Havia me mudado para Kyoto a alguns meses, após o termino da minha residência em um hospital em Tóquio.

Todos os dias em que estava de plantão aquele garoto aparecia. Me preocupei inicialmente com as marcas que via em sua pele e hematomas que depois de muito tempo ainda não haviam se curado. Então decidi conversar e tentar descobri o que acontecia, mas ele nunca fala.

— Namikaze Minato – estávamos na sala de atendimento – 19 anos, vários hematomas por o corpo e já teve algumas fraturas – falei olhando seu prontuário.

— Hinata – Ele me olha lançando um sorriso.

— Medica Hyuuga – o corrigi, ele não pareceu se importa – O que você faz? – me aproximei analisando um corte que tinha nos lábios – está aqui quase todos os dias, sempre com um machucado novo, você é jovem não deveria ser tão imprudente.

— Você também é jovem. – Minato respondeu pegando minha mão, quando fui limpar seu ferimento – Contanto que sempre esteja aqui para cuidar de mim, não me importo com uns machucados a mais.

— Não seja um tolo – puxei minha mão o repreendendo – E eu já tenho 30 anos, deveria ter respeito pelos mais velhos.

Ele não disse mais nada, continuou parado me permitindo que cuidasse dele e foi embora.

Mas ele voltaria, e por algum motivo me preocupava. Era só um garoto e estava sempre machucado, não deveria ser assim.

Estava cansada no fim de mais um plantão, quando sai do hospital pude ver a densa névoa, caminhei até meu carro e mais uma vez ele estava lá parado me esperando.

— Não deveria estar em casa garoto? – o perguntei me aproximando.

— Não pude ir, por causa da nevoa – falou olhando envolta – pode me dar uma carona Hinata?

— Apenas vamos para minha casa – disse entrando no carro e ele logo fez o mesmo.

Quando cedi a primeira vez, também era um dia de nevoa e jurei que jamais aconteceria novamente a loucura de me envolver com alguém mais jovem. No entanto você sempre estava em todos os meus plantões, sempre acabo cuidando de você e digo que é apenas meu dever de médica. Por um juramento, e você é só um paciente. Sempre evitei perguntas para manter a distancia, mas hoje seria mais um dia que deixaria a névoa nos enganar.