Oblivion escrita por Camélia Bardon


Capítulo 27
Amável


Notas iniciais do capítulo

Oii! Como vão vocês? Ai, gente, confesso que esse mês me tremi foi toda. Quase que não recupero o capítulo INTEIRINHO, porque tive um incidente com o meu notebook e esse por incrível que pareça foi o único que não deixei salvo no drive. Que agonia que foi. Mas finalmente trago para vocês a última parte dessa jornada com um capítulo com todo mundo juntinho ♥ espero que vocês gostem, tenham uma boa leitura!



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A chuva que cai, chuva que cai

Semeando as sementes de amor e esperança

Não temos que ficar aqui, presos no mato

Tenho a coragem para mudar, hoje? (...)

Você não está sozinho em tudo isso

Você não está sozinho, eu prometo

Juntos podemos fazer qualquer coisa

COURAGE TO CHANGE, Sia.

 

Julho costumava ser um mês quente de rachar desde que o Texas era o Texas. No entanto, com relação às chuvas, elas nunca davam sinal de vida ou aviso prévio quando vinham. Quando apareciam, eram nos momentos mais inoportunos possíveis. Por exemplo, os Thomas-Abbott contavam que fizesse um sol de rachar para a formatura do filho mais velho, Adrien. Obviamente, toda a turma de astronomia que se formava em 2019 contava com isso. A chuva, entretanto, escolheu visitar os moradores de Austin bem no dia em que boa parte da população estava com milhares de cosméticos nos cabelos e no rosto.

— Pensemos pelo lado bom, nós que temos cabelo cacheado estamos agradecendo por pararmos de suar — Maisie Thomas, a matriarca, falou. Ao seu lado, Adrien e Louna concordaram com a cabeça. Caleb e Mattie não contavam nestes termos, uma vez que tinham os cabelos mais puxados para o crespo do que para o cacheado. — É até bom o ventinho fresco, não acham?

— Não acho não... — Aimee, a terceira mais nova, grunhiu. Seus cabelos lisos haviam sido profundamente castigados pela chuva repentina. — Eu fiquei meia hora alisando o cabelo... E mais meia hora fazendo a maquiagem...

— A comida foi levada pelo aguaceiro... — foi a reclamação de Caleb, que pouco se atentava às reclamações da irmã.

Madeline e Daisy-Lynn, as irmãs menores, deram de ombros e voltaram a olhar pela janela da sala de estar. Elas já sabiam que tudo iria acabar em pizza e risadas. Ai, adultos eram tão complicados...

— Pelo menos o diploma não molhou — Louna contribuiu para o lado positivo da coisa. Todos eles tiveram de concordar com um suspiro. Adrien duvidava de que alguém fora a namorada se lembrasse do diploma agora. — Podemos pedir umas pizzas assim que diminuir um pouco a chuva, para o entregador não vir nesse dilúvio...

Agora sim a garota tinha tocado no ponto sensível de todos. Com um grunhido, Aimee ofereceu a mão para Marla e Joelle. Aimee estava naquela fase da adolescência onde garotas mais velhas eram seres a serem cultuados.

— Vamos, eu empresto meu secador de cabelo. Já voltamos, mãe.

Marla e Joelle, por outro lado, eram filhas únicas; portanto, não achavam tão terrível serem mimadas pela mais velhas das meninas da casa Thomas-Abbott. Uma vez que Caleb voltou a entreter-se com o celular e as meninas mais novas correram para o outro quarto para brincarem, o restante dos adultos permaneceu espalhado pela cozinha e pela sala de estar. Subitamente, Mattie sugeriu:

— É... May, Franz? Vocês ficaram de me passar aquela receita de cupcakes que fizeram para a aula da Daisy!

— Cupcakes? Nunca é demais — Pietr acrescentou.

— Oh, é claro! — Maisie sorriu, de uma maneira até bem convincente. — Caleb, querido, pode no ajudar na cozinha? Eu me esqueci de qual era aquela pizzaria que ligamos da outra vez...

Caleb demorou a reparar qual era seu papel na tramoia. Já Louna, por respeito à autoridade de Maisie Thomas, fingiu não ter percebido nada. Infelizmente, mulheres são dotadas de intuição certeira desde que o mundo é mundo, então não foi difícil para Louna deduzir de que se tratava.

— Eu tenho o contato — Caleb balbuciou um tanto quanto impotente aos encantos da mãe. Francamente, quem conseguia?

— Ótimo. Então pegue para nós enquanto preparamos os cupcakes. Importam-se, queridos?

— À vontade, mãe — Adrien adiantou-se para beijar os cachos dourados da mãe. Louna derreteu-se com a cena, e foi como se seu coração estivesse se comprimindo dentro do peito. Do jeito bom, é claro. — Vamos ficar aqui com a chuva, se vocês também não se importarem.

— Imaginem. Qualquer coisa é só gritarem, tudo bem?

Adrien e Louna confirmaram com a cabeça, observando enquanto os cinco saíam para dar privacidade aos pombinhos. Louna foi obrigada a reprimir a vontade de rir que despertava de dentro de si como uma supernova, como diria Adrien.

— Eu fico me perguntando quando será que vão parar de nos tratar como pré-namorados — Adrien brincou, olhando para a namorada de soslaio. — Porque, seriamente, o cupido aqui já fez o seu trabalho para todos os lados, não é mesmo?

