Cinco horas para oito horas, era o que o relógio do celular indicava quando peguei ele desesperadamente no escuro de meu quarto após acordar de um pesadelo.
Mas que pesadelo de mau gosto, muito real, sonhos deviam ser fantasias... Deve ser por isso que aquele era um pesadelo, real demais.
A camiseta colava ao corpo, o cabelo colava na nuca, os dois por conta do suor.

Ofegante, ainda, levantei da cama, abri a janela fazendo um pouco de esforço, minhas mãos tremiam, eu estava fraco, com medo.
A brisa da primavera adentrou o quarto, assim como o som da noite, o som ensurdecedor do vazio, de "nada", aquilo me assustava mais ainda. Meus pelos eriçaram, mas eu não tinha certeza se era por conta do vento ou premonição de que algo ruim aconteceria.
"Eu te amo"
" Amo te tanto"
" Gosto muito de você"
"Tenho medo de perder seu ser"
"Venha aqui nos meus braços"
"Se nos separarmos algum dia, será o dia de minha morte."

Três... Não, foram cinco vezes, antes de eu aceitar a ligação, as lagrimas vieram antes mesmo de atender. Um suspiro forte de minha parte seguido de "Alô?".

Quatro...Não, dois minutos após a confirmação de que o mundo acabou, da janela, convidei a morte para um chá.

Então caindo e caindo, comecei a pensar.
"Não quero te deixar."