..

— Não estou.. - tentou soltar sua mão para livrar-se de seu toque, mas ele fora mais rápido e a abraçou pela cintura.

— Então... - seus olhos seguiram o balanço dos olhos surpresos dela. - Então, deixe-me fazer algo..

— Faça..-sussurrou. Ele a beijou delicadamente a bochecha rosada, logo, o canto da boca e finalmente quando a tomaria os lábios.. Mariana os surpreendeu.

— Julieta... Ah... Desculpa.. O motorista já está pronto! - disse rapidamente.

Aurélio afrouxou os braços entorno de Julieta, e ela olhando-o por última vez o deixou sozinho seguindo a frente com a irmã.


Julieta fora a cidade no intuito de conseguir finalmente distrair-se, no entanto, acabara caindo do cavalo quando enfim percebera que era o centro das atenções de todos.

— Me sinto uma celebridade.. - Mariana murmurou.

— Não seja oferecida, Mariana. - repreendeu-a. - Parecem o bando de abutres..

— Julieta, por que esta surpresa? Você é a futura Baronesa, e lógico que seria o assunto da cidade, afinal ninguém imaginava que você seria a sortuda. - disse enquanto correspondia o sorriso de algumas senhoras coviteiras.

— Não existe isso de sortuda, Mariana. - a irmã parou de repente.

— Por que esta a dizer isso, minha irmã? Eu mesma os vi saindo a cavalgar, ele parecia animado.

— Aurélio apenas deseja um herdeiro, Mariana. - confessou. - Nada além disso.

— Ele está morrendo??!

— Não, apenas é o que quer.

— Veja pelo lado bom, ele quer, e quer com você.. - sorriu maliciosa.

— Você me parece muito atrevida para sua idade, senhorita..

— Tudo que sei, aprendi nos livros, e se um homem quer tanto ter um filho com uma certa mulher, é porque no mínimo lhe tem apreço.

Mas Julieta não deixou que as palavras de sua irmã a inebriasse.

— Eu tenho um plano, Mariana, e logo estaremos livres.. Eu desse casamento, e mamãe da divida que nos cerca.

— O que irá fazer?

— Pagar a dívida! - ergueu o queixo orgulhosa.

— Julieta... Não é um risco armar algo pelas costas do Barão?

— Correrei o risco!

...

 


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Notas finais do capítulo

era pra mim ter postado ontem, mas minha conta simplesmente não abria.. Desculpa.
as meninas que me acharam no tt obrigada pelos elogios!!❤️
Perdão pelos erros, escrevo pelo celular e o corretor não ajuda muito..

Obrigada por cada comentário!!

Bjss



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