— Vai saber... O nosso cupido foi bem malvado, quem sabe ele não esteja tentando compensar?

— É uma possibilidade, é claro.

Ambos caíram na gargalhada após a constatação, mas logo o formando oferecia a mão para que sua bela dama o acompanhasse no trajeto do tapete até o sofá. Louna aceitou a mão como quem aceita um cavalheiro levando uma dama até o altar. Era bom dar uma credibilidade para o pobre cupido, afinal de contas. Ele levou uma vida muito complicada.

— Bem, queira ou não queira, uma vez que estamos aqui acho que posso me dar o direito de dizer uma ou duas coisinhas — Adrien fingiu espreguiçar-se para poder passar o braço ao redor dos ombros de Louna. Corroborando para o plano, ela fingiu não ter se dado conta e permaneceu bem onde estava. — Sei que não é o formando que faz o discurso, mas hoje estou me sentindo particularmente inspirado.

— Oh, é mesmo?

— É mesmo — aproveitando a proximidade, Adrien beijou a ponta de seu nariz, o que fez com que a garota ficasse estrábica tentando acompanhar o movimento. — Meu discurso de hoje vai para minha namorada que, ainda que eu não soubesse ou não lembrasse, foi o principal motivo de eu estar aqui hoje. Então, se a plateia imaginária quiser aplaudir, agora é a hora!

As bochechas de Louna se inflaram em vermelho. Era sempre adorável vê-la constrangida, pelos motivos certos. Lá fora, um trovão assustou-os, mas já que estavam em companhia um do outro foi suficiente para não passar de um sobressalto leve.

— Chuva, não atrapalhe meu discurso, faça-me esse favor — Adrien falou para a janela, franzindo a testa. — Apesar das piadas, eu estou falando sério, Lou... Ainda é algo nublado, e tenho medo de sempre ser, mas a parte que quero manter fresca é que por algum motivo você se motivou a estar aqui, sem ganhar nada em troca... E isso fez toda a diferença.

— Como não ganhei nada em troca? Eu ganhei uma família inteira...

Foi a vez de Adrien parar para ouvi-la. Louna dificilmente abria o coração mesmo para as pessoas em que mais confiava – e ele não a culpava, com os pais que sempre a inibiram e a taxaram como louca quando estava com problemas –, então quando acontecia, era o mínimo parar e escutar atenciosamente.

— Podia não saber que o que estava fazendo na época me levaria de volta a você, sim, mas... Não quer dizer que eu não me diverti ganhando um ambiente familiar agradável. Dinheiro era o de menos. Sua mãe tem um amor pelos filhos quase palpável... Era algo que eu não conhecia e... Eu queria conhecer — Louna riu fraco, brincando com os nós dos dedos do namorado. — Nesse caso, você foi um prêmio que eu amei encontrar aqui.

— Ah! Eu não sabia disso...

— Claro que não... Nunca contei para ninguém como me sentia. Tanto que você até me estranhou naquela época.

— Foi inevitável não estranhar, tem que admitir.

— É... Mas ainda assim, eu... Agradeço por naquela época você me ter tão em alta, Adrien. Obrigada.

Em seguida, ela ergueu a cabeça para alcançar os olhos castanhos que a fitavam com tanto carinho. Adrien sentiu-se muito mais sortudo do que havia se dado conta de início. De repente, a ideia de um discurso parecia boba demais para ser colocada em prática. Portanto, aproveitando que já estava posicionado para isso, Adrien roubou-lhe um beijo, sendo retribuído por um riso baixo e adorável.

— Não só naquela época, mas agora ainda mais — então, ele sorriu daquele modo amável que Louna sempre se rendia por falta de opções. — Eu amo você, Louna.

— Também amo você. E não vou te deixar sozinha. Não mais.

Ela estendeu o dedo mindinho, e Adrien aceitou-o com um sorriso brincalhão. Daisy-Lynn fazia-o milhares de vezes, mas um gesto daqueles vindo dela ganhava outro significado. Por isso Adrien retribuiu-o segurando o dedo com o seu próprio mindinho, selando a promessa com um beijo.

— Passamos uma borracha nos nossos buracos a serem preenchidos e o que vai contar é daqui para frente. Certo?

— Você tem toda razão — Adrien piscou para ela.

— E quando não tenho?

— Olhe, veja bem...

— É só o ditado! — Louna gargalhou, recostando-se no peito do namorado. — Mas dessa vez tenho razão, mesmo.

— Vamos comemorar os novos começos com chuva e pizza?

Os “pombinhos” trocaram um sorriso. Seus dedos ainda estavam unidos quando Louna sussurrou seu voto final:

— É uma ideia amável. 

Por infelicidade ou não, os Thomas-Abott eram inconstantes como as chuvas de verão em Austin. Logo Maddie e Daisy estavam correndo para se juntar ao casal preferido no sofá, Aimee e Caleb estavam discutindo o sabor da pizza e Franz e Maisie estavam suspirando com a tentativa de controlar os cinco monstrinhos que chamavam ocasionalmente de filhos.

O que seria de Louna sem eles?


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Notas finais do capítulo

É isso, gente ♥ espero que tenham gostado dessa jornada até aqui, foi um prazer escrever ela e, apesar de ter falhado um pouco com as minhas próprias expectativas, foi muito bom ter vocês por aqui ♥ até uma próxima!



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